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Ensinamentos de I-EM-HOTEP


Iniciação Dévica

Hoje falar-lhes-ei da Iniciação Dévica. O assunto é tão vasto que precisarão de esforço para tentar compreendê-lo um pouco, pois poderei abordá-lo apenas superficialmente.

Muitas vezes já ouviram falar do reino elemental. Os habitantes inferiores desse reino trabalham sob a direção dos Devas, que estão colocados em relação ao reino elemental, do mesmo modo que os Mestres em relação à humanidade. Falando, portanto, dos Devas, falamos de seres de um grau comparativamente elevado no reino angélico. O trabalho dos Devas consiste, principalmente, na formação e no governo de todas as formas da Natureza. O corpo físico humano está, em grande proporção, sob o controle desses seres angélicos, que ajudam na sua formação e que modelam suas formas.

É muito raro, todavia não impossível, que um Deva tome uma encarnação humana, no entanto, muitos seres humanos altamente evoluídos tomam uma encarnação dévica.

Há grandes Devas que dirigem o reino do fogo; não os confundam, porém, com os Senhores da Chama. Há outros que dirigem os reinos da água, da terra e do ar. Muitos seres elementais são seus mensageiros e levam, de cá para lá, sobre toda a Terra, as diretrizes desses Grandes Anjos.

Os Devas aproximam-se freqüentemente dos humanos, procurando desenvolver neles o amor à beleza e estimular-lhes a imaginação. Através de séculos, todos os grandes artistas, poetas e músicos foram guiados e inspirados por um destes seres. Quando o homem, em seu mais alto veículo, aspira à beleza e procura expressá-la ao seu redor, mesmo primitivamente, penetra na corrente dévica.

Sabem que, em certa época da história, a Grécia tornou-se um centro de arte e de beleza. Aconteceu isso porque, naquela época, o reino dévico focalizou ali todas suas forças, na esperança de poder adiantar a evolução da humanidade, inspirando-lhe o amor ao belo. Infelizmente, depois de um certo tempo, veio a decadência.

Agora, nestes últimos anos, os Devas conseguiram, de novo, tocar a humanidade. Sob essa influência, os homens começam a rejeitar os preconceitos, começam a ser mais sensíveis à beleza, à cor e ao som. Expressam a influência dévica em seus jardins e também em seus lares e em suas roupas, usando as cores mais belas, em combinações mais variadas e estéticas.

Se vocês sentem o desejo de tornar mais bela sua pessoa ou seu ambiente, se sentem necessidade de belas cores, procurem satisfazer esse desejo e compreender que foram chamados por um desses anjos. Se se afinarem à sua vibração, sua mente será invadida por belos pensamentos, belas imagens e lhes será dado o poder de criar belas obras.

Muitas pessoas dizem ser inspiradas por grandes artistas do passado. Alguns desenham ou pintam automaticamente. Penso que não os decepcionarei dizendo que, muitas vezes, o ser que usa o nome de um artista é, na realidade, um servidor do reino dévico, que procura, através de um instrumento escolhido, expressar um pouco de beleza dos mundos etéreos. Estes seres são particularmente atraídos pelos que nasceram sob a predominância dos signos do ar. Gostam de inspirar-lhes, durante a meditação, belas imagens, ligeiras como nuvens e até difíceis, por vezes, de fixar em mente.

Cada um que sentir a necessidade de expressar-se pelo som, pela cor ou fazer algum outro trabalho artístico, deveria, em sua meditação, procurar informar ao mundo dévico de que compreendeu que foi chamado por um inspirador. Se a humanidade se abrisse mais à influência dévica, a expressão artística do seu mundo, tornar-se-ia mais elevada e mais bela.

Nos últimos anos, certas pessoas, influenciadas pelos habitantes do mundo dévico, criaram o que poderia ser chamado de fealdade. Isso aconteceu porque estes seres, em seu esforço em se aproximar da família humana, precisavam utilizar cada mente receptiva que encontravam. Contudo, o aparecimento da fealdade na arte, trouxe uma conseqüência benéfica: os humanos tornaram-se mais sensíveis à beleza. Na futura geração, a arte, em todas as suas formas, começará a ser considerada como um dos principais meios de ensinamento.

Sei que atribuem, geralmente, às entidades humanas desencarnadas, tudo o que provém dos planos espirituais. Devem revisar essas idéias e compreender que há outros tipos de evolução. Os Devas pertencem a uma evolução diferente da sua, a uma evolução paralela. Eles são usados por Grandes Anjos de beleza, vindos de Vênus para anular na humanidade tudo o que é lascivo, tudo o que é inferior e transformá-lo em algo de belo e criativo.

O homem, ficando mais sensível à beleza, eleva-se a um plano superior e torna-se receptivo à influência dévica. Procurando estes seres mentalmente, falando-lhes, dando-lhes seu amor e compreensão, pode realizar um contato com eles. Seria então largamente recompensado, porque receberia deles a serenidade da mente a beleza do corpo e o dom da criação artística.

Compreendendo suas possibilidades, vocês podem tornar-se mais receptivos e, sendo ainda encarnados, entrar em contato com o mundo dévico, desde seus habitantes menos evoluídos - como, por exemplo, os gnomos que cuidam das plantas do seu jardim até o mais elevado desse raio, que é o Deva ou Senhor, o qual dirige a formação da própria Terra.

São os Devas, regentes dos elementos da terra, do fogo, do ar e da água que, agindo sob as ordens dos Senhores do Planeta, causam os tremores de terra, erupções vulcânicas, grandes tempestades e inundações. Fazem isso para oferecer ao homem a oportunidade de resgatar o Carma do passado, ou então criar um novo.

De acordo com o elemento mais forte da sua natureza, indicado no horóscopo, e trabalhando sob o seu raio no plano mental, podem entrar em contato com um desses Grandes Seres. Então, se a sua força e o seu desejo forem suficientemente grandes e puros, poderão impedir incêndios, inundações, tempestades ou tremores de terra. Aproximando-se do reino dévico, porém, devem lembrar-se sempre de que seus habitantes não têm o mesmo poder de raciocínio que os humanos.

Os Devas, pelo contato estreito com um ser humano que, tendo recebido deles graça e beleza, lhes dá, em retorno, gratidão, amor e pensamentos puros, elevam-se a um plano mais próximo da Divindade. O homem, apesar de se haver degradado, dando largas às suas paixões inferiores, permanece divino no íntimo de sua natureza. É sua parte divina que, quando desperta, aspira à união com Deus. É a mesma parte que, em meditação, tem o poder de entrar em contato com o mundo dos Devas.

Amando muito o mar, podem aproximar-se do Deva do elemento água. Se amam muito seu jardim ou as árvores, estão em condições de tocar o Deva do raio terrestre. Tornando-se receptivos, podem ouvir um som muito especial, como se fosse um suave zumbido. Uma pessoa, aqui presente, ouviu-o, mais ou menos dois anos atrás, no seu jardim. Ela estabeleceu contato com um Deva através do seu amor pela terra e pela beleza que dela brota. Se essa pessoa voltasse sua memória àquele tempo, lembrar-se-ia de que jamais seu jardim fora tão belo.

Nas sessões espíritas, vocês muitas vezes recebem flores. Acham que isso é feito por espíritos desencarnados. No entanto, são os seres do mundo dévico que, atuando como servidores dos espíritos desencarnados, trazem-lhes uma prova de amor. Um Deva do elemento terrestre, usando uma vibração sempre mais baixa, até tocar o gnomo, pode trazer-lhes do seu plano, aquilo que apreciam no seu elemento. Um Deva do ar lhes dá, durante as suas sessões, as brisas frescas ou quentes, e o Deva da água produz essa sensação bem conhecida de estar na água até os joelhos. São estes seres que, servindo aos espíritos desencarnados, causam os mais diversos fenômenos. Compreendendo e apreciando seu trabalho, facilitam-lhes, por seu amor e reconhecimento, a manifestar-se mais claramente. Eles podem trazer-lhes cheiros de perfumes; podem protegê-los quanto estiverem em perigo; podem ser protetores invisíveis do seu elemento particular.

É muito difícil explicar-lhes todo o trabalho dévico, mas gostaria que compreendessem que a Iniciação Dévica pode constituir uma parte de seu treinamento. Tentem comunicar aos Devas que procuram receber a sabedoria de seus reinos, para a elevação da humanidade e a glória de Deus. Aproximar-se-ão de vocês então, rapidamente, iniciando-os nos segredos de seu elemento, a fim de que os habitantes de seu planeta reconheçam em vocês um ser superior a quem devem obedecer.

Quando tiverem entrado em contato com estes reinos, compreenderão a linguagem dos animais; saberão o que é necessário para a nutrição das coisas que crescem na terra. Poderão acalmar as águas ou as tempestades. Vou mencionar-lhes duas grandes almas que receberam a Iniciação Dévica: Jesus de Nazaré e São Francisco de Assis. Jesus podia andar sobre as águas, em virtude de ter recebido a iniciação dévica do elemento água. Ele utilizou Seu poder sobre esse elemento para purificação e cura da humanidade.

Se acharem no seu horóscopo o elemento mais forte de sua natureza e se se afinarem a ele, poderão chamar ou responder à chamada do seu Deva particular, que se aproximará e lhes ensinará tudo quanto pertença ao seu elemento. Com o tempo, poderão receber a Iniciação e tornar-se mestre desse raio. Vocês têm visto, talvez, pessoas que tocam o fogo sem se queimarem; elas foram iniciadas no elemento fogo e têm o seu Deva - chamado às vezes de Anjo - que as protege pelo poder da Lei da Iniciação. Podem ter a certeza de que qualquer pessoa capaz de ações semelhantes, está em contato com um Deva do elemento correspondente.

Repito, ainda, que este mundo é vastíssimo, sendo difícil mesmo esboçar, para vocês, uma imagem de seus inúmeros planos e graus.

Quando começarem a compreender que há muitas e muitas dimensões, ainda para vocês desconhecidas, e vários sentidos aguardando desenvolvimento, a vida se lhes tornará mais atraente.

Os Devas são muito belos. Não é simples dar-lhes uma idéia, mesmo pálida, de sua aparência. O rosto é geralmente bem destacado, estreitando-se para baixo, o que lhe dá uma forma quase triangular. Os traços são claramente definidos; a testa é alta e as maçãs do rosto um pouco proeminentes. Os olhos são ligeiramente oblíquos; as orelhas compridas e pontudas, como, às vezes, nas imagens dos contos de fadas são representados os pequenos espíritos. Os cabelos dos Devas são louros, sendo mais escuros para os do elemento terra. Crescendo bem alto, formam como um círculo ao redor da cabeça uma espécie de halo. Os Devas não têm corpo, como vocês o entendem. São compostos de matéria etérea, semelhante a um véu transparente, que muda de contorno. É a única comparação que encontro. Essa matéria é translúcida, cintilante e de belas cores irisadas, lembrando um pouco as asas das libélulas. Às vezes, quando encontram um ser humano, consciente de sua proximidade, irradiam cores parecidas com às da chama ou as da opala de fogo. Outras vezes, quando são atraídos a um jardim, por alguém que ama a Natureza, tomam cores das mais magníficas tonalidades, azuis, lilases e verdes. Os Devas, que residem nos cimos das montanhas, têm tonalidades de branco-pérola, rosadas, ouro-pálido e lilás. Os das florestas são de um verde-suave, como os primeiros brotos de árvores, passando para um verde mais profundo e azulado. Se puderem, imaginem essas cores como tendo uma luz por trás, tomando-as luminosas, e verão sua beleza.

As raças antigas da humanidade chamavam os Devas de deuses, entendendo, com isso, que eram deuses do seu elemento, diferenciando-os do Arquiteto do Universo ou do Pai no Céu.

No Egito, quando uma múmia era colocada no túmulo, fazia-se o ritual próprio, de acordo com o horóscopo da pessoa falecida e seu elemento mais forte - fogo, água, ar ou terra - e o Deva desse elemento era chamado para guardar o túmulo através das eras. Obrigado pelo ritual e pela força dos que faziam, o Deva devia guardá-lo até que fosse liberto dessa tarefa. É muito possível, portanto, acontecer um desastre em seguida à violação de um túmulo. Se este fosse aberto com a palavra de poder adequada, não haveria nenhum desastre. Sem isso, porém, o Deva acha que alguém interferiu com a sua obrigação. Isto é uma prova do poder do ritual e da força mental humana. Imaginem, por exemplo, um poderoso Deva do elemento terra, chamado por um ritual – feito por alguém conhecido no seu reino e a quem deseja servir – para guardar um túmulo. Compreenderão que o guardará fielmente, usando todos os meios a seu alcance para protegê-lo. Se um dia quiserem violar esse túmulo, haverá provavelmente uma queda de pedras, um desmoronamento de terra ou qualquer outra coisa desastrosa. Não podem, por causa disso, culpar um ser não humano, que não raciocina como as pessoas, da mesma forma como não culpariam um cão fiel por morder um desconhecido que quisesse levar o que fora deixado à sua guarda.

Procurem, cada um de vocês, entrar em contato com o reino dévico. É muito comovente ouvir, pela primeira vez, o som que emite um Deva, e que não se parece com nada do que os ouvidos percebem na Terra. É como um ruído de milhares de abelhas muito distantes, estando, no entanto, bem próximo da pessoa. Se o ouvirem, procurem elevar sua consciência, pois a linguagem dos Devas é de muitos tons vibratórios além da sua escala, assim como suas cores estão fora do seu espectro.

Se conseguirem estabelecer um contato com um Deva, serão agraciados por um serviço cheio de amor, e nada perderão com isso. Porém, em sua presença, devem sempre cuidar para que seus pensamentos sejam puros e fraternais com todos, pois, se o fogo aquece, pode também queimar. A terra, tão boa e generosa, pode ser às vezes um pântano perigoso. O ar traz uma brisa agradável, mas também um furacão destruidor. A água de uma calma baía pode transformar-se em ondas furiosas. Assim, pela forma de seus pensamentos, vocês poderão provocar nos Devas o que é belo ou o que é destrutivo, porque refletirão os seus próprios pensamentos e emoções e vocês não poderão censurá-los por isso.

Muitos centros espíritas atraíram inconscientemente um ser do reino dévico, que os guiou por algum tempo, porém os abandonou depois, por causa das mazelas nas pessoas de seus membros.

Cada sensitivo que procura o progresso espiritual deve aprender a distinguir entre um humano desencarnado e um ser do mundo dévico. Um dos perigos do psiquismo consiste no fato de que os psíquicos não sabem quase nada a respeito disso. Todo médium deveria estar sob a direção de alguém que possuísse a verdadeira clarividência, e ainda uma sabedoria suficiente para não confundir os espíritos que foram encarnados com os que nunca foram envolvidos na matéria. Então, aprenderia a fazer a distinção. Em todo caso, cada psíquico atrairá para si, seja deste ou daquele mundo, um ser semelhante à sua própria natureza - alguém evoluído, sábio e belo ou, ao contrário, ignorante e destrutivo.

Perguntas e Respostas

P. O som que emitem os Devas é o mesmo para todos os elementos?

R. Todos eles emitem o mesmo tipo de som, mas o do elemento terrestre é o mais baixo e o do ar o mais alto. Estes sons poderiam ser comparados aos emitidos pelas cordas de violino. Se fizerem vibrar uma corda bem esticada, ela provocará uma onda vibratória. Toquem a corda sol do violino e terão a nota do emental terrestre; a corda ré dará o som do elemental da água; na corda lá terão o do fogo; e na corda mi - o do ar. Não confundam, porém, os sons Sol, Ré, Lá, Mi com os raios dos elementais. Eu lhes dou essas indicações só a respeito do som.

P. Esse som pode ser ouvido apenas nos jardins cultivados por nós mesmos ou em qualquer campo?

R. Nos jardins e nos campos. Tal como redescobriram aquilo que hoje chamam de transmissão sem fio, é possível que, mais tarde, com o desenvolvimento dessa ciência, possam captar o som particular que emite cada flor. Um passeio num jardim, ouvindo a harmonia dos vários sons das flores, é uma coisa muito bela. A elevação da consciência permite ouvi-los. Os grandes músicos receberam, às vezes, suas inspirações desse modo. Eles não poderiam ter composto as danças dos gnomos, danças dos espíritos do fogo, se nunca houvessem experimentado um outro estado de consciência.

P. É possível receber a Iniciação Dévica sem estar consciente disso?

R. Não. Já lhes disse e repito que é impossível receber qualquer iniciação sem estar consciente disso. Quase todos que lhes contam que estão em contato com os Mestres e que receberam a iniciação nos planos internos, são uns irresponsáveis, vítimas da própria imaginação. Desculpem-me, mas não posso compreender como podem acreditar nessas estórias, se na vida dessas pessoas não há nenhuma prova do que afirmam. Como uma alma, em contato diário com seu Mestre e Dele recebendo a Sabedoria Divina, poderia, ao mesmo tempo, ser egoísta e mesquinha? Como lhe seria possível ferir outras almas, em qualquer sentido que fosse? Mais uma vez a resposta é: não. Se a vida de alguém não mostrar por atos aquilo que afirma, isto é, pela sua abnegação, altruísmo e desejo de servir aos outros, estão esse alguém não recebeu Iniciação. Desculpem-me, mas assim é.

P. Quais foram os elementos em que São Francisco de Assis recebeu a Iniciação?

R. Recebeu-a de dois: do ar e da água.

P. Se um ser humano tomar uma Iniciação Dévica, levará uma vida dupla humana e dévica?

R. Não. Se alguém receber a Iniciação Dévica, possuirá o poder sobre o determinado elemento. A maioria dos ocultistas que estudam o outro lado da vida, além de se encontrarem com os humanos desencarnados, entram também em contato com os habitantes de outros planos e são por eles ensinados. O poder de certos médiuns de produzir luz ou de trazer algo de outra dimensão - as materializações - constituem uma prova que estabeleceram um contato com o mundo dévico.

P. Se compreendi bem, o senhor disse que as inundações, erupções vulcânicas e tremores de terra são produzidos pelos Devas, trabalhando sob a direção dos Senhores Planetários, e que nós, possuindo uma força suficiente, poderíamos preveni-los. Correto?

R. É exato. À medida em que um ser humano, de aspirações puras, realizar suas possibilidades divinas, vai se tornando uma força para o Bem. Essa força que dele emana é captada pelos Senhores Planetários. É um dos casos em que, como se diz, "o sábio dirige suas estrelas". Em outras palavras, ele toma sobre si o Carma Planetário e, pelo poder de sua mente, consegue transmutá-lo ou adiar seus efeitos para um outro ciclo. Os Senhores do Carma prosseguem em Seu trabalho, mas aqui e acolá uma Grande Alma encarna-se voluntariamente e, tomando sobre si o Carma do mundo, com o poder de Sua mente impede o desastre. Era após Era, os desastres foram afastados ou anulados assim.

P. Essas Grandes Almas salvam o mundo durante um período ou era determinada?

R. Sim. É a força Crística que, trabalhando através de um Ser que Se ofereceu espontaneamente, afasta o desastre. Como sabem, esses Grandes Seres Se oferecem renunciando sua própria evolução, sacrificando-a por vocês, e são usados pelo Cristo de Todos os Tempos, o Cristo Cósmico, o Filho Único de Deus. Isto é o significado das Crucificações. Às vezes sinto como é difícil explicar-lhes certas coisas, talvez porque haja tanto para dizer e eu deva limitar-me ao mínimo.

P. Poder-se-ia atribuir a um desses Grandes Seres a salvação do mundo para todas as épocas?

R. Não. Não para todas as épocas. Mas cada um desses Seres conseguiu um resultado; como por exemplo, salvar uma grande cidade da destruição. Se voltarmos às imersões de Atlântida, o Grande Ser Solar, que Se ofereceu naquele tempo, conseguiu adiar as inundações durante longos períodos. Houve três inundações menores antes da submersão total, para que, durante esse tempo - muitos séculos - os homens ainda pudessem se arrepender.

P. No futuro, a destruição é inevitável?

R. Não obrigatoriamente. Tenho certeza de que sempre há Grandes Almas prontas a sacrificar-Se para o bem da humanidade e, enquanto o Cristo puder achar um veículo através do qual possa Se manifestar, o mundo será salvo.

P. O Mestre Serapis ainda está trabalhando com os Devas?

R. Ele tomou uma iniciação dévica para nos poder dizer mais sobre a vida, o modo de pensar e a linguagem dos Devas, a fim de podermos utilizar melhor as possibilidades que o reino dévico nos oferece.

P. Os gnomos e outros seres elementais evoluem até chegarem a ser Devas?

R. Naturalmente, e passam, também, através dos elementos superiores. Falei-lhes só de quatro. Evito criar confusão em suas mentes, não tratando dos reinos etéreos superiores a que os seres do mundo dévico devem atingir. Como lhes disse no começo, toco apenas a beira deste assunto, o qual, por si só, poderia constituir estudo para uma vida inteira.

P. Os Devas nunca tomam uma encarnação humana?

R. Não se pode dizer "nunca", mas isso é raríssimo. Pode acontecer que um Deva, atraído por um grande amor e querendo ajudar, procure uma encarnação humana; geralmente, porém, eles se aproximam apenas para influenciar a mente humana no sentido da inspiração. No entanto, muitos humanos evoluídos vão ao reino dévico para absorver o conhecimento desse reino e, voltando à Terra, tornarem-se instrutores. Alguém do reino dévico pode encarnar somente em circunstâncias excepcionais e para uma finalidade muito especial. Este foi o caso de Ana Kingsford. Ela pertencia ao reino dévico e tomou a iniciação humana para poder fazer seu trabalho. Com toda a certeza, o mundo ficou mais belo e melhor por causa de sua curta visita aqui. Se estudarem seu ensinamento, especialmente no que diz respeito a seu próprio elemento, encontrarão muito para sua iluminação.

P. Qual era seu elemento?

R. Seu elemento era o fogo, mas empreguei agora a palavra "elemento" no sentido do reino elemental em geral.

P. Então os Devas diferem dos elementais também no sentido de possuírem alma?

R. Eles não possuem alma, como geralmente a compreendem, mas, se puderem imaginar a perfeição de um Mestre em comparação com vocês, compreenderão melhor a diferença entre um Deva e um elemental. Chamo de "elemental" a um ser do fogo, da terra, do ar ou da água, mas quando digo "Deva", tenho em mente um ser que podem chamar de Senhor de raio, o que é bem diferente de um gnomo ou de uma salamandra.

P. Havia, com certeza, uma alma em Ana Kingsford!

R. Não uma alma como a entendem. Quando se toma uma forma humana, deve-se ter um invólucro astral. Por alma, entende-se geralmente uma coisa diferente, um veículo do espírito. O Deva é desprovido de espírito, como vocês O entendem. Não tem, portanto, necessidade de veículo para este. Encarnando, terá um invólucro astral, mas não uma alma.

P. Os Devas têm um período determinado, como nós, para a existência dos nossos corpos físicos?

R. Não. Para eles o tempo não existe, nem são limitados pela matéria. A vida divina flui através deles.

P. Os Devas representam um outro Aspecto Divino?

R. Naturalmente. Eles representam o lado criativo, o lado da forma. O homem pertence ao lado mental.

P. Se um grupo estivesse estudando e praticando o canto numa clave particular, atrairia um determinado deva?

R. Atrairia provavelmente um Deva do Som, mas, se nesse grupo houvesse uma pessoa cujo coração cantasse a um Deva determinado, então atrairia este.

P. Os animais são conscientes do mundo dévico?

R. Perfeitamente. É interessante como um cachorro fica feliz e alegre se um Deva estiver por perto, mas fica assustado ao avistar um espírito desencarnado. Nos nossos templos, devido a isso, havia sempre animais. Freqüentemente, o fenômeno da emigração dos pássaros é admirado. É a vontade dos Devas do ar que os está guiando, como um pastor o faz com suas ovelhas. Muitas vezes causa admiração também o fato de um animal extraviado achar seu caminho de volta. É o trabalho do Deva da terra.

P. Então isso não é o trabalho do espírito-grupo?

R. Aqui temos um exemplo de diferente forma de ensinamento, de acordo com o grau da escola ou seu Raio. A mesma coisa é ensinada, porém, com outras palavras. Uns falam do "espírito-grupo", outros de "Deva". O nome usado não tem importância. Hoje, procuro dar-lhes uma concepção mais pessoal a respeito dos habitantes do reino dévico para que, se contatarem um belo ser de uma outra dimensão, não pensem logo que é um espírito desencarnado, altamente evoluído. É possível que seja um ser do reino dévico, talvez um que os esteja servindo ou guardando. Não fiquem desanimados se no começo não conseguirem captar claramente sua mensagem.

P. Não compreendo por que havia animais em seus templos.

R. Os animais que tivemos nos templos eram treinados, desde pequenos, para não ultrapassarem o círculo externo do templo, mas, dentro deste, podiam passear onde quisessem. Eram separados dos de fora, sempre mantidos muito limpos em seu modo de viver e seus hábitos, e cruzavam-se só entre si. Talvez pela criação, pelo modo de viver ou pelo ambiente, tornavam-se muito sensitivos. Por causa disso, eram chamados de "sagrados". Nós, como vocês hoje, tínhamos nossas sessões, geralmente no alto do templo e, como vocês, éramos sujeitos a erros. Eram os animais ao nosso redor que nos davam indicações sobre o tipo de entidade que se aproximava. Se o visitante era um humano desencarnado, o gato ficava muito alegre, mas se aparecia um ser do reino elemental, o gato se tornava inquieto e seu pêlo se arrepiava todo. O cachorro, pelo contrário, recebia com entusiasmo um ser dos mundos elementais, mas se assustava com um humano desencarnado. Eles eram opostos na expressão de seu medo ou de sua alegria. Quando estudávamos e praticávamos um ritual determinado, ou a magia pertencente a um planeta, os animais nos indicavam, também, se os elementais desse planeta estavam presentes. Com sua ajuda podíamos muito freqüentemente verificar nossas pesquisas. Não poupávamos esforços e dedicávamos muito tempo a nossos estudos. Assim, o Egito tornou-se conhecido, mesmo depois de sua decadência, como um país do conhecimento dos mistérios e da magia. No meu próprio templo, onde no início nos dedicávamos à cura da vista, havia principalmente gatos brancos, pois considerávamos que a Deusa Isis - a Força Lunar - nos ajudava no trabalho e estes animais a Ela eram consagrados. Os cães eram consagrados à estrela Sírius, e diversos outros animais a outros planetas.

Assim, eles se tornaram "animais sagrados" da localidade cujo templo reverenciava esse Aspecto Divino.

P. Os animais não parecem ter o sentido do bem e do mal.

R. Eles começam a tê-lo quando os educam. Se tomarem um cão e o educarem com muita paciência, verão que entende muitas palavras. Se não tivesse aprendido seu sentido, não poderia tornar-se obediente.

P. Parece-me que eles sofrem tanto!

R. Há uma influência divina que, em certo sentido, anestesia-os e permite que, mesmo quando dissecados, não sofram do mesmo modo como vocês compreendem o sofrimento. O Grande Pai do Amor, sabendo que o reino animal é incapaz de defender-se, não permite esse sofrimento. Isso, no entanto, pode parecer assim, para acordar no homem a emoção elevada do amor-proteção. O Grande Arquiteto do Universo faz tudo bem, e não devemos tomar sempre como realidade o que, às vezes, pode ser ilusão.

P. Essa proteção contra o sofrimento constitui uma parte do trabalho dévico?

R. Assim é.

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