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CONVERSAÇÕES ESOTÉRICAS


Capítulo III

A MAGIA E OS MISTÉRIOS INICIÁTICOS

Durante as duas conversações anteriores, analisamos o tema da Magia sob o ângulo da criação universal e individual. Hoje, vamos fazê-lo num sentido mais profundo e íntimo, ainda relacionando a Magia criativa com os Mistérios Iniciáticos, como têm sido ocultamente revelados pela Igreja Cristã e tomando como figura central e principal intérprete dos mesmos a personalidade psicológica e dramática de Cristo que, em nossos estudos esotéricos, é a representação genuína do sagrado Verbo, do som cósmico O.M., do qual se origina toda a cadeia de mistérios universais e toda criação possível ou expressão mágica da Vida do Criador.

O som O.M. define a Entidade Crística durante o imenso processo da evolução universal da Vida dentro de qualquer tipo de forma e o que trataremos de expressar na nossa conversação de hoje é a evolução da Alma ou consciência individual do "Eu" através dos atributos objetivos da forma dentro da qual se encontra contido. Iniciaremos assim uma relação mágica entre cada tipo de consciência em processo de evolução e seu correspondente atributo de forma, reconhecendo que vida, qualidade e aparência, ou Espírito, Alma e Corpo, são os três aspectos fundamentais implícitos no processo evolutivo a que dá lugar a Magia Organizada realizada pela Divindade no interior do "círculo-não-se-passa" do Universo. Contudo, agora já não se trata de analisar o processo de construção, como fizemos em nossas conversações anteriores, mas o de purificação das formas construídas, num sagrado intento que faz parte da Magia do Criador de enaltecê-las, de sutilizá-las, de enobrecê-las e de purificá-las, preparando-as, enfim, para que a Vida da Divindade possa utilizá-las como veículos adequados dos sublimes Arquétipos idealizados na profundidade de Sua Mente infinita e indescritível.

Esses Arquétipos de Perfeição estão implícitos em cada um dos Mistérios esotéricos do Cristianismo, desde o que se inicia com o nascimento do menino Cristo na mística Gruta de Belém, até o da consumação do Sacrifício liberador que acontece no Monte Calvário e nos processos posteriores da Ressurreição e da Ascensão ao Reino dos Céus. Esses Mistérios devem ser considerados, atualmente, com um novo tipo de visão, enfatizando mais as atitudes psicológicas do Mestre Jesus, que simboliza o ser humano, do que as incidências históricas, cujas imagens chegaram a nós muito deformadas pelos convencionalismos e tradições religiosos. Assim, demo-nos conta do processo de Jesus, o homem, imerso num ambiente social cheio de contradições, como correspondente ao da evolução de qualquer ser humano, desde que "nasce" para a vida da consciência psicológica como uma alma em encarnação na Belém de seu corpo, até que morre na Cruz de qualquer dificuldade no Monte Calvário de suas múltiplas e contínuas provas e sofrimentos cármicos.

Cada um dos cinco Mistérios cristãos que tomamos como base para nossa conversação de hoje, a saber, Nascimento, Batismo, Transfiguração, Paixão e Morte e Ressurreição, está presente em todas e cada uma das fases da vida psicológica humana, constituindo as fronteiras entre os diversos e inumeráveis tipos de evolução, assim como Notas cada vez mais vibrantes do O.M. solar, desde que inicia seu percurso cármico a partir do som A.U.M., o som construtor dos veículos de forma que as almas dos seres humanos devem utilizar, até que seu som se tenha feito tão agudo, penetrante e insistente que tenha conseguido atrair a atenção do grande som O.M., o Verbo original que só a Divindade ou a potência mística do Espírito é capaz de emitir ou projetar nos éteres universais ou planetários.

O Corpo de Mistérios da Igreja Cristã

No Mistério do Nascimento, como semente universal de uma série infinita de acontecimentos imateriais que irão se produzindo na vida do homem histórico representado pelo Mestre Jesus, estão presentes todos os Reinos conhecidos da Natureza: o Reino mineral oferece a Gruta do Nascimento; o Reino vegetal, o lenho da manjedoura e a palha que abrigarão o corpo nu do infante recém-nascido; o Reino animal, a tradicional parelha de animais, o boi e a vaca; o Reino humano, José e Maria, estando o Quinto Reino representado pelo Cristo recém-nascido, que simboliza a alma humana. Coincidente com esse Mistério, acontece um fato essencial a que talvez não se tenha dado o devido valor esotérico, conhecido na simbologia cristã como "a Adoração dos Reis Magos", que constitui um autêntico perfil do grande processo místico do ser humano no drama psicológico da evolução histórica de sua vida. Analisando cada um dos três Reis Magos de modo muito crítico e analítico (lembrem-se de que a Magia regula o processo criador das Formas), vemos que suas oferendas ao menino Deus são símbolos perfeitos de suas próprias e íntimas naturezas, qual sejam, o ouro, o incenso e a mirra, cujos valores ou atributos químicos representam determinada qualidade psicológica da Alma humana e determinam a criação dos corpos mental, emocional e físico, sendo Gaspar, Melchior e Baltazar três poderosíssimas Entidades Dévicas, ainda incompreensíveis para a nossa limitada inteligência, que completavam a evolução dos três grandes Reinos da Natureza que precedem o Reino humano no processo da evolução planetária, o mineral, o vegetal e o animal. No centro simbólico do Drama psicológico do Nascimento, na Gruta mística de Belém, encontra-se o Cristo recém-nascido, a alma humana, uma indescritível centelha da Divindade que criou seu corpo imaculado com os dons e oferendas de cada um dos Reis Magos.

Depois vem o Mistério do Batismo, outro aspecto sagrado na vida da Natureza, em que o aspecto espiritual ou alma humana se introduz no Cálice ou oferenda dos Reis Magos ao infante recém-nascido, na Gruta de Belém. Esse Mistério é representado pela introdução da Superalma universal, simbolizada pelo Cristo, no Cálice ou Tabernáculo oferecido pelo Mestre Jesus no Drama místico conhecido como "o Batismo no Jordão". As águas do rio contêm o segredo desse Mistério, tão pouco conhecido em suas implicações esotéricas pelos fiéis da Igreja cristã, mas que tem a ver com a possessão de Cristo do Corpo imaculado do Mestre Jesus que, desde a idade de onze anos, quando o vemos no Templo conferenciando com os doutores da Lei (o conceito intelectual e dogmático da religião), até os trinta anos de sua vida física, esteve se preparando para essa fase determinada de purificação de seu Cálice, ou Corpo triplo, para que pudesse ser tomado ou habitado pelo Verbo solar, o Cristo.

Esses dezenove anos na vida do Mestre Jesus, dos quais nada é dito no Novo Testamento nem nos Evangelhos, são, para o investigador esotérico, o ponto de referência mágico daquilo que, na própria terminologia cristã, é chamado "O Caminho do Discipulado". Nesse período obrigatório de purificação necessária, o corpo físico, o veículo emocional e a mente são purificados ao máximo por Jesus, o homem, até que, em sua interdependência, constituam uma integração vital e um equilíbrio perfeito que permitam que o A.U.M., ou a substância material que representam, emita o O.M. de invocação espiritual que, "aos ouvidos apurados e atentos dos grandes Promotores da evolução planetária", é a segurança inequívoca de que o Cálice está convenientemente preparado para o recebimento do Verbo. E então, como está escrito nos anais Misteriosos dos tempos, "...O Verbo se fez Carne”. O veículo sagrado oferecido pelo Mestre Jesus é tomado por Cristo e, durante três anos repletos de simbolismo esotérico, espiritual e místico, como também de dramatização psicológica, Cristo, o Avatar que a humanidade esperava "desde os tempos de Elias", percorre o mundo dispensando em Seu caminho os dons do Espírito Santo e os Tesouros da Graça.

Esse é um Mistério que a Igreja Cristã trata de imitar, mas não de explicar, mediante o batismo simbólico do ser nascido à sombra de suas estruturas religiosas. Deve ser levado em conta, contudo, o que dizia João, o Batista, que, segundo as Escrituras, foi o Hierofante mediador nessa Iniciação sagrada do Mistério do Batismo no Jordão: "...Eu os batizo com água, mas o que virá depois de mim os batizará com Fogo", mostrando, nessas palavras misteriosas, os passos obrigatórios de Cristo e de toda a alma plenamente identificada com a Senda Espiritual na busca do Arquétipo Mental de sua própria perfeição individual. Refiro-me concretamente ao Mistério da Transfiguração que, sob um ângulo profundamente esotérico, constitui uma meta muito clara e definida na vida do Iniciado, pois lhe permite subir ao "Monte Tabor" de sua consciência, de onde, completamente desperto para a vida espiritual, pode contemplar seus três corpos vencidos e subjugados, ou seja, recorrendo novamente à simbologia, as oferendas de Gaspar, Melchior e Baltazar, e reconhecer dentro de si mesmo, nas profundezas do coração, aquela grande síntese do poder espiritual que se chama Transfiguração na linguagem dos Mistérios. Os dois Mistérios anteriores, o do Nascimento e o do Batismo, fundem-se neste Mistério. A mirra de Baltazar, o ouro de Melchior e o incenso de Gaspar ofereceram um corpo triplo à alma humana, cuja representação psicológica é Cristo. O Reino mineral, como elemento de transmutação, ofereceu a Gruta, símbolo do corpo físico, o drama do Nascimento sendo sua expressão objetiva. O Reino vegetal ofereceu a água da Vida, que permite que a semente do homem germine, cresça e se expanda no mundo emocional. Depois desse Mistério, a Luz e o Fogo realizam sua obra transfigurando o que, no Reino vegetal, foi um trabalho permanente de "transfusão", convertendo a radioatividade, a mais elevada expressão alquímica do Reino mineral, em Seiva, ou água vital do Reino vegetal, que vai ascendendo até culminar na forma de energia nervosa do Reino animal que, neste Mistério sagrado, vem representado pelos três discípulos, cujos corpos estão adormecidos enquanto o Iniciado recebe a glória da Transfiguração. Radiante e transfigurado, Cristo, o grande Iniciado, contempla, do Monte Tabor de Sua Consciência a que conseguiu ascender, como a Água se converte em Fogo, do mesmo modo que via, no Mistério anterior do Batismo, como a terra de Seu corpo físico era fertilizada pelas águas do corpo emocional plenamente purificado, assim permitindo a progressão do som mágico triplo A.U.M., representativo dos três veículos periódicos ou cármicos da personalidade humana. Melhor dizendo, o corpo físico, a sensibilidade emocional e o veículo mental chegaram a um estado de integração e equilíbrio tal que o "fogo" da resolução espiritual permitiu o estado de integração que possibilitou o Mistério de Transfiguração Causal, que abre o caminho do grande Mistério seguinte para onde, inevitavelmente, subirá a alma humana, o Cristo transfigurado, Senhor absoluto de Seus veículos de expressão, ou Cálice preparado pela ação, esforço e sacrifício do Discípulo Jesus, símbolo perpétuo da aspiração espiritual, individual e universal.

Depois dessa necessária Transfiguração, o Eu interno está preparado para dar o passo seguinte, ou seja, o Drama da Paixão e Morte que se inicia no Horto de Getsêmani, onde o Cristo enfrenta a prova do Cálice supremo a que deve renunciar para sempre, sendo esse Cálice não apenas uma expressão da vida nos três mundos, um resultado da atividade mágica do A.U.M., mas também o Tabernáculo Sagrado, ou o Corpo de Luz a que Paulo de Tarso se refere, "que não foi construído pelas mãos dos homens", mas pelas dos sutilíssimos devas Agnishvâttas da mais elevada integração e beleza. Quando Cristo, representando a alma humana, pronuncia aquelas palavras que encarnam o mais profundo sentimento de solidão e agonia: "Pai, afasta de mim este Cálice de Amargura", realiza a união entre o Céu e a Terra e ali, na solidão infinita daquele Horto divino, pela primeira vez no curso histórico e evolutivo da raça dos homens, estende um Antakarana, um Caminho de Luz e de Resolução que unirá para sempre o Centro Planetário da humanidade a Shamballa, o Centro onde a Vontade de Deus é conhecida.

A Verdadeira Obra Mística de Cristo

O Drama místico que acontece no Horto de Getsêmani tem para o ocultista, portanto, o valor inestimável de um Mistério Iniciático que revela Cristo como o Avatar, como o enviado celeste que vinculará o Céu à Terra, abrindo para toda a Natureza a perspectiva gloriosa de uma Luz da mais elevada integração. Os fatos sucessivos que irão acontecendo depois, a prisão de Jesus, a ignóbil eleição do populacho, o engodo e o escárnio das pessoas, a subida ao Calvário, as chagas infligidas ao Corpo imaculado e a Morte na Cruz, são Mistérios menores em comparação com o sofrimento, a angústia e a alternativa desesperada da Renúncia quando, perdida para sempre a esperança de reter em Si alguma ilusão, Cristo exclama: "Não Eu, Pai, mas Tu em Mim..., Que seja feita a Tua Vontade e não a Minha”. Tudo isso acontece seguindo as pegadas ou o traçado natural de um processo universal sabiamente projetado pela própria Divindade Solar, cujo regozijo é perene e que contempla, de Sua elevada transcendência, a Glória que espera o Cristo, o maior dentre os nascidos na grande família humana...

Esses Mistérios menores, que culminam na Ressurreição, finalmente levam à Ascensão, sendo interessante comprovar a analogia desse último grande Mistério com o grande som O.M., o do Cristo ressuscitado, já que esotericamente e como pode ser lido em algum dos livros sagrados da Hierarquia, "...O A.U.M. é um som de Encantamento, de Ilusão e de Maya, enquanto o O.M. é o som da Ressurreição que propicia a Ascensão do Iniciado aos Montes Himalaias de Sua própria consciência”. Cristo entoa esse Mantra, coincidindo com Suas últimas palavras na Cruz, "Tudo está consumado", palavras que, estudadas esotericamente, são a expressão final daquelas que toda a Natureza pronuncia quando, na imensidão dos éteres universais, se extinguem as Palavras Mágicas do Criador, "Faça-se a Luz", a saber, "Seja feita, Senhor, a Tua Vontade”.

Assim, tudo está consumado na vida da Natureza a que Cristo, representando a alma humana, renuncia definitivamente para poder entrar no Reino dos Céus, completamente livre e para sempre de todos os conflitos, tristezas e dificuldades características da vida do Quarto Reino, o dos seres humanos. Nesse Quinto Reino, chamado esotericamente de Ressurreição, penetra-se imediatamente depois que o O.M. Solar, o som liberador, atua sobre os éteres, tornando-os incandescentes e determinando, por esta indescritível adição do Fogo elétrico, incrivelmente dinâmico, pois é consubstancial com a própria Vida do Criador, a ruptura dos diques de contenção que separavam, dentro do coração de Cristo, o gozo de Sua vida de alto Iniciado das penas e aflições dos três mundos do esforço humano e provocando, por esta incrível projeção de Fogo Elétrico, a destruição do Corpo Causal, o Corpo de Luz a que Paulo, o Apóstolo Iniciado, frequentemente aludia.

A Ascensão, um novo Mistério Iniciático, pressupõe a entrada consciente no supremo Reino de Shamballa, processo que forçosamente deveremos seguir desde longe e afinando muito os nossos poderes intuitivos. Esse Mistério nos fala de um processo eminentemente científico de perda de gravidade, de peso ou de substância. Deve ser assim, já que o triplo som A.U.M., ou seja, a mente racional, a emoção humana e o tabernáculo físico perderam completamente seus pesos específicos correspondentes ao serem introduzidos naquela substância etérica da mais elevada sutilidade e pureza, provenientes do subplano atômico de cada um dos três Planos ou Níveis inferiores criados pelo poder mantrâmico do A.U.M., dos quais Gaspar, Melchior e Baltazar extraíram suas dádivas, seus dons e oferecimentos para a alma humana em processo de reencarnação ou de novo nascimento.

Pergunta: Então existe uma relação direta entre os Mistérios básicos do Cristianismo e as Iniciações a que personalidades esotéricas tão conhecidas, como Mme. Blavatsky, Annie Besant ou o Sr. Leadbeater, frequentemente aludiam?

Resposta: Sim, existe uma relação muito direta e estreita entre os Mistérios do Cristianismo e os Mistérios Iniciáticos mencionados em qualquer tratado esotérico ou místico do Oriente. Mas demo-nos conta de que, no centro mágico de qualquer tipo de Mistério, acha-se a resplandecente figura de Cristo ou de Krishna, centro da Hierarquia Espiritual do nosso mundo. Quando é usada a expressão "Cristo e Sua Igreja" nos escritos místicos cristãos, alude-se diretamente à Sua posição planetária como Guia da Grande Fraternidade Branca que dirige o destino espiritual do planeta Terra. A Primeira Iniciação que, como se sabe, refere-se ao processo de "regeneração física", está diretamente relacionada com o drama psicológico do Nascimento. A Segunda Iniciação, ou a revelação do Segundo Mistério, está relacionada com a "regeneração emocional", astral ou psíquica do candidato, sendo o elemento "água", em todas as suas possíveis densidades, a expressão simbólica do plano astral, o Sexto Grande Plano do Sistema Solar, com seus sete Subplanos aquosos correspondentes.

Naturalmente, ocorre o mesmo com a revelação do Terceiro Grande Mistério, chamado a Transfiguração, sendo o Fogo da Mente o elemento que manipula, coordena e funde os três corpos do Iniciado. A substância da Luz, o Fogo Solar, é mostrada ao Iniciado no momento em que seus veículos físico, psíquico e mental, perfeitamente integrados e pelo equilíbrio de suas funções psicológicas, podem subir ao Monte Tabor de sua consciência, ou seja, àquele ponto intermediário entre o centro Ajna e o Coronário, entre as glândulas pituitária e pineal, estando consciente, pela primeira vez em sua vida de Iniciado, do poder do Espírito da Vida Divina que arde em seu interior. Pela primeira vez e como preâmbulo dos Grandes Mistérios Universais que se produzirão mais tarde, o Iniciado pode contemplar a Glória do Pai Criador e resistir, sem perigo, à presença de Sanat Kumara, o Senhor do Mundo e Dispensador de toda a possível Glória Celeste. Foi necessária uma plena e total submissão dos três corpos à Vontade do Eu Espiritual para chegar a produzir e propagar a Luz que é a essência da Vida do Senhor Planetário, o Iniciado, então, convertendo-se em "um centro de Luz da Consciência Divina" pela fusão dos três Fogos menores, a saber, os da natureza física ou Kundalini, os da natureza psíquica ou Fogo Solar e os da natureza mental ou Fogo de Fohat. A integração dos três Fogos menores determina a revelação do Fogo unificador do Espírito. É por essa razão que se pode ler nos livros sagrados ela Hierarquia: "O Terceiro Mistério revelado ao Iniciado é, na realidade, o Primeiro Grande Mistério de Shamballa, ou Primeira Iniciação Solar, já que nessa o próprio Senhor do Mundo atua como hierofante”. O trabalho dos Fogos menores abriu o caminho para a expressão do Fogo que arde nos lugares elevados do Sistema. Assim, Fohat revela-se ao Iniciado como uma Serpente Ígnea de resplandecência intensa que desce do próprio Coração da Divindade que, segundo nos é dito misticamente, é um Fogo Consumidor", enquanto que, nas Iniciações anteriores, a Serpente de Fogo, aliada à substância criadora de toda forma expressiva possível da Natureza, subia de baixo, a partir da base da coluna vertebral do Iniciado. No Mistério da Transfiguração, o Fogo desce do centro Coronário, produzindo em seu caminho o despertar da sabedoria oculta que arde em cada uma das células do cérebro. Esse é o segredo Iniciático que deverá ser revelado por uma grande quantidade de seres humanos ao longo da gloriosa Era de Aquário.

A Quarta Iniciação, como considerada nos estudos esotéricos, igual ao Quarto Mistério do Cristianismo, implica “paixão e morte". O Iniciado percebe como os últimos resíduos de seu passado cármico se precipitam sobre a sua vida pessoal, exigindo um ajuste de contas imediato. Tudo que abrigou em seu coração através da infinita cadeia de mortes e nascimentos, dando-lhe uma noção de um "eu" separado do conjunto universal, deve ser consumado e extinto. E, como consequência, a substância de precipitação, que não é outra coisa senão o "Fogo purificador" proveniente da Mônada Espiritual divina atuando através do Fohat cósmico, projeta-se sobre o corpo causal do Iniciado, produzindo a inevitável destruição do mesmo e liberando o Anjo Solar, o Grande Prisioneiro do Cárcere do Tempo, para que retorne ao Nirvana de onde procede. A ruptura dos diques de contenção e a consequente expansão da energia causal, produzidas pela dupla atividade do Fogo elétrico de Fohat e da substância de precipitação cármica, produzem a Liberação. Esta tem duas amplas vertentes, uma relacionada com o Anjo Solar, o Eu Superior do homem que, até esse momento, havia sido o Grande Intermediário entre a Alma e a Mônada espiritual; a outra corresponde à vida da própria Mônada trabalhando a partir do centro do próprio coração do Iniciado que, pela primeira vez desde o momento místico do processo planetário da Individualização, pode estabelecer contato com o Deus Solar sem algum intermediário celeste, triunfando, como é de lei, em todas as provas cármicas da vida e unindo, como se diz esotericamente, "o Céu e a Terra dentro do seu coração". Realmente tudo está consumado, já que, no coração do Iniciado, não fica nenhum borralho de paixão humana. Só existe uma consciência vibrante e eterna de Ser dentro da Vida de Deus. O gozo dessa união substituiu, assim, a dor e a angústia do "eu" separado. O Iniciado converteu-se "por obra e graça do Espírito de Vida" em um Mestre de Compaixão e Sabedoria, ou seja, em um Adepto da Boa Lei. Essa é a Quinta Iniciação, na qual é possível estabelecer um contato permanente com o indescritível Santuário de Shamballa.

Como vocês viram, a resposta foi um tanto extensa devido à sua grande relação com o que foi tratado em fossa conversação de hoje. Espero que ela tenha servido para esclarecer um pouco mais o significado dos Mistérios Espirituais e de suas expressões práticas em nossa vida de aspirantes espirituais.

Pergunta: Quando você fala de Shamballa, o faz em que sentido? Como um lugar físico ou como um estado particular de consciência na vida da Natureza planetária?

Resposta: Quando falo de Shamballa – e o faço com toda a reverência – dou ao nome um sentido amplo e total, seja como um lugar no tempo, seja como um estado Particular de vida e de consciência da Divindade Solar encarnada no nosso planeta. O "lugar" pode ser encontrado por Aqueles que transcenderam a vida humana num ponto determinado no deserto de Gobi, na Ásia Central, que os ocultistas chamam "a Ilha Branca". O estado de consciência, além do nosso entendimento e das nossas mais elevadas concepções, centraliza-se nessa Entidade excelsa, indescritível Diretora dos destinos do nosso mundo, definida como Logos Planetário, ou Sanat Kumara, que utiliza o Centro Místico de Shamballa para derramar os poderes infinitos de Sua Eterna Benção sobre a Terra.

Pergunta: Em suas duas conversações anteriores sobre o tema da Magia, o senhor foi muito mais concreto e científico, enquanto que, na de hoje, parece ter falado em termos místicos. A que se deve essa mudança?

Resposta: Segundo o que nos foi ensinado esotericamente, o sagrado Recinto da Sabedoria exige sete chaves de conhecimento. As que correspondem ao conhecimento filosófico e científico foram utilizadas em nossas conversações anteriores. Hoje, utilizamos a chave mística para explicar coisas idênticas, empregando os Mistérios da Igreja Cristã para confirmá-las. As forças lunares, constituintes dos veículos inferiores da Alma Espiritual, estão simbolizadas, ou melhor dizendo, centralizadas no Mestre Jesus, que os purificará e os tornará resplandecente para convertê-los no Templo infinito das Forças Solares que Cristo, o Avatar, o símbolo perfeito da alma humana, utilizará. Quanto ao som A.U.M., relacionado com os veículos periódicos que o ser humano utiliza, temos a seguinte analogia:


CORPO REI MAGO ELEMENTO
A. Mental Gaspar Ouro
B. Emocional Melchior Incenso
C. Físico Baltazar Mirra

Como vê, trata-se apenas de aplicar corretamente a analogia hermética e o conhecimento. Seja qual for a chave com a qual se expresse, sempre resultará efetiva e conclusiva...

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