A Luz nos Três Mundos da Evolução Humana
Josette Lesieur e Bernard Schnoering (*)

A vida humana nos três mundos parece ser uma jornada: a jornada da consciência de um plano para outro e, finalmente, a passagem das trevas para a luz. A luz conduz esta jornada e convidamos você a segui-la pelas fases da evolução humana.

A transição da escuridão da vida intrauterina para a luz do dia no momento do nascimento no mundo físico é deslumbrante e ofuscante. Muito tempo será levado para se adaptar, dos contornos borrados da escuridão, à clareza da forma na luz. Em certa fase da vida, o iniciado Paulo tem essa experiência de cegueira ao encontrar a luz do Cristo, e no Antigo Testamento, o profeta vela o rosto por medo de ver o rosto do Senhor.

Este processo de cegueira, de travessia da escuridão e, finalmente, de libertação, será vivenciado no plano físico com os véus de maya, no plano emocional com a miragem, e no plano mental com ilusão. Em cada etapa, a ação da Luz levanta os véus e abre as prisões interiores. Assim, transformamos a escuridão em luz, caminhamos na miragem até que a luz a dissipe, entramos profundamente nas nuvens da ilusão até que as nuvens se abram para deixar o viajante em plena luz.

Ao longo do caminho, encontramos formas ilusórias que podem nos desencaminhar. No entanto, há também uma luz presente em cada um dos três mundos, e se aprendermos a ver além das aparências, essa luz oculta aos poucos se revela como uma pista para a vida divina, um marco que nos leva ao coração do Mistério. Somos como os prisioneiros descritos pelo antigo filósofo e iniciado Platão no mito da caverna. Os prisioneiros veem apenas os reflexos projetados na parede da caverna e tomam a sombra projetada como realidade. A Luz é projetada e refletida em cada um dos três planos e assim revela as formas, que são apenas reflexos da Realidade. As sombras não são a realidade, são apenas um reflexo dela, mas esse reflexo, quando reconhecido como tal, pode ser um símbolo e um marco no caminho, pois a luz é uma só.

A evolução da escuridão para a luz leva tempo. Pode ser vista em cada estágio individual onde o jovem ser humano desenvolve primeiro o corpo físico, depois o emocional e finalmente o mental, passando a cada estágio pelas características sombrias dos três mundos, antes de se abrir para a luz da alma e a luz do Espírito. Isso pode ser visto na evolução das espécies, desde a menor ameba, passando pelas espécies rastejantes da terra, até a liberdade do ser humano autoconsciente ao entrar na luz do conhecimento, e até a liberdade ainda mais real dos Mestres de Sabedoria do quinto reino, que vivem na luz do plano búdico.

Essa é a perspectiva. Vamos agora entrar na profundidade de cada plano onde cada um dos nossos três corpos está localizado.

O mundo físico: A matéria é apenas uma vibração mais densa da Vida e podemos entender que, de certa forma, Matéria e Luz são sinônimos. Além disso, desde a pesquisa do Dr. Fritz-Albert Popp, os cientistas sabem que um fóton de luz está no coração de cada célula do corpo físico. Essa descoberta fez Fritz-Albert Popp dizer: "Hoje sabemos que o homem é essencialmente um ser de luz". Quando esses fótons ocultos são trazidos à coesão durante a progressão de iniciação em iniciação, a expressão do corpo de glória aparece no plano vibratório físico. Nas escrituras, o iniciado Jesus nos dá um exemplo disso na Transfiguração (3ª iniciação) e na Ressurreição (5ª iniciação).

Assim, o mundo físico contém em si a possibilidade de acesso à luz.

O mundo emocional: À medida que o corpo emocional ou astral se torna purificado e refinado, torna-se mais sutil e aberto. Descobrimos então uma sensibilidade capaz de refletir certa qualidade de luz. A superfície calma de um lago vem à mente. As águas profundas, transparentes e calmas, refletem a luz do sol e a luz das estrelas. Se seguirmos essa luz, além da aparência do reflexo, em seu significado simbólico, ela nos levará ao sol da alma e à estrela do espírito.

A sensibilidade emocional, iluminada pelo amor da alma, abre-se à luz da Compaixão e o estado compassivo do Buda torna-se acessível.

Assim, o mundo emocional contém em si a possibilidade de acesso a uma maior qualidade de luz.

Claro, há também a luz da miragem, que geralmente é mais brilhante no início, porque é mais aparente e fácil. O explorador do caminho espiritual, porém, opta por enxergar além da aparência fácil para reconhecer a luz oculta, intensa e profunda.

O mundo mental: Quando o corpo mental passa por um processo de purificação dos pensamentos, fica mais disponível para as energias sutis e poderá receber a luz da intuição do plano búdico. Podemos imaginá-lo como uma grande taça aberta da qual o viajante espiritual extrai ideias inspiradoras que irão semear a criação de um novo mundo. A grande taça aberta da mente receptiva e iluminada torna-se como um “caldeirão mágico” onde o Novo é criado. Essa jornada é descrita por Alice Bailey no livro Do Intelecto à Intuição.

Claro que também existem os falsos rastros da ilusão, capazes de desviar as pessoas e desperdiçar tempo, mas a verdadeira luz está sempre presente como um farol que ilumina a estrada e seus poderosos raios vêm ao encontro do buscador.

No corpo etérico: Finalmente, podemos mencionar rapidamente o encontro das luzes no corpo etérico, um encontro sutil entre o plano físico (glândula pineal e glândula pituitária controlada pelos centros etéricos o Centro da Cabeça e o Centro Ajna) e a alma, que se manifesta na experiência do que é chamado de luz na cabeça. Esta experiência talvez possa ser entendida como uma extensão da presença de fótons de luz nas células físicas e esta afirmação científica: "o homem é essencialmente um ser de luz", que também se encontra no cerne das tradições espirituais.

A irradiação da luz nos três planos do esforço humano transforma a escuridão em claridade, a ignorância em sabedoria, a discórdia em harmonia e conduz do irreal ao Real. É assim que o mundo do Futuro é construído, como é mais claramente descrito no Antigo Comentário citado em Os Raios e as Iniciações:“... quando os olhos são abertos na luz, aquilo que precisa ser descido para fora é agora percebido. A visão é reconhecida. A carga do futuro é assumida. A caverna é iluminada e então surge o novo homem.” (1)

A luz do sétimo Raio será de grande ajuda nesta construção, pois este grande Senhor liga a vida superior à vida inferior, a vida à forma. Com esta jornada de luz pelos três mundos, estamos no meio do processo de elevação da Consciência, que levará à revelação do Real e a uma Visão correta. Estamos no centro de uma fase de transformação, de transição de um mundo para outro, e a luz é o nosso veículo.

Temos o privilégio de ser convidados a participar desta grande descida de luz nos três mundos da evolução humana, neste encontro da luz inferior e a superior, a luz de baixo e a luz de cima, pois esta viagem é também a história de uma reunião. Assim participamos da transformação do velho mundo que abre caminho para o advento da nova Civilização, e podemos tomar consciência do nosso poder com a ajuda deste mantra:

"Nós somos radiação e poder. Permanecemos juntos com nossas mãos estendidas, unindo os céus e a terra, o mundo interior do significado e o mundo sutil da miragem."

"Nós penetramos na Luz e a trazemos para baixo para atender à necessidade. Penetramos no Lugar de silêncio e trazemos dali a dádiva da compreensão. Assim trabalhamos com a luz e transformamos a escuridão em dia." (2)

(*) Alucução proferida na Conferência da Escola Arcana em Genebra - Junho de 2022

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(1) Alice A. Bailey, Os Raios e as Iniciações, pág. 673
(2) Alice A. Bailey, Miragem – Um Problema Mundial, pág. 232

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