Navegação

Ensinamentos de I-EM-HOTEP


Os Mistérios Herméticos

Os Mistérios Herméticos eram conhecidos nos tempos antigos como Mistérios de Thoth. O nome de Hermes, nome este que permaneceu até hoje, foi dado pela humanidade, mais tarde, ao mesmo Grande Ser. Esta noite quero falar-lhes desses mistérios. Quero explicar-lhes, também, o modo de ensinar a sabedoria divina no Egito antigo, pois pensam que lá se adoravam ídolos.

Nós compreendíamos perfeitamente que Deus - o Grande Pai de tudo, o Arquiteto do Universo - tem muitos aspectos e que existem seres que podem ser considerados como,manifestadores de um ou de outro de Seus aspectos ou Raios. Os seus grandes instrutores religiosos, os fundadores de movimentos espirituais ou civilizações e, no seio da Igreja Católica - os santos, podem ser também considerados como tendo manifestado um dos Raios Divinos.

Sendo assim, naquela época, os estudantes escolhiam um Aspecto Divino determinado, um representante de um Raio, como seu ideal e protetor particular, e veneravam-No, não como Deus, mas como, dir-se-ia, um intermediário entre eles e o Grande Pai. O amor e a dedicação que uniam os estudantes aos sacerdotes-instrutores eram tão fortes que criaram no mundo etéreo uma ligação permanente e hoje voltamos de novo aos que nos amaram outrora.

Nos primeiros tempos da civilização egípcia, iniciou-se o trabalho de encerrar o ensinamento divino sob uma forma simbólica, que permitisse sua transmissão às gerações futuras, adaptando-o, ao mesmo tempo, às diversas mentalidades humanas e aos diversos graus evolutivos do homem.

Este trabalho exigia a colaboração de numerosos sacerdotes, que pertenciam a vários grupos e a diferentes graus. Havia entre eles sacerdotes, que tinham atingido o grau mais elevado e que se chamavam os sacerdotes do Raio de Osíris. Os do grau seguinte chamavam-se sacerdotes do Raio de Isis; os de terceiro, do Raio de Horus. Havia também sacerdotes de Thoth, de Set, de Amon e de outros representantes da Luz Divina. Cada grupo usava o símbolo de seu Raio.

Uma grande parte de simbolismo usado era baseada na Astrologia. Sabem, provavelmente, que o símbolo de Osíris - o Olho Divino - era o Sol; o símbolo de Isis - a Lua. Um outro aspecto da Lua simbolizava Neftes. O símbolo de Horus - a Criança Divina - era a estrela Sírius. Hermes ou Thoth era simbolizado por uma divindade com a cabeça de íbis. Era também conhecido como Escrivão ou ainda como Mensageiro entre os reinos celestiais. Vocês chamam de ídolos a todos estes símbolos e, no entanto, vejo que hoje também usam símbolos, muitos dos quais são os mesmos do passado, tendo apenas nomes diferentes.

Naquela época, teria sido inútil explicar aos homens ignorantes que uma nova ronda de encarnações ia começar, mas se lhes ministrássemos certos ensinamentos, através de imagens simples ou peças teatrais acessíveis, a Verdade penetrava profundamente em seus corações. Se lhes apresentávamos a vida de um ser grande e glorioso, eles procuravam imitá-lo; se lhes mostrávamos que as pessoas boas, que viviam segundo a Lei Divina, eram transportadas seguramente pelo Barco de Isis para o outro mundo e lá enfrentavam sem temor a divindade com a cabeça de Íbis e receberiam um julgamento favorável, então suas mentes ficavam, por muito tempo, ocupadas com o que tinham visto.

Vejo que essa representação alegórica da Verdade transformou-se com o tempo em muitos mitos e concepções erradas.

Não adorávamos ídolos, Dávamos às mentes infantis e ignorantes imagens compreensíveis para elas, e as quais podiam elevar seus pensamentos.

Nos dias sagrados - dias de descanso - havia em nossos templos grandes festivais públicos que traziam à vida monótona dos trabalhadores um elemento de beleza e de alegria. As imagens de Osíris, de Isis e de Horus, o fogo e o lótus sagrados, o perfume do incenso, as cores alegres das belas vestimentas sacerdotais, o ritual e o teatro - tudo isso agia sobre as mentes, criando uma fé simples e permitindo ao povo sentir a força do amor, oculta nos símbolos sagrados.

Geração após geração eram conduzidas assim para a frente, até que cada ser pudesse evoluir. Tornando-se, então, capaz de pensar por si mesmo, podia escolher entre continuar a reverenciar as imagens ou esforçar-se por alcançar a Fonte de Toda Sabedoria.

Naquele tempo só os sacerdotes sabiam ler e escrever, só eles conheciam o sentido profundo dos Mistérios Sagrados. Nas suas mãos eram depositados a direção e o destino da raça. Dedicavam a vida inteira ao estudo dos astros, da ciência de curar, e aprendiam a guiar e a instruir o povo.

No templo, que se achava sempre no centro da cidade, eram guardados os tesouros do rei, as riquezas da cidade e de seus habitantes. Os ricos e os pobres faziam dádivas ao templo e, nas épocas de fome, da doença ou de guerra, o povo para lá se dirigia, a fim de obter a ajuda que era dispensada a todos.

Com o decorrer dos milênios, os templos abusaram do poder e, deturpando sua missão, perderam seu prestígio e a influência que exerciam. Hoje, o papel da religião na vida do povo é apenas uma sombra daquilo que foi no passado.

Na humanidade há sempre seres de diversos graus evolutivos. Há os nascidos uma vez e os nascidos duas vezes. Os nascidos duas vezes e os que ultrapassaram a necessidade de imagens, querem descobrir a Verdade que nelas se oculta. Os nascidos uma vez, porém, podem compreender apenas uma representação alegórica, adaptada às suas mentes. Por causa disso, nas religiões professadas por grandes massas humanas, a Verdade, para ser acessível a todos, só pode ser apresentada de modo alegórico. No entanto, qualquer que seja o tipo humano ou o grau de sua evolução, para cada um a Luz é eternamente presente. Nos nossos templos, isso era simbolizado por uma vela muito alta no meio do altar. Representava a Luz Eterna que guia e ajuda a humanidade, desde que o mundo existe.

Quando a mente humana se ilumina, quando o homem descobre em si mesmo as potencialidades divinas, emerge do materialismo, afastando-se de tudo o que poderia ser chamado de "brinquedos da religião". Começa a procurar Deus por si mesmo e esforça-se por encontrar o caminho de volta à Casa Paterna. Ele não mais se preocupa com as formas ou crenças; eleva-se acima de todas as religiões, construindo no íntimo de seu coração o altar para o Mais Alto. Adora Deus em espírito e, na medida em que O adora e que eleva sua mente, começa a ouvir uma voz interna, voz que lhe transmite uma das sílabas sagradas que compõe o Nome Divino. Torna-se um dos que, com o tempo, conhecerão o Nome inteiro de Deus, Deus acima de todos os templos e religiões, o Senhor de todos os Sóis, o Criador dos incontáveis milhões de mundos, o Senhor de todos os Deuses. Então, elevado e glorificado, começará a participar do poder que emana do Criador.

Vocês também, como nós antigamente, representam hoje em dia, na época do Natal, nas igrejas, o nascimento do Cristo, a Santa Virgem, os Reis Magos e os animais. Penso que, mesmo atualmente, poderiam fazer um bom trabalho, ensinando o povo pelas representações teatrais. Isso atrairia mais gente do que as palestras e calaria mais profundamente nas mentes humanas. Faço-lhes essa sugestão, porque sinto que alguns de vocês poderiam fazer uso desse recurso, e, se suas aspirações fossem para ensinar, as imagens das coisas a serem representadas surgirão na sua mente.

Os Mistérios, no seu sentido profundo, representavam sempre a busca da Força Suprema.

Na medida em que os estudantes-sacerdotes progrediam, passavam de um grau a outro, e finalmente atingiam o ponto em que suas almas eram postas em liberdade, para que pudessem conhecer os mundos inferiores e superiores. Quando a alma voltava, tendo entrado em contato com a Força do Criador, e tendo-se iluminado, o sacerdote passava a viver na Terra, só para o bem do mundo.

Há muitos seres humanos que guardam, no fundo do coração, a memória de seus esforços, memória da iluminação passada. Sobre eles está impressa a "experiência das Flores de Lótus". Reencarnados na época atual, estes seres praticam o que os tornará capazes de lembrar melhor a iluminação recebida. Profundamente encerrado em suas mentes está o conhecimento que adquiriram em vidas passadas e que ressurge à medida que cada nova Era se aproxima. Os Grandes Mestres que voltam à Terra como Cristos, encontram sempre estes fiéis prontos e esperando para trabalhar com Eles em prol da humanidade. Não pode haver desejo mais elevado no coração de um ser humano que o de se oferecer inteiramente ao serviço do Criador.

Muitos de vocês queixam-se da carga de seu destino. Pode ser que esta seja a doença do corpo ou a falta das coisas materiais; pode ser que se prepararam para o serviço e este não chega. Estudem as leis da reencarnação. Estudem a sua própria natureza e procurem encontrar a razão. Perscrutem bem o motivo que os faz oferecer em serviço a Deus. Não será que talvez esperam, através disso, engrandecer-se? Ou, talvez, são movidos por algum desejo egoísta? Perguntem-se se ficariam contentes em renunciar a tudo o que lhes é caro e seguir a Luz Divina? Dizem, talvez, que se Deus lhes der certas coisas, fariam isto ou aquilo? Se estivessem doentes, teriam bastante fé para, tendo compreendido a razão da doença, curar-se por si mesmos? Teriam bastante fé e força para arrancar de sua natureza as raízes do mal? No que diz respeito à doença, podem comparar seu corpo com um jardim. Cortam o mato, mas ele cresce de novo. Assim, muitas vezes, aplicam a si mesmos um paliativo que apenas os alivia por um curto tempo. Se não acham a causa da doença, se não arrancam suas raízes, ela atacará uma outra parte de seu corpo. Se se queixam da pobreza ou daquilo que assim chamam, perguntem-se se seriam bastante altruístas usando as riquezas que, por acaso, Deus lhes desse? Se saberiam usá-las para o bem dos outros? E quando digo "outros", não tenho em mente sua própria família, pois, mesmo sacrificando-se por ela, não são mais evoluídos do que os animais que trabalham, caçam e arriscam a vida por seus filhotes. Isto é a voz da Natureza. Nunca devem esquecer que as riquezas devem ser usadas para o adiantamento do Plano Divino sobre a Terra. Assim fazendo, receberão uma boa recompensa, porque Deus nunca esquece Seus servidores, como também não gratifica aqueles que só pensam em si mesmos.

Hoje vocês todos estão na balança. Se não compreenderem a sua responsabilidade, a roda vai começar a girar de novo.

Aqui nesse grupo, cada um de vocês tem uma responsabilidade pessoal pois representam um novo tipo de mente. São, poder-se-ia dizer, rodeados pelos observadores. Cada uma de suas palavras, de suas ações, é pesada e analisada. Devem sempre perguntar-se, fazendo ou dizendo algo, se estão contribuindo para que a Luz Divina se expanda, se são seu leal servidor, se por acaso não fizeram algo que A prejudique, se merecem tornar-se um pilar no templo da Verdade. Atualmente, no seu mundo, muitos homens prostituem a ciência divina. Que seu comportamento prove que não são dessa categoria.

Se estiverem isentos de medo e sua fé for forte, se fizerem esforço para estudar, compreender e expor inteligentemente suas convicções, então tornar-se-ão arautos na Nova Era e preparadores do Caminho do Salvador. Na medida em que o seu esforço aumentar, maior Luz lhes será dada, pois há atualmente uma grande concentração de força espiritual ao redor de seu mundo, à procura de canais para transmiti-la à humanidade. Muitos sábios e muitos sacerdotes altamente evoluídos procuram instrumentos que possam ajudá-los a restabelecer a antiga sabedoria e introduzir uma religião, cujas bases seriam comuns para a humanidade inteira, isto é, a veneração de Deus em Seus-Suas muitos aspectos, a consideração das riquezas como de um dom recebido e a ser usado para o progresso geral e a realização da responsabilidade individual, de acordo com sua compreensão, possibilidade e instrução recebida.

Enquanto cada religião se considerar a melhor, o progresso da humanidade será dificultado.

Os que estudam Astrologia, em vez de limitar-se a aprender superficialmente a influência dos signos zodiacais, devem compreender que os signos são constituídos pelas constelações, e que em cada constelação há um grande Sol, que é a residência do Espírito deste signo. Lá reside o Mestre Construtor, o Deus, o Espírito Guardião de todos os que nasceram sob este Raio. A Astrologia celestial, quando começam a compreendê-la, torna-se bem mais apaixonante do que a Astrologia profana, dando-lhes ela a possibilidade de perceber a finalidade Divina atrás da manifestação.

Nas grandes pirâmides escalonadas, havia um símbolo em cada grau, e este símbolo expressava a adoração ao Deus que governa a constelação determinada. Nos círculos externos pensava-se, e certas escolas ensinam ainda hoje, que cada degrau era consagrado ao regente do signo. Na realidade, era dedicado ao regente de uma constelação. É um pouco diferente. A pirâmide era escalonada lentamente, cada degrau subido com compreensão e reverência, até atingir o cume onde havia uma plataforma para a mesa de Comemoração. Aí tinham lugar as Festas de Comemoração, nos dias dedicados à estrela ou à constelação à qual a pirâmide foi consagrada. A pirâmide que chamam de "Grande" foi construída para honra e glória do Senhor Divino que reside em Sírius. Em certo período do ano, quando Sírius estava exatamente sobre o ápice, Seus sacerdotes celebravam ali a Festa da Comemoração.

Já lhes foi dito, também, que a Esfinge representava os quatro signos fixos, e talvez estejam interessados em aprender que, quando o horóscopo do mundo está em signos fixos, é um tempo de paz e de despertamento espiritual. Isto é, ainda, um outro simbolismo da cruz. A cruz fixa representa a paz alcançada e no horóscopo do mundo ela simboliza a realização. A cruz mutável indica um tempo de grandes lutas e inquietação; a cardinal - uma época de grandes mudanças. Os que estudam a Astrologia podem, por si mesmos, fazer essa pesquisa.

Perguntas e Respostas

P. Qual o significado do número dos degraus numa pirâmide?

R. O número dos degraus indicava o grau do sacerdote deste templo particular.

P. Seria possível que uma pirâmide possuísse vinte e três degraus, tendo uma plataforma em cima?

R. Naturalmente, e no cume, sobre a plataforma, haveria sido colocada uma mesa, constituindo o vigésimo quarto degrau. Se notarem o número de estrelas que parecem estar ligadas à estrela fixa ou sol central de cada constelação, perceberão, talvez, algo da simbologia sagrada do número em relação a isso. Os degraus de uma pirâmide lhes darão, também, uma indicação sobre a constelação a que ela foi consagrada.

P. A estrela fixa - o sol - de cada constelação representa seu Espírito o mais elevado?

R. É exato.

P. Mesmo se atribuímos a essa estrela uma influência que chamamos maléfica?


R. Para uma criança, do mesmo modo, a mão de sua mãe que lhe impede de pegar uma faca, pode também parecer maléfica. A influência das estrelas, em seu verdadeiro sentido, nunca é maléfica. Só a reação humana pode torná-la maléfica ou benéfica. Vocês, encarnando, passam pelo portão de uma constelação e nascem sob seu signo. Por causa de ter nascido naquele signo, estão para esta encarnação sob a proteção e direção do Grande Senhor dessa constelação. Podem receber ,aflições. e oposições de outros astros. Isto é só para os provar e fortificar, para lhes ensinar a coragem e a perseverança, bem como para ajudar-lhes a aprender suas lições, lições dessa constelação determinada. Procurem meditar sobre as estrelas fixas das constelações. Procurem alcançar o Senhor de um signo.

P. Se alguém nasceu no signo de Câncer - a Lua sendo o regente - a influência da estrela fixa dessa constelação passaria através da Lua ao signo?

R. Não. A influência seria tríplice: do signo, da Lua e da estrela. Tento falar-lhes um pouco de Astrologia espiritual e, para compreendê-la, precisam afastar-se da Astrologia profana. Falo-lhes das constelações e não dos signos. Vocês têm uma afinidade com cada estrela de sua constelação e seria bom que estudassem essa constelação.

P. Aplicando a um horóscopo individual, isso se refere à constelação ascendente ou àquela onde se acha o Sol?

R. À constelação ascendente, pois ela é a porta através da qual o espírito escolheu para se manifestar. O Sol estando, por exemplo, em Touro, mostra que o espírito adquiriu a experiência da constelação de Touro. Ele passou por todas as estrelas que compõem essa constelação.

P. Então, cada grau de um signo corresponde à lição de uma das estrelas da mesma constelação?

R. Não, porque não há trinta estrelas em cada constelação. No "Triângulo", por exemplo, há apenas três. Não podem enquadrar as coisas celestiais do mesmo modo que as terrestres.

P. No ritual em que tivemos o privilégio de participar para dar as boas vindas ao Grande Espírito, aproximando-Se dos planos astrais, tomaram parte também seres desencarnados?

R. Naturalmente. Cada um de vocês estava acompanhado. O Ritual não estaria completo se não houvesse a participação dos dois lados. Precisamos de vocês, como vocês precisam de nós. Isso é mútuo. Sem vocês não poderíamos estar em contato com o plano terrestre; e vocês, sem nós, nem sempre poderiam entrar em contato com os planos espirituais. Se a vibração criada por seus pensamentos não fosse harmoniosa, não poderíamos transmitir nossa mensagem. Assim, temos dívidas para com vocês, gratidão para com seus pensamentos, para com a vibração criada.

P. Voltando ao papel que desempenhava a religião no Egito, penso que isso era também devido ao fato de que, naquele tempo, só a classe sacerdotal possuía o conhecimento. Hoje, o nível intelectual da classe culta da humanidade é, mais ou menos, o mesmo que o do clero.

R. Sim, mas o seu clero de hoje, embora possua o conhecimento das ciências materiais, não entende das ciências celestes. Nunca foi além da terceira dimensão. Outrora, um sacerdote era cientista em todos os planos de consciência. No entanto, ele encontrava mais dificuldades que seu irmão de hoje, pois, fora de sua classe e de alguns nobres, o povo não tinha capacidade de compreensão das coisas espirituais, e isso limitava muito o ensinamento religioso. Hoje, como dizem, uma grande parte da humanidade é suficientemente inteligente. Por isso mesmo, não deveria ficar satisfeita com a apresentação religiosa que lhe é dada. Deveria procurar e exigir a Verdade. Infelizmente, ela não se dá conta de sua responsabilidade; negligencia a religião, negligencia os assuntos espirituais. Penso que os responsáveis pelo progresso dos povos deveriam insistir para que, pelo menos nos lugares destinados à religião, fosse ensinado o desenvolvimento da Luz Interna. Seria isso impossível?

P. Não seria impossível, mas as igrejas não gostariam disso.

R. Acabariam por gostar, se a maioria da gente culta exigisse que as investigações das ciências celestes fossem feitas do mesmo modo que as investigações das ciências materiais. Nas suas universidades vocês têm todas as facilidades para o estudo das diversas ciências e, para isso, estão gastando muito tempo e dinheiro. Se o mesmo esforço fosse dirigido à investigação espiritual, teriam achado também as chaves para outras ciências. Às vezes, escavando em diversos lugares, descobrem que certas coisas eram conhecidas e praticadas há milhares de anos e, no entanto, precisam chegar a elas de novo. Os seus médicos, por exemplo, fazem muitas pesquisas, trazendo, sem dúvida, um grande bem. Não devo criticá-los, pois pertenço a essa fraternidade. No nosso tempo, porém, podíamos ver e compreender as doenças, pelo poder da nossa intuição, da nossa vista interna. Praticávamos a odontologia, compreendíamos a circulação do sangue e conhecíamos várias outras coisas, ainda desconhecidas para vocês. Tomaram um caminho sinuoso, em vez de seguir uma estrada reta. Descobririam muitas coisas se se esforçassem em desenvolver os seus dons mentais. Contudo, a exigência para que tais estudos fossem introduzidos, deveria partir de vocês mesmos, da classe culta da humanidade.

P. Mas quem poderia instruir-nos?

R. Existem seres que têm o poder de elevar-se aos planos celestiais. Creio ser de seu conhecimento que a Igreja Católica cuida para que alguns de seus sacerdotes investiguem as ciências psíquicas e ocultas. A Igreja Católica possui mais conhecimento do que qualquer outra religião, mas teima em guardá-lo para si. Por outro lado, a maioria da humanidade está satisfeita em receber o ensinamento religioso, tal como lhe é dado, todo pronto. O homem, mesmo altamente instruído, pode não ser evoluído. Um ser evoluído não é limitado por nenhuma religião. Sabe que é filho de Deus Vivo e nenhum mestre ou ditador pode lhe impor seu credo. Ele é a lei para si mesmo e se dá ao trabalho de refletir, de procurar e de descobrir a Verdade. Se a humanidade insistisse no seu direito de recebê-la, então os caminhos e as possibilidades abrir-se-iam diante dos homens. Exigindo o conhecimento, este lhes seria dado. Desenvolvendo suas possibilidades internas, os homens descobririam tudo quanto é chamado "oculto" e secreto. Os limites atuais de compreensão humana deixariam de existir. Para que serviria ocultar certas coisas, se os homens se tornarem capazes de contatar o mundo etéreo e descobri-las por si mesmos? O segredo não existiria mais nem a possessividade de certas classes sacerdotais. Mas é a humanidade que deveria dar o primeiro passo.

P. Por que a nossa civilização afundou?

R. Não diria que "afundou", mas criou falsos valores. Permitiram que os preconceitos raciais e ambições nacionais os governassem. Curvam-se diante do dinheiro, diante dos sucessos intelectuais; no entanto, muitas pessoas, consideradas "brilhantes", desenvolveram-se somente na sua linha particular do conhecimento e, às vezes, nada conhecem de outros aspectos da vida, nem mesmo admitem que existam. São intelectuais, mas não evoluídas. Geração após geração, a humanidade afastou-se, mais e mais, da Luz Divina. Nada existe que possa levar os homens a viver o grande ideal da fraternidade e da paz. Se houvesse um forte impulso geral na boa direção, a situação do mundo logo mudaria. Sejam corajosos e perseverantes em realizar suas aspirações.

Início