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CONVERSAÇÕES ESOTÉRICAS


Capítulo XI

O HOMEM, ESSA GRANDE INCÓGNITA

Em algumas das nossas conversações anteriores, examinamos o infinito tema dos Raios sob o ângulo das Hierarquias Espirituais ou Entidades Psicológicas que se manifestam por meio dos planetas do nosso Sistema Solar. Empregando o princípio esotérico que estuda principalmente os motivos originais e as Causas produtoras de Energia, examinamos a expressão dos Raios a partir dos elementos cósmicos que, em conjunções estelares indescritíveis, deram vida ao nosso Sistema Solar. Em seguida, fomos descendo, sempre na linha do nosso estudo, desde a suprema Vida Psicológica que esotericamente chamamos Logos Solar, o Deus do nosso Universo, até chegar na Vida do nosso Logos Planetário e nas das Excelsas Individualidades que, em seu conjunto, constituem a Hierarquia Espiritual do nosso planeta.

Os senhores recordarão que os convidei a desenvolver, ante a magnitude do estudo esotérico dos Raios, as quatro qualidades espirituais que constituem os elementos dinâmicos na vida de todo o profundo e ardente investigador das Leis ocultas da Natureza: o querer, o saber, o ousar e o calar, qualidades estas que configuram o indomável propósito espiritual, a sede de conhecimento superior, a intrepidez no desenvolvimento da ação e a rara humildade ante os frutos internos da Revelação. Utilizando criativamente essas qualidades e amparados no princípio de analogia, fundamento da sabedoria esotérica, hoje vamos analisar o homem, a entidade psicológica humana, sob o ângulo de sua íntima e profunda essência espiritual e de sua vinculação mística ao princípio universal de Criação que tem o indubitável dever de revelar.

O estudo oculto do processo histórico ou cármico de sua vida pessoal nos mostra uma total similaridade dos fatos e acontecimentos cósmicos que participam na criação ou formação do Universo, ou seja, com aquela série de conjunções magnéticas que propiciaram o Mistério da Concepção e o futuro desenvolvimento do Sistema Solar. Do ângulo da analogia, deve haver, portanto, uma coincidência de diversas atividades inteiramente sujeitas à Lei de Evolução que, em seu devido tempo, produziram e desenvolveram a forma física do homem, assim como a conhecemos atualmente, do mesmo modo que, em eras longínquas, clarividentemente sondando o passado remoto do nosso planeta, pode-se contemplar a obra da Natureza no que diz respeito aos demais Reinos e às demais Espécies viventes. No entanto, poderíamos considerar que todas as motivações psicológicas do homem que participaram na criação de seu universo corporal são de ordem cósmica, por ser o Reino humano, como consideramos em várias outras ocasiões, o centro místico da evolução planetária. Assim, todo o propósito da Vida Universal, no que se refere ao homem, é produzir as situações cármicas requeridas para sua evolução particular, a fim de que, mesmo como unidade separada, conflituosa e egoísta ou como um elemento plenamente integrado no conjunto social de que participa, veja sempre perante si metas claramente indicadas ao longo da evolução total do planeta. Estas metas são: realizar um Arquétipo de Perfeição em relação ao aspecto espiritual de sua consciência e revelar esse Arquétipo através do tempo. As Raças sucessivas que vão aparecendo no planeta são expressões dos diferentes Arquétipos que os Grandes Senhores Planetários vão desenvolvendo, seguindo as operações cíclicas dos Raios que se expressam por meio da humanidade.

É preciso considerar, no entanto, que uma coisa é a expressão física do homem, modelada pela atividade dos três Reinos da Natureza que o precederam em sua evolução, e outra é a expressão psicológica do mesmo, cujas origens remontam a fontes espirituais da mais elevada transcendência. Recorrendo, como de costume, ao princípio da analogia, poderíamos assegurar que as causas produtoras do ser humano não foram fundamentalmente as condições físicas pelas quais os distintos Reinos inferiores iam evoluindo, mas uma conjunção magnética estabelecida entre os planetas Mercúrio e Vênus, com uma resposta monádica de Júpiter. Esse triângulo planetário deve ser levado em conta quando estudamos o processo criador que trouxe o homem à existência, ou seja, aquele poderosíssimo desdobramento de energias sobre a Terra que propiciou a vinda dos Anjos Solares, ou Senhores da Mente, há dezenove milhões de anos aproximadamente. Já nos referimos, em conversações anteriores, ao processo da Individualização que permitiu a criação do Reino humano, assim como à anterior eclosão de energias cósmicas que possibilitou que os grandes Kumaras que instauraram a Hierarquia Espiritual no nosso mundo "tomassem corpos da Terra".

O Princípio Cósmico da Mente

Todos esses motivos e o enorme impacto produzido nos éteres planetários por aquele impressionante conjunto de energias invocadas determinaram a introdução do princípio cósmico da Mente na consciência embrionária do homem primitivo, irracional e fortemente polarizado em certos setores das Almas-grupo de animais que, em sua totalidade, constituíam o Terceiro Reino da Natureza. Naturalmente, não podemos entrar em detalhes sobre o que foram as primeiras Raças humanas, pois suas formas e características expressivas se perdem na noite dos tempos, mas podemos, e até devemos, estudar o homem quanto à sua participação, uma vez alcançadas as suas capacidades autoconscientes na grande tarefa evolutiva de estabelecer contato individual e social com a Grande Hierarquia de Almas Iluminadas que dirige os destinos do planeta.

Deve-se considerar que, sendo o homem um resultado do grande processo criador do Cosmos, está, logicamente, virtualmente ligado a uma ou outra daquelas Sete grandes Correntes de Energia que chamamos Raios. Em virtude dessa realidade, é bom que recordemos o que nos foi dito esotericamente acerca da indescritível conjunção estelar que produziu o Reino humano: "Naquele Grande Acontecimento (o da Individualização), três Raios estiveram presentes: o Segundo, que é o do próprio Logos Solar, através do planeta Júpiter, o Quarto, através de Mercúrio, e o Quinto, através de Vênus, planeta que, por uma especialíssima filiação cármica, é o Alter Ego da Terra”. Formou-se, assim, de acordo com o processo iniciático, um Triângulo de Energias de Raio, com a Terra no Centro, situado em um mesmo plano de incidência cósmica. De ambos os lados da Terra, estavam Mercúrio e Vênus, representando os princípios da polaridade masculina e feminina e, no vértice superior, Júpiter, representando o Sol, a Unidade de todos os Princípios, atuando como Hierofante. O resultado desse processo iniciático que se revelava à medida que Júpiter, simbolicamente de posse do Cetro Solar, o enfocava sobre a superfície da Terra, foi um enaltecimento das qualidades superiores implícitas nos estratos mais elevados do Reino animal e, consequentemente, a introdução do princípio da Mente nos seus cérebros instintivos, iniciando-se, assim, o processo superior que culminaria na Individualização, ou seja, na conversão de uma quantidade considerável de unidades avançadas do Reino animal em seres humanos. Foi assim, por essa infinita projeção de energias solares, incidindo muito particularmente no Reino animal, que o Reino humano veio à existência. Sondando as misteriosas profundezas do Akasha universal, é possível contemplar algumas das partes mais luminosas e importantes do processo: "...A aplicação do Cetro Solar, nas mãos de Júpiter, atuando como potência invocativa, produziu efeitos tão extraordinários na Vida da Natureza que atraíram a atenção dos Anjos Solares, daqueles Insignes Egos liberados, Habitantes do Quinto Plano Cósmico, a Mente de Deus, que, desde tempos imemoriais, aguardavam aquele destino de Amor, de Serviço e de Sacrifício. Como os Anjos Solares realizaram a Sua Obra, no que se refere à humanidade, é um Mistério Iniciático, mas Sua intervenção foi decisiva para a evolução humana, já que foram Eles, os Prometeus do Cosmos, que trouxeram a Luz e o Fogo Elétrico do Princípio Mental da Divindade ao cérebro rudimentar dos homens-animais e os converteram em entidades autoconscientes. A relação mística, e até me atreveria a dizer cármica, estabelecida desde então entre os filhos dos homens e os Anjos Solares é da mesma natureza que a que une Sanat Kumara, o Senhor do Mundo, com o Logos Planetário, um mistério de revelação que deverá penetrar um dia na consciência dos homens empenhados na busca das elevadas Fontes de sua procedência divina. Mas já de imediato e seguindo as linhas intuitivas da analogia hermética, podemos considerar o homem como um Tabernáculo Sagrado, continente de todos os mistérios celestes, assim como um recipiente vivo para as energias dos Sete Raios que estamos estudando.

O Microcosmo Setenário do Homem

Essas grandes linhas de projeção celeste mostram o ser humano, tanto em sua natureza espiritual quanto em sua expressão física, como um setenário perfeito. O estudo esotérico permite que nos introduzamos na consideração dos sete Chacras ou Centros de Energia alojados no interior do veículo etérico do homem, assim como na das sete glândulas endócrinas com eles relacionadas. O sistema regente para os centros etéricos e para as glândulas endócrinas é idêntico ao que se manifesta por meio dos planetas que formam o nosso Sistema Solar. Assim como eles, são regidos por Raios e, através dos mesmos, estão em relação direta com os planetas pelos quais os Raios se manifestam. O diagrama que lhes mostrarei em seguida refere-se ao homem comum da atualidade, condicionado principalmente pelos planetas não sagrados:


CENTROS GLÂNDULAS PLANETAS RAIOS
Coronário Pineal Plutão
Frontal Pituitária Vênus
Laríngeo Tireóides Terra
Cardíaco Timo Júpiter
Plexo Solar Pâncreas Lua
Sacro Gônadas Lua
Base da coluna vertebral Suprarrenais Urano

No entanto, considerem que, se nos referíssemos a um homem muito evoluído, a um alto Iniciado, por exemplo, a relação entre centros, planetas e Raios seria muito diferente, já que a própria evolução espiritual os colocaria sob a influência direta dos planetas sagrados, de elevada Iniciação Cósmica. Vejamos:


CENTROS PLANETAS RAIOS
Coronário Vulcano
Frontal Vênus
Laríngeo Saturno
Cardíaco Júpiter
Plexo Solar Mercúrio
Sacro Netuno
Base da coluna vertebral Urano

Apesar dessas indicações serem insuficientes sob o ponto de vista esotérico, podem suscitar muitas outras analogias, se consideradas atenta e analiticamente. A intuição fará o resto. O interessante é aumentarmos, o mais possível, a possibilidade de nos aprofundarmos em nosso estudo.

Sendo assim, analisando objetivamente cada um dos centros etéricos ou chacras, podemos notar as seguintes particularidades:

a. centro Muladhara, situado na base da coluna vertebral. É a sede do chamado Fogo de Kundalini. Está dividido em quatro setores, sendo a sua cor predominante o vermelho alaranjado. Parece que seu símbolo, a cruz dentro do Círculo e também a figura geométrica do Quadrado, quer indicar o aspecto cármico da matéria e a luta e o sofrimento que o domínio da matéria, para fins redentores, pressupõe para o ser humano;

b. centro Svâdhichthana, situado na região sacra ou do baço. Sua missão mais evidente é receber e projetar por todo o organismo físico as energias prânicas que emanam do Sol. Aparece dividido em seis setores, chamados por nossos irmãos orientais de "pétalas", sendo a sua cor predominante o azul, ainda que expressado em uma expansão irisada, ou melhor, com as sete cores do arco-íris;

c. centro Manipûra, ou Chacra Umbilical, situado na região do plexo solar. Está intimamente ligado com as energias procedentes dos níveis astrais, que são canalizadas através do veículo emocional, podendo, assim, ser localizada etericamente a sede das emoções humanas. Está dividido em dez setores ou pétalas, e as cores predominantes, devido a condição astral do ser humano comum, são alternadamente o vermelho e o verde;

d. centro Anâhata, ou Chacra Cardíaco esotericamente alojado na região do coração, entre as omoplatas. É formado por doze pétalas que refulgem maravilhosamente, particularmente nas pessoas de elevada integração espiritual, esse centro dando a impressão de ser um verdadeiro sol em que se projetam, e através do qual circulam, as energias dos mundos internos. Do ponto de vista esotérico, esse centro é o mais importante no processo da evolução humana, porquanto reflete em miniatura a atividade das doze constelações zodiacais, sendo a sede das qualidades do Segundo Raio, criador do nosso Sistema Solar. Cristo e seus doze Discípulos são expressões simbólicas do Grande Centro Cardíaco Planetário;

e. centro Vishuddha, ou Chacra Laríngeo, situado na região da garganta. É composto de dezesseis pétalas, cada qual parecendo ter uma missão determinada, como canalizadora de uma qualidade de energia distinta. Tem o brilho prateado dos raios lunares, mas irisados de azul ou verde, segundo as modificações que vão se produzindo nesse centro. Segundo nos é dito esotericamente, quando esse centro está convenientemente desenvolvido, converte-se em uma morada do Verbo Criador, da Palavra Sagrada A.U.M.;

f. centro Ajna, ou Chacra Frontal, está situado na região da fronte. À observação clarividente, aparece dividido em dois setores ou partido em duas metades. Em uma, predomina a cor amarela, e na outra, o azul brilhante. Numa observação mais profunda, percebe-se que esse centro contém noventa e seis pétalas, ou seja, quarenta e oito em cada setor. Sendo cada pétala condutora de uma forma de energia, dar-nos-emos conta da importância desse centro como expressão das atividades da mente e como ponto de projeção das energias do Quinto grande Princípio Cósmico, que produz a luz do entendimento humano e o fundamento magnético da faculdade divina da atenção que, convenientemente desenvolvida, permitirá um dia o contato consciente do pequeno eu pessoal com o Eu divino, cuja projeção direta sobre o centro Sahasrâra, que analisaremos em seguida, encontra no centro frontal a oportunidade de estender a influência espiritual por todo o complexo psicológico do ser humano. Outra singularidade desse centro, como base da estruturação psicológica individual, é a de unir o coração com a Mente superior ou espiritual. Vemos, assim, que uma linha sutilíssima de luz, da cor azul índigo, enlaça esse centro com o Chacra Cardíaco; outra linha de luz, de cor amarelo claro e brilhante, o liga com o centro Coronário;

g. centro Sahasrâra, ou Chacra Coronário. Encontra-se na cúspide da cabeça, no "Trono", como é dito esotericamente, e é o mais brilhante de todos que analisamos. Em seu centro mais oculto e místico, onde só o Iniciado pode penetrar, pode-se perceber um Lótus de doze pétalas de um branco tão fúlgido e puro que é impossível descrevê-lo. No centro desse Lótus, pode ser visto também um botão dourado de brilho extremamente intenso, de onde parte uma série de irradiações esplêndidas, em número de novecentos e sessenta (1), que, em sua relação mútua, interdependência e variadíssimos matizes, oferecem a imagem inenarrável do arco-íris, mas surgindo de um centro de radiação branco e dourado realmente indescritível. O conjunto desse Chacra nos dá uma ideia do processo universal de criação, no qual a Vontade Cósmica intervém numa tentativa suprema de se autorreconhecer dentro do coração do homem, do mesmo modo que se autorreconhece e é inteiramente autoconsciente dentro do Coração de cada um dos Logos Planetários. Como aprendemos ocultamente, esse centro é o último a ser desenvolvido no ser humano, pois é o ponto de ancoragem da Mônada Espiritual, assim como o centro Cardíaco é o ponto de ancoragem ou Morada Celeste da Alma Espiritual ou Anjo Solar, aquela misteriosa e indescritível Entidade que, nos tratados místicos, é chamada "Cristo em ti, esperança de Glória". Quando o centro Coronário está devidamente desenvolvido, a cabeça do Iniciado refulge como um verdadeiro Sol, sendo circundada por um halo de brilho indescritível que reflete as cores do Raio monádico a que pertence. O exame clarividente por um ser humano altamente evoluído sempre indica o grau de desenvolvimento espiritual de qualquer alma no Caminho. Poderíamos dizer que a Liberação humana se realiza quando as atividades do Coração se refletem nesse centro e quando as elevadas qualidades do discernimento superior, provenientes da cúspide da cabeça, tenham conseguido se introduzir no Coração. Como pode ser lido nos antiquíssimos livros da Hierarquia, "...Quando o Coração desabrochou as doze pétalas que constituem a sua essência mística, outras doze pétalas se abrem no centro superior da cabeça, brilhando ainda mais que as Mil que anteriormente a cobriam. Na justa correspondência, abre-se no centro do Coração a sagrada ‘Joia no Lótus'...” Essas antiquíssimas palavras contêm o imaculado frescor do eterno e serão sempre novas, pois surgem, antigas, das altas verdades que constituem a essência espiritual do homem...

Baixando um pouco a linha dos nossos comentários, será conveniente que analisemos, ao menos superficialmente, as glândulas endócrinas como uma resposta física ao impulso crescente dos Raios atuando sobre os centros etéricos. O estudo das glândulas endócrinas por investigadores muito qualificados no campo da Biologia e da Medicina permitirá que a humanidade penetre gradualmente no excitante mundo da Genética universal, embasada nas leis soberanas do Carma, e a esclareça quanto ao conceito biológico dos complexos hormonais e a expressão dos cromossomos físicos do ser humano.

Os centros etéricos e as glândulas endócrinas se complementam perfeitamente. São um fenômeno conexo, o mesmo que ocorre com a respiração e a circulação do sangue e com o sistema nervoso e sua contraparte etérica, os Nadis. Assim, seguindo o princípio da analogia como é regra em nossos estudos esotéricos, avalizado pelas investigações e comprovações científicas da atualidade, temos ante a nossa consideração a seguinte tábua de correspondências:


CENTROS GLÂNDULAS SECREÇÃO
Coronário Pineal Desconhecida
Frontal Pituitária Pituitrina
Laríngeo Tireóides Tiroxina
Cardíaco Timo Desconhecida
Plexo Solar Pâncreas Insulina
Sacro (Baço) Gônadas Gonádica (Sexual)
Base da coluna vertebral Suprarrenais Adrenalina

Poder-se-ia afirmar, portanto, que os elementos biológicos conhecidos sob o nome de "hormônios" não são senão secreções das glândulas endócrinas, cujo equilíbrio funcional através da corrente sanguínea e sua expressão correta através do corpo físico dependerão, essencialmente, do correto desenvolvimento dos Chacras etéricos, movidos pelo impulso psicológico gerado pela evolução espiritual do ser humano. Quase que podemos dizer que as Raças do futuro utilizarão corpos de qualidade muito superior aos que nós utilizamos, porque os centros superiores estarão desenvolvidos, o Cardíaco e o Coronário, este último tornando possível que o centro Frontal traga à manifestação um tipo especial de hormônios, ainda totalmente desconhecidos pela Ciência moderna, mas que têm sido percebidos e catalogados pelo verdadeiro investigador esotérico. Esses hormônios dotarão o ser humano de uma inteligência de tipo superior, ultradimensional, poderíamos dizer, que levará a humanidade ao reconhecimento e à conquista do Arquétipo racial que constitui a meta do homem, o qual incorporará em seu corpo físico as qualidades indescritíveis da Sétima Sub-raça da Sétima Raça, ou seja, a culminância do processo de perfeição do Quarto Reino da Natureza.

Pergunta: É realmente fascinante a sua apresentação anterior da ideia da Iniciação em suas raízes cósmicas absolutas e em relação ao ser humano. Mas a Iniciação é tão fácil quanto suas palavras parecem dar a entender?

Resposta: Não creio haver dito que a Iniciação fosse fácil, mas tê-la apresentado como um Fato inevitável com repercussões no cósmico. O fato de eu ter me referido ao ser humano como um perfeito microcosmo do grande Macrocosmo e de ter analisado suas correspondências psicofísicas com o Universo não indica, de maneira nenhuma, que o processo de Iniciação esteja ao alcance de qualquer pessoa pelo simples fato de ela se propor a isso. O processo em si é profundamente místico e espiritual e exige uma grande experiência de ordem humana, assim como um perfeito controle e ajustamento das características psicológicas individuais. Pelo contrário, falei de uma seleta minoria de investigadores em relação à grande massa de seres humanos que ainda respondem aos instintos gregários e é precisamente essa seleta minoria que trabalha, esforça-se e realmente luta para triunfar sobre si mesma que alcança, normalmente a Iniciação. Também disse que a Iniciação, tecnicamente descrita, era uma participação consciente nos mistérios ocultos da Divindade Inclusiva que infunde a Vida em nosso planeta e trata de se expressar cada vez mais plenamente através de nós. Daí o uso por parte dos ocultistas do termo "Participação consciente" ao se referir a cada um dos Mistérios que, em seu conjunto, constituem a Iniciação.

Não, a Iniciação não é fácil. Pergunto-me, no entanto, se existe algo realmente importante na vida que seja fácil de realizar. O Mistério menor que o nascimento físico de um ser humano representa... é algo fácil? Evidentemente, existe uma luta tremenda, desde o próprio momento da concepção até que uma criatura nasce para a vida física. Transportando essa ideia para o espiritual, vê-se por simples analogia a terrível luta interna que se origina na vida de um ser que tenha concebido a luz e se proponha a revelá-la, fazer com que nasça e resplandeça em sua existência. Pois bem, o resultado dessa luta, desse intento supremo de nascer na vida espiritual, é a Iniciação. Não se trata de um Milagre, é resultado de uma luta natural para ser, para compreender, para se realizar. O caminho inexorável da vida através de uma sequência interminável de veículos ou de formas cada vez mais estilizadas e sutis, de acordo com os Arquétipos superiores, ascendendo dos Reinos inferiores da Natureza até culminar na Grande Consciência Solar, é a Senda que leva à Iniciação nos Mistérios da Divindade, a unir-se para sempre e de modo consciente e ininterrupto com a eterna Sinfonia da Criação.

Pergunta: Pelo que pude deduzir de sua conversação de hoje, a Iniciação parece estar relacionada com os Raios. Mas a mim, particularmente, interessaria que o senhor esclarecesse se, na Terceira Iniciação, ou a da Transfiguração, a alma do Iniciado fica completamente livre das tentações, crises e tensões psicológicas a que o chamado "Guardião do Umbral" submete o homem espiritual.

Resposta: Toda Iniciação é precedida de crises e tensões, como consequência, talvez, do que o senhor chama tentações do Senhor do Umbral. Mas, antes de continuar a resposta, será útil que lhe esclareça que o Guardião do Umbral é uma Entidade elemental de ordem inferior, que o ser humano foi gerando e desenvolvendo através dos tempos, desde que teve o uso da razão até o momento presente. É aquela Entidade que a tradição religiosa designou como "demônio" e cuja imagem, imperfeitamente compreendida, tem enchido de terror e de mil superstições a alma mística da humanidade. O Mal, seja ele chamado demônio, diabo, espírito do mal etc., é obra do gênero humano e não um aspecto maligno consubstancial com a Vida da Natureza, com a missão de "tentar" ou de "induzir ao pecado". O Bem é, também, um fruto das atividades humanas e, assim como os atos incorretos e inconsequentes, também foi criando uma Entidade psíquica, porém de natureza benigna e dotada de Espírito de Salvação. Essa Entidade, criada no transcorrer dos tempos com a substância dos melhores pensamentos e sentimentos humanos, é a Luz que ilumina nos momentos de conturbação ou quando estamos sob os efeitos de grandes crises e tensões. Esotericamente, é chamada "O Anjo da Presença" e nos é dito ocultamente que, quando o discípulo, seja em que nível for, enfrenta a Iniciação, aparecem-lhe ante a "Porta Dourada dos Mistérios" as duas Entidades mencionadas anteriormente, de um lado, o Guardião do Umbral, do outro, o Anjo da Presença, cada qual oferecendo os dons e oferendas com que Suas vidas vêm revestidas: por um lado, os frutos do Mal, por outro, as consequências do Bem. E o candidato, perante a Porta dos Mistérios, deve decidir se está convenientemente preparado para cruzar seus limiares. Se elege o Mal, retorna ao campo da experiência do mundo; se elege o Bem, penetra no interior dos Mistérios que a Porta Dourada encobre e recebe a Iniciação, ou seja, sua participação nos Mistérios do Reino. Essa é, em grandes linhas, a regra seguida no processo iniciático. O candidato recebeu muita informação esotérica e muito treinamento espiritual, mas definitivamente é ele, frente a frente consigo mesmo, ou melhor, com as Entidades que coexistem dentro de sua própria e íntima natureza, quem decidirá se está capacitado para receber a Iniciação ou se deve esperar outro momento mais apropriado. As dúvidas ante a Porta Iniciática só são frequentes nas duas primeiras Iniciações, mas na Terceira, que o senhor cita particularmente, devo dizer-lhe que não há dúvida possível, pois, como o senhor sabe, a Transfiguração é a Iniciação da Purificação e também do Equilíbrio. Purificação porque a alma do Iniciado venceu seus três corpos inferiores, físico, emocional e mental, e "resplandece" acima deles; Equilíbrio porque o controle perfeito desses veículos equilibrou ou harmonizou dentro do seu coração o Guardião do Umbral e o Anjo da Presença. O Bem e o Mal, simbolicamente falando, desapareceram da vida do Iniciado. Em sua vida, fica apenas, e como uma consequência natural do seu estado de Pureza, aquele estado de beatitude celeste que está além e acima do Bem e do Mal.

Pergunta: A respeito do tema da Iniciação, gostaria de saber sua opinião sobre a conveniência de começar agora mesmo essa tarefa de preparação, formando um bom caráter, disciplinando a vida pessoal e sendo cada vez mais responsável perante as oportunidades individuais e sociais da vida.

Resposta: Certamente, ter um bom caráter, levar uma vida disciplinada e cuidar de constantemente enobrecer a vida individual são coisas desejáveis e formam "pontos iluminados de atenção" no que se refere à grande tarefa iniciática. Contudo, devo precisar e minhas palavras não querem dizer que se deva deixar essas qualidades de lado, que atualmente a Hierarquia Espiritual do planeta presta atenção preponderantemente ao desenvolvimento das capacidades de serviço e, em um grau menor, apenas às disciplinas de caráter pessoal. Na Era de Peixes, da qual estamos nos afastando em razão do movimento de precessão do planeta, dedicava-se uma particular atenção ao desenvolvimento do equipamento pessoal dos discípulos e dava-se muita ênfase ao sistema de treinamento espiritual, às disciplinas de vida e à construção de um bom caráter. Agora, no entanto, à medida que o nosso mundo vai entrando nas luminosas regiões do espaço dinamizadas pela constelação de Aquário, as técnicas de aproximação espiritual têm sofrido grandes modificações e a Hierarquia está tratando de oferecer oportunidades imediatas de "ação espiritual" por meio do serviço à humanidade. Falando num sentido muito simbólico ainda que profundamente dinâmico, o discípulo não deve aproximar-se da Divindade "pedindo o seu pão de cada dia e que se liberte da tentação", mas, sim, "oferecendo-se de corpo e alma" para ser utilizado para o serviço mundial, implícito em alguma parcela do Plano que os Mestres conhecem e servem. A consequência inevitável dessa nova atividade hierárquica relativa aos discípulos mundiais será a perda progressiva de interesse objetivo pelas legendárias e místicas figuras do Mestre ou do Guru. O verdadeiro investigador espiritual deverá "buscar, primeiro, a si mesmo" e "reconhecer-se no coração" antes de aceitar a direção espiritual de alguma Entidade, por elevada que possa parecer ante os seus olhos. Nesta Nova Era, o Intermediário Celeste, o que deve ensinar o verdadeiro Caminho, é a própria Alma do homem. Uma vez estabelecido o contato consciente com Ela, saberemos, sem que ninguém nos diga, o que realmente devemos fazer e qual o Mestre que deve "conduzir-nos da escuridão à Luz, do irreal ao Real e da morte à Imortalidade", ou seja, à Iniciação.

Rogo-lhes que aceitem minhas palavras com a mesma honestidade com que foram pronunciadas. Encerram um potente dinamismo invocativo e podem constituir uma boa base para as atividades futuras de uma grande parte de aspirantes espirituais. Nossos tempos talvez não sejam nem melhores nem piores que os anteriores na história do mundo; o que podemos, sim, afirmar é que são absolutamente distintos daqueles que os precederam. A realidade espiritual é essa e é por esse motivo que as técnicas devem mudar radicalmente e enfocar a mente e, com ela, o coração nas necessidades da humanidade, do ser humano que sofre à nossa volta e que frequentemente não vemos, ensimesmados ou sugestionados sob o influxo de tantas e tantas meditações... em busca da perfeição individual. O discípulo da Nova Era deve atuar "de cima e para dentro" e não "de baixo e para fora". Só vivendo dessa maneira, com o amparo da própria Vida Cósmica no coração, livres de pressões e de disciplinas de ordem externa, que a Vida interna, que é nosso verdadeiro Eu, encontrará os caminhos supremos que levam à Liberação.

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(1) É pela coincidência desse grande número de linhas de força que esse centro é chamado misticamente "O Lótus de Mil Pétalas".

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