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DIÁRIO SECRETO DE UM DISCÍPULO


Diário Secreto de um Discípulo - Vicente Beltrán Anglada

CAPÍTULO V

RELATO DE UMA TERCEIRA INICIAÇÃO

Os preparativos para o Festival de Wesak foram antecipados aquele ano, pois nosso Irmão J. devia receber a terceira Iniciação e o Senhor MAITREYA assim o havia comunicado ao nosso Mestre. Como na Iniciação de alguns membros do Ashram, fomos convidados para a Cerimônia iniciática. Mas, desta vez, o Mestre selecionou muito cuidadosamente os membros que poderiam estar presentes, pois nesta Iniciação o Hierofante iniciador era o próprio SENHOR do MUNDO, a encarnação física do Logos planetário e a irradiação tremendamente ígnea que se desprendia da Sua Aura era muito perigosa para a segurança dos nossos corpos sutis, embora não tivéssemos que ficar frente a frente com Ele, recebendo o fogo latente e o batismo do Fogo vivente que surge das entranhas místicas do Diamante flamígero.

Ficaríamos situados - o Mestre nos tranquilizou - a uma distância prudente do Triângulo iniciático, de maneira que não haveria perigo algum de dano para os nossos corpos mental e astral, mas nos recomendou "estar muito atentos" ao desenvolvimento daquela transcendente experiência que, mais cedo ou mais tarde, também deveríamos realizar.

Assistiríamos primeiramente, como de costume, à Bênção anual do Senhor BUDA e, em seguida, iríamos ao "lugar" onde deveria ocorrer a Cerimônia da Iniciação.

O Mestre nos havia instruído já há semanas sobre a maneira de nos comportarmos e de nos prepararmos para este evento máximo em nossa vida de discípulos. Em primeiro lugar, deveríamos observar durante alguns dias uma dieta alimentícia específica que Ele mesmo indicou para cada um de nós, exceto para o dia da Lua cheia de WESAK, em que deveríamos nos manter em jejum, a fim de que o nosso corpo físico não oferecesse resistência alguma no momento de ser abandonado.

Não menciono a data de Wesak porque meu interesse particular - e com isso interpreto a vontade do Mestre - é o ATO em si, e não o tempo ou o lugar em que se realiza. Talvez, na data escolhida pelo Senhor MAITREYA, existam certos aspectos astrológicos interessantes, mas, naquela ocasião e por razões que desconheço por completo, o Mestre havia se limitado a nos dar instruções pertinentes à Cerimônia mística da Iniciação e à nossa preparação individual para poder assistir a ela. Portanto, relatarei apenas a experiência tal como eu a percebi e não me baseando no que os livros esotéricos narram a este respeito.

O "recinto" onde ocorreria a Iniciação estava assombrosamente iluminado e se percebia um cálido e trepidante dinamismo por toda parte, assim como uma indescritível sensação de plenitude. Eu, procurando tomar consciência de todas as peculiaridades inerentes aos preparativos iniciáticos, sentia de forma clara a vibração dos meus corpos sutis astral e mental, sendo-me possível diferenciar perfeitamente uma da outra. Habitualmente sinto a vibração particular do meu corpo físico. Em certos momentos do passado, me acompanhou com tanta força que cheguei realmente a me inquietar.

Perguntei um dia ao Mestre sobre aquilo que a princípio me pareceu uma "anomalia", uma espécie de desacordo entre meu corpo denso e o veículo etérico. O Mestre me tranquilizou dizendo que o que me parecia uma anomalia não era senão a resposta etérica à potente vibração que há tempos gravitava sobre meu corpo mental.

"Os ‘trabalhadores dos corpos’ - disse - estão procurando ajustar o potente dinamismo mental com a vibração do corpo etérico e do cérebro físico.

O lento trabalho de equilibrar os corpos produz, às vezes, grandes problemas, pois o processo de incorporação das energias que procedem do corpo causal e da mente abstrata no veículo é muito lento e nocivo e muitas vezes - como já observaste - causa a sensação de que o cérebro físico vai estalar. A eclosão máxima deste processo se revela no momento em que o Iniciado recebe a quarta Iniciação, quando a energia da Mônada e o poder do Cetro iniciático que contém energia solar se precipitam sobre o corpo causal do Iniciado. Ambas as vibrações são tão potentes que a substância mental que compõe tal corpo se inflama e se converte em uma chama ardente que consome e desintegra o corpo causal, seus finíssimos elementos moleculares sendo dispersos no espaço... A precipitação do triplo fogo: elétrico, solar e de Kundalini - potentemente estimulados - motiva a destruição daquele invólucro de luz que abriga a Alma solar. Se o analisares com atenção, verás reproduzida nesta etapa iniciática, plena de vívido drama, a precipitação das energias causais ou da Mente superior sobre o corpo etérico e, embora esta vibração não produza destruição, determina, entretanto, muitos incômodos".

Enquanto isso, o "lugar ou recinto" se enchera com todos os membros da Hierarquia que deviam assistir àquele transcendente Ato e de acordo com certos mistérios de caráter universal, cada grupo de Iniciados foi se colocando "geometricamente" no lugar que correspondia à sua Hierarquia espiritual.

Serenamente expectantes, tanto meus companheiros do Ashram como eu estávamos aguardando a chegada das altas Entidades espirituais que deviam colaborar no desenvolvimento da Cerimônia. Nosso coração - falo ao menos em um sentido particular do que sentia naqueles momentos - estava profundamente embargado por uma doce, cálida e ao mesmo tempo dinâmica emoção, pois todos sabíamos que naquela Cerimônia iniciática o Hierofante era o próprio SENHOR do MUNDO.

No adequado lugar, vimos o nosso Mestre que acompanhava o Irmão J. Ambos estavam vestidos, como nós e todos os assistentes, com as túnicas brancas e seus emblemas de ouro que simbolizavam a hierarquia própria dentro da Grande Fraternidade, os do Mestre revelando o grau de Adepto, os do Irmão J. revelando a condição de Transfigurado, com os emblemas dourados que correspondem à terceira Iniciação, precisamente a Iniciação para a qual se havia preparado e cuja "confirmação" lhe seria conferida pelo Grande REI através do Cetro Iniciático. Não nos estranhou, entretanto, observar na túnica do Irmão J. uns emblemas dourados que não lhe correspondiam ainda, pois todos sabíamos que a Iniciação - seja qual for - só é conferida àquele que já é praticamente um Iniciado, e nosso Irmão J. havia passado com pleno êxito pelas provas que correspondem à terceira Iniciação.

Formando um pequeno grupo à parte, vimos os três grandes Senhores, o MANU, o BODHISATTVA e o MAHACHOHAN, conversando entre si enquanto estavam à espera do momento da Cerimônia Iniciática.

Pouco mais adiante, pudemos observar a presença de alguns Chohans, entre Eles o Mestre Morya e o Mestre Kut-Humi que - segundo o Mestre nos havia comunicado - seriam os Adeptos que apadrinhariam nosso Irmão e deveriam ser os recebedores da energia do Diamante Flamígero antes de penetrar no corpo causal do Candidato à Iniciação. O Mestre Serapis se encontrava rodeado de um grupo de Anjos e parecia estar lhes dando algumas instruções em relação à Cerimônia e eles assentiam reverentemente. Três potentíssimos focos de luz mais resplandecentes que a Luz imperante no lugar (como vocês perceberão, me vejo obrigado a expressar-me em termos que não são uma representação fidedigna do que se percebe em certas dimensões superiores do Espaço) estavam se movendo de forma rítmica em certo ponto definido, preparando a vinda do SENHOR do MUNDO. Entendi intuitivamente que se tratava dos SENHORES DA CHAMA, dos três BUDAS que secundavam o trabalho criador de SANAT KUMARA e constituíam os três aspectos da Sua natureza divina, ATMA, BUDHI e MANAS, cuja percepção direta não correspondia ainda à minha evolução espiritual.

Ainda que, como meus companheiros do Ashram, procurasse estar muito atento e expectante, sabia conscientemente que uma grande parte dos detalhes inerentes à Cerimônia da Iniciação que seria celebrada passariam completamente despercebidos à minha visão, mas sabia também que a riqueza da experiência daquele tremendo e decisivo contato me seria profundamente útil no desenvolvimento espiritual dentro da grande corrente iniciática.

Em um dado momento, e como obedecendo a uma invocação mágica, os grupos de Iniciados formaram vários semicírculos ao redor da zona de luz ocupada pelos SENHORES DA CHAMA. Cada grupo se colocou no lugar geométrico correspondente à sua hierarquia espiritual dentro da Grande Fraternidade e pouco depois se produziu uma tremenda, dinâmica e indescritível Paz. O silêncio que eu conseguia introduzir em meus veículos sutis era muito superior ao que havia experimentado até aqueles momentos. A reunião dos Mestres de todos os Ashrams e seus respectivos grupos de Iniciados, a Presença dos Grandes Senhores dos Departamentos da Política, das Religiões e da Civilização, dos Chohans de Raio, dos Senhores da Chama e das esplendentes hostes de Anjos superiores, criavam uma atmosfera de potentíssima expectativa e sereno dinamismo à qual, em certos momentos, pensei que não seria capaz de resistir.

Em dado momento, nosso Mestre se adiantou do grupo que formava com outros Mestres e veio buscar o Irmão J., que se achava em nosso grupo e o apresentou ao BODHISATTVA. Este acolheu o candidato com um amável e bondoso sorriso e, por sua vez, o apresentou aos Mestres Morya e Kut-Humi que o colocaram entre Eles, estreitando-lhe as mãos e dando-lhe confiança. Tudo estava disposto para a celebração da Cerimônia. Os três Grandes SENHORES DA CHAMA constituíram então um Triângulo equilátero, "orientaram Suas Faces para o Oriente e invocaram o GRANDE SENHOR", o HIEROFANTE PRESENTE em TODAS AS INICIAÇÕES. Produziu-se naqueles momentos um grau de expectativa eternamente indescritível. Uma "música celestial" modulada pelos Anjos invadiu todo o recinto, rasgando a extremos indizíveis os éteres do ambiente. Uma LUZ superior a todas as luzes se apossou então do espaço onde estava reunida a Grande Fraternidade e esta LUZ, a LUZ de SANAT KUMARA, se projetou como um foco de energia no Triângulo formado pelos SENHORES DA CHAMA, ocupando o centro do mesmo. Dali, e ocupando o vértice superior do Triângulo formado por ELE e os Mestres Morya e Kut-Humi, convidou nosso Irmão J. a se colocar ante a Sua poderosa Presença. Naquele momento começou o que, em termos esotéricos, denominamos de Cerimônia Iniciática...

Uma grande rede de energia espiritual transcendente impedia a percepção do que ocorria no Centro místico dos dois Triângulos entrelaçados, formados pelos três SENHORES DA CHAMA e pelos Chohans M. e KH. e o próprio SENHOR do MUNDO, que em tal disposição ocupava o Centro de ambos os Triângulos.

Só me era possível perceber formas geométricas, os dois Triângulos entrelaçados e a Estrela de nove pontas refulgindo extraordinariamente no centro de tais Triângulos, que é o Emblema das nove Iniciações recebidas por SANAT KUMARA no Esquema de Vênus.

Em um momento determinado, uma Luz intensíssima de cor azul índigo, expressão dinâmica das energias de segundo Raio de Amor-Sabedoria onipotente em nosso Sistema Solar, foi perceptível à minha visão e, durante certo tempo, fiquei ofuscado, sem perceber outra coisa além do seu luminoso dinamismo. Compreendi de imediato que se tratava da irradiação mística do Cetro de Poder, o Diamante Flamígero que empunhava o SENHOR do MUNDO, a maravilhosa contribuição do Esquema venusiano ao nosso Esquema terrestre, que naquele momento era aplicado ao corpo causal de nosso Irmão J., dotando-o do poder inerente àquela Iniciação que lhe era conferida...

Ao final da Cerimônia, vi perfeitamente que o SENHOR do MUNDO estava abraçando nosso Irmão J. e que, instantes depois, formando um grupo com os SENHORES DA CHAMA, foram se dissipando, fundindo-se com o Espaço. Ficaram ali os demais Mestres, os Chohans de Raio e os Chefes de Departamentos, o MANU, o Senhor MAITREYA e o MAHACHOHAN, que se aproximaram do Irmão J. felicitando-o pela Iniciação que acabava de lhe ser conferida, abençoando-o com todo o amor e incitando-o a prosseguir seus trabalhos e atos de Serviço em benefício da Grande Fraternidade e do mundo inteiro.

O enorme grupo foi se desvanecendo pouco a pouco e, quando restaram só alguns membros dispersos, veio a nós o nosso Mestre, trazendo consigo o Irmão J.; sua face resplandecia, sua aura brilhava intensamente e a todos nós abraçou com o afeto que emanava do seu maravilhoso coração. Todos sabíamos então que, em virtude da Iniciação que lhe fora outorgada e dos conhecimentos ocultos e segredos mágicos que lhe haviam sido revelados, nosso Ashram havia sido potentemente estimulado e que o Irmão J. seria desde então, da mesma forma que sempre fora o nosso Irmão R., um novo e bem-vindo Instrutor em nossa particular Aula do Conhecimento.

A experiência iniciática a que faço referência aconteceu há alguns anos, mas o transcurso da mesma e os detalhes da Cerimônia foram fogo vivente que desde então se acha aceso como uma mágica Tocha ígnea no fundo do meu coração...


CAPÍTULO VI

AS EXPERIÊNCIAS DÉVICAS

Parte do programa cósmico desenvolvido nos níveis espirituais do nosso planeta e que faz parte do Plano evolutivo para a humanidade é, sem dúvida, o que tem a ver com a fraternidade humano-dévica. Assim, uma das grandes disposições do Senhor do Mundo em relação à Nova Era é a de que se estabeleçam contatos cada vez mais estreitos e conscientes entre os discípulos espirituais dos Ashrams e os Devas planetários que a tradição esotérica denomina de "Anjos Guardiães". Esta sagrada disposição veio se cumprindo progressivamente, à medida que os discípulos dos Ashrams da Grande Fraternidade recebiam treinamento na tarefa de participar e de estar conscientes das atividades dévicas nos éteres planetários.

O que vou relatar acerca de tais treinamentos é rigorosamente pessoal e revelará minhas próprias experiências nessa arte do "contato dévico", tão difícil de realizar para alguns.

Meu Ashram - como disse em muitas ocasiões - é de segundo Raio de Amor-Sabedoria, já que tal é o Raio monádico do Mestre e, dadas as suas características, o sistema de treinamento espiritual que recebemos no sentido da aproximação dévica é a intensificação do fogo do amor que arde em nosso coração, fazendo com que sua Luz e fogo sejam perceptíveis à vista dos Devas, orientando-os para nós e tornando-os acessíveis às nossas invocações.

Os Ashrams da Hierarquia pertencentes a outros Raios adotarão, naturalmente, outras técnicas de aproximação, mas o resultado pretendido de atrair a atenção dos Devas também será alcançado.

A educação espiritual com relação aos Anjos ou DEVAS é parte de um processo solar que esotericamente e em termos ashrâmicos chamamos de "aproximação espiritual das duas correntes de vida", as mais importantes no decorrer desta quarta Ronda, a dévica e a humana. Há outras correntes de vida muito importantes evoluindo dentro do conteúdo planetário, como por exemplo a corrente de vida atômica, mas esta já atingiu o seu ponto máximo de evolução no Sistema Solar anterior e, apesar da sua importância, sua atividade nesta quarta Ronda é automática e responde instintivamente à atividade em crescente desenvolvimento dos Anjos e dos Homens. Há correntes de vida que estão efetuando a evolução nos níveis internos, mas a expressão objetiva só será perceptível por volta da metade da quinta Ronda.

As técnicas requeridas e o sistema de treinamento adequado são ditados pelos próprios Mestres dos Ashrams mas, em geral, todas as atividades seguem na mesma direção, observando exatamente as mesmas diretrizes básicas, que são:

a. O Reconhecimento Dévico.
b. O Contato consciente com os Devas.
c. A Unificação das Auras dos Devas e dos Homens.

Estes três aspectos fazem parte do programa de unificação humano-dévica e em todos os tempos da história, a partir da individualização do homem animal, grandes hostes de Devas venusianos estiveram em contato com os homens da Terra, ajudando-os no propósito primordial de autoconsciência e, mais adiante, no contato consciente com o Eu superior das suas vidas.

Estas etapas marcam a passagem do homem pela humanidade e sua identificação no transcurso do tempo com os aspectos superiores da consciência humana e a entrada na corrente iniciática.

Não é, portanto, sem motivo especial e transcendente que o Senhor de Shamballa, em Seus Sagrados Retiros Internos, tenha determinado que chegou a hora de que os homens da Terra e os Anjos venusianos adaptados à aura planetária como "Guardiães da Humanidade” estabeleçam uniões cada vez mais efetivas, inteligentes e sólidas. Desta unificação surgirá lentamente do seio da humanidade uma nova e desconhecida Luz que, convertida em sagrada chama, presidirá a nova ordem social de Aquário.

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