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O TRABALHO DO CRISTO E SEUS ENSINAMENTOS


Os Ensinamentos do Cristo

O Estabelecimento de Corretas Relações Humanas

A frase “corretas relações humanas” é hoje muito discutida; cada vez se compreende mais que constitui uma imperiosa necessidade humana e a única esperança de paz e segurança. As errôneas relações humanas atingiram uma etapa difícil, que todos os aspectos da vida humana se acham em estado caótico; todos os setores da vida diária estão envolvidos – familiar, comunal, relações comerciais, contatos políticos e religiosos, a atividade governamental e a vida comum dos povos, inclusive as relações internacionais. Em toda parte existe ódio, competição, desarmonia, luta de partidos, murmúrios e escândalos vis, profunda desconfiança entre os homens e as nações, entre o capital e o trabalho, e entre as inumeráveis seitas, igrejas e religiões. Entre seita e igreja a diferença é, no fundo, somente uma questão de grau, de princípio histórico; é uma diferença de interpretação, de lealdade fanática a uma verdade favorita, e sempre – exclusivismo, que é contrária ao ensinamento cristão. Em nenhuma parte existem paz e compreensão; só uma pequena minoria, em comparação com os habitantes da Terra, luta para estabelecer essas condições que conduzirão a pacíficas e felizes relações.

A força desta minoria combatente, que luta pela paz e por corretas relações, reside em que o trabalho que trata de realizar está de acordo com a intenção e com o propósito divinos. O Cristo planeja reaparecer em meio a este caos de interesses em conflito, competitivos e em luta. Pedir-lhes-ia que contemplassem a horrível realidade que Ele deve enfrentar, e a necessidade de que haja certa ordem no mundo, para que possam ser enunciados certos princípios fundamentais e, parcialmente pelo menos, aceitos, antes que Ele possa trabalhar com êxito entre os homens. Se aparecesse agora, Sua voz não poderia ser ouvida, porque a algazarra das discussões humanas é demasiado estridente; se procurasse chamar a atenção da humanidade, ainda que o fizesse por meio do profético som da trombeta (Mateus 24,31), simplesmente se diria que se anuncia a Si mesmo; se predicasse e ensinasse, atrairia, principalmente, aqueles que simpatizam com Sua mensagem, ou ver-se-ia rodeado pelos ingênuos e os crédulos, como ocorre sempre com todo novo Instrutor, seja qual for seu ensinamento. A maioria dos seres humanos está demasiada faminta, esgotada psiquicamente, perplexa e angustiada, bem como insegura de seu futuro, sua liberdade, sua segurança, para estar em condições de escutá-Lo.

Pode-se assegurar que não virá como um herói vitorioso, como têm feito crer as interpretações dos instrutores de teologia, porque dessa maneira não seria identificado, senão simplesmente classificado como um militar a mais, dentre os que já temos bastante; não virá como o Messias dos judeus, para salvar nesta qualidade a chamada Terra Santa e a cidade de Jerusalém, pois Ele pertence a todo o mundo e nem os judeus nem qualquer outro povo têm direitos ou privilégios especiais para reclamá-Lo como próprio; tampouco virá para converter os “pagãos” pois aos olhos de Cristo e de Seus discípulos tal mundo não existe, sendo de notar que os denominados pagãos têm demonstrado, historicamente, menos perversidade e antagonismo que o mundo cristão militante. A história das nações cristãs e da igreja cristã tem sido de uma militância agressiva – o que jamais desejou o Cristo, quando tratou de estabelecer a Igreja na Terra.

Quando de sua vinda anterior, disse (e Suas palavras têm sido lamentavelmente, mal interpretadas): “Não vim para trazer paz senão espada” (Mateus 10,34). Isto será verdade especialmente durante os primeiros dias de Seu advento. A espada que Ele empunha é a espada do Espírito; é a que separa a verdadeira espiritualidade do materialismo. O principal efeito de Sua aparição será demonstrar, seguramente, em toda parte, o que produz um espírito de inclusividade canalizado ou expresso através Dele. Todos os que tratam de estabelecer corretas relações humanas se unirão, automaticamente a Ele, pertençam ou não a alguma das grandes religiões mundiais; todos aqueles que não fazem distinção fundamental, nem real entre uma religião e outra, um homem e outro homem e uma nação e outra nação, reunir-se-ão ao Seu redor; aqueles que personificam um espírito de exclusivismo e separatividade ficarão, análoga e automaticamente, a descoberto e serão conhecidos pelo que são. A divisora espada do Espírito trará sem ferir a revelação e indicará o primeiro passo a dar para a regeneração humana.

Permanecendo como o ponto focal do Triângulo interno formado pelo Buda, pelo Espírito de Paz e pelo Avatar de Síntese, a força que emanará de Cristo será tão poderosa, que a diferença entre amor e ódio, agressão e liberdade, cobiça e generosidade, por-se-á em evidência ante os olhos e a mente de todos os homens, esclarecendo, portanto, a distinção existente entre o bem e o mal. A prece invocativa: “Do ponto de Amor no Coração de Deus, flua amor aos corações dos homens”, cumprir-se-á. Cristo liberará sobre o mundo dos homens, a potência e a energia características do amor intuitivo. Os resultados obtidos da distribuição desta energia serão dois:

1 – Um número incontável de homens e mulheres se agruparão em todos os países para promover a boa vontade e corretas relações humanas. Este número será tão grande que, de uma minoria relativamente pequena e de pouca importância, se converterá na maior e mais influente força do mundo. Por seu intermédio, o Novo Grupo de Servidores do Mundo poderá trabalhar com êxito.

2 – Esta energia ativa de compreensão amorosa iniciará uma enorme reação contra o poder do ódio. Odiar, isolar-se e ser exclusivista, será considerado como o único pecado, porque se reconhecerá que todos os pecados, considerados atualmente como tais, provêm do ódio e do seu produto, a consciência antissocial. O ódio e suas consequências constituem o verdadeiro pecado contra o Espírito Santo, a respeito de que tanto têm debatido os comentaristas, passando por alto (em sua necedade) a simplicidade e propriedade da correta definição do mesmo pecado.

O poder do impacto hierárquico espiritual, através do Cristo e Seus discípulos ativos, será tão grande, que a utilidade, a praticabilidade e a naturalidade das corretas relações humanas chegarão a ser evidentes, que os assuntos mundiais serão prontamente reajustados, inaugurando-se uma nova era de boa vontade e paz sobre a Terra. A nova cultura e a nova civilização serão, então, possíveis.

Isto não é a descrição otimista de um acontecimento místico e impossível. Não se baseia em um anelo ou em uma cega esperança. Os discípulos do Cristo predicam, já, a doutrina das corretas relações humanas. Homens e mulheres de boa vontade estão se esforçando em demonstrar que somente através disto poderá reinar a paz, no campo das relações internacionais. Ao apresentar a verdadeira “vivência” que o Cristo demonstrará ao mundo dos pensadores, logicamente não terão cabimento nem o exclusivismo nem o separatismo, porque a “vida mais abundante” (que Ele trata de canalizar para todos nós) é uma corrente que flui livremente, arrastando os obstáculos e barreiras, fazendo circular de forma ininterrupta a verdade e a vida mesma – sendo o amor a qualidade essencial de ambas.

Todas as religiões mundiais têm proclamado o fato de que Deus é, essencialmente, Amor e Vida, como também Inteligência. Essa vida contém em si mesma a qualidade essencial da Vontade de Deus, como também Seu amor. Ambos são igualmente importantes, porque essa vontade está qualificada pelo amor. Até agora, os homens nada conheciam da natureza real da vivência energizada pelo amor e pela vontade, exceto através de um vago conceito teórico. O reaparecimento do Cristo estabelecerá a realidade desta vivência divina; a obra que Ele efetuará – ajudado por Seus discípulos – manifestará o amor e o propósito divinos que se ocultam por trás de toda experiência fenomênica.

O estabelecimento de corretas relações humanas é um aspecto da vontade divina que a humanidade deve cumprir, e a fase seguinte da expressão divina que se há de manifestar nos assuntos humanos – individuais, comunais e internacionais. Nada impedirá que se manifeste esta expressão divina, exceto o fator tempo, e este é determinado pela humanidade, sendo uma exteriorização do livre-arbítrio divino. A intenção e expressão divinas podem manifestar-se lenta ou rapidamente, segundo o decida o homem; até agora, escolheu a manifestação lenta – muito lenta. É aqui que se porá em relevo o livre-arbítrio da vontade humana. Devido a que a divindade é imanente ou está presente em todas as formas e, portanto, em todos os seres humanos, aquela Vontade divina deve ser cumprida, oportunamente; devido ao intenso materialismo de todas as formas, na atualidade, (falando esotericamente), sua expressão tem sido retardada; a vontade do homem não tem consistido em estabelecer corretas relações humanas. Daí, a disciplina imposta pela guerra, a tortura das formas e o sofrimento do humano viver atual.

Ditos fatores estão produzindo uma transformação ampla e geral; um indício disto pode ser facilmente observado pelas pessoas espiritualmente orientadas. Tais pessoas estão continuamente exclamando (como Cristo no Horto de Getsêmani), “Que se cumpra a Vontade de Deus” (Mateus 26,39). Repetem-no, ignorantemente, e às vezes sem esperanças, evidenciando, porém, um processo geral de reorientação espiritual, submissão e conformidade. O Cristo demonstrou esta submissão quando disse: “Porque desci do céu, não para fazer minha vontade, mas a vontade Daquele que me enviou” (João 6,38). Deu provas de Sua conformidade quando exclamou: “Pai, faça-se Tua vontade e não a minha”. A submissão contém em si os elementos do triunfo, impostos pela força das circunstâncias, e a aceitação quase cega, submetendo-se àquilo que se lhe impõe. A conformidade leva em si, como elemento, uma inteligência compreensiva, e isto significa um grande passo adiante. Ambas admitem a existência de uma divina vontade influente, na vida da humanidade; constituem, também, uma preparação para o reaparecimento da obra que o Cristo há de realizar, a fim de estabelecer corretas relações humanas. Atualmente, a submissão da humanidade à vontade divina é negativa; a verdadeira submissão é uma atitude positiva, de expectativa espiritual, que conduz oportunamente, a uma conformidade positiva.

Pode-se observar já uma expectativa espiritual; compete ao Novo Grupo de Servidores do Mundo intensificá-la. Têm, também, que fomentar a submissão espiritual e a conformidade inteligente das massas que, em geral, se dividem em duas classes, expressando ambas as atitudes; tais fatores de submissão, expectativa e conformidade se acham latentes em todos os homens. Estas três forças divinas permitirão ao homem responder à mensagem de Cristo, sendo, pois, muito mais fácil sacrificar-se, desinteressadamente, comprometer-se inteligentemente e captar os inumeráveis e diversificados pontos de vista (indispensáveis para o estabelecimento de corretas relações humanas).

Seria conveniente refletir sobre quais são os fatores existentes na submissão e na conformidade. Nelas estão compreendidos, o estabelecimento de corretas relações humanas, abdicação, renúncia, submissão aos fatos existentes e obediência à lei divina. Isto é o que Cristo demonstrou anteriormente, e estas são as coisas que Ele ajudará a humanidade a aceitar com entusiasmo e compreensão. Isto trará a felicidade. A felicidade é uma lição, aliás, difícil de aprender; ela é uma experiência totalmente nova para a humanidade e o Cristo deverá ensinar os seres humanos como desfrutá-la corretamente, como superar os antigos hábitos do sofrimento e assim compreender o significado da verdadeira alegria. Entretanto, não virá somente para ensinar aos homens a necessidade de estabelecer corretas relações humanas, senão também para que saibam como estabelecê-las com todo êxito, eles próprios. (O Reaparecimento do Cristo)

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