O Trabalho Criativo do Som
Na carta de junho a nossa visão geral da Conferência fez referência à natureza da ressonância, um fator-chave no trabalho esotérico. Os princípios envolvidos neste tema foram abordados de muitos ângulos nos escritos do Tibetano, embora ele não tenha usado essa palavra propriamente. Hoje já é um termo familiar: 'ressoar com os sentimentos do outro' ou 'a ressoar com um ponto de vista ou ideologia' são expressões bem compreendidas. A metáfora é belamente ilustrada pelas ‘cordas simpáticas’ encontradas em muitos instrumentos musicais hindus. Essas cordas vibram em resposta aos tons tocados nas cordas principais, um princípio conhecido como "ressonância simpática".
O modo como as palavras entram na linguagem, a forma em que são diversificadas e introduzidas no diálogo comum, tudo isso reflete mudanças sutis que estão ocorrendo na consciência. O uso de palavras como "ressonância" e "ressoar" denota um movimento significativo em direção ao pensamento abstrato. Além disso, a compaixão que atualmente floresce na consciência humana baseia-se no princípio da ressonância simpática. Em essência, compaixão é um fenômeno musical; podemos imaginar os belos tons que o ouvido etérico ouvirá à medida que mais e mais pessoas se identifiquem e ressoem juntas.
"Ressonância harmônica" é outro termo que está entrando na imaginação do público e há uma proliferação de ideias sobre o papel que desempenha na cura e na transformação espiritual. Isto inclui a atual tendência para sintonizar a vivência do planeta através das ressonâncias Schumann, uma série de picos no espectro do campo eletromagnético da Terra. A magia branca também pode ser entendida em termos de ressonância harmônica, envolve "... uma descida de força dos níveis superiores do plano mental (onde habita o Homem Real) e uma vibração recíproca, emanando do Homem, o Reflexo. Quando estas duas vibrações estão sintonizadas, e a interação é rítmica, então as duas meditações seguem sincronicamente, e o trabalho de magia e de criação pode seguir sem empecilhos." (1)
Para o discípulo, a ressonância harmônica começa com a escuta interior de uma Palavra de poder ou frase mágica do Anjo Solar, que instantaneamente é entendida em termos do trabalho que o Anjo procura realizar nos três mundos. Devido a que Anjo Solar reside fora dessas esferas, por si só não pode redimir a matéria através do trabalho mágico, ele precisa de um instrumento de contato para fazê-lo, um contato que se encontra imerso no mesmo tipo de substâncias que precisam de redenção. Esse instrumento é, como todos sabemos, a tríplice personalidade, e esse é o trabalho para o qual todos os estudantes da Escola Arcana estão se preparando; daí o enfoque em fazer um bom alinhamento no início de cada meditação. Este é um estágio em que o estudante se sintoniza com o superior, fazendo com que o sutratma ou fio da vida ressoe em harmonia com o Anjo Solar.
Quando isso for alcançado até certo ponto, o trabalho progride à medida que o estudante se prepara para contribuir ativamente para o trabalho mágico com a nota da personalidade. Em seu comentário sobre a Regra Quatro de Magia Branca, com o subtítulo "O trabalho criativo do Som", o Tibetano reconhece a dificuldade de fazer isso, porque o estudante deve emitir a fórmula ou palavra de poder transmitida pela alma, juntamente com a da personalidade. "Este acorde de duas notas é o produtor dos efeitos resultantes, e é mais importante do que o jogo de frases que compõem a palavra de força. O difícil, diz ele, é "emitir essas duas notas sincronicamente e com a mente focalizada. Eis aqui uma pista para o significado do AUM ou OM. Nos estágios iniciais do trabalho de meditação, a palavra é emitida audivelmente, enquanto mais tarde soará inaudivelmente. Este treinamento na emissão do AUM constitui uma preparação inconsciente para o trabalho dual da criação espiritual; e a facilidade vem na medida em que o aspirante atento se acostumar a ouvir de seu cérebro o som inaudível do OM.”
O Tibetano continua a sugerir aos estudantes "a se acostumarem ao trabalho desta maneira, emitindo a palavra audivelmente e com muita frequência ao terminar a meditação da manhã, mas pondo ênfase naquela primeira parte de prestar atenção ao ouvir inaudível que se desenvolverá a sensibilidade do ouvido interno, o ouvido etérico. Mais tarde, quando o som ou a nota pessoal estiver estabelecido e o som interno percebido, poderá haver uma prática adequada para a fusão das duas. Isto impõe a máxima atenção e a capacidade de executar duas atividades simultaneamente, com a atitude mental da atenção em ambas.” (2)
Estes elementos de som são uma extensão natural do nosso trabalho com a palestra da Conferência. Exploramos o som das vidas dévicas menores, os agentes construtores do planeta. Também refletimos sobre o som maior "ao qual a Tríade Espiritual responde e do qual o iniciado é uma parte, porque o Som que ele produz enquanto avança no seu caminho criativo é uma parte do Som universal”. (3) A Escola Arcana possibilita os primeiros passos hesitantes nesta viagem musical. É uma viagem que culmina na criação de músicos mestres, aqueles que podem entrar em ressonância com a melodia do Plano Divino e unir-se à sinfonia que ressoará um dia através dos mundos inferiores.
Em iluminado companheirismo grupal,
Grupo da Sede.
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1. Um Tratado Sobre o Fogo Cósmico, pág. 998-9
2. Um Tratado Sobre Magia Branca, pág. 127
3. Os Raios e as Iniciações, pág. 201.