A Beleza

O papel da humanidade na vida planetária é como um agente de ligação entre os reinos superior e inferior, e isso influencia tudo o que acontece em nosso mundo. Este trabalho de ligação torna-se possível pela nossa inteligência criativa, que constrói pontes e facilita o fluxo de energia. A meditação dos Triângulos {ver este assunto} tem a criatividade em seu núcleo e esta obra dos Triângulos está transformando as estruturas do passado, criando um mundo novo e mais iluminado.

Um antigo mantra pede que sejamos levados das trevas à luz, do irreal ao Real, da morte à imortalidade. Mas a jornada espiritual inclui outra necessidade, talvez menos conhecida, que é expressa no pedido de que sejamos levados “do caos à beleza”. Em um comentário sobre essa frase, os trabalhadores espirituais são descritos como sutilmente criando beleza em meio ao caos da realidade objetiva. Trabalhando nos bastidores, eles estão introduzindo cores novas e sutis e arranjos emergentes que refletem a beleza dos planos internos e os estão trazendo para influenciar os padrões berrantes e incipientes que muitas vezes definem nosso mundo hoje. Os trabalhadores de Triângulos de todas as diferentes nacionalidades e temperamentos contribuem coletivamente para essa transformação necessária - tornando-se parte desse paradigma emergente que está liberando uma sensação de vivência e renovação.

Essa vontade de sacar a beleza do caos é inata em um número crescente de pessoas que agora estão respondendo ao impulso aquariano. As formas criativas resultantes são cada vez mais simples - uma simplicidade que, no entanto, carregando uma potência espiritual, levará à crescente revelação da luz interior que é atualmente velada por uma multiplicidade de formas.

Esta tendência iluminada demonstra o crescimento espiritual da humanidade e sua capacidade de acessar o propósito divino. É dito que o propósito que está emergindo é uma função da dor que é tão característica da experiência humana, que não é sentida da mesma maneira por nenhum dos outros reinos da natureza. A dor em que a humanidade está envolvida deve-se ao fato de estarmos presos dentro dos limites do tempo e do espaço e que somos capazes de distinguir entre a causa e o efeito. Esse apego ao mundo material leva a estados negativos de consciência, como medo, dor e arrependimento. No entanto, como resultado dessa dor, diz-se que algo verdadeiramente surpreendente está se desenrolando neste planeta: estamos aprendendo a ser agentes redentores, cooperando com os reinos espirituais superiores, processando e purificando a dor para liberar amor e beleza. À medida que nos libertamos desses apegos, o sol espiritual interior aparece e percebemos o nosso destino coletivo para ser um veículo através do qual o Plano de amor e luz pode se realizar.

Sócrates e a beleza

Espera-se que a vida criativa se torne uma das características definidoras da era vindoura. Este é o resultado de tentativas de tornar-se sensível ao mundo das realidades significativas e do esforço para refletir essas realidades na vida diária. Essa ideia ressoa com os ensinamentos de Plotino, o grande mestre neoplatônico do terceiro século dC:

“Recolha-se para dentro de si e olhe. Se não consegue enxergar beleza, faça como o escultor de uma estátua que ele deseja tornar bela. Corta algo aqui, nivela e amacia acolá, torna esta linha mais suave, esta outra mais pura, até tornar visíveis do mármore lineamentos belos. Imita suas ações. Corte tudo o que é excessivo, retifique o que está torto, ilumine o que está escurecido, trabalhe para dar a tudo o fulgor da beleza. Nunca deixe de esculpir sua estátua”. (*)

Alguém que começou a realizar esse ensinamento com grande sucesso foi Sócrates cuja vida exemplifica o processo de transformação. Ele se definiu como um filósofo, alguém que persegue a sabedoria, mas ainda não é sábio. Mas Sócrates nem sempre foi um filósofo: desde sua juventude foi ensinado por seu pai a ser pedreiro e escultor e trabalhou na construção do Parthenon. Aprendeu a fazer belos edifícios e estátuas. E embora ele tenha trabalhado arduamente para tornar suas esculturas perfeitas, ele nunca ficou satisfeito com os resultados. Por mais belas que fossem as formas exteriores, elas nunca exibiam as qualidades de virtude e sabedoria pelas quais ele estava se esforçando. Pediu ajuda a muitos outros escultores mais experientes, mas não encontrou a resposta que procurava. Embora fossem especialistas e criassem um excelente trabalho, ele percebeu que eles não expressavam excelência em suas vidas.

Sócrates então deixou de esculpir a pedra e começou a trabalhar em si mesmo, desenvolvendo as virtudes e a sabedoria que ele tentara construir em suas estátuas. Quando ele explicou a seus amigos que ele queria se fazer bonito, eles riram muito porque ele era um dos homens mais feios: muitas vezes se dizia que ele parecia metade homem, metade bode. Apesar disso, parece que Sócrates alcançou seu objetivo porque todos os que o conheciam chegaram a concordar que, embora sua forma externa fosse realmente sem graça, aquilo que brilhava de dentro dele era a essência da beleza.

Ele descreveu sua nova profissão como sendo semelhante à profissão de sua mãe, uma parteira, mas em vez de ajudar a trazer as crianças ao mundo, seu objetivo era levar as pessoas a se tornarem sábias. Ao perguntar aos outros sobre a natureza de suas próprias vidas e trabalho, ele procurou incentivá-los a buscar a verdade dentro de si mesmos e, dessa maneira, compartilhar a beleza interior que ele havia descoberto.

Como indivíduo, Sócrates procurou ajudar os outros a alcançar uma maior iluminação e, a esse respeito, isso ressoa na meditação dos Triângulos, onde o esforço grupal altruísta auxilia no aumento da iluminação e modela uma rede global de boa vontade. Contatando os reinos interiores da inspiração divina, o trabalho dos Triângulos distribui energias construtivas e curativas, ajudando a criar um mundo novo e mais belo para o benefício de todos.

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(*) ... Nunca deixe de esculpir sua estátua [até fazer surgir nela o brilho divino da virtude]. (NT)

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