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Ensinamentos de I-EM-HOTEP


Ritual ou Química Oculta

Hoje, quero lhes falar sobre a química interna da mente. Tentarei levantar o véu de muitas concepções errôneas, formadas durante os últimos dois mil anos.

Durante a nova Era, haverá um retorno ao Ritual e ao Cerimonial, portanto, uma certa compreensão do assunto é necessária. Alguns de vocês sentem-se atraídos por esse aspecto; outros, ao contrário, repelem-no. A estes, um pouco de esclarecimento talvez os faça mudar de opinião.

Os que amam o Mestre Jesus estarão certamente interessados em saber que foi o maior mago e o maior ritualista que seu mundo conheceu. Trouxe consigo este amor pelo Ritual das várias escolas por onde passou.

O próprio relato da Crucificação nos apresenta, também, um Ritual de um significado muito profundo. Poucos de vocês, entretanto, se deram ao trabalho de procurar compreender seu sentido interno. Se tiverem paciência, tentarei lhes dar certas explicações.

Podem ler na Bíblia que Jesus usava uma túnica sem costura, feita de um só pedaço. Sabem qual o significado dessa vestimenta? A túnica usada por todos os Adeptos, Sacerdotes e Instrutores, simboliza a aura de proteção. Essa aura eleva-se, em forma de cruz, sobre os dez quadrados da Cidade Santa de Shobboleth ou a Arvore da Vida. Ela corresponde, também, aos dez centros de força da cadeia endócrina humana. No relato da Crucificação é dito que o Mestre foi despojado da túnica. A retirada da túnica de Jesus significa que Seu círculo de proteção foi rompido e que as forças que Ele combatia O assaltaram, vencendo Sua resistência. Isso nos mostra que Ele foi destruído por aqueles a quem viera servir.

A taça que Lhe foi apresentada, a coroa de espinhos em Sua cabeça, a espada que transpassou Seu corpo, o fel e o vinagre que Lhe foram dados a beber, tudo isso são instrumentos ou ingredientes ritualísticos. A Crucificação, tal como está descrita, a fim de que o iniciado possa compreendê-La, é uma fonte de sabedoria para os que se esforçarem em estudá-La.

Às vezes, em ocultismo, encontramos fórmulas e ditos que parecem maus e repugnantes. Se, no entanto, fizéssemos um esforço para compreender uma tal linguagem, descobriríamos seu verdadeiro sentido. Há, entre outras, uma prescrição antiga que provocou grande indignação. Justamente por esse motivo, escolhi-a para exemplo. Diz essa prescrição que devem pegar uma criança que está nascendo, estrangulá-la com seu próprio cordão umbilical e, recolhendo seu sangue numa taça, oferecê-lo em sacrifício. A imagem é verdadeiramente constrangedora! Contudo, vou explicá-la. A criança que nasce representa seus pensamentos em embrião, que vêm da personalidade inferior: pensamentos de inveja, de cobiça ou de cupidez, todos os desejos dos quais você têm vergonha. Logo que aparecem, devem não apenas rejeitá-los ou escondê-los, mas, olhando-os bem de frente, estrangulá-los até que o último resquício da força vital os abandone. Então, pegando a taça do seu coração, poderão oferecer, em sacrifício, sua vitória sobre a natureza inferior e pedir que a taça receba a pura essência do Amor Divino. Assim, realizarão uma operação mágica, uma transmutação. Não, apenas, eliminarão os desejos baixos, como, também, os transmutarão em algo de divino.

Talvez tenham ouvido falar que o enxofre, o mercúrio e o sal, quando misturados, constituem uma poção mágica. E possível que isso também haja provocado em vocês uma reação negativa. Se tivessem conhecimento, saberiam que o enxofre representa a força vital, a energia necessária à saúde de seu corpo; o mercúrio, a força emocional do amor, e o sal, a personalidade inferior. Se, portanto, tomarem o sal, ou a personalidade inferior, e adicionando-lhe o enxofre e o mercúrio, ou seja, a energia e o amor, se esforçarem por eliminar da sua natureza tudo o que pertence ao elemento terrestre inferior, então transformarão estes ingredientes em éter, símbolo de um plano superior de consciência. Transmutarão de novo sua personalidade inferior em um templo adequado à morada de Deus.

Para compreender melhor o papel que pode desempenhar a prática do Ritual na vida de um aspirante, seguiremos agora seus primeiros passos. Vamos supor que alguém, mais adiantado, lhe dissesse que deveria meditar, pois, através da meditação, poderá entrar em união com o Divino. Entretanto, logo que o aspirante tenta meditar ou recolher-se ao silêncio, sua mente começa a pular em muitas direções e não consegue realizar a concentração indispensável. Pouco a pouco ele se torna desanimado, perguntando a si mesmo se seu dirigente não está sendo vítima de sua própria imaginação e se existe alguma verdade de poder encontrar seu Ego ou Eu Superior. À medida que estes pensamentos passam pela mente do aspirante, ele encontra aí seu primeiro teste, podendo apresentar-se em forma de um período de dúvidas e de escuridão.

Perde a fé, pois não percebeu nenhuma Luz, e suas emoções tornam-se desequilibradas. O desequilíbrio emocional acarreta um efeito negativo sobre seu corpo físico, e isso, acrescido aos seus outros tormentos, o faz constatar que sua saúde ficou abalada. Atormentado, mental e fisicamente, não compreende por que, procurando o mais alto - a união com Deus - encontrou só a depressão espiritual e o mau estado de saúde. Não sabe, pois, que seus pensamentos é que fizeram mudar a ação química das células de seu corpo; que as emoções contribuíram para diminuir sua resistência à doença, e a depressão mental impediu a livre eliminação dos venenos. Assim, sente-se afundar no caos, na escuridão e no desespero.

A reação deste aspirante será, provavelmente, no sentido de trocar de instrutor ou de escola. Se isso acontece e ele toma outra direção, pode pensar que encontrou, então, o caminho certo. Entretanto, depois de algum tempo, aparecem de novo as dúvidas e a insatisfação. As emoções ficam novamente descontroladas; outras transformações se processam em seu corpo e as dificuldades no plano físico o assaltam, apesar de esforçar-se, por todos os meios possíveis, para entrar em união com Deus.

Se a um tal aspirante é ensinado, primeiramente, a tomar parte em um Ritual, seus pensamentos, pouco a pouco, se fixam sobre as coisas divinas e se, logo depois, medita sobre a cerimônia da qual participou, quase inconscientemente continuará a desempenhar o papel vivido no Ritual. Sua mente, continuando a seguir firmemente a linha traçada, não dispersará inutilmente a sua força.

Dizer a alguém que deve praticar a meditação, sem instruí-lo a respeito da técnica respectiva, é a mesma coisa que mandar a uma criança nadar sem ensiná-la. Meditar, por exemplo, sobre a estrela de cinco pontas, sem conhecer seu significado, é dar rédeas à imaginação. Na procura da Verdade, devemos ser muito cautelosos para não cairmos na rede da ilusão. A estrela de cinco pontas não é um símbolo celestial; simboliza o homem e aquilo que pertence à Terra e seus elementos.

Quando são convidados a participar de um Ritual, em sua mente surgem certas perguntas, como por exemplo, por que o altar deve ser retangular? Por que uma lâmpada ou uma luz? Por que a unção com óleo? Para que servem a espada, o flagelo, o punhal e a taça? Para sua mente, isso tudo não passa de simples brinquedos, de simples objetos, concluindo, então, que podem encontrar Deus sem esse tipo de auxílio. Isso seria certo se olhassem para esses objetos, vendo neles simplesmente um punhal ou uma taça. Se, porém, virem neles aquilo que simbolizam, então eles se transformam realmente em elementos necessários à Divina Química do Amor, em um meio para atingir o fim desejado.

Explicar-lhes-ei, agora, o significado de certos instrumentos e substâncias empregados nos rituais. A taça simboliza o Aspecto Materno de Deus. O óleo, usado para ungir, é de uma cor perfeitamente dourada e simboliza o Amor Divino. Santifica tudo o que toca, e abre seus centros etéricos ao fluxo da Luz Divina. Ele penetra em vocês sutilmente, purificando-os e tornando-os capazes de servir de veículo, através do qual poderá fluir a Luz Espiritual para a elevação da humanidade. A essência deste óleo age, ainda, em seu ser sutil de tal forma que, se estiverem por pensar ou agir erradamente, são levados de volta ao Santo Templo de Deus, no qual um dia ofereceram-se em serviço.

Há também a lâmpada. Ouviram falar muitas vezes que num templo existia uma lâmpada sem mecha, que nenhuma mão humana acendeu e que, não obstante, permanece acesa, irradiando uma luz suave. Essa lâmpada, acesa sem toque material, é a luz do seu Espírito. Luz sempre presente e que, mesmo nas trevas da mente, permite-lhes ver o caminho para Deus. Fechando os olhos e elevando seus pensamentos, podem sentir em si seu calor e sua radiação que os levam perto de Deus e os fazem compreender que nunca estão sós. Essa Luz Divina está sempre acesa em vocês, que são o Templo de Deus vivo. Constroem um altar em seu próprio corpo. Fortes e retangulares são suas bases. Seu coração é a Taça, a sua vontade, o Bastão. Sua força, o Punhal. O Amor Divino contido em seu coração, o Óleo. A Luz de seu Espírito, a Lâmpada.

Executando com toda sua vontade, com todo seu coração e toda sua mente, o Ritual de elevação e de amor, cada pensamento e cada gesto transformam-se numa força poderosa; e se sua mente e sua vontade permanecem sempre dirigidas para a perfeição, então, cada célula de seu corpo responderá a esse estímulo e você o Divino Alquimista, transmutará em si o material bruto do homem comum no outro de um ser superior. Perseverando, realizando suas possibilidades divinas, perceberá, um dia, que do Pai recebeu a Coroa do Poder; da Mãe - a Taça do Amor, e do Filho - o Bastão que é o conhecimento de tudo que pertence aos diversos planos da Natureza.

Espero ter criado uma nítida imagem a seus olhos. Venho de um país que era impregnado de Ritual e tento transmitir-lhes a compreensão do seu poder. Frequentemente vocês perguntam como se pode "elevar a vontade". Se segurarem na mão o Bastão, sua vontade parecerá ligar-se a ele e poderão dirigi-la. Fecham os olhos e tentam elevá-la a um plano superior. Afirmo que, ao executarem um Rito em frente a um altar, seu espírito se eleva muitíssimo. Oferecem a Taça para que ela, que é seu coração, realmente possa receber a Força Divina. Cada gesto seu, cada oração transforma-se num verdadeiro sacramento.

Perguntas e Respostas

P. Qual é o efeito do Ritual sobre a cadeia endócrina?

R. De acordo com o tipo de Ritual, ele vivifica este ou aquele centro ou glândula em questão. Os yoguis, pelo procedimento diferente, procuram o mesmo, isto é, despertar a serpente enrolada e adormecida na base da coluna vertebral. Erguendo-se, a serpente vivifica os centros etéricos, e quando atinge a parte superior da cabeça e aí permanece, diz-se que o homem conseguiu a "realização espiritual".

P. Se alguém não tem a possibilidade de estudar o Ritual, que fazer?

R. Isso é quase que impossível. Cada um tem a possibilidade de estudá-lo. Os que, por exemplo, frequentam as igrejas, podem observar e estudar os altares com seus objetos. Procurem compreender o significado da Cruz, do Cálice, da Hóstia. Todos os instrumentos do Ritual podem ser encontrados em suas igrejas, embora seu verdadeiro sentido esteja esquecido. A compreensão destes símbolos lhes é acessível. Acontece, entretanto, que em vocês existe algo herdado de outras épocas, provocando um certo temor. Este temor deve ser eliminado. Vocês entram na Era Aquariana, Era da Luz. Devem ser pesquisadores da Luz, corajosos, sem temores, e convém não fazer nenhuma demonstração de sua força ou conhecimento. Quanto maiores a sabedoria e a força do instrutor, menos ele as proclama ao seu redor.

P. Como podemos conhecer o significado dos objetos do altar, sem que isso nos seja dito?

R. Se participam de um Ritual, a Luz de seu espírito os está guiando e ficam receptivos a suas emanações. Que seus pensamentos sejam: "Iluminai minha mente, Ó Senhor de toda a criação; enviai-me Vosso alimento e fogo celestes; abri os centros de minha consciência, a fim de que possa sentir o fluxo de Vossa sabedoria". Então, com o tempo, seguramente virá a iluminação.

P. Em certos Ritos, um prato de ouro é colocado no altar. Qual é o seu significado?

R. O prato de ouro, no Rito, simboliza a Divindade Suprema. Representa a afinidade do homem com o sol. O ouro simboliza a matéria divina. Às vezes, o prato é colocado em cima do altar e nele estão gravados alguns símbolos ou letras que indicam o aspecto particular de Deus reverenciado pelo sacerdote.

P. Se em nosso lar não temos um lugar apropriado para um altar, que devemos fazer?

R. O altar pode ser de pequena dimensão e até feito sobre uma prateleira. Se mesmo isso é impossível, então o imaginem em seu próprio coração. Vocês são o templo. Os que têm jardim, podem fazer lá seu altar. O universo será o templo. Não se limitem. Se lhes aconselho ter, na sua morada, um altar com todos seus acessórios, é para que, manejando com compreensão os símbolos materiais, possam realizar uma concentração maior. Assim, seus pensamentos elevar-se-ão imperceptivelmente e as mudanças químicas se processarão em seu corpo. Os temores e a depressão desaparecerão. O espírito tornar-se-á alegre e a vida parecerá ter mais valor.

P. Os antigos egípcios faziam rituais em casa?

R. No Egito antigo, cada morada era considerada como um templo particular, onde o ritual ao Divino fazia parte da vida diária. Algumas pessoas, naturalmente, eram mornas em suas práticas religiosas ou desculpavam-se com a falta de tempo, mas para a maioria, a busca de Deus era mais importante do que tudo, pois sabiam que tudo o resto lhes seria dado por acréscimo.

P. A que causa o senhor atribui o fracasso da humanidade?

R. Não diria que os homens fracassaram inteiramente; no entanto, são compostos, hoje em dia, de átomos que se corromperam no passado, e, nesses átomos, estão implantadas as forças-pensamentos de medo e de crueldade. Por exemplo, as perseguições dos pensadores evoluídos da Idade Média e as atrocidades praticadas contra eles agem ainda sobre a humanidade atual como forças-pensamentos de medo. Essas nuvens envolvem ainda e restringem o homem moderno. Até que a humanidade não as dissipe, buscando corajosamente a Luz, não poderá vê-la claramente.

P. Se aspiramos e esperamos a Iluminação, ela virá?

R. Não gosto da palavra "esperamos". Devem, sim, esforçar-se para alcançar o Reino de Deus. Vão ao seu encontro, procurando-O dentro de si. Não adianta ficarem passivos, esperando. O importante é trabalhar e perseverar. Então, com a Graça Divina, a Iluminação virá.

P. Qual a melhor hora para meditar?

R. Não existe hora determinada para meditar. Escolham aquela que para vocês for mais conveniente, o momento no qual estiverem livres, em que sua mente possa se afastar mais facilmente dos assuntos terrestres. Sei que muitos de vocês gostam de ler após as refeições, achando que isso ajuda a digestão. Por que não meditar um pouco? A digestão se fará muito bem.

P. Por quanto tempo? O senhor poderia fixá-lo?

R. Medita-se para poder chegar à união com Deus. Tendo atingido essa união, o tempo não existe mais. Não posso ajudá-los quando me falam em tempo.

P. Penso que a tensão da vida moderna e a contínua falta de tempo constituem para nós uma prova. É um obstáculo, e a nossa possibilidade de superá-lo depende do grau de nossa aspiração e de nossa vontade de perseverar.

R. Naturalmente, isso depende de seu esforço e de sua vontade de perseverar. Para se tornarem uma força para o bem, devem ter o controle supremo da vontade e essa pode ser fortificada somente com muita perseverança, pela flagelação diária dos esforços e das provações.

P. Nosso clero dedica todo seu tempo ao ensinamento e apesar disso é muito mal pago. Estará isso certo?

R. Minha filha, considere essas coisas sob o ponto de vista mais esotérico. Um instrutor que realmente deseja seguir o caminho espiritual, precisa lembrar-se de que deve ter poucas possessões terrestres. Estas atrasam a evolução. Quando ele tiver atingido o grau de Mestre, terá, dentro de si, o poder de atrair tudo o que for necessário. Um Mestre, porém, não precisa do que é tão valorizado no mundo dos homens. Nós que guiamos deste lado, somos os instrumentos destinados pelo Pai, a supri-lo do necessário. Isso não quer dizer proporcionar-lhe belas vestimentas, leitos macios e carruagens, mas, sim, paz do espírito, elevação mental, coração alegre e corpo são.

P. Algum tempo atrás, nas nossas revistas, houve uma polêmica a respeito de um antigo preceito que fala de uma transformação mágica, que se opera quando uma virgem e uma cabra escalam uma montanha iluminada pela lua cheia. Umas pessoas decidiram experimentá-lo. O que há de verdadeiro nisso?

R. As pessoas que discutiram o assunto, nada dele entenderam. O sentido é simbólico e diz que se um homem-animal (simbolizado pela cabra), escalar uma montanha (o monte de Iniciação), a luz da lua cheia, isto é, da lua que reflete o máximo da luz solar ou Luz do Espírito, e se esse homem for preparado a encontrar, nas trevas de solidão, o grande Iniciador - Saturno - que é o regente do signo de Capricórnio (a cabra), isto é, preparado para pagar todo seu carma, realizará em si o Amor Universal, simbolizado pela virgem ou Vênus. Tendo assim transmutado toda sua personalidade inferior, animal, tornar-se-á um belo jovem, um Ungido Crístico.

É fácil imaginar como alguns egípcios ou caldeus, utilizando a imaginação e um pouco de astúcia, resolveram apresentar a Verdade de tal modo que fosse acessível a um pesquisador sério e que enganasse um curioso superficial e ignorante. E por causa de tais mal-entendidos que é necessário que entendam um pouco de simbolismo. Quanto maior forem os seus conhecimentos nesse campo, melhor compreenderão as religiões e a história dos povos do passado.

P. A Crucificação existia na história de todos os Cristos?

R. Existiu sempre a história da Suprema Iniciação. Essa ou outra apresentação poderia ter sido usada, mas se procurarem cuidadosamente, acharão o mesmo simbolismo em todas as épocas.

P. Sempre pensei que o ensinamento original de Jesus fosse de uma grande simplicidade, e que todo simbolismo tivesse sido acrescentado depois. Não era assim?

R. Não gostaria de destruir suas crenças se elas até agora os confortaram. De acordo, porém, com a mensagem da Nova Era, devo dar-lhes a Verdade. Jesus, quando iniciou Sua missão, havia atingido a suprema maestria de todas as escolas ocultas conhecidas naquele tempo. Assim como os outros Adeptos, Ele possuía o grupo interno, e o grupo externo de discípulos. No grupo interno, ensinava por símbolos, a fim de que esse ensinamento pudesse ser ministrado em todos os países, apesar da diferença de línguas e de mentalidades. Ele ensinava Seus discípulos a empregar esses símbolos segundo o desenvolvimento interno do homem. Para os que podiam compreender apenas o sentido literal, e nele achar conforto, só este devia ser dado. Em função, contudo, da evolução humana, o verdadeiro sentido devia ser revelado.

P. Ao meu ver, foi o próprio homem quem deformou um ensinamento simples, transformando-o num cerimonial complicado, e o senhor sugere que o Ritual, com todo seu simbolismo, seja de novo introduzido no nosso culto religioso.

R. Penso que há um mal-entendido entre nós. Eu não me oponho a nada que possa ajudar um homem. A sabedoria popular diz: dá-se leite à criança e carne ao adulto. Se podem alcançar Deus através do ensinamento que chegou até - vocês, como autêntica palavra de Jesus, então este é certo para você. Não digo que um caminho seja melhor do que o outro. Simplesmente devo ensinar a Verdade tal como A vejo. Lembrem-se de que eu estava fora da Terra há milhares de anos antes de seu Mestre Jesus vir. Sou alguém que viu Era após Era, a mesma simbologia e a mesma Verdade, apresentadas de formas diferentes. Vim aqui, de acordo com a vontade de meu Pai, para despertar nas mentes receptivas a memória do conhecimento inicial, a fim de que, juntos, possamos restabelecer o caminho mais fácil, ou, talvez, o mais conhecido até Ele. E possível que meu ensinamento não seja para todos, mas sempre ensinei assim aos que se agrupavam ao meu redor, para que, com o tempo e por sua vez, pudessem ir dando aos outros goles de sabedoria da taça que receberam. O mestre Jesus e outros grandes Seres faziam o mesmo. O ensinamento de Jesus é simples só quando tomado literalmente. Simples até demais, pois diz: "amai o vosso próximo como a vós mesmos"; "vivei em paz com tudo e com todos". Esse é o ensinamento de todos os Instrutores. Esse é o mandamento Divino. Observem, entretanto, o resultado daquilo que a humanidade acredita ser Seu ensinamento. Tem modificado a humanidade durante os últimos dois mil anos? Parece-me que o homem continua a manejar a espada, e alguém que maneja a espada, sem possuir a coroa, simbolicamente, é portador do caos e da escuridão do mundo. Se preferem, não escutem meu ensinamento ou, se pensam que posso ajudá-los, expliquem suas dificuldades para que possamos seguir juntos o caminho do meio. Que disse eu, que não seja o mesmo que ensinava o Mestre Jesus?

P. Pergunto-me até que ponto uma alma pode praticar o Ritual sem que suas aspirações fiquem deturpadas. Penso que podemos reverenciar Deus sem o uso de formas ou cerimônias, quaisquer que sejam.

R. A volta do Ritual é necessária, pelo seguinte: olhando para os anos passados, pode-se ver, por toda a parte, a distorção, a agonia, e as forças negativas, geradas em nome da Cristandade. Tomem, por exemplo, sua Reforma, com suas crueldades e derramamento de sangue, tudo isso feito em nome do Mestre do Amor! Quando o homem procura individualmente atingir a Deus, está gerando uma força construtiva, mas só entre ele e Deus, enquanto que, no Ritual, os pensamentos e aspirações de todos os participantes, unindo-se às forças da Natureza e energias Divinas, criam um poderoso e concreto vórtice para o Bem, um pensamento absoluto, que atrai para a Terra a Glória de Deus. Essa é a diferença. Individualmente, o ser humano une-se a Deus através do centro cardíaco, e cada um deve esforçar-se para realizar esse contato direto. Se o homem, porém, participar de um Ritual, ele ajuda a gerar uma força redentora para toda a humanidade.

P. O senhor referiu-se a Jesus como sendo um grande ritualista. Poderia citar um Rito feito por Ele?

R. A maioria dos Ritos feitos por Jesus, visto ter Ele estudado nas escolas filosóficas egípcias e hindus, foi baseada na astrologia. No Seu símbolo - o peixe - mostrava Jesus ser Adepto da Era de Peixes. Sua túnica sem costura, feita de um só pedaço de pano, mostrava ser Filho do Sol. Seus braços estendidos em forma de cruz indicavam ter conhecimento da ciência egípcia do Tarot. Seu uso do chicote é explicado aos anciãos do templo. Seus milagres - cura de cegos e ressurreição dos mortos -, foram todos feitos com conhecimento exato da configuração astrológica do momento. Jesus, tendo a clarividência perfeita, podia ver na aura das pessoas sob quais influências nascera e, como diariamente fazia seu Ritual, sempre sabia a configuração dos astros e o momento exato em que a pessoa era receptiva à Força. Respondendo à sua pergunta, ainda como exemplo de ser Jesus um grande Ritualista, citarei as múltiplas referências que fez ao cálice. O cálice simboliza o Segundo Aspecto Divino - o Aspecto de Mãe. Talvez se lembrem também que Jesus, ao reunir Seus discípulos ao redor, partiu o pão e bebeu o vinho com eles, recomendando-lhes que fizessem isso em sua memória. Não foi esse um Rito? Não é um Ritualista quem faz e diz essas coisas? A multiplicação dos pães, a nutrição da multidão com dois peixes, não foram cerimônias mágicas? Todos os milagres de Jesus mostram que Ele possuía um grande conhecimento das forças da Natureza. Podia fazê-los porque era um Supremo Ritualista, um Grande Mago. Não creio que estejamos em desacordo, não é, meu filho?

P. Não; estou de pleno acordo. Continuando, o senhor poderia nos dizer algo sobre o simbolismo da Cruz? .

R. Desde o começo dos tempos, os primeiros Instrutores Angélicos da humanidade chamavam de "Crucificação" Sua descida na matéria. Esses Grandes Mensageiros Divinos deixavam atrás de Si o símbolo da Cruz. Muitas vezes, embaixo de uma cruz feita de pedras, ou de um monumento em forma de cruz, eram guardados Seus ensinamentos. Quando os homens precisavam da Luz, e não havia entre eles um Mensageiro Divino, eram ensinados a procurar embaixo dessas pedras. Isso deu origem à expressão "procurar a sabedoria ao pé da Cruz". Para vocês, a Cruz é o símbolo do sacrifício do Mestre Jesus. Para mim, ela simboliza a Árvore da Vida. Os três degraus, que geralmente levam à Cruz, representam o conhecimento da Trindade: o Pai, a Mãe, o Filho. A Cruz representa, para mim, também a força serpentina, que se acha na base da coluna vertebral, e que, subindo, ilumina cada centro do ser humano. Olhamos para o mesmo símbolo de pontos de vista diferentes e, no entanto, se procurarem mais profundamente, constatarão que não há divergências entre estes diversos modos de ver.

P. Essas coisas aparecem mais claramente se compararmos e meditarmos sobre as diferenças existentes nos quatro Evangelhos. São João era ocultista?

R. João, o Bem-Amado, era o único entre os discípulos de Jesus, que atingiu o grau de Adepto. Podem chamá-Lo, portanto, de ocultista.

Hoje, vejo-me como nos tempos antigos, revolvendo os mesmos problemas, entretanto, passaram-se milhares de anos. Comecei primeiramente meu trabalho quando encarnado. Eu era, como diriam hoje, conselheiro do rei. Meu pai era um construtor e eu admirava muito as belas construções e tinha herdado dele uma grande facilidade para desenhar planos. Por causa disso, viajava frequentemente com o rei, através do país. Foi durante uma dessas viagens que vi as criancinhas afligidas por um dos males mais terríveis - a cegueira, causada pela sujeira e falta de higiene entre o povo daquele tempo, pelo grande calor e areia. Uma noite, enquanto minha mente se preocupava muito com a maneira de remediar aquela situação, que constituía um verdadeiro desastre nacional, caí no sono e tive uma visão. Nosso Pai, Deus me falou e prometeu que, se eu dedicasse minha vida a Seu serviço, teria a possibilidade de trabalhar e ajudar, mesmo através de outros, por muitas eras. Lembro-me tão bem dessa visão! Eu estava na sombra, dentro de um vasto templo e de repente apareceu uma Luz que desceu sobre as minhas mãos e uma voz disse: "Sou teu Senhor - Deus. Desde agora, uma parte de Mim permanecerá em tuas mãos para curar". Levantei-me logo, com profunda fé em minha visão. Contei-a ao rei, e ele me deu o necessário para construir um templo. Assim, foi construído no Egito o primeiro templo de cura.

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