A Presença e a Dissipação da Ilusão - Evidência do
Guardião do Umbral, ou Morador do Umbral
Mirna Derungs (*)
As coisas parecem ser o que não são.
Estamos submersos na Ilusão, na Miragem e em Maya.
Conforme instrução do Mestre Tibetano, não estamos ainda em condições ideais – como Humanidade – para enfrentar o estado denominado Ilusão, sendo que um esforço poderia ser iniciado no combate à Miragem, estado que assola a nossa natureza de cunho astral-emocional.
Atualmente, no mundo todo, resultante sempre da nossa realidade pessoal – como humanidade – temos a impressão de que podemos tudo, temos tudo, podemos manipular tudo. Que tudo está ao nosso dispor e que possuímos o cetro do poder.
A luz do Eu Inferior revela ao homem o mundo fascinante das formas, da matéria, do instinto, do desejo e da mente; enquanto a Luz da Alma revela a natureza da relação que existe entre essas formas de vida e o mundo do amorfo – o mundo invisível pressentido – e o conflito entre o Real e o Irreal.
Nas Instruções ministradas pelo Mestre Tibetano nos é informado, a fim de considerarmos o Problema da Ilusão, que devemos ter três fatos em mente:
A existência da Intuição, o fato da Ilusão, e a ultraenvolvente Luz da Presença. Em terminologia oculta somos informados de que o estado de Individualidade promoveu o aperfeiçoamento da mente como princípio, com sua percepção, apreensão, análise e interpretação, e que A INICIAÇÃO, pelo constante desenvolvimento da Intuição, promove (quando o processo de aperfeiçoamento mental atinge um alto nível) a apreensão do mundo dos valores espirituais, da unificação do ser (do ser unificado) e da compreensão intuitiva.
No Livro Miragem: Um Problema Mundial, o Mestre Tibetano faz referencia a três Técnicas, que deverão ser estudadas, interiorizadas e, tão logo possível, realizadas no nível externo:
A Técnica da Presença, a Técnica da Luz e a Técnica da Indiferença.
Vamos nos ater rapidamente em nosso tema e compreender que a Técnica da Presença elucida que não devemos confundir Ilusão com Miragem. Instrui que a Presença é revelada pela Intuição, através do concurso do Anjo Solar e que, quando revelada e devidamente reconhecida, é o instrumento pelo qual a Ilusão é aniquilada.
A Técnica da Presença está intrinsecamente relacionada com o tema da Revelação e ao uso correto da mente (chitta) ou material mental. Trata-se, desta forma, do engano cometido pela personalidade, no que tange à compreensão dos conceitos existentes, em todos os seus níveis, ou seja: Maya - nos níveis etéricos, Miragem - no plano emocional; e Ilusão - no plano mental, culminando na soma dos três (combinadamente) na personalidade, ou no assim chamado O Guardião do Umbral. (MORADOR DO UMBRAL).
O processo poderá ser visto técnica e sinteticamente como segue:
O homem precisa trazer à tona um tipo de energia superior, a fim de enfrentar a condição bloqueada, manifestando, em termos práticos, que maya deve ser subjugada à inspiração e ao idealismo do plano emocional, que a miragem deve ser submetida à iluminação do plano mental, a ilusão à luz da intuição, energia búdica, e que o Guardião do Umbral será confrontado pelo Anjo da Presença, a Alma.
Assim, enquanto essa clareza e transformação da personalidade prosseguem no nível individual, o homem pode iniciar a servir conscientemente – o que de preferência fará de forma grupal – e a dar suporte, soerguer e iluminar a condição planetária.
Entramos agora na área do processo do Caminho do Discipulado que é um processo demorado e doloroso.
Dois processos paralelos, no entanto, produziram a humanidade e a sua civilização como conhecemos atualmente:
O fator do desenvolvimento gradual da mente humana, através dos processos evolutivos em si. Essa capacidade inata que denominamos mente, ou chita, de tornar-se mais e mais sensível ao impacto do mundo fenomênico e da impressão – processos esses provindos de mundos superiores do ser. A mente é o instrumento que registra o processo do vir-a-ser e, também, em estágios posteriores, capaz de registrar a natureza e/ou a função do Ser.
A mente é o fator do método pelo qual a humanidade torna-se cônscia daquilo que não é imediatamente aparente. Este é o método ou processo denominado Revelação Imposta, ou da Impressão Transmitida a mentes capazes de apreendê-la corretamente. Ou seja:
Um é o processo evolutivo onde a mente do individuo descortina-se gradualmente, tornando-se o aspecto dominante da personalidade e, o outro - ao mesmo tempo, uma serie de revelações graduais, sabiamente transmitidas levando a humanidade como um todo a aproximar-se da apreensão inevitável do Ser.
Sinteticamente: representa o caminho do fenomênico ao espiritual!
O Reino de Deus está e sempre esteve presente na Terra, mas somente algumas pessoas conhecem os seus sinais e manifestações. O mundo fenomênico sutil (denominado amorfo) sempre está em nós, e é possível percebê-lo, entrar em contacto e comprovar ser um campo de experimentação, ser um campo de experiências e de atividade, caso o mecanismo de percepção esteja devidamente desenvolvido.
O caminho seguro será a utilização das Técnicas acima mencionadas, assim como a utilização da Técnica da Presença, que nos impulsionará à procura da revelação mais profunda do processo a ser iniciado, ou seja, o aniquilamento da Ilusão.
Parece-nos que a Ilusão pode ser dissipada à medida que a Presença for contatada, e esta, em estado divino – na Tríade Espiritual – a princípio constatada, e a seguir elevando-nos gradualmente ao nível rarefeito de Buddhi e bem mais adiante conquistando vagarosamente o caminho que nos elevará à Chama Elétrica de Atma.
Degraus de difícil acesso certamente, mas que quando compreendidos pelo Discípulo, abrirão o caminho para a ponte dourada rumo ao Palácio do Repouso da Sabedoria, assim como também o caminho da faina inesgotável que permeia todo o universo conhecido e desconhecido.
Temos que fazer as pazes com o nosso lado sombra, esse nosso lado sombra onde, apesar dos pesares, despendemos tempo precioso nele pensando em nosso passado, ou considerando nosso futuro, mas esquecendo-nos, talvez, que, se quisermos rendê-lo, será necessário fazer as pazes com ele – dentro do Eterno Presente – aceitando-o exatamente como ele é. Sombrio, cheio de faltas perante o nobre Modelo da Alma, almejando sair da sombra para a luz – mas encará-lo e aceitá-lo exatamente como ele ainda é. Só então a Técnica da Presença produzirá um movimento acionando nossa evolução rumo à glória da vida celestial da Tríade Espiritual.
Tal é o retrato do Morador e Guardião do Umbral a nos abraçar fortemente, com desejo e profunda paixão nos querendo. Sempre temeroso de aspirar a uma nova situação de Glória, mas uma Glória para ele ainda desconhecida, que o deixa sem ação – tal é a posição do “nosso Guardião” –, daí a qualificação adequada de guardar.
Assim é a afirmação simples e direta do Mestre DK, com referência à tarefa a ser executada por todos os Discípulos dos Mestres pelo mundo afora, tarefa que devemos considerar conscientemente. A tarefa de confrontar o Guardião do Umbral em nossa própria vida e também na vida grupal, e depois, de um ângulo superior, confrontá-lo em nome da humanidade e assim ajudar a mesma a superar este antigo mal.
Isto resultará em crise para o indivíduo, assim como em crise na vida da humanidade. O processo de resolver a crise em si é a marca registrada do Discípulo, o seu certificado de autenticidade. Não há como evitar: pertence ao processo! E toda crise que for gerenciada correta e adequadamente proverá (na medida em que a dificuldade seja ocultamente resolvida) o lugar de onde uma visão extensa poderá ser alcançada, um conhecimento inédito poderá fluir e a transmutação da Luz poderá brilhar diretamente do Anjo da Presença e assim produzir resultados.
Devemos recordar que existem dois modos de refletir a Luz, um é ser a vela acesa, o outro é ser o espelho onde ela se reflete. O modo de vida modela a forma de trabalho.
Resumindo: O Anjo da Presença vencerá a longa batalha e o Morador do Umbral se renderá incondicionalmente ao seu Amor e Sabedoria.
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(*) Alocução proferida em Genebra na Conferência da Escola Arcana de 7/8 de Junho de 2014.