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O SEXO


Transmutação e Transferência da Energia Sexual

1) - Deixem-me trazer outro ponto à sua atenção. No mundo fenomênico do ser humano comum que ainda não passou pela experiência iniciatória do renascimento, a ênfase tem sido dada como ainda hoje ao relacionamento dual dos sexos como provado pelas nossas novelas, peças, filmes e romances de todos os homens. A criatividade expressa-se principalmente através da propagação da raça, realizada através da relação entre macho e fêmea ou os polos positivo e negativo na família humana. Isto é correto e benéfico e é parte do Plano divino. Embora os homens tenham prostituído suas capacidades e aviltado suas relações, o plano básico é divino e ideal. Depois da primeira iniciação, todo o relacionamento sexual muda gradual e firmemente para o seu lugar adequado como simplesmente uma fase natural da existência nos três mundos e um dos apetites normais e corretos, mas a ênfase é mudada. A experiência e correspondência superiores, das quais o sexo é apenas o símbolo, torna- se aparente. Em lugar de macho e fêmea, emerge a relação magnética entre a agora negativa personalidade e a alma positiva, com a consequente criatividade nos planos superiores. O centro da cabeça e o centro entre as sobrancelhas, o centro ajna, são os agentes deste relacionamento e eventualmente - por intermédio da hipófise e da glândula pineal ou epífise - eles condicionam a personalidade, a qual passa a estar permeada pela alma. (Os Raios e as Iniciações, pág. 669)

2) - Tem-lhes sido ensinado que a atividade ou inatividade dos centros condiciona a personalidade, trabalhando através do sistema endócrino; as energias que os centros canalizam e as forças que eles geram podem ser controladas e direcionadas pela alma, pelo homem espiritual. Também lhes foi dito que a energia do centro sacro (o centro mais implicado e ativo na época da primeira iniciação) tem que ser transmutada e levada ao centro da garganta, transformando, desse modo, o ato criativo físico em um processo de produção do bem, do belo, e do verdadeiro. Este é o ABC de seu conhecimento fundamental: a transmutação do sexo. Neste processo de transmutação, os homens muito têm errado, e abordaram o assunto
sob dois ângulos:

a) Eles têm procurado reprimir o desejo natural e têm-se esforçado para enfatizar um celibato forçado; assim, têm frequentemente torcido a natureza e submetido o "homem natural" a regras e regulamentos que não estavam no intento divino.

b) Eles têm tentado - no outro extremo - exaurir o desejo sexual normal pela promiscuidade, licenciosidade e perversões, prejudicando a si mesmos lançando as bases para problemas durante muitas encarnações futuras.

A verdadeira transmutação é, na realidade, alcançar um correto senso de proporção em relação a qualquer fase da vida humana, e para a raça dos homens hoje, tem particular referência com o centro sacro e as energias que o põem em atividade. Quando o devido reconhecimento do lugar que a vida sexual deve ocupar na vida diária for acompanhado pela concentração do pensamento acerca do centro da garganta, esse centro torna-se automaticamente magnético e atrai as forças do centro sacro para cima através da espinha para "o lugar da construção criativa"; a vida sexual normal fica, então, regulada e não atrofiada, e é relegada ao seu correto lugar como uma das faculdades ou apetites normais com os quais o homem é dotado; ela é posta sob controle através da falta de interesse direcionado e fica subordinada à lei do país quanto à relação com seu pólo oposto - seja negativo ou feminino ou masculino e positivo. Para o aspirante, ela torna-se principalmente o agente para a criação dos veículos necessários para as almas em processo de reencarnação. Assim, pela força do exemplo, evitando todos os extremos, pela dedicação das energias corporais aos usos superiores, e pela aceitação da lei do país em qualquer época, a desordem atual e mau uso do princípio do sexo darão lugar a uma vida ordenada e ao correto uso desta grande função do corpo.

Esta vida física regulada acontece quando a personalidade está suficientemente integrada e coordenada e o centro ajna (o centro entre as sobrancelhas) está ativo e começa a estar sob o controle da alma. Isto tem um efeito imediato - induzido automaticamente - sobre a glândula associada a este centro; ela torna-se uma parte balanceada do sistema endócrino geral e o antigo desequilíbrio é evitado. Simultaneamente, o centro da cabeça torna-se ativo como resultado da percepção mental do aspirante, meditação e serviço; isto põe em ação a glândula aliada, a glândula pineal. Tudo isto é, mais uma vez, o A B C do ocultismo.

O que é frequentemente omitido da consideração normal é o fato de que a crescente atividade desses dois "pontos de luz na cabeça" está basicamente relacionada com o que está ocorrendo nos centros sacro e da garganta, à medida que o processo de transmutação tem lugar e as energias do centro sacro são reunidas no centro da garganta - sem, contudo, retirar toda a energia do centro inferior; desse modo, sua atividade normal é preservada. Os dois centros correspondentes na cabeça tornam-se então ativos; os elementos negativo e positivo afetam um ao outro, e a luz na cabeça brilha; uma linha de luz, permitindo a livre interação, é estabelecida entre o centro ajna e o centro da cabeça, e portanto, entre o corpo pituitário e a glândula pineal. Quando esta linha de luz está presente e há uma relação desobstruída entre os dois centros e as duas glândulas, então, a primeira iniciação torna-se possível. Quando isto tem lugar, é preciso não deduzir que a tarefa de transmutação que está sendo processada entre os centros inferiores e superiores e o relacionamento entre os dois centros está finalmente completado e estabelecido. A linha de luz é ainda tênue e instável, embora exista. É a energia liberada na primeira iniciação e distribuída para os centros sacro e da garganta (via o centro da cabeça que está lentamente despertando) que leva o processo de transmutação a uma bem sucedida conclusão, e estabiliza o relacionamento dentro da cabeça. Este processo pode durar várias vidas de contínuo e intensificado esforço do iniciado-discípulo. (Idem, pág. 669-671)

3) - O conhecimento sobre as glândulas endócrinas ou de secreção interna está ainda embrionário. Há bastante conhecimento sobre as glândulas relacionadas com o centro sacro e sobre a tireóide, mas até agora, é claro, a profissão médica não admite que elas sejam efeitos da atividade ou inatividade dos centros, ou que exista uma linha de menor resistência entre o centro sacro e o centro laríngeo. Sabe-se algo, não muito, sobre o corpo pituitário, porém, sua extrema importância ao afetar a resposta psicológica do indivíduo, ainda não foi adequadamente compreendida. Nada se sabe, de concreto, sobre a glândula pineal e a glândula timo e isto porque nem o centro da cabeça nem o do coração estão despertos no homem não desenvolvido, ou sequer no cidadão comum. A existência de uma considerável riqueza de conhecimento sobre o centro sacro (como fonte da criação física) e os efeitos condicionantes da glândula tireóide deve-se ao fato de que esses dois centros estão despertos no homem comum, e quando o funcionamento é adequado e a necessária interação entre eles está estabelecida, então temos um indivíduo altamente sexual que é também um artista criador em alguma forma de arte. Vê-se isto bem frequentemente, como bem sabemos. Quando o centro ajna e sua exteriorização, o corpo pituitário, estão também ativos e a relação entre os três centros – sacro, laríngeo e ajna – está desperta e começando a funcionar, e a relação definida e consciente está sendo estabelecida entre ele e os demais centros (o que depende do raio, do objetivo consciente e do treinamento), então temos o místico prático, o filantropo e o ocultista.

Os estudantes devem lembrar-se que há, no que diz respeito ao discípulo, duas correntes de energia, uma ascendente e outra descendente, no interior da estrutura dos centros.

1. A corrente ascendente – produzindo a Transmutação.

Do centro sacro para o laríngeo. A criação física é transmutada em criatividade artística.

Do plexo solar para o centro do coração. A consciência individual, emocional é transmutada em consciência grupal.

Da base da coluna para o centro da cabeça. A força material é transmutada em energia espiritual.

De qualquer dos cinco centros ao longo da coluna para o centro ajna.

A vida não coordenada é transmutada em integração da personalidade.

Dos seis centros relacionados entre si, para o centro superior da cabeça. A atividade da personalidade é transmutada em vida espiritual.

Isto é um ampla generalização, e o processo não é desenvolvido de forma sequencial, uniforme e ordenada como a tabulação dada parece sugerir. O processo estende-se por muitas vidas de transmutação inconsciente nas etapas iniciais, e como resultado de amarga experiência, e de esforço consciente nas etapas posteriores, tornando-se progressivamente dinâmico e efetivo à medida que o aspirante percorre as várias etapas da senda. Os cinco raios com os quais o discípulo tem que trabalhar (dois raios condicionantes principais e três raios subsidiários) têm um efeito ativo definido; os ajustamentos cármicos oferecem a oportunidade ou os impedimentos e as complexidades de todo o processo (dentro da relativamente limitada experiência do discípulo) são tão confusas durante o processo que tudo que ele pode fazer é perceber o quadro geral aqui delineado e não dar demasiada atenção aos detalhes factuais.

2. A corrente descendente – produzindo a Transformação

Quando o centro coronário começa a despertar e o discípulo está conscientemente ativo na tarefa de dirigir as energias para os centros, e assim governando a vida de sua personalidade, estabelece-se um processo científico de energização dos centros num certo ritmo e ordem, o qual é, mais uma vez, determinado pelos raios, pelas circunstâncias e pelo carma; desse modo, todas as energias do corpo são postas em correta atividade espiritual. Não podemos tratar aqui desse processo; apenas assinalar que esta corrente descendente pode processar-se mais ou menos em três etapas:

1) A etapa de energização da vida criativa, através do centro laríngeo, trazendo

a – o centro coronário e o laríngeo,
b – esses dois e o centro sacro,
c – os três, simultaneamente, em relação consciente.

Esta relação, quando for corretamente estabelecida, resolverá o problema sexual do indivíduo, sem recorrer à inibição ou supressão, e sim pelo correto controle, ao mesmo tempo tornando o discípulo criativo no sentido mundano, e portanto útil aos seus semelhantes.

2) A etapa de energização da vida consciente de relação, via o centro cardíaco, pondo

a – o centro coronário e o cardíaco,
b – esses dois e o plexo solar,
c – os três, simultaneamente e conscientemente, em estreita cooperação.

Isto serve para estabelecer corretas relações humanas, corretas relações grupais, e corretas relações espirituais ao longo de toda a vida de expressão do homem. Assim como a etapa de regularização da vida criativa tem um efeito predominante no corpo físico, esta etapa afeta poderosamente o corpo astral; as reações emocionais são transformadas em aspiração e serviço; o amor pessoal egoísta é transformado em amor grupal, e então, a divindade governa a vida.

3) A etapa de energização do homem todo, via o centro básico, assim pondo

a – o centro coronário e o básico,
b – estes dois e o centro ajna,
c – os três, simultânea e conscientemente, em expressão rítmica e coordenada. Esta é uma etapa final de grande importância e que só se completa na época da terceira iniciação, a Transfiguração.

Podemos ver, portanto, como três importantes palavras expressam o propósito do desdobramento científico e da correta direção dos centros:Transmutação Transformação Transfiguração. (Cura Esotérica, pág. 213-216)

4) - Estas ideias (transferências, dificuldades psicológicas e resultados patológicos) podem tornar-se mais claras em suas mentes se eu assinalar certos fatos, relacionados com o centro sacro, que durante curto tempo, governou a vida criadora física e animal do ser humano. Durante o processo evolutivo, o centro sacro passa por etapas de uso automático inconsciente, tal como se pode ver no homem puramente animal; depois, vem o uso impulsionado pelo desejo de prazer e pela satisfação física, quando a imaginação começa a sua influência; em seguida, vem o período em que há uma consciente subordinação da vida ao impulso sexual, de natureza diferente da que mencionei primeiramente. O sexo torna-se um pensamento dominante na consciência, e muitas pessoas passam presentemente por este estado, e todas as pessoas em determinado momento ou numa vida, passam através dele. A isto segue-se o período de transferência, em que a atração do sexo e o impulso para a criação física são tão dominantes e as forças começam a reunir-se no plexo solar.

Ali serão controladas largamente mais pela vida astral imaginativa do que pela vida inconsciente animal ou pela vida consciente do desejo.

Elas fundem-se então com as forças do plexo solar e gradualmente são elevadas ao centro laríngeo, mas sempre por meio do centro do coração. Aqui temos um ponto importante de dificuldade para o místico que está nascendo e se tornando rapidamente ativo. Ele se torna dolorosamente consciente da dualidade, de pressão do mundo e da visão mística, das possibilidades divinas e potencialidades da personalidade, do amor em vez da atração e desejo, das relações divinas em lugar das relações humanas. Mas todo este tema é ainda interpretado em termos de dualidade. O sexo é ainda imaginativo na sua consciência e não é relegado para um lugar equilibrado entre os outros instintos da natureza humana; o resultado é um interesse, quase patológico, no simbolismo sexual e que se poderia chamar uma vida sexual espiritualizada. Essa tendência é amplamente exemplificada nas obras e experiências de muitos místicos da idade média. Encontramos expressões como a "noiva de Cristo", o "casamento nos céus", o retrato de Cristo como o "noivo celeste" e muitos outros símbolos e frases semelhantes. No Cântico de Salomão, encontramos uma versão masculina da mesma abordagem, basicamente sexual, à alma e a toda a sua vida oniabarcante.

Estes e muitos outros exemplos desagradáveis da psicologia sexual encontram-se misturados com uma verdadeira e pronunciada aspiração e anseio místico e um genuíno anelo de união com o divino. A causa de tudo isto está na etapa de transferência. As energias inferiores estão sujeitas, como se pode ver, a duas etapas de transferência: primeiro, para o plexo solar, e daí ao centro laríngeo. O centro laríngeo não está, neste período, em atividade suficiente ou bastante desperto para absorver e utilizar as energias sacras. Em certos casos são retidas, temporariamente, na sua ascensão ao longo da coluna, no centro cardíaco, produzindo fenômenos de impulsos sexuais (acompanhados às vezes por definidas reações sexuais físicas) de erotismo religioso, e geralmente uma atitude malsã, indo da real sexualidade ao celibato fanático. Este último é tanto um extremo indesejável como o outro, e ambos produzem resultados muitos indesejáveis. Frequentemente, nos casos de um homem místico, encontra-se uma expressão sexual hiperdesenvolvida no plano físico, perversões de várias ordens ou uma pronunciada homossexualidade. No caso feminino, pode haver muitas perturbações no plexo solar (em vez de perturbações do centro sacro) e consequente perturbações gástricas e uma vida imaginativa malsã, que vai desde uma lascividade moderada até formas nítidas de demência sexual, acompanhada (frequentemente) por uma poderosa inclinação religiosa.

Gostaria também de recordar aqui que estamos tratando de anormalidades e, por conseguinte, devo abordar casos desagradáveis. Nos primeiros estágios do desenvolvimento místico, se houver uma direção correta da vida mental e do pensamento, além de uma corajosa explanação do processo, se evitaria mais tarde grande parte da dificuldade. Estas primeiras etapas parecem-se estreitamente com o interesse demonstrado pelo adolescente, simultaneamente pelo sexo e religião. Os dois estão estreitamente ligados, neste período particular de desenvolvimento. Se os educadores, pais e os que estão relacionados com o desenvolvimento da juventude pudessem dar uma ajuda correta, certas tendências indesejáveis – agora tão prevalecentes – nunca se converteriam em hábitos e estados mentais como ocorre agora. (Psicologia Esotérica II, pág. 530-532)

5) - ... O canal de aproximação ou de escoamento é o seguinte:

A – Do aspecto vontade da vida monádica para o nível de consciência e de energia a que chamamos mente superior.

B – Da mente superior às pétalas do conhecimento do lótus egoico.

C – Desses vórtices de força para a mente inferior ou concreta – aquela em que familiarmente o homem de inteligência comum trabalha – para o centro laríngeo e daí, imediatamente para o centro sacro (o centro do plano físico da criação ou de reprodução). Daí, o influxo eleva-se novamente para o centro laríngeo, onde o impulso físico da criação é transmutado em criação artística ou literária, sob qualquer forma, e mais tarde transmuta-se no poder de criar grupos ou organizações que exprimirão alguma ideia ou pensamento emanado da Mente de Deus e que exige uma precipitação imediata na terra. (Idem, pág. 390)

6) - Que o discípulo transfira o fogo do triângulo inferior para o superior e preserve aquilo que for criado pelo fogo do ponto do meio do caminho.

Isto significa, literalmente, o controle, pelo iniciado, do impulso sexual, como habitualmente compreendido e a transferência do fogo que agora normalmente vitaliza os órgãos reprodutores, para o centro laríngeo, assim levando à criação no plano mental, por intermédio da mente. Aquilo que vier a ser criado precisará então ser nutrido e sustentado pela energia do amor da natureza, emergindo do centro cardíaco.

O triângulo inferior ao qual nos referimos é:

1 – O plexo solar.
2 – A base da coluna.
3 – Os órgãos reprodutores.

Ao passo que o superior e, como assinalado:

1 – A cabeça.
2 – A garganta.
3 – O coração.

Isto poderia ser interpretado, pelo leitor superficial, como uma injunção à vida celibatária e o compromisso, do solicitante, em abster-se de toda manifestação física do impulso sexual. Não é isso. Muitos iniciados alcançaram seu objetivo enquanto participavam do devido e prudente uso da relação conjugal. Um iniciado cultiva uma especial atitude mental, na qual há um reconhecimento de que todas as formas de manifestação são divinas e que o plano físico é tanto uma forma de expressão divina como qualquer dos planos superiores. Ele se conscientiza de que a manifestação mais baixa da divindade deve estar sob o controle consciente daquela divindade encarnada, e que todos os atos de cada espécie devem ser regulados pelo esforço em cumprir todo dever e obrigação, controlar cada ação e fato e utilizar o veículo físico de modo que o grupo possa assim ser beneficiado e ajudado em seu progresso espiritual, e a lei perfeitamente cumprida.

Não se deve negar que pode ser aconselhável, em certas etapas, um homem exercer perfeito controle segundo qualquer particular linha, através de uma abstinência temporária, mas esse é um meio para um fim e será seguido por etapas em que – o controle tendo sido alcançado – o homem demonstre perfeitamente, por intermédio do corpo físico, os atributos da divindade, e cada centro será normal e sabiamente usado, e os propósitos da raça assim adiantados.

Os Iniciados e Mestres, em muitos casos, se casam e normalmente cumprem seus deveres como marido e esposas, mas tudo é controlado e regulado pelo propósito e intenção e nenhum é arrastado pela paixão ou desejo. No homem perfeito, no plano físico, todos os centros estão sob completo controle e sua energia é legitimamente usada; a vontade espiritual do Deus divino interno é o principal fator e haverá uma unidade de esforços, exibida em todos os planos, através de todos os centros, para o maior bem do maior número.

Este ponto foi abordado porque tantos estudantes se perdem nesses assuntos e cultivam, ou uma atitude mental que resulta na completa atrofia da natureza física normal inteira, ou se entregam numa orgia de licenciosidade sob o pretexto do "estímulo dos centros", assim ampliando o desenvolvimento astral. O verdadeiro iniciado deve ser conhecido por sua sóbria e santificada moralidade, por sua firme conformação ao que é melhor para o grupo como enfatizado pelas leis grupais do país, por seu controle e freio aos excessos de qualquer espécie e pelo exemplo que dá, aos seus circunstantes, de uma vida espiritual e da retidão moral, juntamente com a disciplina de sua vida. (Iniciação Humana e Solar, pág. 204-206)

7) - Recordemos aqui aos estudantes que os três pontos que se seguem, relacionados com a transferência de energia, devem ser mantidos em mente:

1) Que há uma transferência a efetuar de todos os centros inferiores para os superiores, o que geralmente é feito em duas etapas. Esta transferência, que tem lugar dentro da personalidade, é feita paralelamente à transferência da energia espiritual do reservatório de força a que chamamos a alma, para o homem no plano físico. Isto é possível na medida em que o homem opera a transferência necessária dentro de si mesmo. Estas transferências podem ter lugar no transcurso do processo evolutivo, ou podem ser acelerados pelo treinamento dado aos discípulos de todos os graus.

2) Que, dentro deste campo de atividade devem ser feitas as transferências seguintes:

A – A energia do centro na base da coluna vertebral (o órgão da vontade pessoal), para o centro da cabeça, através do centro ajna.

B – A energia do centro sacro (que rege a vida sexual e os órgãos da criação física) deve ser elevada para o centro laríngeo, o qual se torna o órgão de atividade criadora de natureza não-física.

C – A energia do plexo solar (o órgão do desejo pessoal auto-consciente) deve ser elevada para o coração, e aí transmutar-se em serviço de grupo.

3) Que todos centros são desenvolvidos e postos em atividade em três etapas, e assim condicionam progressivamente os aspectos externos da vida do homem.

A – Há um período durante o qual os centros estão ativos apenas de maneira indolente e semiadormecida: as forças de que são formados, o que eles exprimem, movem-se lentamente em ritmo pesado e inerte; a luz que se pode ver onde há um centro é fraca; o ponto de potencial elétrico no ponto do meio (o "coração do lótus ou chakra" – o eixo da roda, como se diz esotericamente no ensinamento oriental) está relativamente inativo. Há apenas fluindo para o centro, a quantidade de energia necessária para produzir a preservação da vida, o natural funcionamento da natureza instintiva, juntamente com a tendência para reagir, de modo flutuante e inteligente, aos estímulos vindos do plano astral, através do corpo astral do indivíduo.

B – Um período em que tem lugar uma nítida elevação e intensificação da força. A luz dos centros é mais brilhante e o centro plexo solar torna-se, em particular, muito ativo. Por enquanto toda a vida real do homem está centrada abaixo do diafragma. Os centros acima do diafragma são fracos, obscurecidos e relativamente inativos; o ponto no meio do centro é, contudo, mais elétrico e dinâmico. Nesta etapa, o homem é o cidadão comum, controlado predominantemente pela sua natureza inferior e pelas reações emotivas, e cuja mente ele emprega ativamente para manifestar as suas necessidades. Os seus centros são receptores principalmente das forças físicas e astrais, mas ocasionalmente respondem aos impactos mentais.

C – Um período em que se realiza a primeira transferência. Pode durar muito tempo e abranger várias vidas. Os centros abaixo do diafragma estão completamente despertos e em grande atividade; a sua luz é viva; a sua inter-relação é tão real que, se estabelece um campo magnético completo, envolvendo toda a região abaixo do diafragma, tornando-se suficientemente potente para estender a sua influência acima do diafragma. O plexo solar torna-se o órgão dominante, em lugar do centro sacro que durante tanto tempo determinou a vida da natureza animal. Converte-se no recipiente das correntes de energia que chegam debaixo que ele absorve, e começa na tarefa de desviá-las e transferi-las para os centros superiores. Agora o homem é o aspirante e o cidadão altamente inteligente. Está consciente da dualidade da sua natureza, do que está abaixo e do que está acima, como se diz vulgarmente, e já está pronto para palmilhar o Caminho de Provação.

D – Um período em que a transferência é continuada. As forças do centro sacro são conduzidas para a garganta, e as forças do plexo solar para o coração. Esta última transferência é ainda de tão modesta importância que o seu efeito é quase nulo. Este período é longo e muito difícil. Hoje, a maioria das pessoas está atravessando os períodos C e D, que são preparatórios para a manifestação da vida mística.

E – Um período em que os centros do coração e da garganta são postos em atividade. O homem é um criador inteligente numa ou noutra linha e vai tornando-se, lentamente, consciente do grupo. Ainda que, contudo, aqui as suas reações sejam ainda egoisticamente motivadas, está sujeito – ao mesmo tempo – aos ciclos e períodos de esforço espiritual. A vida mística o atrai nitidamente. Está se tornando o místico.

F – Um segundo período de transferência inicia-se e o centro ajna, que governa a personalidade integrada, torna-se ativo e dominante. A vida de sensação e de esforço místico, nesse momento, é suscetível de extinguir-se temporariamente no que concerne ao fervor da sua expressão e ao ardor das suas disciplinas; e a integração da personalidade, as ambições, os objetivos e expressões da personalidade tomam o seu lugar. É uma mudança justa e boa que tende a completar corretamente o desenvolvimento. Isto é temporário, pois o místico está ainda adormecido debaixo da atividade externa e do esforço inteligente mundano, e voltará a emergir novamente para realizar um esforço vivo quando a natureza mental tiver sido despertada inteiramente e estiver controlando; quando tiver saciado o desejo de satisfação mental e o "filho de Deus estiver pronto para levantar-se e entrar na casa do Pai". Durante este período, vemos o homem poderoso inteligentemente criativo alcançar o zênite da sua vida de personalidade. Os centros abaixo da cabeça estarão ativos e funcionando, mas os centro abaixo do diafragma estarão subordinados àqueles e controlados por eles. Estão sujeitos então à vontade condicionante do homem que é governado agora pela ambição, aptidões intelectuais e pela forma de trabalho grupal que tende a expressar a potencialidade da sua personalidade. O centro ajna está brilhante e potente; o centro laríngeo está intensamente ativo e o centro cardíaco está rapidamente despertando.

G – Um período em que o centro mais elevado da cabeça é posto em radiante atividade. Isto ocorre como resultado da elevação (em forma nova e mais potente) do instinto místico, unido desta vez, a uma abordagem inteligente da realidade. O resultado é duplo:


1 – A alma começa a derramar a sua energia em todos os centros etéricos e vitais, através do centro da cabeça.

2 – O ponto no coração de cada centro entra na sua primeira atividade real; torna-se radiante, brilhante, magnético e tão potente que "obscurece a luz de tudo o que o circunda". Todos os centros do corpo são então impelidos à atividade ordenada, pelas forças do amor e da vontade. Então tem lugar a última transferência de todas as energias corporais e psíquicas para o centro da cabeça, através do despertar do centro da base da coluna vertebral. Então, os grandes polos opostos, (tal como o expressam e simbolizam) o centro da cabeça – (o órgão da energia espiritual – e o centro da base da coluna vertebral – (o órgão das forças materiais) – fundem-se e misturam-se, e a partir deste momento, o homem é controlado unicamente de cima, pela alma. (Psicologia Esotérica II, pág. 522-527)

8) - No período de transferência em que as forças do corpo estão num estado de fluxo e de mutação anormais, é óbvio como pode haver perigo para o místico e para o discípulo, e como podem ser graves os resultados de uma transferência, quando forçada, em vez de seguir o curso natural da evolução. Isto explica, parcialmente, a sublevação e o caos do mundo presente. As forças que fluem através das massas humanas de inteligência comum hoje em dia (e por isto se entendem os homens educados e capazes de reconhecerem as notícias mundiais e de discutir os acontecimentos e suas tendências), constituem o campo experimental de transferência de energia do centro sacro para o plexo solar. Isto conduz inevitavelmente à agitação, hiperestimulação, revolta e muitas outras dificuldades.(Idem, pág. 542)

9) - Com relação à evolução humana, esta quarta lei é de primordial importância na atualidade. O objetivo do esforço humano é tanto ser controlado por esta lei, como utilizá-la no serviço. É a lei através da qual a expressão sexual, como sabemos, é transmutada e elevada; o sexo é somente a demonstração da Lei da Atração no plano físico; é a atuação desta lei no reino humano, e também em todos os reinos inferiores. O amor para com tudo que respira e a atração bem realizada no serviço é semelhante ao manifestado na Tríada. A expressão do sexo, a união de dois, transmuta-se na união de muitos para a ação proveitosa, para a realização de novos ideais, e uma nova raça – a espiritual. (Um Tratado Sobre o Fogo Cósmico, pág. 585)

10) - O perigo da superestimulação destes órgãos é bem conhecido teoricamente e hoje não tenciono divagar grandemente sobre isso. Busco somente destacar que esse perigo é muito real. A razão é que, na superestimulação desses centros, o fogo interno estará seguindo a linha de menor resistência, devido à polarização da raça como um todo. O trabalho, então, que o estudante deverá fazer é duplo:

A – Ele terá de retirar sua consciência desses centros; essa não é uma tarefa fácil, pois significa trabalhar contra os resultados de um desenvolvimento prolongado.

B – Ele deverá dirigir a atenção do impulso criativo para o plano mental. Ao fazer isso, se bem sucedido, desviará a atividade do fogo divino para o centro laríngeo e seu correspondente centro da cabeça, em vez de dirigi-lo para os órgãos inferiores da procriação. Assim, fica evidenciado porque – a menos que um homem seja muito avançado – não é prudente passar muito tempo em meditação durante os primeiros anos. Havia sabedoria na velha regra bramânica de que um homem deve dedicar seus primeiros anos para os cuidados da família, e somente quando tivesse preenchido sua função como um homem, podia dedicar-se à vida do devoto. Essa era a regra para o homem comum. Com os egos avançados, estudantes e discípulos, não é assim, e cada um tem que solucionar seu próprio problema individual. (Cartas Sobre Meditação Ocultista, pág.106)

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