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DIÁRIO SECRETO DE UM DISCÍPULO


Diário Secreto de um Discípulo - Vicente Beltrán Anglada

CAPÍTULO XXV

AS TÉCNICAS DE TREINAMENTO

As técnicas de treinamento esotérico variam, como é natural, segundo as Aulas de Ensinamento, seja dos Aprendizes, dos Conhecedores ou dos Sábios. A Lei de Evolução regula a ordem, confecciona as medidas e dita as normas dentro de um Ashram. O Mestre preside todas as atividades, embora nem sempre esteja visível no desenvolvimento das mesmas. Sabe de todos e de cada um dos membros do Ashram. Seu interesse, contudo, centraliza-se especialmente nos discípulos mais adiantados, delegando a eles a supervisão dos discípulos que recebem treinamento em Aulas inferiores. Sua visão abrange a totalidade do Ashram e dirige com sabedoria a evolução de homens e anjos que, por suas condições especiais, recebem treinamento em seu particular "círculo-não-se- passa" ashrâmico. A esse respeito é necessário advertir que o ingresso em um Ashram da Hierarquia exige certo grau de percepção espiritual, o desenvolvimento dos necessários dotes de observação e uma forte dose de boa vontade espiritual, ou de serviço. Quando um homem evidencia em sua vida pessoal estas três condições psicológicas, é considerado apto para receber treinamento espiritual ashrâmico e lhe é designado um discípulo de grau superior para "observá-lo", supervisionar as suas atitudes e ajudar em seus esforços individuais.

Os Anjos, por suas características especiais, ingressam nos Ashrams da Hierarquia motivados pelo desejo de ajudar os humanos que recebem treinamento ali e facilitam enormemente o trabalho do Mestre, servindo de "ligações telepáticas" entre Este e Seus discípulos.

Também é preciso ter em conta que cada Raio tem a sua própria e especial técnica de treinamento. O ensinamento espiritual é muito similar, mas o sistema utilizado é diferente. Por exemplo, os ensinamentos relativos aos Arquétipos ou modelos elaborados pelo Logos para os Reinos, as Raças e as Espécies, vistos do ângulo de um discípulo de primeiro, segundo ou terceiro Raio, varia sensivelmente. Ao primeiro mostra-se o Arquétipo como um centro de poder ou como um objetivo que deve ser alcançado mediante o desenvolvimento da vontade; ao segundo, como um centro de Amor regido pela Bondade do Criador que deve ser revelado por meio da compreensão espiritual; e, ao terceiro, que sintetiza em si a atividade dos demais Raios, como a Força que provém da Criação que deve ser incorporada ao ritmo vital da existência organizada mediante a atividade inteligente, considerando o Arquétipo como uma Verdade palpitante que presidirá o destino da evolução planetária.

No entanto, a Meta principal do ensinamento é fazer com que os discípulos reconheçam a sua verdadeira identidade espiritual e os seus graus de adesão à substância material, a fim de avaliar corretamente as suas forças e, com o tempo, adquirir a suficiente medida de integração. A prova mais notória da integração dos Raios pode ser observada na unidade existente entre os três grandes Guias de Departamento: o Manu, o Bodhisattva e o Mahachohan, cujos respectivos Raios, primeiro, segundo e terceiro estão plenamente integrados no desenvolvimento do propósito essencial do Senhor do Mundo, de maneira tão harmoniosa e integral que, contemplando esta fusão dos níveis búdicos, aprecia-se apenas um único Raio vigente; aparece à visão dos grandes Budas esotéricos como um Triângulo equilátero, ígneo e resplandecente, com um ponto central de fogo radiante que é a Vida do Senhor do Mundo, equidistante dos três grandes Senhores e exercendo através d’Eles Seu poder nos três mundos.

As técnicas de treinamento, de acordo com os Raios e as distintas Aulas, levam sempre a uma só meta: a Iniciação. Seja qual for o Raio causal de um discípulo e seja qual for o tipo de treinamento que recebe em uma Aula determinada, seu único objetivo é a fusão da personalidade com a Alma causal nas três primeiras iniciações e, depois da terceira Iniciação, a fusão da sua alma causal com a Mônada ou Espírito divino.

Nas congregações humano-dévicas realizadas na Aula correspondente, durante o ato de fusão de auras a que aludimos em páginas anteriores, realiza-se no devido tempo o que poderíamos chamar de "fusão de Raios”. Os discípulos aprendem por esse contato a identidade de vida e propósito de todos os Raios e aprendem também por irradiação o sistema de contato estabelecido para cada Raio, de maneira que seu conhecimento esotérico se amplia enormemente e pode aplicar a experiência recebida para ajudar espiritualmente indivíduos de todos os Raios.

Para este fim foram criadas as Escolas de integração humano-dévicas, tendo em conta que os Anjos vieram também à existência matizados por um ou outro dos Raios que vitalizam o Universo. A fusão de auras é, ao mesmo tempo um sistema de compreensão e interpretação de Raios, e é parte integrante do processo de treinamento espiritual nas Aulas de Ensinamento dos Ashrams da Hierarquia.


CAPÍTULO XXVI

A UTILIZAÇÃO DOS PODERES MÁGICOS

À medida que o discípulo avança pelas sendas de treinamento da Aula do Conhecimento, vão despertando nele as faculdades causais ou da Alma em sua vida pessoal. Não se trata das faculdades psíquicas inferiores, às quais teve que renunciar quando ingressou no Ashram, mas de poderes espirituais latentes, a contraparte mais sutil dos cinco sentidos de percepção física, sintetizados na intuição e na perfeita transmissão e recepção telepática.

Quando fui admitido no Ashram e me encontrei na presença do Mestre pela primeira vez, depois da Sua afirmação de que levaria ainda bastante tempo para voltar a vê-Lo, advertiu-me da necessidade de me liberar de certas faculdades psíquicas, como a clarividência astral e o deslocamento psíquico, aos quais eu havia dado uma grande importância, crendo de boa fé que eram imprescindíveis ao trabalho espiritual. As palavras do Mestre, naqueles momentos, foram determinantes para mim: "Não é possível penetrar profundamente na vida espiritual de um Ashram levando consigo o estorvo dos poderes psíquicos. Eles são de natureza astral e nada mais do que reminiscências do passado atlante que a maioria dos seres humanos carrega. Do ângulo espiritual, tais poderes constituem ainda um inimigo muito sutil com o qual o discípulo deve lutar, antepondo entre eles e o propósito espiritual a faculdade mental do discernimento e o poder da vontade. Este passo, por mais simples que pareça, é extremadamente doloroso para alguns discípulos, que haviam fundamentado neles parte da sua participação ativa na investigação do mundo oculto. As tendências psíquicas e outras exageradamente místicas afastam o discípulo do Ashram, pois do que realmente se trata neste centro de poder espiritual é desenvolver a mente e convertê-la em um farol de luz que dê uma noção direta do mundo espiritual e, também, do mundo material, isto é, uma compreensão perfeita da missão do Eu causal e a da personalidade que evolui nos três mundos. Contudo, o desenvolvimento da mente, com uma profundidade de percepção nos níveis internos e externos, e a compreensão das leis de equilíbrio que regem a ambas não é possível se o corpo astral for muito sensível aos impactos psíquicos e se mantiver apegado aos poderes astrais que deveriam ter sido desarticulados - ao menos nas pessoas espiritualmente predispostas - quando o conjunto da humanidade penetra nas primeiras sub-raças da quinta Raça ária".

Posso assegurar a esse respeito que durante meu processo de treinamento na Aula da Aprendizagem, fui perdendo paulatinamente os poderes psíquicos que havia expresso desde a minha juventude mais precoce e comecei a desenvolver rapidamente o princípio mental, ascendendo do centro Ajna em direção ao coronário.

Toda a gama de poderes espirituais - não simplesmente psíquicos - vão se desenvolvendo à medida que o Antahkarana progride, este misterioso caminho aberto entre os éteres que separam entre si os centros superiores da cabeça e das áreas do cérebro envolvidas no processo. Assim, à medida que o discípulo avança na criação do Antahkarana, cuja meta é alcançar a intuição espiritual, o cérebro físico se ressente, pois não se deve esquecer que a linha luminosa do Antahkarana é criada por fogo solar e que este, ao se dirigir para o cérebro através dos nadis etéricos, aspecto sutil do sistema nervoso, produz "verdadeiras queimaduras", pois as energias que surgem do Antahkarana convergem para as células do cérebro e efetuam nelas uma verdadeira alquimia de transmutação, baseada como toda verdadeira transmutação na atividade do fogo criador.

Posso testemunhar honestamente estes fatos, pois para ingressar na Aula do Conhecimento tive que sofrer esta série de "transmutações ígneas" e suportar a dor das células do cérebro ao receber o impacto do fogo do Antahkarana. Às vezes a dor era realmente atroz e parecia que a cabeça ia estourar. Veio depois um período de calma relativa, em que "entre dor e dor" - se posso dizer desta maneira - foram se revelando em mim, de forma cada vez mais acentuada, a intuição e a sutil recepção telepática à vontade do Mestre.

Alguns companheiros de Ashram, assumindo distintas responsabilidades, adquiriram outros tipos de poderes espirituais, tais como a psicometria (ou arte de ler nos arquivos akáshicos), a clariaudiência e a clarividência em níveis superiores do Plano Mental. O Mestre considerou que a intuição e a receptividade telepática não eram mais úteis do que outras modalidades de poder espiritual para implementar com êxito a missão que me havia sido atribuída. Não obstante e em caráter excepcional, consegui perceber o mundo oculto algumas vezes, utilizando aqueles outros poderes, sabendo que a evolução dos tempos me levará, como a tantos outros, ao absoluto desenvolvimento de todos os poderes da Alma.

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