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Livros de Alice Bailey

OS TRABALHOS DE HÉRCULES


9º Trabalho

A Morte dos Pássaros do Estinfalo
(Sagitário, 22/novembro - 21/dezembro)

O Mito

Do lugar da paz o Instrutor dirigiu-se a Hércules “oh filho de Deus que és também um filho do homem”, disse o Instrutor, “é chegado o tempo de trilhar um outro caminho. Tu estás diante do Portão nono. Cruza-o e busca o pântano de Estinfalo onde habitam os pássaros destruidores. Descobre, então, o caminho para espantá-los de sua morada tão segura”.

Ele fez uma breve pausa. “A chama que brilha além da mente revela a direção certa”, ele acrescentou. “A tarefa te espera. Através do Portão nono deves agora ir”.

Adiante, então, seguiu Hércules, o filho do homem que também era o Filho de Deus.

Longamente ele procurou, até chegar a Estinfalo. Diante dele estendia-se fétido pantanal. Uma multidão de pássaros gralhava roucamente, num coro ameaçador e dissonante, quando ele se aproximou.

Aproximando-se, ele viu os pássaros - grandes ferozes e horrendos. Cada um tinha um bico de ferro, afiado como uma espada. As penas, também, se assemelhavam a dardos de aço e, caindo, podiam cortar em dois as cabeças de cansados viajantes. Suas garras competiam com seus bicos em capacidade de corte e força.

Três pássaros, percebendo Hércules, arremeteram sobre ele. Ele permaneceu onde estava, e revidou aos ataques com a pesada clava que portava. Um dos pássaros foi atingido ruidosamente no dorso; duas penas foram arrojadas ao chão. Por fim, os pássaros se retiraram.

Diante do pântano Hércules permanecia, e pensava em como poderia cumprir com sua tarefa, como livrar o local daqueles pássaros predatórios.

Ele procurou encontrar o caminho de várias maneiras. Primeiro, tentou matá-los com uma chuva de setas. Os poucos que ele matou eram apenas uma fração dos muitos que permaneciam. Eles levantavam voo em nuvens tão espessas que ocultavam o sol.

Ele pensou em pôr armadilhas no pântano. Nenhum pássaro ou pé humano podia atravessar o lodaçal.

Hércules fez uma pausa. Lembrou-se das palavras do conselho que recebera. “A chama que brilha além da mente revela a direção”. Refletindo longamente, um método lhe veio à mente.

Dois grandes pratos de bronze ele possuía, que emitiam um som estridente, não terreno; um som tão áspero e tão penetrante que seria capaz de amedrontar os mortos. Para o próprio Hércules o som era tão intolerável que ele cobria ambos os seus ouvidos para protegê-los.

Ao anoitecer, quando o pantanal estava recoberto com incontáveis pássaros, Hércules voltou. Ele então tocou os pratos aguda e repetidamente. Um tinido tão estridente então soou que ele mal pode suportar o som. Tal dissonância, tão agressiva ao ouvido, jamais fora ouvida naquelas paragens.

Assustados e perturbados por um ruído tão monstruoso, os pássaros predatórios levantaram voo batendo as asas selvagemente, guinchando em rouco espanto. Grandemente confusa, a vasta nuvem de pássaros fugiu em grande debandada, para nunca mais voltar. Seguiu- se um grande silêncio em todo o pântano. Os horrendos pássaros haviam desaparecido. Os suaves raios de sol poente eram vistos enquanto ele se punha na paisagem que escurecia.

Quando Hércules retomou, o Instrutor o saudou: “os pássaros assassinos foram expulsos. O trabalho está feito”. Francis Merchant

Interpretação do Trabalho
(Conferência editada por A.A.B., 1937)

Sagitário me parece muito interessante, porque ele tem uma aplicação tão especial para cada um de nós, que respondemos pelo nome de “aspirante”.

Há duas palavras que gostaria de ver excluídas do vocabulário do ocultista, “iniciado” e “mestre”. “Iniciado” é deliciosamente separatista, é uma palavra de pedestal. “Mestre” fez crescer na consciência das pessoas o sentimento de que existem homens que são super-homens e que assumem a atitude de diretores ou mestres sobre seus discípulos; que lhes diz quê e como fazer. Nenhum adepto jamais soube fazer isso.

Gosto das palavras “aspirante” e “discípulo”. Aspirante é uma palavra geral que nos cobre em cada estágio de nosso desenvolvimento. Se quiserem uma palavra mais técnica, usem discípulo; é uma palavra que esconde, porque um aspirante do mais baixo nível é um discípulo. O próprio Cristo também é um discípulo. Ela acaba com graus e classes e com os variados estágios de evolução.

Onde estamos, em nosso estágio de evolução, é assunto pessoal. O mundo saberá o que somos, quando tivermos feito o trabalho que nos tiver sido destinado nesta tarefa de Sagitário.

Já lidamos com o estupendo signo de Escorpião, no qual Hércules demonstrou a si mesmo o fato de que ele não poderia ser dominado por mais tempo pela serpente da ilusão. Ele livrou-se do medo e da miragem, de tudo que poderia enganá-lo. A visão podia ser vista.

Por ser Sagitário um signo de tão grande importância, quero dar-lhes um breve resumo do que aconteceu até a atualidade. Estou assumindo que cada um de nós seja o aspirante unidirecionado, o arqueiro em seu cavalo, caminhando reto como uma seta em direção à sua meta.

É interessante que o símbolo dos Estados Unidos mostre as setas de Sagitário nas garras de uma águia porque Aquila é astrologicamente intercambiável com Sagitário e é o símbolo do espírito se manifestando através da alma, que o aspirante no plano físico está buscando sem desvios. Há uma profecia no símbolo dos Estados Unidos, do objetivo desta raça, quando ela se tornar adulta, pois é desta raça que emergirá aquele grupo de aspirantes, fundindo-se por sua vez em um grupo de discípulos, que demonstrarão ao planeta o fato do mundo subjetivo. Esse é o destino da raça. Será a conquista espiritual de todas as raças que se acham reunidas nos Estados Unidos.

Vamos levar a história até Hércules, o aspirante, o que ele fez em cada signo.

Em Áries, Hércules começa no plano da mente, em sua tentativa para capturar as éguas antropófagas e fracassou ao lidar com elas ao nível de sua personalidade. Ele tratou o pensamento a partir do ângulo de personalidade; ele não trabalhou com seu problema a partir da alma. Em Sagitário ele matou os pássaros antropófagos. Ele teve de voltar ao mesmo problema no plano da mente, onde ele demonstrou completo controle daquilo que é a primeira coisa que o aspirante à iniciação tem que fazer. Nós controlamos nossos pensamentos e consequentemente controlamos nossas palavras. Não haverá iniciação para nós enquanto isso não acontecer. Em Áries ele começa a controlar o pensamento.

Em Touro ele desceu para trabalhar o plano astral e se deparou com o problema do sexo, a demonstração da grande lei da atração no universo em seu aspecto mais baixo. Ele teve um êxito razoável. Ele efetivamente controlou o touro e o conduziu para a cidade dos Ciclopes.

Em Gêmeos começou a despertar em si que ele era dual; ele ocupou-se com o problema da alma e do corpo e como coordená-los. Eis porque Gêmeos flutua naqueles primeiros estágios.

Em Câncer ele chega à consciência da massa até certo ponto; ele ganhou forma. Aquele é um estágio da encarnação humana. Para muitos, o fato de que são seres humanos que se relacionam com outros seres humanos, não consegue de modo algum entrar em sua consciência. Hércules começou a alcançar aquele ponto de vista. No momento em que se chega lá, captura-se a tímida corça da intuição, e se começa a ser intuitivo, não psíquico.

Depois Hércules passou ao difícil signo de Leão, onde tantos de nós estamos agora, e se tornou um indivíduo muito vigoroso. Ele estava certo de que podia fazer de tudo, ele permaneceu sozinho; um estágio de poder. Nesse estágio você vai dirigir os homens, e começa governando-os erradamente. Você se afirma de maneira muito forçada - e pensa que é mais importante que na verdade é. Você tem de se livrar do senso de “Eu sou”. Essa é a história toda da vida do aspirante. Você tem de se tornar tão identificado com a verdadeira entidade espiritual que está por trás de todas as formas, que você não se ocupa com sua própria forma, nem com suas reações mentais ou emocionais, nem com sua própria utilidade.

Em Virgem, Hércules se tornou consciente, não da alma e do corpo colocados em justaposição recíproca, mas do fato de que, latente dentro de si, estava o Cristo infinito; que a personalidade, o lado forma, estava nutrindo algo belo e oculto, de olhos abertos.

Em Balança ele atravessou um estágio difícil para a conquista do equilíbrio, um signo muito complicado por vários motivos, porque o homem não é nem a alma nem o corpo. Balança é o equilíbrio dos pares de opostos no plano físico. Ele os equilibrou tanto que ele não sente que está avançando para algum lugar.

Em Escorpião, no plano astral, ele retoma o trabalho começado em Touro, completa-o e afasta a grande miragem, a grande ilusão e fica livre com o objetivo claro à sua frente.

Gêmeos é o oposto de Sagitário; Gemini é a dualidade; a unidade de Sagitário, a unidirecionalidade indo adiante, a personalidade unificada, consciente da alma, determinada a entrar no signo de Capricórnio onde a grande transição é feita à custa de passagem do quarto para o quinto reino espiritual.

Sagitário é o arqueiro montado no cavalo branco, algumas vezes representado como o centauro com arco e flechas. Nesses dois modos de representação - o centauro metade humano e metade animal, o arqueiro no cavalo branco, metade humano e metade divino - vocês têm a história inteira. Um cavalo branco é sempre o símbolo da divindade. Cristo veio montado em um cavalo branco. Lá têm vocês Sagitário no Livro da Revelação. É um signo duplo, e sempre que vocês têm um signo duplo vocês têm um problema.

Em Sagitário, tal como em Escorpião, Hércules assumiu e completou o trabalho iniciado em Áries. Em Áries ele lidava com o pensamento em sua fonte. Neste signo ele demonstra completo controle do pensamento e da palavra.

Sagitário algumas vezes foi chamado o “O signo do efeito de Escorpião”. No momento em que nos libertamos da ilusão, nesse momento entramos em Sagitário e vemos o objetivo. Nós nunca o víramos antes, porque entre nós e o objetivo sempre se encontra aquela nuvem de pensamentos-forma que nos impede de vê-la.

Falamos sobre amor espiritual, devoção ao Cristo, devoção aos irmãos mais velhos da raça, à alma; e como estamos ocupados com três pensamentos, nós construímos nuvens de pensamentos-forma porque estamos pensando, e ao pensarmos, nós construímos. Portanto, construímos à nossa volta uma tal nuvem de pensamentos-forma sobre nossas aspirações, que não vemos nossas metas. Não estou removendo o chão debaixo de nossos pés, mas parem de pensar tanto sobre que fazer e aprendam mais simplesmente a ‘‘ser’’.

Silêncio

Sagitário é o signo preparatório para Capricórnio e em alguns livros antigos é chamado “o signo do silêncio”. Nos antigos mistérios o irmão recém-admitido tinha de se sentar em silêncio, não era autorizado a caminhar nem a falar; ele tinha de ser, trabalhar e observar, porque não se pode entrar no quinto reino da natureza, o reino espiritual, nem escalar a montanha de Capricórnio enquanto houver restrição da fala e do controle do pensamento.Esta é a lição de Sagitário: restrição da fala através do controle do pensamento. Isso nos manterá ocupados, porque depois de abandonar o uso das formas comuns da fala, tais como o falar da vida alheia, então será preciso aprender a silenciar sobre as coisas espirituais. Você terá de aprender sobre quê não dizer sobre a vida da alma, muita conversa sobre coisas para as quais pessoas podem não estar preparadas.

O reto uso do pensamento, o calar-se, e a consequente inofensividade no plano físico, resultam na libertação; pois nós somos conservados na unidade humana, estamos aprisionados ao planeta, não por alguma força externa que nos mantenha ali, mas pelo que nós mesmos teremos dito e feito. No momento em que não mantivermos mais relações erradas com as pessoas pelas coisas que dissermos quando deveríamos ter ficado calados, no momento em que paramos de pensar sobre as pessoas, coisas que não deveríamos pensar, pouco a pouco aqueles laços que nos prendem à existência planetária são rompidos, ficamos livres e escalamos a montanha como o bode em Capricórnio.

Perguntou-se: “Será que nunca deveremos criar carma para nós mesmos, ou fazer qualquer coisa que nos prenda a qualquer ser humano, porque na medida em que nos ligamos a qualquer ser humano, teremos de continuar a nos reencamarmos?” Bem, eu vou me ligar à humanidade pelo serviço, pelo amor, pelo pensamento desinteressado. Isso tem alguma significação. Mas não me vou prender pelo pensamento crítico, pelos pensamentos de autopiedade, pelo falatório, pelas palavras que não deveria dizer. Não vou ter como motivo minha própria libertação. Uma precaução: não sejam bons, não sejam inofensivos, não sirvam apenas para se afastar de tudo, que é o que muitos fazem. Fiquem com a humanidade como o Cristo faz, ou como aquela grande Vida Que, segundo nos é dito, ficará em Seu lugar indicado até que o último peregrino encontre seu caminho de casa.

Dois Portões, Três Constelações

Sagitário é o pequeno portão para Capricórnio. Há dois portões cósmicos: Câncer, o portão para a encarnação; Capricórnio, o portão para o reino espiritual. Antes de Capricórnio está Sagitário, do qual se fala como “um portão menor”. Gosto de pensar nele como o pequeno portão ao pé da montanha através do qual passamos antes de escalar a montanha e, em o fazendo, demonstramos nossa habilidade no uso correto das flechas do pensamento. Esse é o grande teste.

Há dois pássaros vistos nos céus próximo a Sagitário. Um, Aquilla, a águia voando diretamente para a face do sol, o pássaro fora do tempo e do espaço, o símbolo da imortalidade, o símbolo daquela coisa secreta oculta que jaz por trás do nível de nossas almas; pois nos é dito que a matéria ou forma é o veículo para a manifestação da alma, e a alma em uma volta superior da espiral é o veículo para a manifestação do espírito, e essas três são uma trindade unificada pela vida que os permeia a todos.

A outra constelação é Cygnus, símbolo da alma. Sagitário, o aspirante, olhando para a esquerda e para a direita; à direita, vendo Aquila e dizendo para si mesmo, “Eu sou o espírito voando diretamente para meu lar”; olhando para o outro lado e vendo Cygnus, o ganso, com suas quatro estrelas em forma de uma cruz e dizendo, “Eu sou a alma crucificada na matéria da qual me libertarei”.

Lembrem-se, está chegando o dia em que falaremos da alma como agora falamos sobre a personalidade, como algo do que finalmente nós teremos libertado. Esse é o problema, se posso usar tal palavra, do homem que alcançou a terceira iniciação, libertar-se de sua alma.

Vamos tomar como seus símbolos essas três constelações: Cygnus, Aquila e Sagitarius Aquila, a águia no símbolo dos Estados Unidos; as flechas de Sagitário. E já terão pensado que para onde vão, logo veem a cruz de Cygnus, a Cruz Vermelha? É isso que os Estados Unidos representam. Vocês o têm bem lá nos céus.

Sagitário é o nono signo. Pensem a respeito desta sequencia de pensamento. Em Virgem, o sexto signo, temos a indicação da vida; em Sagitário, o nono signo, a completação do período pré-natal, antes do nascimento do Cristo em Capricórnio, em dezembro. É interessante como suas correspondências, suas analogias operam. É por isso que nos dizem para estudarmos o ser humano. É através do simbolismo do ser humano que chegamos à compreensão da grande Vida que nos inclui a todos em sua existência.

O Símbolo da Crisálida

Curiosamente, Sagitário foi chamado o estágio da Crisálida; o homem não é uma coisa nem outra. Na crisálida temos a estranha triplicidade da lagarta, da crisálida e da borboleta. A lagarta, segundo se diz, reencarna cinco vezes; ela muda de pele cinco vezes, cinco é o número do homem. Depois vem aquele curioso acontecimento na vida da lagarta em que há uma mudança completa, e de uma coisa que esteja, impelida pelo desejo, comendo o tempo todo, vem o estágio da crisálida. Que coisa ocorre naquele estágio da crisálida, é um acontecimento misterioso. Dizem-nos que dentro da dura concha da crisálida, construída pela lagarta, nada mais há que um fluido. Cada simples coisa foi abandonada e naquele fluído estão o que são chamados os três centros da vida, e devido ao intercâmbio entre aqueles três pontos focais de energia, uma mudança tem lugar numa construção, até emergir do período de silêncio, uma maravilhosa borboleta. É quase como se na crisálida houvesse três aspectos da divindade simbolizada e trabalhando para um padrão, o padrão do Cristo.

Considere o que se passa na vida do aspirante individual em Sagitário. Houve uma completa ruptura com tudo em Escorpião; tudo foi reduzido a fluido, pois Escorpião é um signo astral e a água é o símbolo. Na vida do aspirante de hoje, não preciso alongar-me a respeito, houve uma completa demolição de tudo.

Como me disse alguém, não restou coisa alguma pela qual viver, nada há de suficientemente interessante capaz de manter o interesse pela vida. Por que? Porque você é um aspirante, um discípulo; é a melhor indicação que você pode ter de seu status na escada da evolução. Tudo veio abaixo e você sabe disso. Mas os três aspectos da divindade ainda estão lá no fluido; e eles atuarão e o modelo está lá. O estágio da Crisálida em Sagitário. E interessante acompanhar a sequencia do pensamento ou conquista de Escorpião até o poder e o êxito desenvolvidos em Sagitário, pois ele é um signo de poder.

O verdadeiro Sagitariano é uma pessoa muito potente; potente porque é o signo do silêncio; potente porque é o signo da direção definida e a meta é vista pela primeira vez com a devida clareza; potente porque é o período que precede imediatamente o nascimento do Cristo.

O Espírito da Verdade

Dizem-nos que Sagitário é o espírito de verdade; soma de toda Verdade brotando da revelação individual.

Agora, quando há uma revelação individual, o que geralmente ocorre é o sectarismo; uma ilustração do mal uso de Sagitário. Eu tive uma revelação; Deus revelou isso, aquilo e algo mais para mim. Eu imediatamente me imponho aos meus semelhantes com minha interpretação da verdade. Eu não vejo a verdade, mas a minha verdade. Eu sou uma aspirante, mas todos os aspirantes devem interpretar a verdade a meu modo; vocês deverão crer nos Mestres de Sabedoria porque eu existo; vocês devem crer nisso, naquilo e naquilo crer.

Unidirecionado, sim. Mas um pouquinho de verdade. Apenas tanto de verdade quanto seu pobre pequeno cérebro pode conter, e contudo uma revelação tão tremenda para você que já pensa que ela é toda a verdade. 

Em Sagitário, o primeiro dos grandes signos universais, vemos a verdade como o todo quando usamos as flechas do pensamento corretamente. Eu direi, isto é para mim, minha formulação de verdade, porque ela me ajuda a viver. Outros grupos usam outras terminologias e somente me é possível ver a visão na medida em que posso alcançar a maneira pela qual meu irmão encara a verdade.

Todas as várias verdades formam uma Verdade; é disso que se dá conta em Sagitário e você não poderá cruzar o portão no sopé antes de ver onde a sua pequenina porção da verdade forme parte do mosaico grupal. Isso é tudo.

O Espírito do Direito

Sagitário foi chamado o signo do espírito de direito evoluído dos combates dos signos anteriores. Quando eu estiver realmente atuando em Sagitário, terei aprendido a discriminar entre o certo e o errado. Saberei o que é certo para mim mesma, mas também terei aprendido essa lição; que o certo para mim poderá ser o errado para meu irmão, e vice-versa; que é impossível para mim dizer o que é certo para vocês, porque nós todos somos dotados de faculdades diferentes, de diferente herança, diferentes tradição e antecedentes, diferentes tendências raciais. Somos todos tão diversos, e levando adiante esse pensamento, nós todos caminhamos segundo diferentes raios. Temos diferentes raios egoicos e diferentes raios de personalidade, e quanto mais sabemos sobre tais assuntos, menos sobre eles podemos falar.

Eu sei o que é certo para mim e tentarei viver por meu direito, minha concepção de direito. Eu não sei o que é certo para vocês, mas lhes darei o crédito de que farão da melhor maneira possível. Se pudéssemos assumir tal atitude reciprocamente, o espírito da inofensividade, o controle do pensamento e o silêncio emergiriam no mundo e escaparíamos dos nossos problemas mundiais. O mundo jamais se corrigirá pela luta, e sim, pelo pensamento reto, e isso será um processo de alma. Alguém disse que em Escorpião temos a convicção do pecado; em Sagitário temos a convicção do direito. 

Três Dons

Alguns livros de astrologia dizem que há três signos beneficentes se derramando sobre o Zodíaco. Um é Áries, do qual há sobre nós um derramamento do dom da existência. Uma citação de uma escritura nos conta que há três coisas que nós temos pela graça de Deus: o dom de sermos um ser humano, o anseio da libertação e chegar a viver sob a orientação de um sábio perfeito, no próprio coração.

O dom da existência em Áries é a maravilha de sermos um ser humano. Se você puder pensar de si mesmo como um mineral, de tais limitações você chegará à maravilha de ser, porque ela significa a liberdade, do ponto de vista do mineral. Completa liberdade.

Em Leão o dom da oportunidade, eu sou um indivíduo. Usarei a vida para mim mesma, se eu for um pequenino Leão; ou usarei da oportunidade para abrir os portões para outros.

Em Sagitário, o dom do poder. Você se sente capaz de ter o poder? Uma definição de ocultista é a de um ser humano que trabalha no mundo das forças e poderes. Não conheço ninguém que possa ser confiável ao manipular o poder. Por que? Porque Sagitário não fez seu trabalho. O calar-se não foi ainda aprendido. O controle do pensamento não foi conseguido e a alma ainda não é suficientemente potente. Quando amamos bastante, podemos ter o poder. Quando amamos bastante e somos bastante inofensivos, então os portões do paraíso e do inferno serão postos em nossas mãos, mas não antes.

Vamos começar a amar, não sentimentalmente, mas por começar realmente a compreender os seres humanos, a nos identificarmos com eles e a amá-los. Vocês podem saber o que um ser humano é, com suas faltas, e vocês podem amá-lo; não de uma posição de superioridade, pela qual se diz, “pobrezinho, algum dia ele estará onde eu estou”, mas a partir de “eu já fui assim”, ou “também sou assim”.

O dom da existência; o dom da oportunidade; e o dom do poder; os três grandes dons do zodíaco.

Três Constelações

Há três constelações relacionadas com este signo, as três mais belas.

Lira, a harpa de sete cordas. O aspirante aprende a tocar a harpa e faz música com sua vida.

Ara, o altar, porque o aspirante coloca tudo sobre o altar, com o espírito da triste renúncia, como sendo perfeitamente miserável, mas com o espírito de “não há outra coisa a fazer. Estou-me desapegando dessas coisas para que possa servir de maneira mais perfeita e mais plena”.

Draco, a serpente. Encontramos a hidra, a serpente em Gêmeos; agora encontramos Draco, a serpente da sabedoria.

A música na vida de harmonia sacrifica, na personalidade, reações, desejos e sabedoria.

E pairando acima, duas outras constelações: Aquila, espírito; e Cygnus, a alma.

Compreendem porque fico tão entusiasmada com Sagitário? É um signo tão belo e há tanto a dizer a respeito. Fica muito para ser dito. Por minha omissão.

Detalhes da História

Lemos que os pantanais da Acádia estavam repletos de pássaros como ferozes cegonhas, os pássaros de Estinfalo. Eles eram em número de três; três pássaros principais, mas havia inúmeros menores. Eles estavam estragando a terra, mas não se conseguia vê-los; estavam ocultos nos ramos dos arbustos, danificando tudo, sem que se pudesse localizá-los.

Como de costume, Hércules se apressa na direção do país de Acádia e determina-se a livrá-lo daqueles pássaros antropófagos. Contam-nos que ele foi muito inteligente ao fazê-lo. Ele se tinha livrado da ilusão e Athena lhe havia dado alguns pratos que ele agitou de maneira tão ruidosa que os pássaros levantaram voo do pantanal e tentaram fugir; então ele cavalgou seu cavalo alado e matou-os com suas flechas. É uma história maravilhosa.

Os pântanos simbolizam a mente com a emoção. Hércules descobriu que embora ele possa ser um aspirante e possa ter triunfado em Escorpião, ele ainda possui uma natureza emocional, e ele verifica que os pássaros de Estinfalo, especialmente três deles, são de uma espécie antropófaga e que ele tem de fazer algo a respeito.

Tentem visualizar esta reação, o conquistador descobrindo que possui uma força devastadora; que por suas palavras e pensamentos, ele está fazendo mal. Lembrem-se disso, quanto mais vocês avançam no caminho de volta, e quanto mais atuarem como uma entidade espiritual, mais potentes se tornarão e maior mal poderão fazer. Vocês são esforçados, vocês manipulam o poder. Vocês serão provavelmente o centro de seu grupo. Se forem um aspirante, um discípulo, o pensamento e a atividade da palavra serão sua principal empresa. Vocês pesarão seus pensamentos porque há poder por trás de seu pensamento, e quando pensarem de maneira errada, o mal que vocês fazem é muito mais potente do que o mal feito por uma pessoa menos evoluída.

Precisamos remover os pássaros dos pântanos para o ambiente claro, onde possamos vê-los e derrotá-los.

Os piores pássaros eram em número de três. Em um livro eles são enumerados: a cruel maledicência; falar de si mesmo, falar egoisticamente; e jogar pérolas aos porcos. Que significa isso?

Foi dito que a maledicência é “assassínio espiritual”. Preciso discutir a maledicência cruel, como vidas foram arruinadas por ela? Há uma lei inquebrantável, se vocês usarem da maledicência, serão também vítimas da maledicência. Recebemos o que damos. Se derem serviço, receberão serviço; bondade, bondade; amor, amor. Se a humanidade os estiver tratando mal, busquem dentro de si mesmos e descobrirão onde estará sua falta. Uma antiga escritura diz, para aquele que é inofensivo, toda inimizade cessa. Sei que ao alcançar a inofensividade no pensamento, palavra e ação, então não terei problemas. O fato de que temos problemas pressupõe nossa ofensividade.

Falando a respeito de alguém, estamos sempre ocupados com nossos problemas, nossos próprios assuntos. Jogar pérolas aos porcos: falar sobre assunto do ocultismo para os quais os ouvintes não estão prontos. Se você é um discípulo, saberá a que me refiro.

O problema é claro: eu sou uma Sagitariana tanto quanto você é. Estamos vivendo com o emblema de Sagitário à nossa frente, o tempo todo. Estamos tentando trazer harmonia às nossas vidas, tentando conduzir a vida do “altar”, procurando contatar a serpente da sabedoria. Comecem com o pensamento e a palavra, e comecem hoje.

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