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MAGIA ORGANIZADA PLANETÁRIA


Capítulo VIII

A MAGIA E AS CERIMÔNIAS LITÚRGICAS

Todos os ritos, cerimônias e liturgias de caráter religioso, realizados com espírito de boa vontade, são atividades mágicas fundamentadas no princípio espiritual do bem compartilhado, sendo uma das forças benfeitoras do planeta. Mas para que uma cerimônia, uma liturgia ou um determinado rito cumpra seus fins invocativos previstos, tem que sujeitar-se a determinadas regras mágicas:

a. os oficiantes têm que criar um clima de serena expectativa, mental ou emocional, de acordo com o caso, nas pessoas que fazem parte do corpo místico da liturgia;

b. devem saber invocar conscientemente as forças sacramentais, dévicas ou angélicas, mediante a força mágica do ritual, e poder preparar-se convenientemente para transmitir os dons dessas forças celestiais;

c. devem também saber os métodos pelos quais as forças dévicas invocadas serão devidamente canalizadas e projetadas na alma dos assistentes do culto, e converter cada um deles em transmissores conscientes dessas forças.

A serena expectativa, exigida como regra natural em toda atividade realmente mágica, vem como resultado da atenção profunda e sustentada dos componentes do corpo místico da liturgia ao ato mágico que se está celebrando, e de haver obtido um certo conhecimento intelectual das sagradas leis de contato dévico. Essas são condições raramente preenchidas nas cerimônias religiosas ou litúrgicas, que acontecem geralmente nos níveis meramente devocionais e poucas pessoas se perguntam sobre o trabalho para o qual foram designadas como componentes do corpo místico da liturgia. Frequentemente costumam ser apenas espectadores do ato místico ou religioso que está acontecendo diante de si, e nada trazem que seja realmente de verdadeiro interesse e utilidade para o desenvolvimento da cerimônia litúrgica ou mágica.

Desse ponto de vista, resultará muito interessante e ilustrativo para o investigador esotérico dotado de clarividência mental perceber as potentes erupções de energia dévica invocadas nas cerimônias espirituais realizadas nos Ashrams da Hierarquia planetária, nas quais o sacerdote oficiante é um Adepto da Grande Fraternidade e o corpo místico da liturgia é formado pelos discípulos e iniciados que integram o Ashram.

Por isso foram sempre os Ashrams, ou grupos seletos de discípulos espirituais, os que promoveram a entrada das energias celestes no nosso planeta e impediram, em virtude do nobre exercício e expansão das mesmas, que as forças do Mal se introduzissem profundamente nos éteres que constituem o Espaço onde se move o nosso planeta Terra. Seja qual for o Raio de energia pelo qual se expressa um Ashram da Grande Fraternidade, a obra de invocação mágica mediante o exercício da liturgia costuma ser muito parecida, ainda que predominem sempre, no mesmo, as fórmulas típicas de invocação próprias do Raio. Cada Raio tem suas próprias fórmulas mágicas e cada uma dessas fórmulas é especialmente dirigida a determinado grupo de anjos ou forças celestes. Mas o resultado final das diferentes fórmulas invocativas será sempre o mesmo, ou seja, atrair para a Terra as três energias espirituais que governam os mundos e os Universos: o Poder, o Amor e a Inteligência. Assim, os requisitos gerais que presidem as invocações mágicas são idênticos em todos os Ashrams, mesmo que as fórmulas invocativas que regem cada tipo de Raio difiram. Há, no entanto, uma grande semelhança - falando em termos ritualísticos - entre os Raios primeiro e sétimo, segundo e sexto e terceiro e quinto. As técnicas do quarto Raio operam sobre o conjunto da humanidade e vêm a ser como um harmonioso compêndio, habilmente entretecido, das técnicas invocativas ou mágicas dos demais Raios. Não é em vão que o quarto Raio e o quarto reino vêm fortemente vinculados com uma hierarquia angélica que realiza a sua evolução no quarto plano, o plano búdico do sistema, o qual, por esse motivo, foi denominado ocultamente "o Centro do Universo" nos tratados esotéricos mais profundos.

Não devemos esquecer, quanto a isso, que os Raios são Entidades celestiais e que todos os grupos ou Ashrams especializados da Hierarquia trabalham para o mesmo Senhor, e que seu destino kármico - se podemos utilizar semelhante expressão - é complementar às intenções do Senhor do Mundo, o Mago supremo do nosso planeta. Os meios técnicos podem aparecer como relativamente distintos, mas os fins previstos são absolutamente os mesmos.

Durante o curso das cerimônias ashrâmicas ou hierárquicas, fica fácil para o hábil observador esotérico reconhecer os altos dignitários de Raio pelos símbolos específicos que os qualificam, podendo estabelecer a hierarquia espiritual de cada um pelos emblemas dourados impressos a fogo sobre as túnicas brancas pelo alento elétrico da própria Divindade planetária, já que os grandes atributos da Magia são o símbolo do Raio que representa o Mago e o emblema dourado correspondente à iniciação ou iniciações que tenha recebido.

Nada mais impressionante para o investigador esotérico que tenha recebido certas iniciações, e possui clarividência nos níveis mentais superiores do planeta, que contemplar uma cerimônia mágica realizada pela Grande Fraternidade Branca, seja para invocar energia cósmica sobre a Terra, para mobilizar potentes hostes, de anjos a fim de criar situações planetárias ótimas ou para contribuir com a iniciação de algum discípulo muito avançado da Hierarquia.

A luz, em fulgores e intensidades indescritíveis e impossíveis de serem suportadas pela visão dos profanos, é uma constante natural nessas cerimônias hierárquicas e as brancas túnicas dos Iniciados, coalhadas de misteriosos ornamentos áureos, dão ao recinto onde a cerimônia tem lugar um transcendente caráter místico que se amplia ou intensifica quando aparece o Sacerdote ou Hierofante que irá presidir a invocação ou empunhar o Cetro iniciático.

Os movimentos rítmicos que os assistentes dessas cerimônias realizam, as formas geométricas que constroem durante o curso das mesmas e os mantras de poder que entoam para atrair do Espaço a energia cósmica ou dévica necessária para obter resultados precisos são os aspectos consubstanciais do ato mágico ou criador. Mas, em essência e como figura representativa da liturgia, seja qual for sua importância, aparece sempre sobre o Hierofante a figura mística de um Cálice dourado completamente aberto à influência do Verbo espiritual ou Mistério que se está revelando, sendo a imagem viva do SANTO GRAAL, uma imagem ainda tão pouco conhecida, mesmo para muitos discípulos experimentados.

Do mesmo modo que a geometria do espaço forma a estrutura da imaginação dos homens, os sacramentos espirituais revelados nas cerimônias litúrgicas constituem o suporte molecular da Magia Organizada no mundo. Então, o que há de se entender, realmente, por sacramento? O sacramento não é senão a expressão objetiva de um mistério que o homem e a Natureza estão revelando a cada instante. O mistério é a mais alta representação da vida, e o sacramento é a expressão ou revelação psicológica, do mistério. O mistério está intimamente vinculado com o eterno propósito do Logos de SER dentro de Seu universo, e o sacramento representa as qualidades que surgem do contato da Vida divina com a matéria que lhe proporcionará a substância necessária "para cobrir sua nudez" (Livro dos Iniciados). Plena e harmoniosamente integrados na manifestação objetiva de um sistema solar, de um esquema planetário, de um corpo humano ou de um simples átomo, produzem o estímulo do desenvolvimento coletivo e sua persistência leva indefectivelmente à liberação do Espírito e à redenção da Matéria.

Ainda que essas afirmações contenham uma forte dose de abstração, o conteúdo oculto das mesmas pode ser claramente percebido pela mente intuitiva, que aliará, sem dúvida, a expressão viva do sacramento com toda a classe de simbologias filosóficas ou místicas, considerando-as uma representação viva do mistério das altas verdades subjacentes no propósito espiritual da Divindade. Pois bem..., se o sacramento é a expressão psicológica de um mistério subjetivo profundamente místico, como poderemos apreciá-lo, captá-lo ou compreendê-lo? Responder essa pergunta pressupõe introduzir-nos no tema capital da Magia Organizada Planetária, pois a resposta será, logicamente, "mediante a liturgia, a cerimônia ou o rito".

Liturgia, cerimônia ou rito são palavras sinônimas e, em seu significado essencial, se referem a uma atividade mágica que tem como finalidade básica a representação objetiva de um sacramento, que, por sua vez, é a representação psicológica de um mistério. Vejamos o desenvolvimento mágico da liturgia: "A vida de Deus é um Mistério que se revelará mediante um sacramento causal - ou, se preferir, egoico - através da Magia Organizada, que, se analisada muito criticamente, nos brindará com a compreensão do lugar que é designado aos veículos de expressão logoico, humano ou atômico na produção da Magia celeste que converterá o mistério em uma expressão objetiva ou material". Podemos condensar todo esse processo de desenvolvimento mágico, para uma melhor compreensão no ser humano, apenas estudando a sua natureza tripla, espiritual, causal e material ou física. A liturgia, portanto, assinala as linhas mestras da evolução e é uma atividade mágica repetida incessantemente do princípio até o final de um universo, tendo, como função inalterável, revelar Deus no seio de toda coisa criada.

Vejamos, por exemplo, o mistério contido no nascimento de um ser humano, que é uma verdadeira revelação do eterno sacramento da iniciação à vida, expressado como "alumbramento físico" ou como "iluminação espiritual" em certas etapas transcendentes de evolução. Nasce uma alma na vida material mediante a liturgia sagrada do nascimento, mas, antes que se produza semelhante acontecimento místico ou alumbramento material, realiza-se um mistério muito importante e pouco conhecido mesmo por muitos esoteristas experimentados em certas áreas desconhecidas da Natureza; um mistério que, apesar de seu singular e misterioso aspecto, passa comumente despercebido nas páginas da literatura esotérica. Referimo-nos aqui ao mistério da CONCEPÇÃO, sem o qual seria impossível compreender o drama espiritual do nascimento físico da alma humana.

A CONCEPÇÃO é um mistério sagrado que, assim como todos os mistérios que se produzem na vida da Natureza, se expressa através de uma cerimônia mágica. Para observar seu desenvolvimento nos mundos ocultos, é preciso utilizar os inefáveis dons da clarividência causal, pois no suceder da mesma, intervém uma série de fatores subjetivos que, em não podendo ser devidamente observados, permaneceram quase que totalmente ignorados inclusive nos altos estudos esotéricos sobre o karma do nascimento humano.

Para o iniciado, para o clarividente treinado que percebe as coisas desde o plano causal, o acontecimento místico da concepção adquire um significado muito profundo e, mediante a observação do mesmo, pode penetrar no inefável mistério da concepção do universo e dos planetas que o constituem, pois o drama ou a liturgia representativa desse processo é quase idêntico, em linhas gerais, no homem e em Deus, seu Criador. Há, evidentemente, certos fatos consubstanciais que terão que ser levados em conta para conseguir obter certos dados precisos e uma aquilatação precisa do conjunto misterioso da liturgia mágica que dará lugar a esses fatos transcendentes.

Ocultamente sabemos que todo mistério revelado através de qualquer tipo de liturgia constitui uma verdadeira iniciação para a entidade ou entidades sacramentais envolvidas na mesma, e na linha de seu desenvolvimento se observará sempre a presença das seguintes entidades ou figuras dramáticas:

a. o HIEROFANTE, o Senhor do Mistério Espiritual;

b. os PADRINHOS, os Intermediários, situados entre o Mistério e o Sacramento;

c. o INICIADO, a base mística do Sacramento;

d. os PARTICIPANTES no processo iniciático, seja qual for sua importância, constituem, em todos os casos, "o Corpo místico da Liturgia".

Pelo que pudemos averiguar ocultamente, nas iniciações espirituais dos seres humanos, o Hierofante pode ser o SENHOR DO MUNDO, Sanat Kumara, o BODHISATTVA, o Instrutor espiritual do Mundo, quando se trata das duas primeiras iniciações hierárquicas ou um elevado Adepto quando devam ser ministradas as duas iniciações menores que qualificam o discípulo como um membro da Grande Fraternidade. Os Padrinhos costumam ser sempre dois Adeptos, que têm a missão de participar como intermediários entre o Hierofante, que empunha o Cetro iniciático carregado com a energia de SHAMBALLA, e o Candidato ou discípulo que receberá a iniciação, a fim de reduzir a tensão ígneo-elétrica que vem do Cetro e colocá-la em harmonia com a tensão natural do Candidato. O Grupo representativo do Corpo místico da Liturgia é formado pelos membros da Grande Fraternidade Branca e certos agrupamentos definidos de Anjos ou Devas.

No mistério que estamos considerando, o da concepção física do ser humano, realiza-se também um drama ou um rito mágico muito particular no qual participam personagens muito definidos, representativos do dito mistério. Forma-se, nesse caso, a seguinte analogia:

a. o HIEROFANTE, que, nesse caso específico, é o ANJO SOLAR, o Eu superior da Alma que vai encarnar;

b. os DOIS PADRINHOS, representados pelo pai e pela mãe da alma que vai nascer, os quais, quer o saibam ou não, estão representados misticamente no ato solene da CONCEPÇÃO pela polaridade masculino-feminina que preside qualquer operação mágica ou criadora;

c. o INICIADO, que é sempre a alma ou chispa monádica que decidiu encarnar e se acha presente no centro místico da liturgia ou ato carnal que está acontecendo entre os dois extremos da polaridade;

d. o CORPO MÍSTICO DA LITURGIA, o qual vem devidamente representado por aquela estirpe de Devas que denominamos "Senhores da Concepção" na linguagem oculta.

Vejamos mais detalhadamente, agora, como se realiza esse mistério da Concepção do corpo físico dos seres humanos, em que participam conjuntamente todos os personagens antes descritos: “Como em todo processo iniciático, tem que haver a pronúncia de duas frases potentemente mântricas. O Anjo Solar pronuncia o grande mandato cósmico precursor dos mundos, que procede da intenção divina de SER, o OM da união do Céu com a Terra, sintetizado na palavra chave de todo o processo mágico criador: 'FAÇA-SE!'. A essa Palavra, Voz ou Som, a alma que vai encarnar responde submissamente: 'FAÇA-SE, SENHOR, A TUA VONTADE'. Os que serão os pais físicos da alma, nada sabem do processo de que participarão, a menos que tenham recebido alguma iniciação hierárquica. Sua função é fundir transitoriamente a polaridade que representam em um ponto de síntese ou de equilíbrio que, convenientemente registrado pelos Devas “Senhores da Concepção”, dará lugar ao ato viável ou criador do mistério. Nesse momento cíclico, ocorrerão vários fatos que deverão ser cuidadosamente observados pelos aspirantes espirituais que leiam esses comentários. Vejamos:

“O germe masculino, portador do átomo permanente físico contendo todas as memórias da alma que vai encarnar, se introduz no óvulo feminino através de um maravilhoso sistema de projeção regido por um Deva etérico de grande poder a quem chamamos, em nossos tratados ocultos, ‘Elemental Construtor’, que surge misteriosamente dos éteres do Espaço cada vez que se realiza com êxito o processo místico da Concepção”.

Em seguida, o óvulo feminino se fecha com a preciosa semente de vida depositada em seu interior, e os próprios Senhores da Concepção envolvem o óvulo com uma cobertura de sutilíssimo éter e, nesse momento, o germe de vida física, isolado de todo elemento externo, começa a vibrar de acordo com a sua natureza psicológica própria (as recordações do passado), com a qualidade de vida que irradia ocultamente em virtude de suas experiências precedentes, contidas como germe de consciência no átomo permanente físico.

O processo de gestação que se seguirá não será senão uma continuidade do desenvolvimento físico da vida, um prolongamento temporal desse drama místico que culminará na cerimônia mágica do nascimento, mas o motivo principal desse processo gestatório é dotar de uma forma, corpo ou veículo o Ator central do mistério: a Alma que encarnará no mundo... Uma multiplicidade de diminutas criaturas dévicas, que formam um enorme grupo de participantes no mistério, aguarda na profundidade silenciosa dos éteres do Espaço, a Voz ou Mantra cominatório do Elemental construtor incitando-os à tarefa de construção da forma. Assim, tudo vai se realizando de acordo com o plano previsto pelo Anjo solar, e deverão passar muitos ciclos de tempo antes que seja a própria Alma que vai encarnar a que decide por si mesma, e sem depender exclusivamente do Anjo solar, as condições ambientais e as eras cíclicas de suas sucessivas encarnações.

Ao observar o mistério da Concepção e sua futura expressão na liturgia sagrada do nascimento, vamos nos dando conta de que o processo, do princípio ao fim, é balizado por palavras, vozes ou mantras e que toda essa série de sons tem como missão especial invocar dos insondáveis vãos do Espaço uma série impressionante de hostes e hierarquias dévicas, as quais respondem à voz, a convertem em uma cor e, finalmente, depois de "substanciar" devidamente essa cor, a materializam em uma forma geométrica definida. No mistério da Concepção, teríamos os mantras pronunciados pelo Anjo solar destinados à alma que iria encarnar e ao Deva construtor da forma. Mas, ao analisar a tripla expressão da Voz e seus efeitos resultantes no éter, forma-se, como sempre em nossas investigações esotéricas sobre a Magia Organizada, uma atividade tripla, ainda que interligada. Essa será melhor compreendida se observarmos suas analogias com tudo que estivemos estudando neste livro:

a. INTENÇÃO IDEIA FORMA
b. SOM COR IMAGEM
c. MISTÉRIO SACRAMENTO RITO

O Som ou Mantra é sempre pronunciado pelo criador central, o núcleo da consciência, expressando uma Intenção ou um Propósito subjacente. Está vinculado ao Mistério espiritual.

A Cor é uma resposta dos éteres à qualidade do Som. É a expressão de um Sacramento.

A Forma Geométrica, ou estrutura material, se constitui de acordo com os sutis matizes de Cor, e chamamos Rito ao processo que se estende da cor para a forma geométrica, visto sob o ângulo da Magia.

Haverá, portanto, três tipos muito definidos de Filhos do Espaço, Anjos ou Devas envolvidos magicamente no trabalho de construir formas objetivas a partir dos níveis puramente subjetivos da Intenção, para convergir no misterioso oceano da substância material de onde se constroem todos os tipos de formas através do sacramento de Cor ou Qualidade que irradia da própria Intenção. A esses três tipos de Devas, denominamos ocultamente da seguinte forma:

a. SENHORES DA INTENÇÃO, ou DEVAS AGNISVATTAS. Em linguagem oculta, são também chamados "Anjos do Som" e "Portadores da Palavra";

b. SENHORES DA IDEIA, ou DEVAS AGNISURYAS. São os Artífices da Cor e da Qualidade, e todas as suas hostes e hierarquias são chamadas indistintamente de "Hostes da Voz";

c. SENHORES DA FORMA GEOMÉTRICA, ou grandes DEVAS AGNISCHAITAS, pertencentes ao Corpo místico dos Construtores. Operam sobre o elemento atômico e compostos moleculares de cada plano, esfera ou corpo na vida da Natureza. São chamados ocultamente "Os Substanciadores da Cor".

Analisando esotericamente essa tripla hierarquia de Devas, e observando suas atividades particulares de acordo com o princípio da analogia, não seria de modo algum ilógico designar-lhe uma função muito definida na expressão da Magia Organizada planetária. Por exemplo:

a. aos Anjos AGNISVATTAS, Agentes planetários do Propósito de Deus em nosso planeta, pode-se considerar como Custódios do Mistério;

b. aos Anjos AGNISURYAS, que encarnam as sagradas qualidades da Intenção divina no planeta, pode-se atribuir a função de Salvaguardas dos Sacramentos;

c. aos Anjos AGNISCHAITAS, que são os geniais construtores de todos os tipos de formas, pode-se chamar, com toda a justiça, "Senhores dos Ritos".

Ao nos referirmos a essas potestades dévicas no nosso estudo sobre Magia Organizada planetária, obviamente abstraímos sua natureza cósmica e intencionalmente confinamos a função mágica que lhes é atribuída no nosso sistema solar aos planos inferiores do mesmo, quer dizer, aos três mundos de evolução humana, mental, astral e físico. Se assim não fosse, resultaria totalmente impossível compreender suas atividades normais e naturais nos planos superiores, pois, evidentemente, a ascendência cósmica dessa tripla hierarquia de Anjos deve ser buscada nas exaltadas Constelações que deram vida ao nosso Universo mediante um indescritível processo de Concepção, Gestação e Nascimento. Recorrendo como sempre ao princípio da analogia, mas elevando a níveis cósmicos, veríamos essa tripla Hierarquia Angélica também representada no Mistério da Concepção do nosso sistema solar, tendo em conta:

a. que o HIEROFANTE, o Pronunciador da Palavra, é o Logos Cósmico Senhor dos Sete Sistemas Solares. Aquele sobre QUEM nada se pode dizer devido à Sua transcendente e inimaginável evolução espiritual;

b. que os DOIS PADRINHOS, na realidade os Progenitores do nosso Universo, foram:

-- o Logos da Constelação da Ursa Maior, trazendo o germe criativo masculino daquela tremenda polaridade cósmica. É o PAI;
-- o Logos da Constelação das Plêiades, trazendo o germe receptivo feminino da mesma polaridade. É a MÃE;

c. que o INICIADO, a Alma que devia encarnar naquele Universo, era, segundo o que nos é dito ocultamente, um elevado e excelso Adepto da Grande Fraternidade Branca de SÍRIUS. Era o FILHO que seria concebido como uma experiência mágica da Vida Cósmica. Esse FILHO foi o Senhor do nosso Universo, o Logos solar;

d. o Corpo Místico da Liturgia foi constituído pelos três grupos ou hierarquias de Anjos Cósmicos que descrevemos como AGNISVATTAS, AGNISURYAS e AGNISCHAITAS, que tiveram a Seu cargo a missão de construir a forma estrutural do Universo a partir do momento cíclico da Concepção. Assim, em que pese a Sua extraordinária evolução, podemos chamar-lhes também "Construtores da Forma tripla".

Um exaltado MAHADEVA ou ARCANJO vindo das Hostes cósmicas dos AGNISCHAITAS teve a Seu cargo especial a construção material do Universo, o Corpo físico do Logos solar. Continuando com a analogia, poderíamos afirmar que foi confiada a um poderoso ARCANJO vindo das hostes cósmicas dos Devas AGNISURYAS a missão de construir o Corpo Astral do Logos do Universo, e que a um extraordinário ARCANJO vindo das hostes dos Devas AGNISVATTAS cósmicos foi confiada idêntica missão relativa ao Corpo Mental do que deveria ser o Deus de nosso sistema solar.

Os três Corpos construídos por esses indescritíveis ARCANJOS ou MAHADEVAS cósmicos são, na realidade, os três planos inferiores do sistema solar, mental, astral e físico. E há elementos retirados do próprio princípio da analogia que nos indicariam idêntico procedimento cósmico em relação à construção dos demais planos ou corpos logoicos superiores. Não seria descabida, então, a ideia de que existe em nosso Universo uma categoria de ARCANJOS de evolução tão elevada que nossa mente e nossa mais exaltada e sublime concepção são absolutamente incapazes de compreender. Mas Sua exímia grandeza não os exclui, evidentemente, do sistema de analogia que temos utilizado em todas as nossas investigações esotéricas, uma vez que faz parte da Magia transcendente que aplicamos em nosso estudo...

Depois de estudar o processo mágico contido nas cerimônias, rituais e liturgias religiosas e místicas, e de haver considerado com certa amplitude o mistério da concepção tanto humano quanto cósmico, uma das perguntas que sem dúvida assaltará a mente dos estudantes reflexivos será a da função determinada aos Senhores do karma no desenvolvimento desse mistério, com o qual se iniciam os três períodos de gestação de três meses cada um que darão lugar ao nascimento de uma alma humana no mundo físico.

Tendo em conta que os Senhores do Karma são os Intérpretes da Lei e os Administradores da sua Justiça, aquilo que ocultamente chamamos Karma acha-se implícito em cada um dos atos dos homens, seja qual for a qualidade, boa ou má, de suas experiências no transcorrer do tempo, as quais ficam indelevelmente registradas nos átomos permanentes físico, astral e mental, constituindo um "arquivo de memórias" que os Senhores do Karma utilizarão sob forma de energia para imprimir a forma e as características precisas e adequadas, físicas, emocionais e mentais, sobre os três Elementais Construtores dos corpos que a alma em encarnação deverá ocupar.

Como se poderá deduzir, a alma possui três códigos genéticos ou três grupos de memórias com os quais os Senhores do Karma, através dos três Devas construtores, prepararão o triplo cálice de manifestação da alma nos três mundos. Contudo, no processo de construção, deverão ser consideradas as seguintes condições mágicas, através das quais os Senhores do Karma orientarão as atividades dos Devas construtores:

a. a Lei dos Ciclos, representada pelos signos astrológicos que regerão o destino da alma, ou seja, por aqueles aspectos celestes condicionantes da ação humana que a ciência astrológica define tecnicamente como "signo solar" e "signo ascendente";

b. o ambiente social onde a alma em encarnação deverá desenvolver as suas atividades;

c. a evolução espiritual dos pais que engendrarão o corpo físico;

d. o tipo racial previsto como base de seu desenvolvimento psicológico;

e. o país onde deverá nascer, com seu particular grau de civilização e de cultura;

f. os tipos peculiares de Raio que regerão a vida expressiva do triplo veículo.

Uma série de condições que logicamente atrairão a atenção dos investigadores esotéricos, dada a importância que é atribuída ao ser humano nos altos estudos da Magia Organizada planetária, mas que, pela utilização de uma analogia superior, bem que poderia ser elevada - assim como vimos fazendo - às mais excelsas Entidades cósmicas que arrastam Suas colossais criações pelas insondáveis avenidas do Cosmo absoluto...

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