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DIÁRIO SECRETO DE UM DISCÍPULO


Diário Secreto de um Discípulo - Vicente Beltrán Anglada

CAPÍTULO XXIX

OS QUATRO ÉTERES E OS QUATRO ELEMENTOS

Uma prática do Mestre.

"Com relação aos quatro elementos que regem a evolução física do conteúdo terráqueo, é preciso advertir que do seu estudo e apoiando-vos, como sempre, no princípio hermético da analogia, surgirá um conhecimento mais profundo da constituição biológica do ser humano, assim como determinadas condições psíquicas relacionadas com os chamados "quatro éteres", que constituem o aspecto oculto dos quatro elementos implícitos na formação do corpo denso de todas as coisas existentes e são a condensação no plano físico do ocultamente denominado "éter solar", que é o ALKAHEST ou dissolvente universal, do qual há referências através dos sábios alquimistas do passado.

Se elevais a vossa investigação aos éteres que regem os planos superiores, encontrareis o "éter astral", relacionado com o Plano Astral e com o Reino Vegetal, o "éter mental" vinculado com o Plano Mental, com o Reino Animal e o "éter búdico ou quarto éter cósmico" relacionado com o Plano Búdico e relacionado com o Reino Humano, falando sempre, como podereis supor, em termos de consciência e não de configuração biológica.

Podereis inferir - por dedução lógica - a relação que existe entre os quatro éteres como substância de criação e os quatro elementos, Terra, água, fogo e ar, sendo estes uma condensação daquela substância etérea na vida da Natureza. Poderíamos estabelecer a seguinte nomenclatura:

ÉTERES ELEMENTO REINO PLANO ELEMENTAIS TEMPERAMENTOS HUMANOS
1° Éter Subatômico Terra Mineral Físico Gnomos Bilioso
2° Éter Atômico Água Vegetal Astral Ondinas Linfático
3° Éter Subetérico Fogo Animal Mental Salamandras Sanguíneo
4° Éter Etérico Ar Humano Búdico Sílfides Nervoso

Se ponderamos sobre as nossas considerações acerca dos quatro elementos, podereis estabelecer uma analogia com os quatro segmentos, ou "pétalas" que formam o chacra Muladhara, que não é somente a base e a sede de Kundalini, como também uma expressão do carma humano, sendo precisamente o carma humano simbolizado nas quatro pétalas em forma de cruz do centro Muladhara, o percorrido histórico e místico com que a humanidade inicia o processo evolutivo dentro do "círculo-não-se-passa" do planeta Terra. Quatro são também os Senhores do Carma e devereis descobrir suas implicações diretas no processo através da intuição.

Não deveis também esquecer dos "quatro véus" do Templo - os véus de Maya, um de cada cor - que se rasgam quando o discípulo recebe a quarta Iniciação e se converte em um Arhat, em UM que já não retorna, porque já transcendeu as leis que regulam o carma da humanidade e já destruiu a CRUZ do seu destino pessoal. O centro Muladhara já não lhe é necessário, nem tampouco os dois que o seguem, o sacro e o do plexo solar. Somente o chacra cardíaco se encontra plenamente ativo, assumindo em si a dupla função do Espírito criador e da Matéria dos três mundos e dos três reinos, tendo o Arhat um pleno e correto controle sobre este centro solar.

Os quatro elementos foram purificados, voltando redimidos ao depósito planetário de substância material. Os quatro éteres purificados são desde agora canais incorruptíveis da força dos planos superiores. Os quatro reinos simbolizados nos quatro veículos inferiores do Arhat, físico, etérico, astral e mental, recebem agora, sem opor resistência alguma, a força búdica, a energia básica da criação do Sistema Solar em um Universo setenário como o nosso. O Arhat já não é um homem, converteu-se em um Deus que será glorificado na quinta iniciação do Adepto. No que se refere a Ele, foram quebradas para sempre as leis que regulam o destino humano. Este é o grande ensinamento que a sabedoria esotérica traz a vós para dar plena conformidade à vossa vida de discípulos juramentados, cuja visão procura perceber ao submergir a vista no destino do Absoluto, o momento transcendente místico que haverá de convertê-los em Arhats, triunfantes sobre a Matéria e plenamente conscientes do Espírito. Tal é a lei que regula a vida dos discípulos em um Ashram da Hierarquia".

As palavras do Mestre são sempre claras e convincentes. Evita o tecnicismo intelectual, mas quando uma ideia é muito abstrata e deve ser assimilada por meio da intuição, nos adverte: "Recordai que as implicações naturais de uma ideia abstrata, quando corretamente compreendida, são concretas e intelectuais, senão, como seria possível falar ao mundo do Reino de Deus, da mais abstrata das ideias submetidas ao critério dos discípulos e posteriormente à compreensão das mentes inteligentes da Raça?".

A ideia formulada pelo Mestre sobre os Senhores do Carma e que ELE nos convida a compreender mediante a intuição tem, porém, um apoio lógico ou intelectual baseado no princípio da analogia. A mente intuitiva avança aparentemente só, mas ao seu lado está sempre este inevitável apoio da lógica baseada na analogia. Ambos os aspectos mentais devem ser desenvolvidos, porque do seu equilíbrio surge a verdadeira compreensão esotérica.

Creio que disse em outra ocasião que entre a Aula do Conhecimento e a da Sabedoria, há dentro dos Ashrams da Grande Fraternidade uma Aula de caráter intermediário, que os Mestres denominam Aula da Analogia. A missão desta Aula ou Escola é relacionar direta e conscientemente o discípulo com a vida de Deus e fazer que compreenda por experiência, e não por simples análise mental, que ele é o microcosmo perfeito do grande Macrocosmo solar e que pode aplicar as sagradas leis de analogia em todo tipo de problemas e de estudos, sejam do tipo que forem, com a segurança de que sempre encontrará as soluções mais justas e adequadas.

Alguns dos grandes problemas do Mundo

a. A Homossexualidade

b. O Crescente debilitamento da energia vital

O Mestre ainda não havia chegado. Sua ampla poltrona estava vazia. Enquanto o esperávamos, um dos Irmãos colocou o problema da sexualidade desatada no mundo e a proliferação da homossexualidade em amplos setores sociais. Cada qual expressou sua opinião a respeito e desenvolveu-se uma conversa amena e de tipo geral.

Quando o Mestre apareceu, sentamo-nos todos - como de costume - formando um semicírculo. A prática do Mestre naquela ocasião foi uma continuidade do tema que anteriormente estávamos tratando. Sorriu amplamente e, com aquela afetuosa ternura que irradiava de todo Seu Ser, iniciou com estas palavras, ou muito parecidas, a Sua conversa conosco, evidenciando o quanto seguia profundamente desde os níveis internos as nossas preocupações sociais e o que se passa no mundo.

"A perspectiva que oferece o problema da homossexualidade no mundo é muito ampla e extensa e pode ser examinada de distintos pontos de vista, particularmente quando se observa o caso daqueles que nasceram psicologicamente distintos do sexo que possuem no físico. Alguns destes casos, vistos à luz astral dos acontecimentos, apresentam a chamada "inversão de sexos”, como resultado de certos efeitos cármicos engendrados, por exemplo, quando um ser humano - homem ou mulher - abusou em determinada existência do prazer sexual através de um corpo físico, de homem ou mulher, criando no Elemental construtor de referido corpo uma tendência a renovar este prazer em existências futuras. Embora nada ou talvez muito pouco tenha sido publicado a respeito nos livros esotéricos, é evidente, do ângulo oculto, que existe um carma, regido pelas leis da evolução, entre a alma em encarnação e o Elemental construtor do corpo físico, um carma que pode se estender, por analogia, aos Elementais construtores dos veículos astral e mental vinculados também à alma por um tipo de carma que passa correntemente despercebido - por ser um mistério iniciático - para os investigadores do mundo oculto.

As relações incorretas ou inadequadas entre a alma em encarnação e os Elementais construtores da tripla forma trazem como consequência um grande número de problemas, especialmente os surgidos por falta de integração: enfermidades físicas de todo tipo, falta de vitalidade por deslocamento do veículo etérico, obsessões de caráter psíquico que podem levar inclusive à loucura, tendência à homossexualidade por um exagerado predomínio do corpo astral sobre o corpo físico e um baixo coeficiente mental, mesmo em indivíduos mentalmente polarizados.

Ao investigar as causas do mal-estar social em certos setores específicos do mundo, é preciso ter em conta todas estas questões. Cingindo-nos, contudo, muito concretamente à homossexualidade - imperante em ambos os sexos - é preciso levar em conta a qualidade positiva ou negativa do corpo astral ao operar sobre o corpo físico, que é negativa no que diz respeito aos corpos masculinos e positiva no que se refere aos corpos femininos. Isto dá lugar a uma inversão, ou a uma polaridade distinta nos cromossomos que regem a lei do sexo nos seres humanos, o que traz como consequência a homossexualidade humana tratada de um ponto de vista muito científico, embora muito especialmente ligado ao carma. A homossexualidade masculina e o lesbianismo feminino são resultado de uma mudança cromossomática física com profundas repercussões no aspecto psicológico, psíquico e mental.

Poderíamos dizer que "há causas anteriores" que produzem tais efeitos cármicos, mas ante a dúvida de que a Ciência aceite estas causas, havereis de limitar a vossa atenção no que está ocorrendo na linha do que estou explicando, procurando compreender os transtornos psicológicos de um número crescente de seres humanos nos quais se trata mais de uma inversão cármica das leis da polaridade sexual do que do VÍCIO sexual ou prostituição do sexo criado por inadaptação social ao mundo que lhes rodeia ou por criar novas formas de prazer sexual, novos incentivos para o Elemental construtor da forma e novos aspectos negativos para o carma da personalidade humana.

Voltando ao caso da homossexualidade humana, que se reproduz frequentemente nos grandes antropoides, vemos que se trata de um desvio das energias sexuais com relação às pessoas do próprio sexo. Observai que se trata de um novo tipo de indivíduos que, por suas especiais características e pela incompreensão das pessoas, deverão viver forçosamente marginalizados, tolerados até certo ponto, mas nunca integralmente aceitos. 

O investigador esotérico que procura se aprofundar nos anais akáshicos para descobrir ali os segredos do tempo sabe, em virtude das suas observações, que a causa do que o mundo chama de "desvios sexuais” remonta a tempos muito remotos, que se perdem na noite dos séculos, quando do oceano divino do Andrógino que foi berço da sociedade humana surgiram aquelas duas correntes de energia que criaram o homem e a mulher, Adão e Eva, a que fazem referência todos os textos religiosos da antiguidade. Meditai sobre estas palavras, pois contêm um indício da verdade, tanto psicológica como científica, que há de ser descoberta nesta época.

Mas observai também, fazendo-o com toda a misericórdia de que seja capaz o vosso coração, que as tendências sexuais negativas notadas profusamente na atualidade estão invertendo progressivamente o processo sexual natural, comum em todas as espécies, criando focos de tensão psíquica que podem ser observados por toda parte.

a. A tendência geral em prol do fenômeno "UNISEX", observada nos modos similares de vestir, de se pentear, de falar e de se comportar em jovens de ambos os sexos.

b. O incremento da homossexualidade nos ambientes sociais do mundo, criando amplos movimentos organizados, sob o lema comum da "liberdade sexual".

c. O progressivo abuso do poder sexual que se origina desta liberdade, tanto em homens como em mulheres, que vai levando paulatinamente à perda do que ocultamente chamamos de "alento criador", sobre o qual se assenta a perpetuação correta da Raça".

Analisando as palavras do Mestre, terá de se reconhecer pela observação dos fatos que logicamente existem grandes setores da juventude que seguem uma linha de conduta que poderíamos considerar correta, devido à própria evolução espiritual, cultural ou psicológica, que talvez jamais cairão nas extravagâncias de certas áreas da mal denominada juventude avançada, que se considera vanguarda de um novo tipo de civilização, em especial nos modos esnobes, estupidamente extravagantes de vestir, de falar e de se comportar, cuja visão causa muita mais pena e lástima do que admiração. No entanto, é sobre esta juventude, de ambos os sexos, que poderíamos definir como "incontaminada", onde estão contidas as esperanças da Hierarquia e de Shamballa para um mundo melhor.

Respondendo depois à pergunta formulada por um dos Irmãos do grupo, o Mestre acrescentou: "A humanidade atual está enfrentando um grande compromisso cármico que veio aos nossos dias segregado por reminiscências lunares provenientes da terceira ronda planetária e perpetuado pela terceira Raça, a lemuriana, nesta quarta Ronda, que agregou novos problemas e dificuldades através do que ocultamente tem sido definido como "prostituição do sexo”. O debilitamento da energia sexual e a homossexualidade em aumento são umas das consequências mais manifestadas nos momentos atuais. Acrescente-se a isso o conflito natural implícito em toda mudança de eras e tereis um quadro não muito agradável, o qual os discípulos mundiais encarnados no mundo deverão enfrentar, mas que constitui também uma preocupação para a própria Hierarquia".

As palavras do Mestre convincentes e esclarecedoras seriam de grande utilidade para os investigadores esotéricos que em todo momento se perguntam pela causa subjacente de todos os acontecimentos mundiais, e muito ilustrativas no que faz referência aos discípulos, os quais deverão se esforçar antes de tudo por manter suas auras vitais livres de toda contaminação ambiental para poder receber claramente e sem deformação alguma as mensagens telepáticas dos seus Mestres e dos seus companheiros do Ashram.

O fato de que as execráveis egrégoras procedentes da terceira ronda e da terceira Raça gravitem sobre as áreas sociais do mundo obriga o discípulo a viver profundamente atento ao transcurso das circunstâncias e dos acontecimentos e a eludir todo compromisso cármico com o passado, o qual infelizmente é aceito sem resistência alguma por grande parte das pessoas.

Talvez pareça um tanto estranho e difícil de crer que a ingestão de álcool, o consumo de drogas, o crescente abuso do tabaco, a promiscuidade sexual e a constante audição daqueles ruídos mal chamados de "música moderna", sejam resultados do legado da terceira cadeia para a terceira ronda e que esta transmitiu à terceira Raça. O Mestre K.H. advertiu sobre este perigo em declarações muito atuais a um grupo de Discípulos do Seu Ashram: "É preciso se esforçar para que o mundo inteligente reconheça a causa de muitos dos males planetários. O consumo de álcool, de drogas, de tabaco e o abuso e inversão sexual... nos ambientes sociais do mundo, fecham o caminho aos Devas guardiães da humanidade. São a representação nesta época do grande "pecado lemuriano", o pecado original que trouxe degradação social e perversão da função criadora do sexo".

Por esta razão, os discípulos mundiais devem se esforçar em apresentar o mais cru e claramente que nos seja possível, a grande crise social que se foi criando no mundo por efeito dos aspectos negativos acima descritos. Chegou-se inclusive a ouvir nos retiros silenciosos do Ashram que o debilitamento da energia vital que determina as funções sexuais, e a própria homossexualidade, são aspectos muito estreitamente vinculados ao "pecado lemuriano".

Assim, a previsão hierárquica visando o próximo futuro da humanidade e a proteção do "viveiro divino" de onde surgem as Raças evolucionantes deu início, ou pelo menos infundiu alento, ao movimento científico no campo da medicina genética que conseguiu fecundar óvulos femininos através da chamada "inseminação in vitro" ou inseminação artificial, que tem criado seres humanos sem necessidade do contato natural dos sexos.

Assim, pais com deficiências de tipo orgânico, biológico ou estrutural poderão ter filhos, e cumprir através deles uma função realmente importante na ordem social. E isto, considerado do ângulo da Hierarquia, bem poderia ser - observando sempre o futuro da humanidade - uma defesa eficaz contra os males que foram assinalados anteriormente como consequência do pecado lemuriano e, muito particularmente, uma cooperação inteligente da Grande Fraternidade Branca, na obra do Manu, o Responsável direto e executor das criações de Raças e Sub-raças no seio da humanidade.


CAPÍTULO XXX

O MISTÉRIO DAS COMUNICAÇÕES

Não poderíamos prosseguir com este "Diário Secreto", no qual tanta importância é dada às comunicações, sem procurar penetrar no sentido mais íntimo e secreto dado ocultamente ao termo comunicação.

Antes de tudo, afirmar que comunicação é relação e é o meio de unificação dos Planetas, dos Sistemas Solares, das Constelações e das Galáxias, e que todo sistema de relação estabelecido se verifica através dos éteres que constituem o Espaço em sua infinita pluralidade de relações. O éter é o veículo mediante o qual são transmitidas todas as comunicações e relações, sejam quais forem a importância, qualidade e sistema vibratório e a fonte de onde emanam.

Sem o éter não haveria possibilidade alguma de relação nem de comunicação. Tudo que existe estaria submergido em um vazio assustador, sem vida, sem consciência e sem possibilidade alguma de evolução e realização. Daí que o Mestre, quando faz referência ao éter, denomina-o de "substância de criação", quer surja dos mais elevados Planos Solares ou dos mais densos e involuídos.

Relacionar o conjunto absoluto existente através das distintas e incompreensíveis vibrações no éter é a obra de investigação dos discípulos de todos os tempos. Na Aula do Conhecimento são dados uns estudos específicos sobre o éter e sobre o mistério da comunicação, relacionados com nosso universo. Estes estudos abrangem extremos tais como:

a. As comunicações estabelecidas entre um Logos Cósmico e seus sete Sistemas Solares afiliados, e destes Sistemas Solares entre si. 

b. As comunicações entre o Logos de um Sistema Solar e os Planetas que fazem parte do seu equipamento cármico.

c. As comunicações entre o Logos de um Esquema planetário e os Logos planetários de outros Esquemas.

d. As comunicações entre os Logos planetários dos Esquemas e suas fontes de inspiração cósmica. Em nosso Sistema Solar estas comunicações são estabelecidas entre os sete Homens celestiais ou Logos planetários do nosso Sistema Solar e o Logos regente de uma ou outra das sete estrelas ou sóis que constituem a Constelação das Plêiades.

e. As comunicações entre o Logos planetário e as elevadas Entidades espirituais do próprio Esquema que constituem a Sua Loja Espiritual.

f. As comunicações entre a Loja Espiritual de um mundo com as de outros mundos, mais ou menos próximos.

g. As comunicações do Centro criador de um Planeta com os Reinos, Raças e Espécies que evoluem no mesmo, através da Grande Fraternidade Branca ou Loja Espiritual do planeta.

h. As comunicações entre si de Planos, Reinos, Raças e Espécies, através das distintas Hierarquias dévicas.

i. As comunicações estabelecidas pela Raça humana com os membros da mesma espécie, envolvendo contato social e evolução da consciência.

j. As comunicações estabelecidas entre os diversos conjuntos atômicos seguindo as conhecidas leis de "afinidade química”.

Como se compreenderá, a série de relações ou comunicações que acabamos de expor são somente um diminuto esboço da incrível série de relações estabelecidas através do éter com tudo que tenha uma vida, uma consciência e uma forma.

No Ashram e no curso de treinamento espiritual a que estamos sujeitos os discípulos na Aula do Conhecimento, nos é falado de outras comunicações mais íntimas que têm a ver com a nossa própria situação no Ashram e têm caráter iniciático. 

a. A relação Mestre-discípulo.

b. A relação entre si dos discípulos de um Ashram.

c. A relação de um discípulo com um grupo de aspirantes espirituais, constituindo um grupo esotérico externo.

As duas primeiras relações se verificam através da faculdade telepática; a terceira por meio do discernimento do discípulo.

O desenvolvimento da faculdade telepática é uma tarefa de muitos anos de controle da mente e da inteira submissão do conteúdo passional à vontade do discípulo. Advém depois um longo período de ajuste do cérebro físico ao controle da mente. Afinal, a mente se torna potentemente dinâmica e o cérebro do discípulo se converte em um fiel depositário do segredo telepático.

Poderíamos dizer que o desenvolvimento da faculdade telepática se inicia com as práticas da Raja Yoga, mediante a criação do Antahkarana, a linha de luz ou de fogo que une as duas margens da separatividade humana, a mente concreta ou inferior com a mente superior ou abstrata.

O processo de construção do Antahkarana traz como consequência:

a) Discernimento.

b) Controle mental.

c) Submissão do veículo passional à mente qualificada do discípulo.

Nestas três etapas a faculdade telepática se desenvolveu até certo ponto, mas, à medida que o Antahkarana vai sendo criado, as células do cérebro acusam a passagem do impulso ígneo, tornando incandescentes as células que obstruíam o caminho entre o centro Ajna e o Centro coronário, entre a glândula pituitária e a glândula pineal, originando um grande sofrimento nas áreas cerebrais do discípulo.

Posso atestar este fato e asseverar que quando atravessava esta fase no sistema de treinamento estabelecido, a dor no interior da cabeça era insuportável e às vezes causava a sensação de que ia estourar. "Isto acontece - me disse o Mestre um dia - por causa da potência de teu propósito espiritual e do ritmo potente que imprimes ao teu veículo mental. É um processo doloroso que podes suspender quando o desejares, deixando de pressionar tão potentemente teu veículo mental, um processo que, embora muito doloroso, não constitui porém um perigo para tua estabilidade física". Naturalmente, e alentado pelas palavras do Mestre, continuei operando sobre a mente e sobre o cérebro físico, até que de súbito senti um dia a mente tão vazia, tão serena e tão leve que não podia crer. Havia terminado de construir a ponte de fogo do Antahkarana e começava para mim uma nova etapa de treinamento que ia me deparar a oportunidade de fazer da minha mente um alojamento para a intuição e para a faculdade telepática.

Uma vez terminada a ponte, o discípulo sente intuitivamente a necessidade de seguir avançando. Mas agora se sente absolutamente só, nada há ao seu redor que lhe proporcione amizade, consolo e confiança, mas sabe que, apesar de tudo, deve prosseguir adiante, vencendo o temor à solidão e ao risco de se perder naquele mar sem margens, aparentemente inerte, frio e totalmente incerto.

Em uma memorável reunião no Ashram - memorável ao menos para mim - o Mestre nos indicou veladamente as dificuldades deste passo transcendente na vida do discípulo com estas concisas palavras: "Ao final da construção da Ponte não encontrareis a paz de imediato, embora a mente tenha transcendido a dor do fogo no cérebro, mas devereis enfrentar a luta contra o temor, a dúvida e a desconfiança".

Se estas três condicionantes forem vencidas e o discípulo continuar avançando, observará um dia com infinito deleite de sua parte que desapareceram as zonas frias e estéreis, e se sentirá absorvido dentro de umas áreas de luz realmente inconcebíveis, cheias de mágica paz, harmonia e equilíbrio. Estabeleceu-se a comunicação com certos níveis definidos do Plano Búdico, o oceano infinito de vida universal, o centro místico do Sistema Solar.

Agora é fácil para o discípulo manter esta comunicação e sabe por experiência do deleite inefável da intuição espiritual, a orientação perfeita do seu propósito na grande corrente iniciática. E deste grande silêncio criador da sua vida, que deixa a mente delicadamente insuflada de bens imortais, surge com irresistível força a potência da faculdade telepática, que de agora em diante será o centro de enfoque da sua vontade na Vontade do Mestre, que é a Alma espiritual com a qual quer se identificar.

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