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A HIERARQUIA, OS ANJOS SOLARES E A HUMANIDADE


Capítulo XI

A HUMANIDADE E O MUNDO DÉVICO

A Natureza e o Mundo Dévico

Uma das principais incumbências dos Ashrams da Hierarquia quanto aos discípulos mundiais desta era de transição que estamos vivendo é a de prepará-los para estabelecer contato consciente com o Reino Dévico. Em suas infinitas gradações, esse Reino abrange estados de evolução que compreendem desde as pequenas criaturas que vivem nos elementos da Natureza e constituem as qualidades características do fogo, da água, do ar, da terra e dos diversos éteres do plano físico, até os mais elevados Arcanjos, de categoria similar — no que se refere à evolução espiritual — aos próprios Logos Criadores. Nessa imensa Escada de Jacó, simbolicamente falando, "pela qual os Anjos sobem e descem", cada Deva e cada elemental construtor às Suas ordens conhecem exatamente a característica particular de sua missão que, ordenada em seu conjunto, constitui o Universo manifestado, ou seja, o campo expressivo dos Deuses e dos homens.

Talvez possamos ver posteriormente como os Devas trabalham e evoluem em suas distintas hierarquias e gradações. Mas o que importa agora é despertar o interesse dos aspirantes no Caminho pelo mundo dévico, por essa área esotérica espiritual imensa, atualmente deixada de lado inclusive por muitos dos chamados "esotéricos".

A maioria das pessoas, as fortemente polarizadas no mundo mental concreto, às vezes cai na falsa postura de considerar uma superstição falar dos Devas, sem saber que eles, como agentes construtores da Natureza e depositários do Plano específico de Evolução Planetária desenhado pela Vontade Divina através dos indescritíveis Arquétipos Superiores, estão tão indissoluvelmente ligados ao processo histórico, racial e espiritual da Humanidade quanto o sangue e os tecidos nervosos do corpo humano.

Também há a posição daquelas pessoas que, "fartas" dos ensinamentos frequentemente dogmáticos das religiões organizadas, resistem a levar em consideração toda informação relativa a esse importante aspecto do ensinamento esotérico. Compreendemos perfeitamente a razão de ambas as posturas e nos abstemos de criticá-las. Em todo caso, a única coisa que podemos fazer é relatar nossas próprias experiências em relação com o mundo dévico, falar de sua íntima amizade com o Reino Humano, contar alguns dos nossos contatos com Devas de vários níveis de evolução, transmitir alguns de seus ensinamentos e tratar de tornar compreensível seu excepcional interesse por todos os filhos dos homens, seu amor sublime pelas crianças por quem, amparados em sua inocência, velam com profundo e singular afeto, sua proteção decidida a aqueles que se amam sinceramente, seus cuidados ternos e fraternais para com os enfermos e todos que sofrem e sua especial devoção e simpatia para com os seres humanos capazes de compreendê-los e receber suas mensagens repletas de singeleza, profundidade e ternura.

Os aspirantes espirituais que começam a trilhar o Caminho deveriam saber que o discípulo em treinamento iniciático deve ser capaz de estabelecer contato com a Obra de Deus em todos os níveis possíveis, desde os níveis etéricos, ainda no Plano Físico, até o próprio Plano Búdico, onde habitualmente mora o Mestre, passando pelos diversos subplanos dos Planos Astral e Mental, até chegar a ser plenamente consciente de seu Eu Superior, o ponto central de todo seu possível e extenso campo de percepções e relações. A tomada de consciência de cada Plano baliza o Caminho Iniciático e é partindo da plena consciência individual de um Plano que se passa ao imediatamente superior. O método seguido pelo discípulo nesse processo de alteração de sua consciência é de "investigação científica". O que essas palavras querem dizer exatamente? A missão específica da Ciência é investigar e comprovar.

É precisamente isso que o discípulo faz, de modo que, quando faz uma declaração, e é preciso advertir que essas declarações implicam uma grande responsabilidade, seja em relação ao Caminho que está percorrendo ou à consciência de determinado Plano, suas palavras têm não apenas um caráter absolutamente afirmativo, mas também contêm o testemunho de certos fatos normalmente ocultos nas densas profundezas da consciência humana.

Quando nos referimos aos Devas ou a algum acontecimento ou experiência de caráter espiritual vividos dentro ou fora do Ashram, partimos desse princípio básico de investigação e comprovação científica.

A Técnica do Silêncio

Estabelecer contato com os moradores do mundo dévico não é tão complicado quanto parece à primeira vista. Contudo, é indispensável "acreditar neles", estar persuadido de sua existência. Esse é o primeiro ponto de aproximação; depois se aprendem as técnicas necessárias que proporcionam o contato, que são de estímulo constante e permanente, e posteriormente se aprende a ciência de sua linguagem, o que pressupõe o desenvolvimento de certas áreas da nossa mente, absolutamente intuitivas e que estão apenas latentes na maioria das pessoas.

O ensinamento relativo aos Devas deve excluir, portanto, todo culto ao maravilhoso ou fantástico, ou seja, deve-se aceitar sua existência com toda naturalidade, como um "fato" da Natureza. Uma das coisas que temos podido constatar a respeito dos Devas é que sua mente é extremamente singela e excepcionalmente sensível às impressões provenientes de todos os Reinos da Natureza com que se acham misteriosamente ligados através dos elementos construtores que trabalham especificamente em cada um dos diversos Planos de Evolução. Essa vulnerabilidade extrema e simplicidade indescritível de suas mentes dotam-nos de um dinamismo vigoroso e alegre que eles infiltram no ânimo de toda pessoa que é capaz de reconhecê-los e escutá-los. Deve-se também admitir que um Deva não pode ser adequadamente contatado empregando-se o método normal de abordagem mental concreta que utilizamos em relação às coisas e acontecimentos normais da vida. Portanto, é preciso educar um tipo de mente que também seja simples e altamente sensível. O culto ao silêncio e à contemplação, mesmo em suas etapas iniciais, pode ajudar-nos em nossos propósitos de aproximação ao mundo dos Devas. Deve-se ter presente que, em etapas superiores de treinamento espiritual, é exigido do discípulo um total silêncio de seus desejos e pensamentos para que posa ouvir aquilo que, na linguagem esotérica, chamamos "voz do silêncio".

A voz do silêncio poderia ser descrita como uma síntese de todos os sons da criação. Pode-se ouvi-la em sua elevada transcendência após a pronúncia correta do OM sagrado. Então se produz um vazio dentro e ao redor de nós que é preenchido por essa força misteriosa que, em seus aspectos universais, é aquele Silêncio ou Grande Pralaya que precede a criação dos mundos. É também o som invocativo das Hostes Angélicas, dos nossos irmãos desconhecidos dos mundos invisíveis. O silêncio, efetuado dentro de nós pelas disciplinas necessárias de serenidade mental e estabilidade emocional, emite um som particular inaudível que atrai os Devas. O poder e intensidade de nosso som invocativo será concordante com o grau de silêncio de nossos fins e qualidades pessoais e, portanto, com a elevação espiritual dos Devas com quem podemos estabelecer contato.

É precisamente a esta técnica de "silenciar" que "Luz no Caminho" refere-se naquela máxima esotérica: "O discípulo não pode falar na presença do Mestre até que tenha perdido toda possibilidade de ferir" (através da palavra do verbo humano). Somente a palavra que emerge da profundeza do silêncio espiritual estabelecido em nossas mentes e corações é incapaz de ferir. Expresso de um outro modo, é a Voz do Verbo revelado a que João, o Iniciado evangelista, refere-se.

O Valor do Verbo

Em etapas transcendentes desse treinamento espiritual, o discípulo aprende o valor absoluto do Verbo em relação às Leis expressivas da Natureza. Em virtude de certos poderes espirituais implícitos na Iniciação, sabe então como invocar e como dirigir conscientemente as Forças que atuam na e sobre a Natureza, podendo então criar à vontade aqueles prodígios chamados milagres, que não são outra coisa além do poder de invocar e utilizar os Devas, ou os Elementais Construtores, para certos fins de ordem mágica e de acordo com determinados aspectos de serviço criador. Todo Iniciado possui o poder invocativo das Forças construtoras da Natureza, o controle dos poderes elementais e a proteção e ajuda decidida dos Grandes Devas que presidem o desenvolvimento evolutivo da Criação.

Nessa ordem de ideias, poderia talvez acrescentar que o homem fala (o sentido criador do Verbo) e que o Deva escuta (a Voz do Silêncio). A fala e a escuta, a invocação e a evocação, harmoniosamente combinadas, constituem a síntese de todas as coisas existentes. Mas essa inter-relação natural entre os homens e os devas só pode vir através do esforço humano para silenciar progressivamente seus apetites pessoais e do crescente desenvolvimento de seus poderes invocativos.

Quanto ao discípulo, devemos salientar que o resultado de seus esforços de apaziguamento mental-espiritual é a conquista da intuição, sendo ela o Antahkarana ou veículo de luz superior por onde as Forças vivas da Natureza ascendem às alturas sublimes, onde fazem contato com o Ashram e com os Devas. De cada uma dessas Fontes Superiores, o discípulo recebe as inspirações precisas e o poder necessário para manifestar claramente na vida a Glória revelada de um perfeito Filho de Deus, Glória para a qual tende incessantemente, deixando em cada curva do Caminho retalhos de honra e de bens pessoais.

Em sua esfera particular de relações impostas por seu Karma pessoal, toda pessoa pode preparar-se para esses contatos transcendentais, começando, a partir deste momento, um processo lento e calado de silenciar todos os desejos e pensamentos desnecessários e inúteis ainda abrigados em si, os quais impedem que ela aproxime-se sem mácula da Realidade Espiritual que constitui a essência de sua própria vida. Dediquem alguns momentos de suas vidas cotidianas a essa tarefa simples, porém universal.

Não devemos esquecer as palavras de Madame Blavatsky quando dizia: "E a mente que mata o Real", isto é, a intuição, pois nossa mente concreta ou inferior a que esse axioma refere-se objetivamente é um constante turbilhão de pensamentos, conceitos figurativos e opiniões contraditórias que inibem a entrada na suave quietude da vida espiritual. Insistindo sobre esse ponto e para acabar com possíveis dúvidas, devo afirmar que a perfeita quietude mental não comporta, de modo algum, o aniquilamento da mente concreta ou intelectual, mas sim a sábia direção desta pela Vontade Superior que pode utilizá-la, então, como um delicado instrumento de relação e contato com os três mundos da evolução humana.

Ensinamento Valioso

Para estímulo de alguns estudantes de esoterismo, devemos dizer que a missão especial de certos Devas - na linguagem mística denominados "Os Anjos do Silêncio" - é sensibilizar as mentes dos homens para torná-las receptivas ao silêncio espiritual e à Voz infinita da Natureza. Os homens ensinados por esses Devas constatam a vida em todas as coisas, mesmo nas mais insignificantes e singelas, uma vida palpitante que está dando sua mensagem de amor divino.

Em eras anteriores, de que a História não tem noção, os Devas viviam junto dos homens, no seio das humanidades primitivas, ensinando-lhes a arte de viver, de mover-se e de relacionar-se. Ensinaram àqueles seres instintivos, que seriam homens mais tarde, as primeiras verdades quanto à Natureza, desde o culto ao Sol, fonte de vida, até o conhecimento do fogo, que caracterizou uma etapa definitiva no processo evolutivo da humanidade. Eles presidiram os motivos de vida primários e incipientes que conduziram à perpetuação das espécies e ensinaram também os princípios básicos de relação que depois culminariam no vívido desejo de consciência. Foram eles, os Devas, que prepararam o campo da vida animal para conter a semente da mente humana e foram os Anjos Solares, essas misteriosas testemunhas da Luz de quem sabemos tão pouco, que infundiram o alento de Sua própria Vida e Consciência no ser instintivo animal através da Glória imarcescível da mente.

Por todos esses motivos, o ensinamento relativo aos Devas está mais do que justificado. Sua relação consubstancial com o Reino Humano, sua constante participação na evolução espiritual do homem e das sociedades humanas determinam um eixo de relação definitivo através do qual giram, indissoluvelmente unidas, a evolução humana e a dévica.

Quando se apresentam ao estudante esotérico as verdades contidas em termos científicos tão conhecidos como "energias" e "forças", primeiramente ele é advertido que esses termos estão intimamente relacionados com a vida oculta da Natureza e com aqueles misteriosos habitantes dos mundos invisíveis que chamamos Anjos, Devas ou Elementais Construtores.

O discípulo no Ashram sabe discernir, por experiência própria e obrigatória e pelo processo rigoroso de investigação científica a que está submetido, a distinção, as qualidades e as funções das diversas hierarquias de Devas e pode exercer sobre aquele mundo oculto e desconhecido o poder criador da vida espiritual.

Em certa ocasião, um poderoso Deva com quem foi possível que tivéssemos contato e cujo ensinamento facilitou-nos extraordinariamente o curso de treinamento espiritual exigido sobre os Reinos ocultos da Natureza, disse-nos:

"Quando a Ciência humana tiver conseguido libertar-se do processo absolutamente técnico ou mecânico de suas experiências e aceitar logicamente a existência de nosso mundo, iniciar-se-á para ela um processo de comprovação de fatos e verdades de que atualmente não suspeita nem mesmo remotamente, perdida no labirinto das equações concretas. Poderá ver diretamente na luz do Sol aspectos vibratórios que estão além dos que pode captar atualmente através de seus aparelhos científicos. Também ficará consciente dos fatores dévicos que participam do grande mistério da eletricidade e terá uma explicação lógica e racional para tudo que até aqui foi enquadrado dentro deste esquema vago e misterioso que o mundo chama de "milagre". Conhecerá Deus mais realmente do que o faz agora, através de seus grandes progressos técnicos e descobertas. Simplificará tanto seu processo de estudo e pesquisa que as maravilhas dos computadores e outros engenhos eletrônicos serão meramente jogos mecânicos que interessarão apenas os cérebros juvenis. O contato direto com a realidade abrirá para a Ciência as perspectivas de um mundo insuspeitado cujo exame deve ser feito com uma mente tão ágil e livre a que nenhum engenho criado, por aperfeiçoado que seja, poderá equiparar-se. Essa nova legião de pesquisadores científicos já conta em suas fileiras com alguns elementos espiritualmente despertos e já sabem, por experiência própria, o que significa estar em contato consciente com a Realidade Universal, cujo Poder Criador e Ordenador a tudo preside."

As palavras desse grande amigo nos foram muito inspiradoras. Elas dão a chave de muito do que se refere à relação entre a inspiração espiritual e a técnica humana, entre a intuição e o instrumento intelectual. Pela intuição, estabelece-se contato com o mundo causal das realidades subjetivas, ainda que, em um mundo ordenado de acordo com inúmeros princípios concretos, seja realmente difícil chegar a essa percepção direta que elimina todos os possíveis intermediários. Não obstante, é preciso repetir até a saciedade que, ainda que o processo perceptivo da Realidade pertença à mente intuitiva ou abstrata do homem, o processo de organização dessas percepções e inspirações pertence à mente concreta. É para estabelecer o equilíbrio mágico da vida em seus níveis de atividade distintos e variados que as escolas esotéricas do mundo e principalmente os Ashrams da Hierarquia oferecem aos aspirantes espirituais e aos discípulos muita informação oculta sobre o mundo dévico ou angélico.

Um dos primeiros ensinamentos do Ashram tratava precisamente do contato dévico. Essas entidades - em suas inumeráveis graduações - atuam virtualmente também sobre a humanidade desde diferentes níveis vibratórios, ainda que não nos demos conta de sua influência misteriosa e eficaz em nossas vidas. Descreverei a primeira vez que contatei conscientemente um Deva. Senti como se uma brisa suave e fresca penetrasse profundamente dentro de mim, levando todos os meus desejos e pensamentos. Uma vez "completamente esvaziado de mim mesmo", senti-me cheio de uma profunda e dinâmica alegria interior, como se convergisse em meu ser toda a alegria indescritível da Natureza, e então ouvi sua voz. Não era uma voz humana, mas sim uma maravilhosa combinação de sons harmônicos, cores resplandecentes e perfumes delicados. Todos os elementos naturais do lugar onde nos encontrávamos (um prado verdejante em uma bela e solitária região da Suíça alemã) pareciam participar da conversa que o Deva mantinha comigo. O Deva me falava através das ervas diminutas, das delicadas flores silvestres, dos inquietos passarinhos, dos gigantescos castanheiros, do ar que fazia ondular os talos dos juncos ao longe. E - coisa curiosa! - eu sabia exatamente o que ele estava me dizendo, sentia-me penetrado pela singela profundidade de sua Mensagem espiritual e insuflado de um amor ilimitado pela Obra do Criador, estendida ante a minha vista e abrangendo o limite de toda perspectiva possível. Para mim, a existência dos Devas e sua participação em nossa vida através da Natureza viva que nos cerca é uma realidade e não um sonho ou uma fantasia.

Os exercícios ashrâmicos de contato dévico a princípio foram muito simples. Iniciaram com a invocação de pequenas criaturas, habitantes das regiões etéricas, algumas realmente belíssimas, graciosas e brincalhonas, outras terrivelmente repulsivas e esquivas. O Mestre nos disse: "Deveis aprender a amar tanto umas quanto as outras, pois assim como o Bem e o Mal, em seus aspectos de Luz e Sombra, são consubstanciais na vida evolutiva do planeta, baseada na consciência da dualidade, o trabalho dessas pequenas criaturas, cada qual a partir de seu nível ou elemento particular, contribui para a realização do Grande Plano.

"Quero que graveis uma coisa em' vossos corações e mentos. Essas pequenas criaturas dos éteres vivem nos elementos que motivam a expressão da Natureza em todos os seus aspectos. Elas trabalham de acordo com um modelo imposto principalmente pela evolução dos homens. À medida que a humanidade avance e tenda para a unidade essencial, toda desarmonia e fealdade desaparecerá da Terra, pois não haverá nela as pequenas criaturas dos éteres que trabalham com a substância das sombras. Enquanto isso, no entanto, amai-as como vossas criaturas, fecundadas, geradas e nascidas do humor instável do vosso ânimo, que podem melhorar consideravelmente com o impulso criador do vosso propósito interior. E nunca vos olvideis de que, no que acabo de dizer, subjaz o mistério oculto da grande verdade esotérica que deve estar presente no espírito de todo discípulo: `A Natureza cumprirá sua verdadeira missão quando o homem tiver cumprido a sua'."

Excursão Maravilhosa a Montserrat

Quase no centro geográfico da Catalunha, a uns sessenta quilômetros por estrada de Barcelona, ergue-se uma das mais belas montanhas da Europa, Montserrat.

Sua configuração surpreendente e a colocação caprichosamente magnífica de seus rochedos, fazendo com que pareça um museu de escultura natural, fazem desse lugar o centro turístico mais interessante da Catalunha.

A montanha de Montserrat tem inúmeras lendas, cada qual mais atraente e sugestiva sob o ponto de vista da investigação esotérica. Uma das mais conhecidas e a que mais chama a atenção dos espiritualistas é a que o grande músico Richard Wagner inspirou-se nela para compor sua famosa obra "Parsifal". Esse fato em si não teria nenhuma importância de ordem transcendental, dada a imensa inspiração do músico alemão. Passa a tê-la, entretanto, se ligarmos essa lenda a uma outra anterior que afirma haver em um lugar remoto e secreto dessa montanha um Templo Iniciático ou um centro magnético onde periodicamente realizam-se certos rituais mágicos a cargo de altos Iniciados da Grande Loja Branca do Planeta. Seja como for, essas montanhas têm uma fama espiritual justificada. Lá tem também um mosteiro beneditino fundado pelo Abade Fr. Oliva no ano de 1031, com um templo realmente magnífico onde podem ser contempladas maravilhosas obras de arte. Esse templo é dedicado à famosa Virgem Morena de Montserrat, à "Moreneta", como os crentes catalães a chamam familiarmente.

Nesse ponto, seria interessante recordar que a origem do culto à Virgem Negra, ou "Senhora das Cavernas" é, esotericamente falando, contemporânea aos primeiros homens pós-diluvianos, entre os quais - segundo a tradição ou a lenda - "não havia uma única mulher branca para reconstruir a humanidade salva do dilúvio". Essa tradição ou lenda não deve ser descartada, pelo menos no que se refere à etnia dos habitantes das planícies etíopes, salvos do dilúvio, que se estabeleceram no Egito. Pois é exatamente no Egito que teve origem o culto às "virgens negras", cuja disseminação por toda a Terra parece ter uma causa ou caráter universal. Sabe-se que a Virgem Negra era adorada também pelos celtas, com o nome de Dana.

No que diz respeito ao esoterismo, a Virgem Negra é a representação da Divindade oculta e do trabalho sutil e misterioso que se realiza na clandestinidade das "grutas" e dos Templos Iniciáticos ocultos. Portanto, talvez não seja sem razão justificada essa relação misteriosa da Virgem Morena de Montserrat com o Templo Iniciático que se supõe estar em certo "lugar secreto" de suas montanhas e a hipótese cada vez mais aceita da procedência atlante dessas montanhas. A estranha forma arquitetônica de Montserrat e as incrustações de conchas e caracóis marinhos petrificados encontrados em suas rochas indubitavelmente nos falam de um passado remotíssimo em que essas montanhas estiveram realmente submersas nas profundezas dos oceanos e que terríveis convulsões geológicas - possivelmente algumas das que determinaram o afundamento do grande continente de Atlântida -fizeram com que elas irrompessem na superfície com essa forma singularmente magnífica.

A Excursão

Um grupo de estudantes de esoterismo tinha planejado, já há tempos, uma excursão a Montserrat. Integravam-na o Sr. Luis Lorenzana, secretário da S.T. na Espanha, sua esposa, a escritora Josefina Maynadé, Sr. José Soteras, um amigo e pesquisador esotérico, minha esposa e eu. A data programada era 22 de maio de 1968. Tínhamos celebrado o Festival de Wesak poucos dias antes e ainda sentíamos em nós as energias da poderosa Bênção de Buda.

A intenção básica dessa viagem era a de tentar descobrir, mediante a forma de um ritual mágico, a possível orientação do centro magnético ou Templo Iniciático de Montserrat ou, no mínimo, beneficiarmo-nos com suas radiações. O restante, a beleza da paisagem, o fato de sairmos por um tempo do ar viciado da cidade e o magnífico encantamento daqueles suntuosos maciços arquitetônicos, ficava reduzido a algo meramente circunstancial. A instabilidade do tempo reduziu o número de passageiros. Compreendemos desde o primeiro momento que o fato de o número dos componentes do grupo ficar reduzido a cinco não era por acaso. O cinco, número sagrado por excelência por estar em misteriosa relação com a Vida Mística de Cristo, "Senhor dos Anjos e dos Homens", pareceu-me ter um efeito surpreendente sobre a experiência conjunta que o desejo de uma participação ativa nos Mistérios que, ao que parece, acontecem ciclicamente no centro sagrado das montanhas de Montserrat, havia despertado nas nossas mentes e corações.

O dia realmente estava desagradável. Quando chegamos, soprava um vento frio, quase invernal, e caía uma chuva fina. Algo parecia desafiar-nos a ficar embaixo, nas dependências comerciais contíguas à Basílica, em busca de conforto e de conversa agradável. Mas nossa intenção não era essa e, por isso, arriscando-nos a todas as contrariedades possíveis, decidimos fazer nossa excursão aos picos. Assim, tomamos um ônibus até a estação do funicular que devia conduzir-nos a San Gerônimo (estação de chegada) e dali nos dirigimos a pé para o Santuário de San Juan. Nossa aventura espiritual começou nesse trajeto. Para ir da estação do funicular de San Gerônimo até o Santuário de San Juan, é preciso descer por um caminho que leva a uma pequena capela fechada, onde há uma bifurcação. O caminho da esquerda leva a San Juan e o outro, quase uma prolongação do caminho anterior de descida, conduz a um hotel no cume da montanha.

Ao chegar quase em frente da capela, percebi um Deva resplandecente de luz cuja aura, de uma vibrante cor azul-violeta, dava a entender que se tratava de um Deva de elevada evolução espiritual. Desnecessário dizer que a impressão que essa Presença me causou foi realmente extraordinária e que desde aquele momento me senti invadido por uma profunda sensação de paz. Mas nada disse aos meus amigos, ainda que mais tarde, no momento de celebrar o ritual mágico meditativo, tenha me sentido fortemente impelido a lhes transmitir a Mensagem daquele Deva.

Nós cinco havíamos sentado em uma pequena ribanceira no caminho que leva ao hotel. Com a instabilidade do tempo, havia cessado a afluência a esses lugares, habitualmente muito frequentados. O silêncio era quase que absoluto. Nosso espírito sereno e nossa mente calma de fato propiciavam um trabalho espiritual realmente positivo. Por uma - digamos estranha - casualidade, o Sol, naqueles momentos, tinha despontado entre as nuvens espessas; parecia chover aqui e acolá. Mais abaixo, entre os pinheiros densos, alegres passarinhos começaram a acariciar nossos ouvidos com seus trinados.

A Mensagem

Naquele momento, com voz pausada e serena, transmiti a seguinte mensagem dévica: "Nossos amigos, salve!

"É realmente inspirador e comovente o contato que pode ser estabelecido entre os homens e os Anjos, entre os filhos da Natureza e as Forças vivas que a criam.

"Nossa alegria é imensa, indescritível para a vossa razão, quiséramos que a compartilhásseis.

"Sabemos por que viestes aqui. Conhecemos vossas intenções e sabemos o que estais buscando. Sim, realmente existe aqui o que chamais "um lugar secreto", ainda que seja secreto somente para os cegos à Luz Espiritual. Continuai vindo aqui com a mente ágil e o coração liberto e o descobrireis.

"E muito raro ver por estes lugares seres humanos cheios de ideais elevados e de intenções puras, passíveis da inspiração que nosso mundo propicia.

"Os que aqui vêm, não em busca de distrações vãs, mas plenos do anseio por descobrir o suave alento das coisas, acabam por descobrir o segredo da vida oculta da Natureza.

"E estes trabalham pelo dia em que os filhos dos homens e os Anjos da Natureza, conscientemente unidos e complementados, cantarão juntos a Glória do Senhor. Esse dia marcará o Caminho de uma Nova Era, em que toda a Criação renderá homenagem ao seu Criador e as sociedades humanas serão regidas por um equilíbrio consciente e uma determinação divina. O mundo em que todos vivemos será então um planeta sagrado e sua radiação será matizada por uma nova luz dos éteres imortais.

"Esses contatos, produzidos tão raramente devido à cegueira dos homens que, já há tanto tempo, perderam o estado de graça ou de inocência, são, contudo, a promessa divina dos tempos previstos que todos desejamos.

"Pois, do mesmo modo que um relâmpago, ainda que rápido e fugaz, dá uma magnífica ideia da luz de onde emana, esses contatos com os homens e os Anjos geram a esperança de um mundo ideal em que o pensamento humano e o sentimento dos Devas, harmoniosamente interligados, dêem origem a uma melhor forma de civilização e uma nova vitalidade na expressão da vida da Natureza.

"Gostaria de ajudar-vos em vossas pesquisas interiores, pois vos guia a boa intenção e percebo em vós uma aura perfeita de amizade. Mantenhai firmemente essa amizade, glória do destino humano, que os tornará suscetíveis ao amor imortal dos Devas.

"Voltai futuramente. Aqui existem lugares sagrados, cheios de força magnética, que podem ajudar-vos muito na consumação de vosso destino particular. Mas não venhais em grupos numerosos e sim escolhendo cuidadosamente os que verdadeiramente se sintam inspirados pela força da devoção espiritual e do perfeito culto à vida da Natureza. Com essas santas disposições, sempre encontrareis aqui, ou em outros lugares sagrados, um Deva ou um grupo de Devas dispostos a vos ajudar.

"Regozijai-vos conosco agora e participai em silêncio da Paz natural destes lugares. Que essa Paz seja o prêmio de vossa intenção correta e que vos sirva de forte estímulo para continuar a obra que cada qual há de realizar no mundo para maior Glória do Senhor.

Abençoo-vos com Amor e vos ofereço minha amizade com o brilho natural da nossa vida de equilíbrio e, enquanto permanecerdes aqui, estareis sob minha proteção. Segui adiante com a vista eternamente voltada para os cumes dourados onde os Deuses Criadores e Seus Anjos Servidores tecem um futuro de perfeição para o Reino Humano."

Minhas palavras, cada vez mais lentas e suaves, haviam se infiltrado sutilmente em nossos corações. enchendo-os de um sentimento indescritível de paz. Cada um havia notado claramente, a seu modo, a presença daquele Deva, misterioso habitante dos mundos invisíveis, mas todos concordamos que o fato de nos encontrarmos lá reunidos não era fortuito e que uma misteriosa sucessão de acontecimentos causais nos havia colocado em contato com a mais poderosa das Forças da Natureza, o Reino dos Devas, dos Anjos do Senhor, verdadeiros agentes fraternais do Poder de Deus manifestado.

Sim, voltaremos a Montserrat. Deixar-nos-emos levar pelo "suave alento" das coisas e, como nos aconselhou nosso Grande Amigo, o Anjo das Montanhas Sagradas de Montserrat, trataremos de manter firmemente os laços de amizade, que é a força criadora mais positiva na humanidade e na vida oculta da Natureza.

O verdadeiro investigador nunca afirma ou nega categoricamente. Limita-se simplesmente a investigar e, quando suas investigações dão resultado em consequência de suas pesquisas, adquire aquela especial virtude de credibilidade que pode provir apenas da experiência. Falar de um fato sem tê-lo comprovado indica falta de maturidade. Não se pode decifrar certos enigmas ou mistérios da Natureza recorrendo apenas à imaginação. Pode-se facilmente imaginar um Deva. Desde a nossa infância, nós os temos visto representados em quadros e esculturas. Mas são eles como os artistas os têm representado em suas telas e esculturas ou como certos investigadores os têm descrito?

A corrente de vida que culmina no mundo dévico contém uma gradação infinita. Isso explica, naturalmente, que suas "formas expressivas", assim como suas funções específicas. sejam muitas e muito variadas. A cor com que se mostram ao investigador também contém uma infinidade de matizes. alguns de natureza e brilho tão excepcionais que nossas cores conhecidas. as clássicas sete cores do espectro solar e as inúmeras que surgem de suas múltiplas combinações, nem mesmo remotamente podem dar a menor ideia desses matizes. Nessas condições, o fato de "ver" um Deva e sua possível descrição por parte de um observador clarividente está condicionado a muitos pormenores e a muitas dificuldades, devido aos diversos elementos em que os Devas se movem, às qualidades dos mesmos, à sua qualidade vibratória e, particularmente, à formação espiritual do observador e seu grau de maturidade interior. Conhecemos algumas pessoas que afirmam ver os Anjos, os Devas, e inclusive afirmam falar com eles. Não duvido de suas palavras, posto que cada qual verá e ouvirá aquilo que está ao seu alcance imediato ou em seu mesmo nível vibratório. Em certa ocasião, depois de um profundo processo meditativo em grupo, uma senhora clarividente disse que, quando uma certa pessoa havia pronunciado o OM sagrado, abriram-se os éteres do espaço sobre ela e que aparecera um Anjo resplandecente de luz com "as mãos" em atitude de bênção. Chocou-nos essa descrição "de mãos" referindo-se a um Anjo. Na realidade, um Anjo é um lampejo de luz, de cor, de som. Não tem configuração humana salvo em determinadas circunstâncias, aquelas em que Ele (e refiro-me a um Deva Superior) quer apresentar-se sob essa forma. Existe também o jogo da imaginação humana, acostumada a certo tipo de formas. Não é estranho que um Anjo preste-se a esse jogo da imaginação, particularmente se essa imaginação é estimulada por motivos puros e por impulsos realmente espirituais. A forma de um Anjo, porém, é muito diferente da que temos em nossa mente. Sua extrema plasticidade, o poder que os Devas Superiores têm sobre os elementos naturais, fazem com que suas formas sempre se adaptem às condições do ambiente. Os Devas Solares, por exemplo, que vivem no Sol e são a sua luz, aparecem como lampejos luminosos da luz desse astro, mas de um fulgor tão intenso que é impossível olhar para eles. Somente quando se sentem observados e compreendem os motivos puros do observador, diminuem a intensidade de seu brilho e aparecem como que surgindo do seio profundo da luz onde vivem. Nesse caso, pode-se vê-los com cabeleiras flamejantes da cor ígnea do Sol que praticamente cobrem "seus corpos". Estamos falando de modo muito figurado e tratando apenas de dar uma idéia simples daquilo a que a imaginação é quase incapaz de dar forma. Quando, referindo-nos aos Devas, falamos de lampejos, estamos nos atendo ao acessível à nossa mente. A cor define esses lampejos e o observador pode perceber o tipo de Deva que está observando. Essa definição é muito interessante. Ao falar de "corpos", não estamos nos referindo a corpos semelhantes aos nossos, mas sim ao aspecto assumido pelas chamas de vida angélica em um determinado momento e de acordo com as qualidades espirituais do observador.

No que diz respeito aos Devas, Reino desconhecido ou não conhecido perfeitamente pela maioria das pessoas e mesmo por muitos estudantes do esoterismo, o aspecto científico do ensinamento esotérico é um requisito básico no que se refere ao treinamento espiritual dos membros de um Ashram. Entendemos por aspecto científico:

a) o mundo dévico em relação às energias e forças que atuam na Natureza e em todos os Reinos que nela evoluem;

b) experiência direta do discípulo em treinamento esotérico com Entidades mais ou menos elevadas do mundo dévico;

c) as diversas gradações de Devas, uns solares e outros lunares, que, em sua mútua interdependência ou conjunção magnética, produzem o grande mistério da eletricidade em nosso planeta.

Esta última afirmação pode parecer muito vaga ou imprecisa dado o caráter científico que busca imprimir, mas nos permitimos apontar para o fato de que a Ciência humana, apesar de seus enormes progressos técnicos, está empregando uma energia cuja natureza essencial praticamente ainda desconhece: a eletricidade. Sem pretender desmerecer o gigantesco desenvolvimento científico da Humanidade nos últimos tempos, é preciso que se admita um fato fundamental: frente ao grande mistério da eletricidade, a Ciência está na mesma posição de qualquer pessoa que, sem qualquer técnica sobre eletricidade, é capaz de produzir a luz apenas com um simples toque num interruptor. Assim, essa difusão científica segue um processo rigorosamente técnico, alcançando resultados realmente singulares e grandiosos, como no caso dos computadores, mas a causa essencial que vivifica o processo ainda permanece oculta nas profundas raízes cósmicas do grande segredo da vida da Natureza.

Ao penetrar um pouco mais profundamente no mundo maravilhoso dos Devas, o investigador teria que desenvolver certas qualidades mentais e morais de tipo superior para poder estabelecer contato consciente com Devas de elevada evolução espiritual e também para evitar o perigo de cair sob a influência frequentemente obsessiva e maléfica de certos Devas inferiores ou elementais da Natureza, habitantes das esferas ou substratos inferiores dos éteres do nosso mundo.

Um tipo especial de Devas, governado por poderosos Devas Solares, vive na luz e dela participa consubstancialmente. Quando há a preparação mental-espiritual adequada, pode-se percebê-lo movendo-se alegremente em toda manifestação de luz e de cor. Não apenas as cores primárias, mas todas do espectro solar, inclusive a variedade infinita resultante de suas combinações, são regidas pela vida essencial desses Devas. A atividade de uma espécie particular desses Devas constitui o aspecto "calor" da luz, considerando-se que toda expressão de luz e calor em nosso Universo é uma manifestação do Sol incidindo seus raios nos éteres, ou aura particular, de todos e cada um dos planetas do Sistema Solar. As qualidades especiais de cada planeta expressando seu grau de evolução tornam-se, assim, exaltadas ou elevadas em sua sintonia pela ação do Sol, centro e vida do Sistema. Toda manifestação de luz e de calor obedece ao princípio universal de "fricção", que condiciona a evolução total do Universo onde vivemos, movemo-nos e temos o ser. Deve-se entender por "fricção" o contato do Espírito com a Matéria, do aspecto masculino com o feminino, da Vida com a Substância. Essa fricção ou contato produz as infinitas modificações da substância material pela imposição do Espírito Divino e a criação e desenvolvimento da consciência em todos os seres e em todas as coisas. Nesse processo básico, há uma série de fatores que normalmente escapam à nossa compreensão e percepção, como, por exemplo, a assistência dos Devas e também as reações do complexo atômico dos três mundos onde vivemos imersos, o físico, o emocional e o mental. Não estamos tratando, no entanto, desse tipo se consciência em evolução que tem, como campo de experiência, o que definimos como "consciência do átomo"; mencionamo-lo apenas por suas implicações ou relações com tudo que tem a ver com a vida dos Devas, cuja função especial quanto ao processo estrutural de todas as formas existentes na Natureza está direta e indissoluvelmente vinculada à infinita e indescritível variedade de vidas e consciências que evoluem no mundo dos elementos químicos e dos átomos. Uma manifestação inferior de Devas Solares pode ser facilmente perceptível ao olho humano quando se contempla o azul do céu num dia muito ensolarado. Trata-se daqueles corpúsculos e pontos luminosos em movimento incessante que se agitam no espaço. Apesar de extremamente pequenos, sua função é muito importante, se considerarmos que sua atividade vitaliza os organismos vivos. Em geral, as diversas gradações de Devas Solares em suas inúmeras interações, combinações, modificações ou estados nos diferentes éteres planetários, produzem por "fricção" aquela substância vital que os esotéricos chamam de prana.

Os Devas Solares e o Prana

Prana é uma manifestação da infinita Vitalidade de Deus levada ao Universo, ou a cada um dos planetas e satélites do Sistema, por intermédio dos Devas Solares através dos raios do Sol pelos quais viajam ou se projetam pelos éteres universais. A forma como o Prana manifesta-se em cada um deles não tem importância aqui, dado que cada planeta possui uma vida especial que se expressa através de determinadas qualidades ou tipos de Raio. O que nos interessa é a consideração do princípio, já que a compreensão dele pode levar-nos, por analogia, ao descobrimento do verdadeiro Ser, Deus, velado precisamente por esses princípios originais que promovem a vida de tudo que existe dentro do conteúdo universal.

Desde o início, devemos saber que o Prana preenche tudo, que, quando respiramos, comemos, atuamos, pensamos, sentimos e nos relacionamos com o ambiente que nos cerca, movimentamos uma indescritível diversidade de elementos prânicos, ou seja, uma gama infinita de Devas que, ao interpenetrarem nossa aura e se associarem a nós, colaboram estreitamente com nossos processos de pensar, de sentir e de desenvolver nossa consciência para aquelas perpétuas alturas onde Deus Onipotente, velado por princípios, mas além de todos eles, preside serenamente o drama solene da evolução do Universo.

Analisemos, porém, o mais imediato. Ao respirar, inalamos constantemente uma enorme quantidade de corpúsculos vitais-luminosos-elétricos (Prana) que, penetrando em nosso organismo, vitalizam nossas funções corporais, especialmente a circulação sanguínea. Quando essas vidas, que nascem da fricção dos raios de Sol (os Devas Solares) incidentes em nossa atmosfera planetária (de qualidade ainda lunar), forem estudadas pela Ciência e for iniciado um estudo formal e sem preconceitos dos "elementos desconhecidos" que vivem nos éteres e são criadores e sustentadores do corpo vital ou prânico dos homens, ter-se-á em mãos o verdadeiro e único poder que pode vencer definitivamente a enfermidade em nosso planeta.

A Era de Aquário conhecerá definitivamente um tipo de Ciência ocupada única e exclusivamente com o estudo, comprovação e utilização inteligente das infinitas modificações de energia do mundo dévico, ampliando de tal modo suas perspectivas que a cura das doenças será absoluta e radical mesmo nos casos extremos como, por exemplo, o do câncer, para o qual a Medicina ainda não encontrou um remédio rápido e eficaz, apesar de suas nobres tentativas e reiteradas pesquisas.

O câncer é uma doença de tipo eminentemente vibratório. Suas causas são muito sutis, não se acham exatamente nas tendências hereditárias que podem ser corrigidas com um tratamento eletromagnético adequado e uma dieta pura e controlada, mas sim na inquietude, no medo, no nervosismo, na irritação, na angústia e, em geral, em todas as tensões emocionais violentas, incidindo naquele ponto do esquema físico onde as reservas de energia são menores ou onde existem predisposições hereditárias ou kármicas.

Nossa experiência no Ashram quanto ao mundo dos Devas deu-me a chave da Ciência do futuro, não só a parte que cuida da cura dos organismos físicos e a que tem como campo de experiência o equilíbrio psicológico das pessoas, como também a que se volta para o controle e aproveitamento da força infinita que chamamos "energia atômica".

Talvez pareça um pouco estranho que enfoquemos o ensino no Ashram a respeito dos Devas nesses aspectos tão conhecidos como cura de enfermidades, equilíbrio psicológico e liberação de energia contida no átomo. Dada a responsabilidade implicada no ensinamento dévico, estranho seria que nos limitássemos apenas a mencionar casos sobre as inumeráveis entidades invisíveis que se agitam nos éteres e constituem, com a expressão de sua vida, todos os elementos que participam da evolução e desenvolvimento deste corpo gigantesco que chamamos Terra. Sempre nos referiremos aos Devas nos termos científicos de forças e energias. E assim que se deve fazê-lo. O motivo é que o verdadeiro esoterismo é a ciência que trata dos fatores ocultos ou desconhecidos que promovem as energias e as forças, aquele aspecto subjetivo causal que condiciona toda expressão objetiva da Natureza. Além disso, conhecemos o coração humano, sempre levado pelo impulso para o maravilhoso e pelo culto ao espetacular, presa fácil do relato interessante e descompromissado e dos casos curiosos, mas pouco amante das realidades interiores que suscitarão um verdadeiro interesse científico, racional ou mental.

Nossos trabalhos contêm uma carga de dinamismo vital que pode gerar por contato, através de um profundo e declarado interesse, a liberação de energia mental em determinadas zonas. O tempo, secundando esse interesse sincero, um dia levará a mente dos homens à descoberta do maravilhoso mundo oculto onde é forjada a existência estrutural do Universo, o mundo dos Devas. É das implicações sutis desse mundo, mas em contato estreito e íntimo com a nossa Humanidade, que vamos nos ocupar.

A vida esotérica é de observação e de comprovação, não de simples especulação. Ela segue uma linha de resistência máxima. É muito mais fácil entreter o ânimo das pessoas com relatos maravilhosos e espetaculares do que despertar nelas um interesse verdadeiro e profundo por descobrir o mundo das causas originais de onde brota o fluxo infinito de vida. O verdadeiro esotérico sempre evita a linha de menor resistência, pois essa leva indefectivelmente ao reino de Maya, da ilusão, dos espelhismos dourados, mas inúteis e prejudiciais. Daí serem tão poucos, sinceramente falando, os esotéricos, os verdadeiros discípulos no mundo.

Também se recebe no Ashram ensinamentos especiais acerca da vida em alguns planetas do nosso Sistema Solar, estreitamente relacionados com a nossa Terra, mas somente como um requisito ashrâmico e quando se estuda a atividade cíclica dos Raios, sempre relacionada com forças e energias e, naturalmente, com a função específica de certos poderosos Devas Planetários e Solares. Por essa razão, sempre há, por parte do discípulo, uma discrição natural e extrema circunspecção quando trata de "relatar" coisas de ordem transcendente, mas cuja efetividade quanto ao conhecimento humano e sua possível verificação são francamente nulas ou excessivamente prematuras.

O mundo dos Devas é realmente maravilhoso. É um milagre em execução permanente, quer se trate da incidência de um raio de luz sobre a pétala de uma flor, do crescimento de uma árvore ou da excelência de uma fruta madura, quer se trate daquele Milagre Celeste que chamamos Iniciação, que converte o ser humano em uma Entidade Divina. A vida dos Devas preside a tudo. Daí a importância de conhecer seu mundo, de estabelecer contato com eles, de invocar sua força, de conseguir os benefícios de sua amizade..., de realizar inteligentemente a ordem cristã "amai-vos uns aos outros", infinitamente mais profunda e extensa do que aquilo que circunscrevemos unicamente na vida de nossa Humanidade terrestre conhecida.

Os Devas e as Formas de Pensamento

Por ora deixaremos o estudo de outros tipos de Devas ou elementais construtores que vivem nos elementos da Natureza, tais como os gnomos ou espíritos da terra, as ondinas da água, os silfos do ar, as salamandras do fogo, como também algumas daquelas belíssimas criaturas (tão bem descritas por Walt Disney em algumas de suas excepcionais e profundas criações) como as fadas das flores, os espíritos das plantas etc. Movidos por um impulso realmente científico e, antes de mais nada, buscando o aspecto prático do ensinamento relativo aos Devas, aludiremos a um fenômeno que ocorre constantemente à nossa volta e do qual somos praticamente inconscientes. Refiro-me ao concurso dos Devas no desenvolvimento e vitalidade do pensamento humano. A faculdade de pensar é divina e seu poder é realmente criador, porém, à força criadora do homem, há sempre que se acrescentar a necessária colaboração dos Devas. Uma forma de pensamento é um estímulo elétrico da mente contendo "intenção e ideação". Ambos os elementos são consubstanciais dentro da faculdade de pensar. O terceiro elemento, "moldagem", corresponde aos Devas. Sem eles faltaria o suporte objetivo e visível que promove toda construção possível, desde a diminuta estrutura de um átomo até a indescritível objetivação que abrange todo o Universo. O processo sempre é o mesmo e nesta ordem: intenção, ideação e moldagem ou construção.

Toda a vida da Natureza é um exemplo constante da ocorrência harmoniosa desses três fatores, tanto quando se trata de encher um Plano ou dimensão da Natureza com determinados tipos de formas de pensamento arquetípicas como quando se trata do crescimento da mais humilde florzinha dos bosques. O Deva, em suas inúmeras, ainda que bem definidas, gradações, é o poder construtivo de tudo que existe.

Existe um princípio esotérico que rege a fraternidade de relações humano-dévicas. Poderíamos defini-lo assim: "O homem pensa e fala e o Deva escuta e executa", ou, ainda mais objetivamente: "A energia se segue ao pensamento." Nesse princípio, claramente compreendido e cientificamente interpretado, subjaz a chave do conhecimento superior. Mas vamos analisar mais detalhadamente o que foi dito para tornar seu significado mais compreensível.

Quando pensamos, estamos transmitindo uma série de ondas elétricas para o espaço mediante uma série de estímulos mais ou menos potentes do nosso cérebro, aqui considerado em sua função de uma central transmissora de mensagens mentais. Essas ondas dirigidas com intenção e contendo ideação ficariam flutuando sem destino no espaço não fosse a participação dos Devas Mentais, altamente especializados, cuja missão natural e única função é "encarregar-se dos pensamentos dos homens", vitalizá-los com sua vida e transportá-los para seu destino ou então armazená-los e mantê-los em "gestação" como energia, à espera das condições cíclicas de expressão requeridas, conforme acontece com os arquétipos raciais, ideológicos e espirituais (criados pela mente humana e respondendo a arquétipos causais), ou com os processos destrutivos e grandes cataclismos que periodicamente assolam a Humanidade como efeito - não digo castigo - de suas formas de pensar inadequadas, violentas e agressivas. Se atentamente examinado, o princípio adotado pela UNESCO em seu conhecido preâmbulo "a guerra forja-se na mente dos homens e é na mente dos homens que é preciso construir os baluartes da paz" pode dar uma idéia realmente clara e objetiva da participação humano-dévica na criação e evolução dos grandes acontecimentos planetários.

Entretanto, devemos advertir que os Devas "não medem as consequências dos pensamentos humanos", mas limitam-se a manipulá-los de acordo com as intenções e ideações que, por sua vez, vêm condicionadas pelos aspectos de "qualidade" e "potência" da mente que as emitiu. Nessas quatro palavras, intenção, ideação, qualidade e potência, sempre presentes na formulação de qualquer pensamento, está resumido todo o processo do pensar humano e o modo ativo de sua realização plástica 'e objetiva por parte de nossos irmãos, os Devas, assim como a compreensão de como é estruturado nosso ambiente individual, familiar, social e espiritual.

A função específica do Deva é a de "recolher o pensamento humano e lhe dar o fluxo conveniente, de acordo com as intenções, ideações, qualidades e potência".

O Deva não pensa sobre os refeitos positivos ou negativos, construtivos ou destrutivos das ideações, já que não tem mente, pelo menos o tipo de mente humana que nós conhecemos e empregamos. Os Devas são "puras chamas de sentimento". Ele evolui pelo caminho do sentimento, sendo esse o impulso vital de sua existência. O Deva adquire a faculdade de pensar somente em etapas muito avançadas de seu desenvolvimento evolutivo. Temos, então, um ser muito mais avançado que o homem, pois possui não só os mais profundos e ricos matizes do sentimento da Natureza dévica, como também a faculdade de "idear", de "imaginar" ou de "criar" que caracteriza somente o ser humano. No aspecto dos Devas Construtores em matéria mental, essas criaturas que vitalizam o pensamento humano, vemos que encarnam em si unicamente aqueles pensamentos que são afins com a natureza ou vibração de seus sentimentos e emoções. Como é sua lei e sua função, eles buscam a sintonia de sua vida em pensamentos humanos e essa sintonia forçosamente deve estar de acordo com sua vibração ou grau de evolução particular. Portanto, seria inadequado dizer que existem Devas bons e maus; melhor seria dizer que existem qualidades ou matizes de sentimentos dévicos concordantes com cada tipo de pensamento humano, o qual pode ser de qualidade vibratória superior ou inferior. Dentro da escala sintônica de sentimentos, há Devas de vibração; encarnam em pensamentos humanos de baixa vibração. Há Devas de elevadíssima vibração que encarnam somente nos pensamentos elevados ou sublimes dos homens. A Musa que os poetas invocam não é senão o Deva que transforma a ideação poética em sentimento criador. E o Gênio inspirador dos sábios e dos músicos é sempre o Deva que, por sintonia de vibração, sempre vem lhes conferir o alento de sua vida espiritual com lampejos puros de profundo sentimento e emoção. Existem infinitas gamas de Devas, tantas quantos são os matizes de sentimento e gradações qualitativas dentro do pensamento humano.

Podemos dizer que, a cada estado de consciência humana ou a cada um dos pensamentos e emoções, corresponde um tipo particular de Deva. O processo de evolução planetária, considerado esotericamente, é de fraternidade humano-dévica. Essa fraternidade, conscientemente reconhecida e inteligentemente realizada, finalmente produzirá o Arquétipo ideal de beleza e harmonia do mundo do futuro.

Infelizmente, porém, nós, seres humanos, ainda estamos muito longe do estado de equilíbrio emocional e mental que permitirá que penetremos no mundo dos Devas e que eles penetrem no nosso, como acontecia nos primeiros estágios da vida evolutiva da humanidade. Somente assim, fraternalmente unidos em uma interdependência reconhecida e admitida, poderemos, os homens e os Devas, contribuir conscientemente para o estabelecimento do Reino de Deus na Terra.

Relato de um Contato Dévico

Tive um vislumbre do concurso fraternal dos Devas e da graça especial de sua intervenção na vida dos homens em um contato que tive com um deles.

Já por alguns meses, trabalhava na cidade de Genebra na Sede da Escola Arcana, uma escola esotérica a que pertencia havia muitos anos. Haviam me encarregado da direção da reunião de meditação de Lua Cheia do mês em curso, janeiro de 1963. Essa reunião iniciava-se habitualmente com uma palestra de nível esotérico para predispor as mentes dos assistentes ao trabalho meditativo. Eu escolhera para essa ocasião um tema altamente sugestivo: "O OM como Mantra Solar". Tinha lido algo sobre isso, não muito, nos livros de DK, mas, confiando muito em minha intuição, acreditei sinceramente que não teria dificuldades para aquela dissertação. No entanto, uns dias antes da festividade de Lua Cheia, vi-me assaltado por profundas dúvidas sobre minha segurança e confiança próprias a respeito da explicação criadora do sentido realmente esotérico do OM Sagrado. Conforme se aproximava o dia de minha dissertação, fui me dando conta de que falar do OM não era tarefa fácil, não só por suas implicações solares e hierárquicas, como também porque eu teria que enfrentar um seleto auditório constituído por estudantes da Escola Arcana, treinados na Arte da Meditação e com ideias mais ou menos profundas acerca do OM. Sempre considerei que a palavra humana envolve uma grande responsabilidade e que falar unicamente sobre o que se lê e estuda, por melhor que seja e por melhor que se explique, carece de estímulo criador, a menos que, apoiados naqueles conhecimentos básicos, possamos extrair de nossa própria capacidade espiritual algo novo e não dito anteriormente. Passei uns dias muito preocupado, tentando encontrar em mim, através da meditação profunda e contínua, aquele "algo" novo com que deveria matizar criadoramente minhas palavras no dia da reunião do plenilúnio. No dia em que deveria fazer minha dissertação como preâmbulo meditativo, estava ainda não só confuso, mas também muito preocupado. Ao meio-dia, fui almoçar no restaurante do Palácio das Nações Unidas, muito próximo da Rue de Varembé, onde se localizava o Centro Internacional e o escritório da Escola Arcana. Depois de tomar café, saí a passear pelos jardins do Palácio das Nações Unidas e, apesar do frio que fazia, sentei-me para meditar sob uma das muitas castanheiras frondosas espalhadas por aquele grande e bem cuidado parque. Naturalmente, o motivo de minha meditação era o OM, seu significado, suas implicações solares, sua expressão correta pelo aspirante espiritual, a liberação de sua energia no esquema planetário. Minha mente, no entanto, encontrava-se perplexa, muda, impenetrável. Preocupava-me profundamente como poderia apresentar o homem e também sua entonação perfeita para poder produzir mudanças apreciáveis dentro de si mesmo e em seu ambiente imediato, ou seja, como veículo sutilíssimo de contato com o Eu Superior e a Tríade Espiritual.

Não sei quanto tempo fiquei ali, debaixo da castanheira com as costas apoiadas em seu tronco, tampouco sei se dormi, cansado pelo meu esforço meditativo. Sei e recordo somente que, de repente, senti ressoar dentro de mim mesmo o OM Sagrado como se, do fundo de meu coração, surgisse aquela Voz muito familiar, mas que, naquele momento, não podia identificar com nada conhecido e cuja vibração determinava em mim um estado de harmonia e integridade que nunca conhecera ou experimentara antes. Ao abrir os olhos, incapaz de resistir àquela tensão criadora e àquele poder que me transformava interiormente, vi diante de mim, sorridente, mas pleno de majestade, um resplandecente Deva. Sua forma era quase a humana, ainda que, suponho, tenha adotado aquela forma para melhor estabelecer contato comigo. De sua aura, surgiam raios de luz que se ampliavam em ondulações coloridas de uma intensa tonalidade azul-violeta, envolvendo com sua luminosidade toda a extensão do lugar onde eu estava. Entretanto, não me sobressaltei minimamente. O poder do OM, pronunciado dentro de. mim por aquele bendito Deva, havia me "transfigurado" de tal modo que me era possível contemplá-lo, ouvir sua expressão mágica e compreender o infinito alcance de sua mensagem. Encontrava-me, portanto, em presença de um Anjo, de um enviado celeste, do fruto divino de minha invocação profunda e sincera, de uma resposta direta às minhas contínuas interpelações. Cheio de fecundidade mental e arrebatado por um poder ígneo, sentia-me tomado de ternura e devoção por aquele gentil expoente do Poder Construtor da Natureza. Ainda que o contato fosse extraordinariamente fugaz, de acordo com o conceito de tempo, a percepção foi excepcionalmente clara e posso lembrá-la até agora com todos os detalhes. Posso dizer que, naqueles momentos, tornei-me consciente, realmente consciente, de alguns dos mistérios implícitos no OM e de sua entonação adequada no que se refere à nota típica de minha vida espiritual. À medida que minha consciência ficava novamente de posse de seu estado habitual ou de contato com o mundo normal, o Deva esfumou-se progressivamente, mas, quando recobrei o pleno uso de minhas faculdades concretas, eu sabia exatamente o que tinha que dizer e como devia pronunciar o OM Sagrado para que minha tarefa da noite, durante a meditação de Lua Cheia, tivesse a efetividade e transcendência necessárias.

E, de fato, assim foi. Pela primeira vez na minha vida, pude falar do Mantra Sagrado, do grande som de ressurreição, como o chamam os esotéricos, com conhecimento de causa e experiência direta dos fatos.

Dissemos antes que o ensinamento sobre os Devas constitui um aspecto principal do treinamento dos discípulos de um Ashram.

Um dos trabalhos que o Mestre sugeriu que fizéssemos, já há bastante tempo, foi o de apresentar para o mundo, do modo mais simples possível, o ensinamento que fôssemos recebendo no Ashram acerca dos Devas. Outros discípulos já o fizeram no passado e, talvez pela primeira vez na História, apresentaram um quadro de relações dévico-humanas explicando tipos, funções e gradações desses seres angélicos que vivem nos elementos da Natureza e que, com seu alento de vida, existentes, inclusive os veículos periódicos do homem: o duplo-etérico ou prânico, o organismo físico, o corpo emocional e o corpo mental. Outros Devas, cujas vidas evoluem nos Planos superiores do Sistema Solar, com o poder que. Deus lhes dotou, criam os Arquétipos Superiores que se ajustam aos desígnios dos Logos Planetários e dos Planos ou Esquemas das diversas Hierarquias que presidem a evolução universal. Também criam e constroem os corpos superiores ou espirituais do homem à medida que este avança pelas vias necessárias da evolução: o búdico, o átmico e o monádico.

Nosso trabalho deve limitar-se forçosamente ao reconhecimento científico do mundo dévico, ou seja, abordar o que é mais direto e imediato, o que pode ser comprovado se o estudioso, o aspirante espiritual e o verdadeiro cientista decidem penetrar, com mente audaz e aguda, no mundo das causas e dos significados elevados, amparados em um verdadeiro espírito de investigação e reconhecimento humilde do muito que ainda lhes falta aprender para poderem falar de forças e de energias com autêntico conhecimento de causa

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