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A Alma: a qualidade da vida


A Alma: a qualidade da vida
Conteúdo 36 a 40

36. UNIFICAÇÃO, O RESULTADO DA INICIAÇÃO

Um ponto que devemos captar é que cada iniciação sucessiva impulsiona uma unificação mais completa da personalidade com o Ego e, em níveis ainda mais elevados, com a Mônada. A evolução do espírito humano é uma unificação progressiva. Na unificação do Ego com a personalidade está oculto o mistério da doutrina cristã da Redenção. Uma unificação acontece no momento da individualização, quando o homem se torna uma entidade consciente e racional, em contraste com os animais. À medida que a evolução segue seu curso, ocorrem sucessivas unificações.

A unificação em todos os níveis – emocional, intuicional, espiritual e divino – consiste em uma atuação com continuidade de consciência. Em todos os casos, é precedida de uma combustão por meio do fogo interno e pela destruição, por meio do sacrifício, de todo elemento separativo. O acesso à unidade se faz pela destruição do inferior e de tudo que forma uma barreira. Tomemos, por exemplo, a trama que separa os corpos etérico e emocional. Quando o fogo interno queima esta trama, passa a existir uma contínua comunicação entre os corpos da personalidade, e os três veículos atuam como um só. Temos uma situação semelhante nos níveis superiores, embora o paralelismo não possa ser levado muito longe. A intuição corresponde ao emocional e os quatro níveis superiores do plano mental ao plano etérico. Na destruição do corpo causal, por ocasião da quarta iniciação (chamada, simbolicamente, de “Crucificação”), temos um processo análogo ao da combustão da trama, que leva à unificação dos corpos da personalidade. A desintegração, que é parte da iniciação do Arhat, resulta na unidade entre o Ego e a Mônada, expressando-se na Tríade. É a unificação perfeita.

Portanto, o processo tem o objetivo de tornar o homem conscientemente uno:

Primeiro: Consigo mesmo e com os que estão em encarnação com ele.
Segundo: Com seu Eu Superior e, portanto, com todos os “eus”.
Terceiro: Com seu Espírito ou “Pai nos Céus” e, portanto, com todas as Mônadas.
Quarto: Com o Logos, o Três em Um e o Um em Três.

O homem se torna um ser humano consciente pela intervenção dos Senhores da Chama, por Seu perene sacrifício.

O homem se torna um Ego consciente, com a consciência do Eu Superior, na terceira iniciação, pela intervenção dos Mestres e do Cristo e por Seu sacrifício de tomar encarnação física para ajudar o mundo.

Na quinta iniciação, o homem se une com a Mônada pela intervenção do Senhor do Mundo, o Observador Solitário, o Grande Sacrifício.

O homem se torna um com o Logos, por intervenção d’Aquele de Quem Nada se Pode Dizer. (Iniciação Humana e Solar)


37. A EVOLUÇÃO ESPIRITUAL

1. Os métodos de desenvolvimento são sempre os mesmos: meditação ocultista e serviço; vida interna de concentração e vida externa de prática; capacidade interna de entrar em contato com o superior e capacidade externa de expressar esta faculdade em termos de uma vida santa; irradiação interna do Espírito e brilho externo diante dos homens. (Cartas sobre Meditação Ocultista)

2. É espiritual o que está à frente do ponto de realização atual; é o que incorpora a visão e impulsiona o homem para a frente, em direção a uma meta mais elevada que a alcançada. (Discipulado na Nova Era, Volume II)

3. Chegou o momento em que o grande ritmo meditativo, que se estende do desejo, passa pela oração até a adoração, e daí para a meditação e invocação, pode ser imposto pelos homens sobre seu próprio pensamento.

É esta a tarefa imediata do Novo Grupo de Servidores do Mundo que colabora em todas partes com os homens de boa vontade; cada membro do Novo Grupo deve se certificar por si mesmo de qual é o seu posto, onde está a sua responsabilidade meditativa e encontrar o campo que o destino indica para o seu serviço à raça dos homens. Não é tarefa fácil, irmão meu. Muitas vezes os homens são tão espiritualmente ambiciosos, que perdem tempo realizando tarefa que não lhes está destinada, porque assim satisfazem seu orgulho espiritual. (Discipulado na Nova Era, Volume II)

4. Quando os discípulos avançados e iniciados alcançam a meta, que durante muito tempo o aspirante comum acreditou ser inalcançável, supõem que chegaram à realização; na realidade, se esquecem de que apenas transcorreram um trecho do Infinito Caminho da Beatitude. Devido ao próprio impulso da vida, o progresso continua sempre; o conhecimento deve ser transmutado em Sabedoria; o amor deve ser acompanhado da vontade divina; o planejamento deve ceder lugar ao propósito divino; a luz deve ser substituída pela vida; da Hierarquia, o iniciado deve passar para Shamballa e de Shamballa seguirá um dos sete Caminhos; o Caminho da Evolução cede lugar ao Caminho da Evolução Superior; os reconhecimentos planetários se expandem oportunamente em contatos solares; a consciência crística se desenvolve oportunamente em algo tão inclusivo que ainda não temos palavras para descrever, nem necessitamos delas; o reconhecimento do Pai e do ser monádico fazem desvanecer os reconhecimentos menores, e a consciência da alma e a vida progressiva na forma deixam de ser metas, pois ficam muito para trás.

Apesar de tudo isto, é conveniente lembrar que o que se adquire por experiência, persiste para sempre e nada jamais se perde; o que a vida na forma conferiu, permanece na posse da entidade espiritual imortal; o que a consciência da alma abarcou e incluiu permanece o rico dom do Ser, centrado agora na Mônada; a experiência hierárquica é fusionada nos propósitos da Câmara do Concílio de Shamballa, mas a capacidade de trabalhar da Hierarquia continua para sempre, porque a constituição e instituição hierárquica condicionam toda a manifestação – a razão disso, ninguém conhece, como também não se conhece a Vontade divina. (A Exteriorização da Hierarquia)

5. Cabe à alma, pela transmissão de ideias, revelar à mente equilibrada e aquietada o próximo passo a dar na tarefa da evolução mundial. Tal é o Plano para a humanidade. (Psicologia Esotérica, Volume II)

(a) O Homem

1. Podemos considerar o microcosmo, o homem, evoluindo nos três mundos. O homem é produto da aproximação (atualmente imperfeita) dos dois polos: Espírito (o Pai no céu) e matéria (a Mãe). Esta união dá por resultado um Filho de Deus individualizado, a unidade do Eu divino, e sua réplica exata, em miniatura, no plano mais inferior, do grande Filho de Deus, o Oni-Eu, que constitui em si mesmo a totalidade de todos os filhos em miniatura, de todos os Eus individualizados e de todos e cada uma das unidades. Expresso em outros termos, o microcosmo, do ponto de vista subjetivo, é um sol em miniatura que se distingue pelas qualidades de calor e luz. No presente essa luz se encontra “abaixo da medida”, ou profundamente oculta por um véu de matéria, porém, com o processo evolutivo, brilhará a tal ponto que os véus se desvanecerão ante o resplendor da excelsa glória. Atualmente o calor microcósmico é de pequeno grau, isto é, pouco se sente a irradiação magnética entre os entes microcósmicos (segundo o significado oculto do termo), mas, com o tempo, as emanações de calor – devido à intensificação da chama interna, unida à irradiação assimilada de outros entes – aumentarão e alcançarão tais proporções, que a interação entre os Eus individualizados resultará, em cada um, na perfeita fusão da chama e do calor; e assim continuará até que exista “uma só chama com incontáveis chispas”, e o calor seja geral e equilibrado. Quando isso acontecer e cada Filho de Deus for um Sol perfeito, caracterizado pela luz e pelo calor perfeitamente expressos, todo o sistema solar, o filho maior de Deus, será um Sol perfeito. (Tratado sobre Fogo Cósmico)

2. Durante o ciclo de vida de um homem, ele expressa o que está nele, naquela sua etapa particular, e gradualmente desenvolve, do período pré-natal em que o Eu sobrepaira o aspecto matéria, até o período em que esse Eu superior toma plena posse da forma já preparada. Esta etapa varia em cada indivíduo. A partir desse momento, o homem procura desenvolver com maior plenitude a autoconsciência e (se progredir normalmente) expressa-se através da forma de maneira cada vez mais adequada. Em cada ciclo menor de vida, no grande ciclo do Ego ou Eu, vê essa expressão mais completa, controla mais a forma e desenvolve uma realização consciente do Eu, até que chega um ciclo culminante de vidas em que o Eu interno rapidamente domina e assume plena autoridade. A forma se torna totalmente adequada; produz-se a plena fusão dos dois polos, Espírito e matéria, e a luz (fogo) e o calor (irradiação) são vistos e sentidos em todo o sistema. Então a forma é utilizada conscientemente para fins específicos ou é abandonada, e o homem se libera. (Tratado sobre Fogo Cósmico)

3. O homem, em sua essência fundamental, é a Tríade superior manifestando-se por meio de uma forma que evolui gradualmente, o corpo egoico ou causal, e utiliza a tríplice personalidade inferior como meio de contato com os três planos inferiores. Todo isto tem por finalidade o desenvolvimento da autoconsciência perfeita. (Tratado sobre Fogo Cósmico)

4. O homem poderia ser definido como uma unidade de vida consciente, levada à expressão tangível mediante o amor discriminativo de Deus. Pelas experiências da sua vida, inúmeras escolhas lhe são apresentadas, as quais, gradualmente, mudam do reino do tangível ao do intangível. À medida que atrai ou é atraído pela vida de seu ambiente, torna-se cada vez mais consciente de uma série de valores cambiantes, até que chega a um ponto de desenvolvimento em que a força de tração ou atração magnética do mundo subjetivo e das realidades mentais e espirituais intangíveis são mais potentes que os fatores que até agora o incitavam a seguir em frente. Seu sentido de valores deixa de ser determinado:

1. Pela satisfação da sua natureza animal instintiva.
2. Pelos desejos de tipo mais emocional e sentimental que o seu corpo astral exige.
3. Pela atração e prazeres da natureza mental e dos apetites intelectuais.

Ele é poderosamente atraído pela alma, o que produz uma grande revolução em sua vida, considerando-se a palavra “revolução” em seu verdadeiro sentido, como uma total reviravolta. Esta revolução está acontecendo agora, em tal escala universal na vida dos indivíduos, que é um dos grandes fatores que estão produzindo a atual potência de ideias experimentais no mundo dos tempos modernos. O poder atrativo da alma aumenta constantemente e a atração da personalidade se debilita em paralelo. Tudo isto se deu pelo processo da experimentação, que leva à experiência; pela experiência, que leva ao uso mais sábio dos poderes da personalidade; pela crescente apreciação do verdadeiro mundo de valores e da realidade, e pelo esforço por parte do homem de se identificar com o mundo dos valores espirituais e não com o mundo dos valores materiais. O mundo dos significados e das causas se torna gradualmente o mundo em que encontra felicidade; e a seleção que faz dos seus principais interesses e o uso que decide fazer do seu tempo e poderes são finalmente condicionados pelos valores espirituais mais verdadeiros. Ele então está no caminho de iluminação. (Psicologia Esotérica, Volume I)

(b) Percorrendo o Caminho do Fio da Navalha

1. Nenhum espelhismo e nenhuma ilusão podem reter por muito tempo o homem que estabeleceu para si a tarefa de percorrer o Caminho do fio da navalha, que o conduz através da vastidão do deserto, através da floresta espessa, através das águas profundas da dor e da agonia, através do vale do sacrifício e das montanhas da visão ao portal da Liberação. Algumas vezes viajará na escuridão (e a ilusão da escuridão é muito real); outras vezes viajará em uma luz tão deslumbrante e atordoante que mal conseguirá divisar o caminho à frente; saberá o que é hesitar no Caminho e se deixar cair sob a fadiga do serviço e da luta; poderá se desviar temporariamente e vagar pelas veredas da ambição, do egoísmo e da atração material, mas o lapso será breve. Nada no céu nem no inferno, na terra nem em nenhum lugar poderá impedir o progresso do homem que despertou da ilusão, vislumbrou a realidade além do espelhismo do plano astral e que ouviu, ainda que uma única vez, a clara convocação da sua própria alma. (Tratado sobre Magia Branca)

2. Pede-se encarecidamente aos estudantes, que tratem de maneira drástica e vigorosa as suas naturezas emocionais, lembrando que a vitória vem de cima e não pode ser alcançada por baixo. A alma deve reger e o instrumento que tem nesta luta é a mente consagrada.

É interessante observar, na regra que estamos estudando, que há uma sequência oculta na descrição deste plano (Regra Sete).

Antes de tudo, é o plano das forças duais. A primeira coisa que o aspirante percebe é a dualidade. O homem pouco evoluído tem percepção da síntese, mas se trata da síntese da sua natureza material. O homem de elevação espiritual também tem percepção da síntese, mas a que há em sua alma, cuja consciência é a da unidade. Entre essas duas, encontra-se o desditoso aspirante, consciente da dualidade acima de tudo e levado de um lado para outro entre as duas. O seu primeiro passo tem por objetivo torná-lo ciente dos pares de opostos e da necessidade de escolher entre eles. Por meio da luz que descobriu em si mesmo, ele toma ciência da escuridão. Através do bem que o atrai, ele vê o mal que, para ele, é a linha de menor resistência. Através da atividade da dor, pode visualizar e ser consciente do prazer e céu e inferno se tornam realidades para ele. Pela atividade da vida atrativa da sua alma, ele se dá conta da atração da matéria e da forma e é forçado a reconhecer a pressão e a força de tração de ambas. Aprende a se sentir como que “pendendo entre as duas grandes forças” e, tendo captado as dualidades, lenta e seguramente torna-se claro para ele que o fator decisivo na luta é a sua vontade divina, em contradição com a sua vontade egoísta. Assim as forças duais desempenham o seu papel até que são vistas como duas grandes correntes de energia divina, puxando em direções opostas, e toma consciência dos dois caminhos, mencionados em nossa regra. Um caminho leva de volta à terra sombria do renascimento e, o outro, conduz pelo portão dourado à cidade das almas livres. Um é, pois, involutivo e o envolve na matéria mais densa; o outro o conduz para fora da natureza corporal e, oportunamente, torna-o ciente do seu corpo espiritual, através do qual poderá atuar no reino da alma. Posteriormente ele saberá (quando for um chela verdadeiro e consagrado) que um caminho é o da mão esquerda e, o outro, o da atividade correta. Em um caminho se tornará perito em magia negra, que nada mais é do que o desenvolvimento dos poderes da personalidade, subordinados aos propósitos egoístas do homem cujas motivações são os interesses pessoais e as ambições mundanas. Tais motivações o confinam aos três mundos e fecham a porta que se abre para a vida. No outro caminho, ele subordina a própria personalidade e exercita a magia da Fraternidade Branca, trabalhando sempre à luz da alma com a alma em todas as formas e sem acentuar as ambições do eu pessoal. A clara discriminação entre esses dois caminhos revela o que alguns livros ocultistas denominam de “estreito Caminho do fio da navalha”, que se encontra entre eles. Trata-se do “nobre Caminho do meio” do Buda, o qual traça uma fina linha demarcatória entre os pares de opostos e, entre as duas correntes que já aprendeu a reconhecer – uma ascendente aos portões do céu e a outra levando ao inferno mais profundo. (Tratado sobre Magia Branca)

(c) O Desenvolvimento do Ser Humano

1. O desenvolvimento do ser humano é a passagem de um estado de consciência para outro. É uma sucessão de expansões, um desenvolvimento da faculdade de percepção consciente que é a característica predominante do Pensador interno. É a progressão da consciência centralizada na personalidade, o eu inferior ou corpo, para a consciência polarizada no Eu Superior, o Ego ou Alma, e dali para a polarização na Mônada (espírito), até que, oportunamente, a consciência seja divina. À medida que o ser humano se desenvolve, a faculdade de percepção consciente se estende, primeiro para além dos limites que o confinam nos reinos inferiores da natureza (mineral, vegetal e animal), para os três mundos da personalidade em evolução, para o planeta onde desempenha seu papel, para o sistema onde esse planeta orbita, até que, finalmente, escapa do próprio sistema solar e se torna universal. (Iniciação Humana e Solar)

2. Durante um longo período de vidas, o Ego permanece praticamente inconsciente da personalidade. O vínculo magnético existe, e isso é tudo, até que chega o momento em que a vida pessoal alcança um ponto no qual tem algo a agregar ao conteúdo do corpo causal – corpo que, de início, é pequeno, desprovido de cor e insignificante. Mas chega a hora em que as pedras são extraídas do canteiro da vida pessoal perfeitamente preparadas, e o homem, construtor e artista, aplica as primeiras cores. O Ego então começa a prestar atenção, raramente de início, mas com crescente frequência depois, até que, em determinadas vidas, o Ego passa a se dedicar decididamente à tarefa de subjugar o eu inferior, alargar o canal de comunicação e transmitir à consciência do cérebro físico a realidade de sua existência e a meta do seu ser. Feito isto, e o fogo interno circulando mais livremente, muitas vidas são dedicadas a estabilizar essa impressão e a converter essa consciência interna em parte da vida consciente. A chama se irradia cada vez mais para baixo, até que, gradualmente, os diferentes veículos vão se alinhando e o homem entra no Caminho de Provação. Ignora o que o espera, e só é consciente de uma impetuosa e fervorosa aspiração e de inatos anseios divinos. Anseia por progredir e saber, e sonha sempre com algo ou alguém superior a ele. Tudo isso se apoia na profunda convicção de que a meta sonhada será alcançada pelo serviço prestado à humanidade, a visão se tornará uma realidade, o anseio se converterá em satisfação e a aspiração em visão.

A Hierarquia começa a atuar e a instrução se processa como mencionei... Até agora os Instrutores só observaram e guiaram, sem se ocupar claramente do homem em si; cabia ao Ego e à vida divina desenvolver o plano, e a atenção dos Mestres se dirigia ao Ego em seu próprio plano, o qual dedica todo o esforço possível para acelerar a vibração e obrigar os veículos inferiores, muitas vezes rebeldes, a responderem e se adaptarem à força que aumenta rapidamente. Trata-se principalmente de intensificar o fogo ou calor e, em consequência, a capacidade vibratória. O fogo egoico aumenta cada vez mais, até que o trabalho seja realizado e o fogo purificador se torne a Luz da Iluminação. Reflitam sobre esta frase. Como é em cima é embaixo; o processo se repete em cada degrau da escada. Na terceira Iniciação, a Mônada começa a se tornar consciente do Ego. O trabalho, então, é feito com mais rapidez, pois o material está mais refinado e a resistência é um fator que só existe nos três mundos.

Eis porque um Mestre não sofre dor, melhor dizendo, a dor como a conhecemos na Terra, que é em grande parte dor na matéria. A dor que se acha oculta na compreensão, na não resistência, é sentida até os círculos mais elevados e chega de fato até o próprio Logos. Porém isto está fora do tema e é quase incompreensível para vocês, que ainda estão acorrentados na matéria...

O Ego procura viabilizar o fim desejado de três maneiras:

1. Por um trabalho definido nos níveis abstratos. Aspira fazer contato com o átomo permanente e encerrá-lo; é esta a sua primeira aproximação direta com a Tríade.

2. Por um trabalho definido com a cor e o som, com vistas à estimulação e vivificação, atuando em grupos e sob a orientação de um Mestre.

3. Por um trabalho definido com a cor e o som, com vistas à estimulação e vivificação, atuando em grupos e sob a orientação de um Mestre.

Lembrem-se de que o Ego também tem algo contra o qual lutar. A recusa a encarnar não se manifesta somente nos níveis espirituais, mas também no nível do Eu superior. (Cartas sobre Meditação Ocultista)

3. As almas, que ciclicamente adotam formas de vida distintas no longo processo evolutivo, chegam com o tempo a uma existência plena e autoconsciente, o que significa que estão autodeterminadas, autocondicionadas e autoconscientes. Também são conscientes e responsivas ao ambiente.

Uma vez obtida esta percepção consciente, o progresso é mais rápido. É preciso levar em conta que muitos seres humanos não possuem esta percepção. Os agrupamentos que surgem desta percepção (limitando as nossas ideias ao raio da família humana) expressam-se como:

1. As almas que vivem, mas cuja consciência está adormecida. Estes seres humanos entorpecidos têm um grau muito inferior de inteligência e a percepção de si mesmos e da vida é tão tênue e nebulosa que somente as formas mais inferiores da existência humana entram nesta categoria. Em forma racial, nacional e tribal não existem como tipos puros, mas ocasionalmente nascem nas favelas das grandes cidades. São como um retrocesso e nunca nascem entre os selvagens naturais ou entre os camponeses.

2. As almas que são conscientes simplesmente do plano físico e das sensações. Estas pessoas são lentas, inertes e inarticuladas; o ambiente lhes traz confusão, mas os acontecimentos não as perturbam tanto como aos tipos mais avançados e emocionais. Não têm senso de tempo nem de propósito; raras vezes podem ser instruídas na linha mental e poucas vezes demonstram capacidade em alguma direção. Se forem dirigidas, podem fazer trabalho braçal; comem, dormem e procriam, seguindo os instintos naturais do corpo animal. Emocionalmente, porém, estão dormentes e, mentalmente estão adormecidas. São relativamente raros, embora existam milhares deles em nosso planeta. Podem ser reconhecidos pela total incapacidade de responder ao treinamento emocional e mental e à cultura.

3. As almas que estão começando a se integrar e estão emocional e psiquicamente despertas. Nelas, logicamente, a natureza animal está desperta e a natureza de desejo começa a predominar. Poucas destas pessoas se encontram nas raças, algumas se encontram entre os negros, raça que possui um grande número de pessoas que está ainda na etapa infantil. São as almas infantis, e embora possuam instrumental mental e algumas possam ser treinadas para usá-lo, a preponderância da ênfase da vida reside inteiramente na atividade física, pois são motivadas pelo desejo de obter satisfação de algum tipo e por uma vida superficial ou de natureza de desejo, orientada quase que totalmente para a vida física. Tais almas são a analogia moderna das antigas culturas lemurianas.

4. As almas que são primordialmente emocionais, cuja natureza mental não é muito ágil e só raras vezes entra em atividade, e cujo corpo físico desliza constantemente para o reino do inconsciente. Em toda raça e nação existem milhões de almas nestas condições. Podem ser consideradas como os atlantes modernos.

5. As almas que podem ser classificadas como seres humanos inteligentes, aptos a aplicar a mente se forem treinados, demonstrando que podem pensar quando surge a necessidade. Contudo, permanecem predominantemente emocionais. Constituem a maioria da moderna humanidade no momento presente. São os cidadãos comuns do nosso mundo moderno, bons, bem intencionados, capazes de realizar uma intensa atividade emocional, com uma natureza sensível quase superdesenvolvida, flutuando entre a vida dos sentidos e da mente. Oscilam entre os polos da experiência. Suas vidas transcorrem em uma contínua agitação astral, mas têm momentos, cada vez mais frequentes, em que a mente pode momentaneamente se fazer sentir e em casos necessários tomar importantes decisões. Estas pessoas agradáveis e boas são controladas sobretudo pela consciência de massa, porque não pensam. Podem ser arregimentadas e padronizadas com facilidade por uma religião ortodoxa e um governo e são as ovelhas da família humana.

6. As almas que pensam e são mentais. Aumentam constantemente e adquirem poder à medida que os processos educacionais e as descobertas científicas obtêm alguns resultados e conseguem a percepção humana. Constituem a elite da família humana e são os que triunfam em algum setor da vida. Entre eles estão os escritores, artistas, pensadores em diversos campos do conhecimento e dirigentes religiosos, cientistas, trabalhadores técnicos e artesãos da aspiração humana, políticos, e todos aqueles que, mesmo estando na primeira classe, tomam as ideias e proposições e as desenvolvem para o ultérrimo beneficio da família humana. São os aspirantes mundiais e os que começam a introduzir em sua consciência o ideal do serviço.

7. As almas cujo sentido de percepção se desenvolveu em tal grau no plano físico que podem passar para o Caminho Probacionário. São os místicos, conscientes da dualidade, fustigados pelos pares de opostos, mas que não podem descansar até que estejam polarizados na alma. São as pessoas sensíveis que lutam e não querem fracassar nem viver no mundo atual. Possuem mente ágil e ativa, mas não são capazes de controlá-la devidamente, e a iluminação superior é ainda uma alegre esperança e uma possibilidade última.

8. As almas cuja inteligência e amor estão se tornando tão despertas e integradas que podem começar a percorrer o Caminho do Discipulado. São os místicos práticos ou os ocultistas dos tempos modernos.

9. As almas que se iniciaram nos mistérios do reino de Deus. Não somente são conscientes de seus veículos de expressão, a personalidade integrada, como também de si mesmas como almas, e sabem, para além de toda controvérsia, que não existe “minha alma e sua alma”, mas simplesmente “a Alma”. Isso sabem não apenas como uma proposta mental e uma realidade percebida, mas também como um fato em sua própria consciência.

10. As almas que conseguiram se liberar de todas as limitações da natureza forma e residem eternamente na consciência da alma Una; não se identificam com nenhuma aspiração da vida da forma, por mais desenvolvida que seja. Podem usar e usam a forma à vontade para fins do bem geral. São os Mestres da Vida, os adeptos perfeitos. (Psicologia Esotérica, Volume II)

4. É preciso ter em mente que a vida da personalidade abrange as seguintes etapas:

1. A lenta e gradual construção durante um longo período de tempo. Durante muitos ciclos de encarnações, o homem não é uma personalidade, é apenas um membro da massa.

2. Nesta etapa, a identificação consciente da alma com a personalidade praticamente não existe. O aspecto alma, oculto nas envolturas, foi dominado pela vida dessas envolturas, durante um período muito, muito longo, e só faz sentir sua presença mediante o que se denomina “a voz da consciência”. Contudo, à medida que o tempo vai avançando, a vida inteligente ativa do indivíduo gradualmente se aprimora e coordena pela energia que flui das pétalas do conhecimento do lótus egoico ou da inteligente natureza perceptiva da alma em seu próprio plano. Isto produz, a certa altura, a integração das três envolturas inferiores em um todo atuante. O homem então é uma personalidade.

3. A vida da personalidade do indivíduo agora coordenado persiste durante muitas vidas, e também abrange três fases:

a. A da agressiva e dominante vida da personalidade, basicamente condicionada por seu tipo de raio, de natureza egoísta e muito individualista.

b. A de transição, em que se trava um intenso conflito entre a personalidade e a alma. A alma começa a procurar se liberar da vida da forma e, no entanto, em última análise, a personalidade depende do princípio vida, conferido pela alma. Expressando de outra maneira, tem início o conflito entre o raio da alma e o raio da personalidade, e a luta é travada entre dois enfocados aspectos de energia. Este conflito termina na terceira iniciação.

c. A do controle exercido pela alma, que é a fase final, levando à morte e à destruição da personalidade. Esta morte começa quando a personalidade, o Morador no Umbral, permanece ante o Anjo da Presença. A luz do Anjo Solar então extingue a luz da matéria.

A fase do “controle” é condicionada pela total identificação da personalidade com a alma; é o reverso da identificação anterior, da alma com a personalidade. Também é o que queremos expor quando falamos da integração de ambas, as duas agora são uma só. São Paulo se referiu a isso quando disse (nas Epístolas aos Efésios) que o Cristo “fez de dois, um homem novo”. É notadamente a fase das etapas finais do Caminho de Provação (no qual tem início o trabalho consciente) e é sustentado até a conclusão, no Caminho do Discipulado. É a etapa do servidor prático e triunfante, em que todo enfoque e produto da vida do homem é dedicado ao cumprimento da intenção hierárquica. O homem começa a atuar nos níveis não incluídos nos três mundos da evolução comum e também a partir deles, mas que exercem seus efeitos e produzem seus objetivos planejados nesses três mundos. (Cura Esotérica)

Consulte também: Tratado sobre Magia Branca e Psicologia Esotérica Volume II

(d) Os Pontos de Crise na Vida

Temos aqui, portanto, cinco períodos de crise na vida do indivíduo... O reflexo desta quíntupla experiência na vida individual ocorre na seguinte ordem, durante a vida do aspirante inteligente comum, que responde e tira proveito da civilização e da educação da época atual:

1. Apropriação da envoltura física.

Acontece entre os quatro e os sete anos, quando a alma, que até este momento sobrepairava o veículo físico, toma posse dele.

2. Uma crise durante a adolescência, em que a alma se apropria do veículo astral. As pessoas não reconhecem esta crise e somente o psicólogo comum a percebe levemente, devido às momentâneas anormalidades que apresenta, das quais não reconhece a causa, apenas os efeitos.

3. Uma crise similar ocorre entre os vinte e um e os vinte e cinco anos, quando a alma se apropria do veículo mental; então o homem comum deveria começar a responder às influências egoicas e, no caso do homem evoluído, ele muitas vezes assim faz.

4. Uma crise entre os trinta e cinco e os quarenta e dois anos, em que se estabelece o contato consciente com a alma; então a tríplice personalidade começa a responder, como unidade, ao impulso da alma.

5. Durante os anos de vida restantes deveria se estabelecer uma relação maior e mais forte entre a alma e seus veículos, o que leva a outra crise entre os cinquenta e seis e os sessenta e três anos. Dessa crise dependerá a futura utilidade da pessoa, se o Ego continuará utilizando os veículos até a velhice, ou se haverá uma retirada gradual da entidade que mora internamente.

No transcurso das épocas, houve muitos ciclos de crise na história da vida de uma alma, mas estas cinco crises maiores podem ser delineadas com clareza do ponto de vista da visão superior. (Psicologia Esotérica, Volume II)

(e) Nível de Progresso

Gostaria de... enfatizar para vocês a necessidade de lembrar sempre que em todo trabalho realmente ocultista, os efeitos esperados são alcançados sempre muito lentamente. No caso de um indivíduo, que em uma dada encarnação progride de forma espetacular, deve-se a que está manifestando algo adquirido anteriormente (a manifestação das faculdades inatas, adquiridas em encarnações passadas) e está se preparando para um novo período de esforço lento, cuidadoso e minucioso. Na vida presente recapitula os processos superados no passado e assenta as bases para um esforço renovado. Este esforço lento e laborioso, método geral para tudo que evolui, não é afinal mais do que uma ilusão de tempo, devido a que atualmente a consciência da maioria está polarizada nos veículos inferiores e não no causal. Os estados de consciência se sucedem uns aos outros com aparente lentidão, e nesta progressão lenta reside a oportunidade para o Ego de assimilar o fruto destas etapas. É preciso um longo tempo para estabelecer uma vibração estável e um tempo igualmente longo para desintegrá-la e impor um ritmo ainda mais elevado. O crescimento é um longo período de construção, para depois destruir, de organização, para posterior desorganização, de desenvolvimento de certos processos rítmicos, para depois rompê-los e de forçar o ritmo antigo a ceder lugar para o novo.

O que a personalidade procurou estabelecer em muitíssimas vidas não será facilmente alterado, quando o Ego – atuando na consciência inferior – procurar efetuar uma mudança. A transferência de polarização do emocional para o mental, deste para o causal e, mais tarde, para o tríplice Espírito, necessariamente implica em um período de grandes dificuldades, de violento conflito, tanto interno como com o ambiente, de sofrimento intenso e de aparente escuridão e desintegração; tudo isto caracteriza a vida do aspirante ou do discípulo. (Cartas sobre Meditação Ocultista)

(f) Aprendendo da Experiência

1. Não alivie demais a carga dos seus associados imediatos. As almas dos seus associados têm o direito de aprender as mesmas lições que você aprendeu, e um coração demasiado piedoso nem sempre constitui uma posse muito útil; um coração amoroso é sempre útil...

...Não tire dos demais o direito de se sustentar por si, mediante uma manifestação demasiado grande desse amor protetor.

...Deixe que enfrentem por si mesmos as questões da alma que lhes são apresentadas por meio das lições materiais, assim poderão vir na próxima vida com um instrumental melhor para amar, trabalhar e viver altruisticamente. O verdadeiro amor às vezes deve se afastar e observar pacificamente, enquanto outros aprendem suas lições. Não se deixe dominar, não acredite que fracassa em algum aspecto quando outros não enfrentam as coisas como é devido. As reações dos demais não são responsabilidades suas. Sua responsabilidade é lhes dar força e desapego. Portanto, não assuma responsabilidades que não correspondem a você. (Discipulado na Nova Era, Volume I)

2. De acordo com a Lei oculta, o fazer precede sempre o conhecimento, porque o conhecimento se obtém pelo experimento e a experiência. O discípulo ou aspirante trabalha sempre no escuro, particularmente nas primeiras etapas do desenvolvimento, seguindo um instinto profundo e oculto para a atividade correta. Pelo árduo e persistente cumprimento do dever, sob a pressão da consciência primeiro, sob o impulso de sua alma que vai despertando e sob a influência do Mestre, avança das trevas para a luz; descobre que a obediência aos seus instintos espirituais o conduz inevitavelmente para o reino do conhecimento e que o conhecimento – uma vez adquirido – oportunamente se transforma em sabedoria. Ele então se torna um Mestre e não mais caminha na escuridão.

Em geral os aspirantes se ressentem amargamente dos muitos ciclos de escuridão pelos quais parecem passar; queixam-se da dificuldade de trabalhar na escuridão e de não ver luz em nenhum lugar; esquecem-se de que a capacidade de trabalhar na escuridão ou na luz constitui uma só faculdade inerente. A razão disto é que a alma só conhece o ser e luz e escuridão são – para a alma – uma e a mesma coisa. Acima de tudo, o conhecimento vem por meio de experimento consciente e onde não há uma atividade experimental não se pode obter experiência alguma. O conhecimento é a recompensa desses fatores – um conhecimento que não é teórico, mas comprovado, real e o resultado inteligente de um trabalho árduo; é também o resultado da frequente aflição (corretamente controlada) e da expectativa espiritual.

O exposto acima é verdade na vida e no trabalho do aspirante individual, à medida que procura resolver o problema de sua própria natureza inferior e se prepara para a etapa de se tornar uma personalidade fusionada com a alma; também é verdade para o discípulo ativo que busca o conhecimento e a sabedoria, à medida que cumpre o Plano hierárquico o melhor que pode. Forçosamente deve experimentar e obter experiência prática; deve aprender o significado tanto do êxito como do fracasso, e o conhecimento que possa obter por meio dele. O conhecimento chega primeiro quando se luta por avançar para uma luz maior e mais clara e depois quando o aspirante (que procura expressar a alma) aprende a esquecer de si mesmo diante da necessidade dos demais, quando eles lhe demandam a luz e o conhecimento que possa possuir. A sabedoria ocupa o lugar do conhecimento quando, na transmutação dos fogos da luta, da dor e do trabalho árduo, o aspirante se transforma no discípulo ativo e é gradualmente absorvido nas fileiras da Hierarquia. (Discipulado na Nova Era, Volume II)


38. O DISCIPULADO

1. Discípulo é aquele que, acima de tudo, está comprometido em fazer três coisas:

a. Servir à humanidade.
b. Colaborar com o plano dos Grandes Seres, tal como o vê, e da melhor maneira possível.
c. Desenvolver os poderes do Ego, expandir sua consciência até poder atuar nos três planos dos três mundos e no corpo causal, e seguir a orientação do Eu Superior e não os ditames da sua tríplice manifestação inferior.

Discípulo é aquele que está começando a compreender o trabalho grupal e a deslocar seu centro de atividade de si mesmo (como um eixo em torno do qual tudo gira), para o centro grupal.

Discípulo é aquele que compreende simultaneamente a relativa insignificância de cada unidade de consciência, como também sua incomensurável importância. Ajusta seu senso de proporção e vê as coisas tal como são, as pessoas como são, a si mesmo como é inerentemente, buscando ser o que ele é.

Um discípulo compreende a vida ou o aspecto força da natureza, e para ela a forma não exerce apelo. Trabalha com a força e por meio dela; reconhece-se como um centro de força dentro de outro centro maior de força, e tem a responsabilidade de direcionar a energia que pode afluir através dele para os canais por meio dos quais o grupo pode se beneficiar.

O discípulo reconhece que é – em maior ou menor grau – um posto avançado da consciência do Mestre, considerando o Mestre sob um duplo aspecto:

a. Como sua própria consciência egoica.
b. Como o centro do seu grupo; a força que anima as unidades do grupo, aglutinando-as em um todo homogêneo.

Um discípulo é aquele que está transferindo a sua consciência do pessoal para o impessoal e que durante a etapa de transição necessariamente suporta muitas dificuldades e sofrimentos, provenientes de várias causas:

a. Do seu eu inferior, que se rebela contra a transmutação.
b. Do seu grupo imediato, amigos e familiares, que se rebelam diante da sua crescente impessoalidade. Não lhes agrada ser considerados unos com ele no aspecto vida e, no entanto, separados dele no que diz respeito a desejos e interesses. No entanto, a lei rege, e só cabe verdadeira unidade na vida essencial da alma. Na descoberta do que a forma é, o discípulo encontrará muito sofrimento para, mas esta via leva, mais à frente, à perfeita união.

O discípulo é aquele que se dá conta da sua responsabilidade para com todas as unidades que estão sob sua influência – a responsabilidade de colaborar com o plano da evolução, tal como é para elas, e assim expandir suas consciências e ensinar-lhes a diferença entre o real e o irreal, a vida e a forma. Isto faz mais facilmente demonstrando em sua própria vida qual é sua meta, seus objetivos e centro de consciência. (Iniciação Humana e Solar)

2. Assim como no passado o instrumento e sua relação com o mundo externo foi o fato mais importante na experiência do homem espiritual, agora é possível efetuar um reajuste no qual o homem espiritual, o anjo solar ou alma, seja o fato relevante. Também se compreenderá que a sua relação (por meio do aspecto forma) será com os mundos interno e externo. O homem incluiu na sua relação apenas o aspecto forma do campo da evolução humana comum.

Utilizou a forma e foi dominado por ela. Sofreu por isso, e com o tempo se rebelou, pois se saciou de tudo o que pertence ao mundo material. Descontentamento, desgosto, desagrado e profunda fadiga são características muito frequentes naqueles que estão à beira do discipulado. E o que é um discípulo? É aquele que procura aprender um novo ritmo, entrar em um novo campo de experiência e seguir os passos da humanidade avançada que, antes dele, trilhou o caminho que conduz das trevas para a luz e do irreal para o real. Saboreou as alegrias da vida no mundo da ilusão e aprendeu que são incapazes de satisfazê-lo e retê-lo. Encontra-se agora em uma etapa de transição entre o novo e o antigo estado do ser. Vibra entre a condição da percepção da alma e a percepção da forma. Portanto, vê “duplo”.

Sua percepção espiritual aumenta lenta e seguramente, à medida que o cérebro vai se capacitando para receber iluminação da alma, por intermédio da mente. À medida que a intuição se desenvolve, o raio da percepção aumenta e se abrem novos campos de conhecimento.

O primeiro campo de conhecimento que recebe iluminação poderia ser descrito como aquele que abrange a totalidade das formas que se encontram nos três mundos do esforço humano: etérico, astral e mental. O discípulo em pauta, através deste processo, torna-se consciente da sua natureza inferior e começa a se dar conta da amplitude do seu aprisionamento e (como expressa Patanjali) “das modificações da versátil natureza psíquica”. A ele são revelados os impedimentos para a realização e os obstáculos para o progresso, e seu problema se torna específico. Muitas vezes chega à posição em que Arjuna se encontrou, enfrentando inimigos em seu próprio lar, confundido em relação ao seu dever, desanimado ao tentar se equilibrar entre os pares de opostos. Para ele, então, a prece deveria ser a famosa oração da Índia, pronunciada pelo coração, captada pela cabeça e complementada por uma fervorosa vida de serviço à humanidade:

“Revela-nos a face do verdadeiro sol espiritual,
Oculta por um disco de luz dourada,
Para que possamos conhecer a verdade e cumprir com o nosso dever
À medida que nos encaminhamos aos Teus sagrados pés”.

À medida que luta e persevera, supera seus problemas e controla seus desejos e pensamentos, o segundo campo de conhecimento se revela – o conhecimento do Eu no corpo espiritual e do Ego, ao se expressar por meio do corpo causal, o Karana Sarira, e a percepção dessa fonte de energia espiritual, que é o impulso motivador por trás da manifestação inferior. O “disco de luz dourada” é traspassado; o verdadeiro sol é percebido; o caminho é descoberto e o aspirante luta por avançar para uma luz cada vez mais clara.

Quando se estabilizam o conhecimento do Eu e a consciência do que esse Eu vê, ouve, sabe e faz contato, o discípulo encontra o Mestre; entra em contato com seu grupo de discípulos e compreende o Plano de trabalho imediato que lhe cabe desenvolver gradualmente no plano físico. Assim diminui a atividade da natureza inferior e entra pouco a pouco em contato consciente com seu Mestre e seu grupo. Isto ocorre, porém, depois de “acender a lâmpada” – o alinhamento do inferior com o superior e a descida da iluminação para o cérebro. Cada etapa do caminho tem que ser cumprida pelo próprio homem, e não há caminho curto ou fácil que conduza das trevas para a luz. (Tratado sobre Magia Branca)

3. Foi dito que a alma está em profunda meditação a maior parte do ciclo de vidas de todo indivíduo, e somente quando a personalidade consegue se integrar em certa medida a atenção se afasta das suas próprias considerações internas e assuntos egoicos e se dirige à sua sombra. Quando isto acontece, afeta definidamente o grupo egoico, e o Mestre (cujo raio é o mesmo que o da alma implicada) se dá conta do que esotericamente se denomina “uma alma que olha para baixo”. No caminho do discipulado, o Ego está sempre consciente da personalidade, que se esforça por progredir, e chega à etapa em que (até o final da Senda de Evolução) a alma recapitula o processo evolutivo de involução e evolução. A energia da alma desce e a força da personalidade ascende, e isto ocorre através de descidas e subidas conscientes. Refiro-me aqui ao processo que a alma empreende sob o impulso hierárquico, não ao processo em que a personalidade invoca a alma sob uma imperiosa necessidade, produzida na consciência inferior pela gradual cessação do desejo. (Discipulado na Nova Era, Volume I)


39. A VIDA DUAL DO DISCÍPULO

1. Com relação à vida dual do discípulo, os fatores envolvidos são: a tríplice personalidade (com uma incipiente ou observadora consciência centrada ou enfocada no cérebro), a alma, que a princípio parece ser a meta final da realização, mas que, posteriormente, é considerada um mero sistema ou coletânea de atributos espirituais, que estão se fusionando, e o aspecto inferior da Tríade espiritual, a mente abstrata. O discípulo crê que, se puder alcançar imediatamente a fusão dessas três consciências, terá alcançado a realização; compreende também que isso implica na construção do antahkarana. Todos estes fatores, para quem acaba de ser admitido no Caminho do Discipulado e está recém encontrando seu lugar em um Ashram, parece uma empresa difícil, que absorve todo o poder que possui.

Isto é verdade momentaneamente, e tais objetivos – até a terceira iniciação – esses objetivos, a fusão consciente deles, mais um reconhecimento dos planos divinos de percepção, aos quais admitem o discípulo, indicam a ele sua tarefa e o mantêm plenamente ocupado. Aos reconhecimentos envolvidos ele deve agregar uma crescente capacidade de trabalhar nos níveis de consciência em questão, lembrando sempre que plano e estado de consciência são termos sinônimos, e que ele está fazendo progressos, tornando-se consciente, construindo o antahkarana, treinando como trabalhador hierárquico dentro de um Ashram, familiarizando-se com os novos ambientes espirituais que vão se abrindo, ampliando seus horizontes, estabilizando-se no Caminho e, no plano físico, vivendo a vida de um homem inteligente no mundo dos homens. Não manifesta nenhuma peculiaridade extravagante, mas representa um homem de boa vontade, de inteligência benévola, de bondade inalterável e de propósito espiritual austero e imutável. É meta suficiente para um discípulo? Parece-lhes impossível alcançar? São capazes de aceitar esta proposta e cumprir o seu compromisso?

Com toda certeza podem, porque aqui entra o fator tempo e o discípulo é livre para se submeter ao seu condicionamento, em especial nas etapas iniciais do discipulado. Isto geralmente o faz a princípio, sabendo que não pode fazer outra coisa, mas a velocidade ou a natureza sátvica ou rítmica da vida espiritual muda esta atitude com o tempo; ele então trabalha sem ter verdadeira consciência do tempo, exceto no que diz respeito a outras pessoas e seus associados no plano físico.

De início, registra lentamente o que sente ou vê nos planos mais sutis ou da alma; os contatos e o conhecimento obtidos tardam a penetrar dos níveis superiores em seu cérebro físico. Este fato (quando o descobre) tende a perturbar a sua consciência de tempo; portanto, o primeiro passo se dá no caminho onde não existe o tempo, falando simbolicamente. Obtém também a capacidade de trabalhar com maior rapidez e mais coordenação mental que o homem inteligente comum; deste modo, aprende que as limitações do tempo são uma condição do cérebro e aprende também a anulá-las e a trabalhar de tal maneira que é capaz de executar mais coisas, em um dado lapso de tempo, do que seria possível para o homem comum, por mais que se esforçasse. A anulação do tempo e a manifestação de rapidez espiritual são indicações de que a vida dual do discipulado está suplantando a vida integrada da personalidade, muito embora leve, por sua vez, a uma síntese ainda maior e a uma integração superior.

A vida dual que todos os discípulos levam também propicia uma rapidez de interpretação mental, que é essencial para o sadio registro da vida fenomênica dos variados planos e estados de consciência superiores. Lembrem-se de que os nossos planos são subplanos do plano físico cósmico e, portanto, são de natureza fenomênica. Quando são contatados e registrados e o conhecimento é transmitido ao cérebro físico, por intermédio da mente, deve ir sempre acompanhado de uma verdadeira interpretação e um correto reconhecimento das “coisas tais como são”. É aqui onde os psíquicos e aqueles que não são discípulos se desviam, porque sua interpretação é quase sempre fundamentalmente errada, e leva tempo (o que cai no ciclo de limitação) interpretar com inteligência e registrar com veracidade aquilo com o que a consciência perceptora fez contato. Quando o fator tempo deixa de reger, as interpretações registradas pelo cérebro são infalivelmente corretas. Dei aqui uma informação muito importante.

Portanto, veremos que na fase inicial do processo iniciático, o fator tempo é observado pelo iniciado e também pelos Mestres que o apresentam. Um exemplo da lenta penetração de informações oriundas do plano da iniciação no cérebro físico pode ser observado na condição de que poucos aspirantes e discípulos registram o fato de que já tomaram a primeira iniciação, o nascimento do Cristo na caverna do coração; que a tomaram é evidenciado por trilharem deliberadamente o Caminho, pelo seu amor ao Cristo – não importa com que nome o denominem – e pelo esforço de servir e ajudar seus semelhantes; contudo, se surpreendem quando lhes é dito que já deixaram para trás a primeira iniciação. Isto se deve totalmente ao fator tempo, que os incapacita de “trazer com exatidão à memória” os acontecimentos passados, devido a essa falsa humildade (inculcada pela igreja cristã, que procura manter as pessoas subjugadas, mediante a ideia do pecado) e à consciência premonitória do aspirante comum que olha intensamente para o futuro. Quando alcança uma verdadeira perspectiva e um ponto de vista equilibrado, e uma certa percepção do Eterno Agora, está começando a penetrar em seu entendimento; então o passado, o presente e o futuro se perderão de vista na consciência da inclusividade do momento que É; assim terminarão as limitações do tempo, e a Lei do Carma, hoje muito estreitamente relacionada com o passado e o futuro, será negada. A vida dual do discípulo chegará ao fim, cedendo lugar ao dualismo cósmico do Mestre. O Mestre está livre das limitações do tempo, embora não do espaço, porque o espaço é uma Entidade eterna.

Portanto, nesta etapa do treinamento do aspirante comum, a grande necessidade de enfatizar constantemente a indispensabilidade do alinhamento, ou a criação de um canal de relação direta do cérebro ao ponto de contato desejado. A este alinhamento treinado se deve acrescentar, a certa altura, a construção do antahkarana e seu uso subsequente em um crescente sistema de alinhamentos. O antahkarana deve estar concluído, o contato direto com a Tríade espiritual deve estar estabelecido no momento de tomar a terceira iniciação. Segue-se a quarta iniciação, com a destruição do corpo egoico, causal ou da alma, devido à completa fusão de alma e personalidade. Assim termina a vida dual do discípulo. (Os Raios e as Iniciações).

2. É conveniente ver a dualidade existente na consciência do discípulo e seus dois aspectos que coexistem:

1. A vida de percepção na qual expressa a atitude da alma, a percepção e a consciência da alma por meio da personalidade no plano físico. Aprende a registrá-la e expressá-la conscientemente.

2. A vida definidamente privada e puramente subjetiva em que ela – a personalidade fusionada com a alma – orientada no plano mental, põe em relação cada vez maior:

a. A mente inferior concreta e a mente superior abstrata.
b. Ele próprio e o Mestre de seu grupo de raio, desenvolvendo assim a consciência ashrâmica.
c. Ele próprio e a Hierarquia como um todo, tornando-se cada vez mais consciente da síntese espiritual que subjaz na unidade dos Ashrams. Desta maneira, aproxima-se consciente e firmemente do Centro radiante do Ashram solar, do Próprio Cristo, o primeiro Iniciador. (Os Raios e as Iniciações)


40. O MAGO BRANCO

1. Mago branco é aquele que está em contato com a sua alma.

2. É receptivo e consciente do propósito e do plano da alma.

3. É capaz de receber impressões do reino do espírito e registrá-las no cérebro físico.

4. Afirma-se também que a magia branca:

a. Atua de cima para baixo.
b. É resultado da vibração solar e, portanto, da energia egoica.
c. Não é efeito da vibração do lado forma da vida, pois está divorciada da emoção e do impulso mental. (Tratado sobre Magia Branca)

2. Denomina-se mago branco aquele que, mediante o alinhamento consciente com seu Ego, seu “Anjo”, é receptivo aos Seus planos e propósitos e, portanto, capaz de receber impressão superior. É preciso lembrar que embora a magia atue de cima para baixo e seja resultado da vibração solar e não dos impulsos que emanam de algum dos pitris lunares, a descida da energia impressora do pitri solar é resultado do seu recolhimento interno, da introversão das suas forças, antes de enviá-las de maneira concentrada à sua sombra, o homem, e da sua meditação sustentada sobre o propósito e o plano. Será útil que o estudante se lembre, nesta altura, que o Ego (assim como o Logos) está em profunda meditação durante todo o ciclo de encarnação física. A meditação é de natureza cíclica, pois o pitri envolvido projeta correntes rítmicas de energia para o seu “reflexo”, e elas são reconhecidas pelo homem em questão como seus “impulsos superiores”, sonhos e aspirações. Portanto, é evidente a razão pela qual aqueles que trabalham em magia branca são sempre homens avançados e espirituais, pois o “reflexo” raramente responde ao Ego ou Anjo Solar antes de transcorridos muitos ciclos de encarnação. O pitri solar se comunica com a sua “sombra” ou reflexo, por meio do sutratma, que desce através dos corpos, até um ponto de entrada no cérebro físico, se posso expressar assim, mas o homem não pode ainda se concentrar nem ver com clareza em nenhuma direção.

Se olha para trás vê somente as névoas e os miasmas dos planos da ilusão, que lhe são de pouco interesse. Se olha para a frente, vê uma luz distante que o atrai, mas ainda não é capaz de perceber o que essa luz revela. Se olha em torno de si vê somente formas cambiantes e a sucessão de acontecimentos do lado forma da vida. Se olha internamente, vê as sombras projetadas pela luz e se dá conta de que há muitos obstáculos a eliminar antes de poder alcançar a luz que vê ao longe, para que depois esta penetre nele. Então poderá se conhecer como a própria luz, caminhar nessa luz e transmiti-la a outros.

Talvez seja aconselhável lembrar que a etapa do discipulado é, em muitos sentidos, a parte mais difícil de toda a escala de evolução. O Anjo Solar está em incessante e profunda meditação. Os impulsos de energia que emanam dele aumentam de grau de vibração e são cada vez mais potentes. A energia cada vez mais exerce efeito sobre as formas através das quais a alma procura se expressar e luta por controlar. (Tratado sobre Magia Branca)

3. A magia branca – gostaria de lhes lembrar – trata do desenvolvimento da alma na forma e da necessária experiência que ela obtém por esse meio. Não tem a ver com a ação direta sobre a forma, mas com a influência indireta da alma que atua em quaisquer das formas em todos os reinos da natureza, e na medida em que coloca a forma sob seu controle, desta maneira efetuando e desenvolvendo as necessárias mudanças no mecanismo de contato. O mago branco sabe que quando se aplica adequada e corretamente o estímulo de raio sobre o centro que chamamos de alma de qualquer forma, mas não sobre a forma em si, a alma, assim estimulada, realizará seu próprio trabalho de destruição, atração e reconstrução, e a consequente manifestação de vida renovada. Isto é válido para a alma de um homem, a alma de uma nação e para a alma da própria humanidade. Tenham isso em mente, pois assim expus uma regra básica e fundamental de como toda a magia branca é regida sempiternamente. (O Destino das Nações)

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