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A Alma: a qualidade da vida


A Alma: a qualidade da vida
Conteúdo 56 a 62

56. A ALMA E OS PODERES PSÍQUICOS

Quando um homem está firmemente polarizado no plano mental, tendo realizado em certa medida o contato com a alma, está orientado totalmente para o mundo das realidades espirituais e leva uma vida de disciplina e de serviço, então às vezes, e quando necessário, pode evocar à vontade estes poderes psíquicos inferiores e usá-los no serviço ao Plano e para realizar um trabalho especial no plano astral. Porém, este é um caso em que a consciência maior inclui normalmente a menor. No entanto, isso raras vezes se faz, mesmo por adeptos, pois os poderes da alma – percepção espiritual, sensibilidade telepática e habilidade psicométrica – geralmente são adequadas para atender à demanda e necessidade. Interponho estas observações porque há homens iluminados que usam esses poderes, porém sempre na linha de determinado serviço específico para a Hierarquia e a humanidade e não para fins conectados com o indivíduo. (Psicologia Esotérica, Volume II)


57. O SUTRATMA

1. Sutratma. “Cordão de prata” que encarna do princípio ao fim de um período de manifestação, contendo em si a pérola da existência humana. É a linha de energia que vincula o homem pessoal inferior com o “Pai que está no Céu”, por mediação do Ego, princípio central mediador. Nele se encontram os pontos focais de energia que chamamos “átomos permanentes”. (Tratado sobre Fogo Cósmico)

2. A alma domina a forma por meio do sutratma ou fio de vida e (por meio dele) vitaliza seu triplo instrumento (mental, emocional e físico) e, assim, estabelece comunicação com o cérebro. Através do cérebro, conscientemente controlado, o homem é energizado para realizar uma atividade inteligente no plano físico. (Tratado sobre Magia Branca)

3. O propósito e vontade da alma, a determinação espiritual de ser e fazer, usa o fio da alma, o sutratma, a corrente de vida, como meio de se expressar na forma. Esta corrente de vida se divide em duas correntes ou fios quando chega ao corpo, e assim cada uma fica “ancorada”, se posso expressar desta maneira, em dois lugares do corpo. Isto simboliza as diferenciações entre Atma ou Espírito e seus dois reflexos; alma e corpo. A alma, ou aspecto consciência, aquilo que faz de um ser humano uma entidade racional, pensante, é “ancorada” por um aspecto deste fio alma em uma “base” no cérebro, próxima à região da glândula pineal. O outro aspecto da vida que anima cada átomo do corpo e constitui o princípio de coerência ou integração encontra caminho para o coração onde fica enfocado ou “ancorado”. A partir destes dois pontos, o homem espiritual procura controlar o mecanismo. Assim a atuação no plano físico é possível, e a existência objetiva se converte em um modo de expressão temporário. A alma, apoiada no cérebro, faz com que o homem seja uma entidade racional inteligente, autoconsciente e autodirigida; percebe, em diversos graus, o mundo em que vive, segundo sua etapa de evolução e o consequente desenvolvimento do seu mecanismo. Este mecanismo é tríplice em expressão. Primeiro há os nadis e os sete centros de força; em seguida, o sistema nervoso em suas três divisões: cérebro-espinal, grande simpático e periférico; depois o sistema endócrino, que poderia ser considerado como o aspecto mais denso ou a exteriorização dos outros dois.

A alma, assentada no coração, é o princípio vida, o princípio de autodeterminação, o núcleo central de energia positiva, através do qual todos os átomos do corpo se mantêm em seu devido lugar e subordinados à “vontade de ser” da alma. Este princípio de vida usa a corrente sanguínea como modo de expressão e agente controlador e, pela estreita relação do sistema endócrino com a corrente sanguínea, temos unidos os dois aspectos de atividade da alma, a fim de fazer do homem uma entidade viva, consciente e atuante, regida pela alma e expressando o propósito da alma em todas as atividades do viver diário. (Tratado sobre Magia Branca)

4. Os estudantes deveriam aprender a distinguir entre o sutratma e o antahkarana, entre o fio da vida e o da consciência. O primeiro é a base da imortalidade e, o segundo, da continuidade. Temos aqui uma sutil distinção para o investigador. Um fio (o sutratma) vincula e vivifica todas as formas em um todo atuante, e incorpora em si a vontade e o propósito da entidade que se expressa, seja um homem, um Deus ou um cristal. O outro fio (o antahkarana) incorpora a resposta da consciência dentro da forma a uma amplitude de contatos em firme expansão dentro do todo circundante.

O sutratma é a corrente direta de vida, ininterrupta e imutável, que pode ser considerada simbolicamente como uma corrente direta de energia viva que flui do centro para a periferia, da fonte de origem à expressão externa ou aparência fenomênica. É a vida. Produz o processo individual e o desenvolvimento evolutivo de todas as formas. Portanto, é o caminho da vida que vai da Mônada à personalidade, via a alma. É o fio da alma, e é uno e indivisível. Transmite a energia da vida e ancora-se, finalmente, no centro do coração humano e em algum ponto focal central em todas as formas de expressão divina. Nada existe e nada permanece, somente a vida (A Educação na Nova Era)


58. O ANTAHKARANA

1. A simbologia do antahkarana tende lamentavelmente a complicar a captação de sua real natureza.

O antahkarana não é uma série de fios de energia, tecidos lentamente pela personalidade fusionada com a alma, à qual se unem os correspondentes fios projetados pela Tríade Espiritual, na realidade é um estado de consciência...

H.P.B. ensinou que o antahkarana é principalmente o canal de energia que relaciona as formas e suas forças com suas fontes de origem, e que através do plano mental (com seus três aspectos da mente) passa necessariamente o fio da vida, vinculando a Mônada, a alma e a personalidade em um todo vivo. Tecnicamente falando, portanto, a denominada ponte não é necessária, exceto para um importante fator: existe por parte da personalidade fusionada com a alma uma definida lacuna na consciência entre a mente inferior e a mente abstrata. A mente superior (por ser o aspecto inferior da Tríade espiritual) pode ser considerada como uma porta que permite passar a consciência da personalidade fusionada com a alma para um reino superior de contato e percepção. Como podem ver, nada há aqui além do simbolismo; não há porta, apenas um símbolo que indica um meio de acesso.

Em toda a evolução do homem espiritual através de encarnações físicas durante incontáveis centenas de vidas, o processo é simplesmente de expansão da consciência e de conquista – sequencialmente e etapa por etapa – de uma percepção cada vez mais inclusiva. É bom ter presente isto, porque oportunamente este quadro simbólico dará lugar à realidade. A tarefa – e é bem real – de construir o antahkarana e de criar o que eliminará a lacuna, é certamente o esforço planejado e consciente de projetar o pensamento enfocado do homem espiritual, do plano mental inferior às áreas de percepção que foram antevistas mas não contatadas; exige o uso de toda a percepção já desenvolvida e já “iluminada” pela alma e torná-la (com deliberação) cada vez mais sensível à atividade enfocada do mundo das realidades espirituais superiores; implica, ademais, em dirigir a corrente de pensamentos conscientes para o pressentido e teoricamente reconhecido mundo dos Mestres, da Tríade Espiritual e, finalmente, de Shamballa. Os discípulos deveriam lembrar que o Caminho da Evolução Superior é muito mais simples que o caminho inferior, e que portanto os ensinamentos sobre o significado e a significação do antahkarana – primeira criação da personalidade fusionada com a alma atuando como um ser unitário – é muito mais sensível que aquela concernente à personalidade nos três mundos da evolução humana. (Discipulado na Nova Era, Volume II)

2. O antahkarana vai sendo construído pelas personalidades fusionadas com a alma (ou inconscientemente, por todos que lutam por alcançar a orientação e estatura espirituais) e estão se convertendo rapidamente em um forte condutor, composto de muitos fios de luz viva, de consciência e de vida, mesclados e integrados de maneira que ninguém poderá realmente dizer: “meu fio, minha ponte ou meu antahkarana”, como se diz por ignorância. Todas as personalidades fusionadas com a alma estão criando o antahkarana humano que unirá, em uma unidade indissolúvel, os três aspectos ou energias da Tríade Espiritual com os três aspectos da personalidade fusionada com a alma nos três mundos. Em um momento futuro, a frase “a vida nos três mundos” deixará de ser usada; os homens falarão em termos de “vida nos cinco mundos do reino de Deus manifestado”. Se puderem, pensem desde já nesses termos e comecem a captar algo do significado da verdade que contém. “A Ponte dos Suspiros”, bela simbologia oriental que vincula o mundo animal com o humano e conduz os homens ao vale de lágrimas, de dor, de disciplina e de solidão, está sendo rapidamente substituída pela radiante Ponte do Arco-Íris, construída pelos filhos dos homens que buscam a luz pura. “Eles atravessam a ponte para a Luz serena que os espera e lhes permite trazer a radiante luz para o mundo dos homens, a fim de revelar o novo reino da alma, onde as almas desaparecem e só se vê a alma.” (Discipulado na Nova Era, Volume II)

3. A clareza da visão e a captação do Plano dependem da construção consciente e inteligente do antahkarana. (Discipulado na Nova Era, Volume II)

4. Quando o antahkarana estiver construído e os três superiores diretamente relacionados com os três inferiores, a alma já não será mais necessária. (Telepatia e o Veículo Etérico)

5. A Ciência do Antahkarana diz respeito ao método de eliminar a lacuna que existe na consciência do homem entre o mundo da experiência humana comum, o tríplice mundo da atuação física, emocional e mental, e os planos superiores dos chamados desenvolvimentos espirituais, o mundo das ideias, da percepção intuitiva e da compreensão e da visão interna espiritual. (A Educação na Nova Era)

6. A Educação é... a Ciência do Antahkarana. Esta ciência e este termo são a maneira esotérica de expressar a veracidade da necessidade desta ponte.

O antahkarana é a ponte que o homem constrói – por meio de meditação, entendimento e trabalho criador mágico da alma – entre os três aspectos de sua natureza mental. Portanto, os objetivos primordiais da educação do futuro serão:

1. Estabelecer o alinhamento entre a mente e o cérebro, mediante a correta compreensão da constituição interna do homem, em especial do corpo etérico e dos centros de força.

2. Edificar ou construir uma ponte entre cérebro-mente-alma, assim produzindo uma personalidade integrada, a qual é a expressão do firme desenvolvimento da alma que mora internamente.

3. Construir a ponte entre a mente inferior, a alma e a mente superior, de maneira a possibilitar a iluminação da personalidade.

A verdadeira educação é, em consequência, a ciência que vincula as partes integrantes do homem, e também o vincula ao ambiente imediato e, em seguida, ao todo maior, no qual ele tem que desempenhar a sua parte. (Educação na Nova Era)

7. O fio da consciência (antahkarana) é resultado da união da vida com a substância...

... É o fio que se tece devido ao aparecimento da vida dentro da forma, no plano físico. Falando novamente de forma simbólica, seria possível dizer que o sutratma atua de cima para baixo, e é a precipitação da vida na manifestação externa. O antahkarana se tece, se desenvolve e se cria como resultado desta criação primária, e atua de baixo para cima, do externo para o interno, desde o mundo fenomênico exotérico ao mundo das realidades subjetivas e de significados.

Este “Caminho de Retorno”, mediante o qual a raça se retrai da ênfase no externo e começa a reconhecer e a registrar os conhecimentos conscientes internos do que não é fenomênico, já alcançou (pelo processo evolutivo) um grau de desenvolvimento no qual alguns seres humanos podem seguir este caminho que vai da consciência física à emocional e desta à mental. Esta parte do trabalho já foi realizada em milhares de casos e o que agora se requer é facilidade e correto uso deste poder. Este fio de energia, matizado pela resposta consciente e sensível, é colorido depois pela consciência discriminadora da mente, o que produz aquela integração interna que, oportunamente, torna o homem um eficiente ser pensante. A princípio este fio é usado meramente para os fins egoístas do eu inferior, fortalecendo-se de maneira constante e se tornando mais potente à medida que o tempo vai transcorrendo, até se tornar um definido, claro e forte fio que vai da vida física externa, de um ponto dentro do cérebro, diretamente até o mecanismo interno. Este fio, porém, não se identifica com o mecanismo, mas com a consciência do homem. Por meio deste fio o homem se torna consciente da sua vida emocional em suas inúmeras formas (observem esta fraseologia) e através dele se torna consciente do mundo do pensamento; aprende a pensar e começa a atuar conscientemente no plano mental, no qual os pensadores da raça – em número sempre crescente – vivem, se movem e têm seu ser. Aprende, progressivamente, a percorrer o caminho da consciência, deixa de se identificar com a forma animal externa e aprende a se identificar com as qualidades e atributos internos. Primeiro vive antes a vida dos sonhos e depois a vida dos pensamentos. Em seguida, chega o momento em que o aspecto inferior do antahkarana está concluído e a primeira grande união consciente é consumada. O homem é uma personalidade integrada, consciente e viva. O fio de continuidade entre os três aspectos inferiores do homem está estabelecido e pode ser usado. Ele se estira, se posso empregar tal termo, (minha intenção é inteiramente gráfica) do centro da cabeça até à mente, que por sua vez é um centro de energia no mundo do pensamento. Ao mesmo tempo, este antahkarana é entretecido com o fio da vida ou sutratma, que surge do centro cardíaco. O objetivo da evolução na forma fica então relativamente concluído.

Alcançada esta etapa, continua a sensível busca externa no universo circundante. O homem tece um fio parecido com o que a aranha tece tão admiravelmente. Ele se aproxima ainda mais de seu possível ambiente e descobre então um aspecto de si mesmo que nem sonhara nas primeiras etapas de seu desenvolvimento. Descobre a alma, e passa pela ilusão da dualidade. Trata-se de uma etapa necessária, mas não permanente. É a que caracteriza o aspirante deste ciclo mundial, ou talvez Eu devesse dizer deste manvantara ou período mundial. Ele procura se integrar com a alma, identificar-se, a personalidade consciente, com a alma sobrepairante. Neste ponto, falando tecnicamente, deve ter início a verdadeira construção do antahkarana, a ponte entre a personalidade e a alma. (Educação na Nova Era)

8. A Ciência do Antahkarana, esta nova e verdadeira ciência da mente, empregará substância mental para construir a ponte entre a personalidade e a alma, e depois entre a alma e a Tríade espiritual. Isto significa trabalhar ativamente com substância mais sutil que a dos três mundos da evolução humana comum, e concerne à substância dos três níveis superiores do plano mental. Quando estas pontes simbólicas estiverem construídas, muito se facilitará a corrente ou a afluência da consciência e se produzirá a continuidade de consciência, ou sentido de percepção ininterrupta, que finalmente eliminará o medo da morte, suprimirá todo senso de separatividade e tornará o homem responsivo em sua consciência cerebral, às impressões que lhe chegam dos reinos espirituais superiores ou da Mente de Deus. Desta maneira poderá ser iniciado mais facilmente nos propósitos e planos do Criador. (A Educação na Nova Era)

9. Assim, com relação ao nosso tema, gostaria que levassem em conta que “os fios de uma consciência iluminada” que infalivelmente criamos, e que, com o tempo, formarão o antahkarana, devem ser tecidos entre todas e cada uma das unidades hierárquicas; e que dentro do próprio reino humano estas relações vinculadoras e fatores unificadores devem ser estabelecidos entre um ente e outro e entre um grupo e outro. (A Educação na Nova Era)

10. A Ciência do Antahkarana trata do tríplice fio que conecta:

a. A Mônada, a alma e a personalidade, vinculando os três veículos periódicos e unificando os sete princípios.

b. A tríplice personalidade e seu ambiente nos três mundos da empresa humana e, posteriormente, nos outros dois mundos (totalizando cinco) de expressão super-humana.

c. O homem conscientemente criativo e o mundo de ideias, com as quais ele deve fazer contato e expressar por meio do trabalho criativo, assim vinculando com a luz:

1. O mundo das almas e o mundo dos fenômenos.

2. O reino de beleza e realidade subjetivas e o mundo tangível externo da natureza.

3. Ele mesmo e outros.

4. Grupo e grupo.

5. Posteriormente, quando o Plano divino tiver se tornado uma realidade para ele, entre o quarto reino (o humano) e o quinto reino, o reino de Deus.

6. Finalmente, entre a humanidade e a Hierarquia.

A Ciência do Antahkarana é a ciência do tríplice fio que existe desde o princípio dos tempos e que conecta o homem individual com sua fonte monádica. O reconhecimento deste fio e o uso dele, conscientemente, como o Caminho e o meio de contatos sempre em expansão, chega relativamente tarde no processo evolutivo. A meta de todos os aspirantes e discípulos é se tornar consciente desta corrente de energia em suas várias diversificações e empregar conscientemente estas energias de duas maneiras: interiormente, em autodesenvolvimento, e no serviço do plano para a humanidade.

A Ciência do Antahkarana trata, portanto, de todo o sistema de energia entrante, dos processos de uso, transformação e fusão. Trata também das energias que saem e da relação delas com o ambiente, e é a base da ciência dos centros de força. As energias que entram e saem constituem, afinal, duas grandes estações de energia, uma caracterizada pelo poder e a outra pelo amor, e todas direcionadas à iluminação do indivíduo e da humanidade como um todo, por meio da Hierarquia composta de indivíduos. Trata-se, basicamente, da Ciência do Caminho.

O antahkarana, portanto, é o fio de consciência, de inteligência, e o agente responsivo em todas as reações sensíveis. O ponto interessante a ter em mente, e o qual devemos enfatizar agora, é que este fio de consciência sedesenvolve a partir da alma e não da Mônada. A Alma do Mundo verte seu tênue fio de consciência sensível em todas as formas, em todas as células do corpo e em todos os átomos. A alma humana, o anjo solar, repete o processo em relação à sua sombra e reflexo, a personalidade. Isto é parte do trabalho criador da alma. Mas, por sua vez, o ser humano também tem que se tornar criador no sentido mental do termo, e deve repetir o processo, pois em todos os pontos o microcosmo se assemelha ao macrocosmo. Portanto, através do fio de vida, a alma cria e reproduz uma personalidade, por meio da qual atuar. Em seguida, pela construção do antahkarana, a alma primeiro que tudo desenvolve sensibilidade no plano físico e, posteriormente, elimina a lacuna – por meio da meditação e do serviço – entre os três aspectos mentais. Conclui assim a criação do caminho de retorno ao Centro, que deve ser paralelo ao caminho de saída. (A Educação na Nova Era)

11. A alma humana (ao contrário da alma, à medida que atua em seu próprio reino, livre das limitações da vida humana) está aprisionada e sujeita ao controle das três energias inferiores, durante a maior parte de sua experiência. Mais tarde, no Caminho de Provação, a energia dual da alma vai se tornando cada vez mais ativa, e o homem passa a empregar a mente de maneira consciente e a expressar amor-sabedoria no plano físico. Eis um simples enunciado do objetivo de todos os aspirantes. Quando as cinco energias começarem a ser usadas consciente e sabiamente no serviço, estabelece-se um ritmo entre a personalidade e a alma. É como se fosse estabelecido um campo magnético, e essas duas unidades ou energias agrupadas, vibrantes e magnéticas, lançam-se uma ao campo de influência da outra. Isto só acontece de maneira ocasional e raramente nas primeiras etapas; depois ocorre com mais frequência e, assim, é estabelecida uma via de contato que, a certa altura, se converte na linha de menor resistência, “a senda de aproximação bem conhecida”, como às vezes é chamada. Assim é construída a primeira metade da “ponte”, o antahkarana. Ao se consumar a terceira iniciação, o Caminho está concluído e o iniciado pode “passar à vontade para mundos mais elevados, deixando os mundos inferiores para trás, ou pode retornar e penetrar no caminho que conduz da escuridão para a luz, da luz para a escuridão, e dos mundos inferiores para os reinos da luz”.

Desta maneira, convertem-se em uma só, concluindo-se a primeira grande união no caminho de retorno. Uma segunda etapa do Caminho deve, portanto, ser trilhada, levando a uma segunda união de maior importância ainda, pois conduz à completa liberação dos três mundos. É preciso lembrar que a alma, por sua vez, é uma união de três energias, das quais as três energias inferiores são reflexo. É uma síntese da energia da própria Vida (demonstrada como o princípio vida no mundo das formas), da energia da intuição, amor sabedoria ou compreensão espiritual (que se demonstra como sensibilidade e sensação no corpo astral), e da mente espiritual, cujo reflexo na natureza inferior é a mente ou o princípio inteligência no mundo da forma. Nestes três termos atma-budi-manas da literatura teosófica - a triplicidade superior se reflete nos três inferiores e se centra, por intermédio do corpo da alma, nos níveis superiores do plano mental, antes de se precipitar na encarnação – conforme a denominação esotérica.

Modernizando o conceito, podemos dizer que as energias que animam o corpo físico e a vida inteligente do átomo, os estados emocionais sensíveis e a mente inteligente, devem oportunamente ser integradas e transmutadas em energias que animam a alma. São elas a mente espiritual, que transmite iluminação; a natureza intuitiva, que confere percepção espiritual, e a existência viva divina.

Depois da terceira iniciação o “Caminho” é percorrido com grande rapidez, e é concluída a construção da “ponte”, que une perfeitamente a Tríade superior e o reflexo material inferior. Os três mundos da alma e os três da personalidade se tornam um só mundo, onde o iniciado trabalha e atua, sem observar nenhuma diferença, considerando que um mundo é o da inspiração e o outro o campo do serviço e, no entanto, considerando ambos como um só mundo de atividade. Destes dois mundos, o corpo subjetivo etérico (ou corpo de inspiração vital) e o corpo físico denso são os símbolos no plano externo. (Os Raios e as Iniciações)

12. Estamos tratando do trabalho dos “construtores da ponte”. Primeiro, posso assegurar que a verdadeira construção do antahkarana só acontece quando o discípulo está começando a se enfocar claramente nos níveis mentais e, portanto, quando a sua mente está atuando inteligente e conscientemente. Nesta etapa, ele deve começar a ter uma ideia mais exata do que tinha até então, sobre a diferença que existe entre o pensador, o mecanismo pensante e o pensamento, começando por sua função esotérica dual, que é:

1. O reconhecimento e a receptividade das IDEIAS.
2. A faculdade criadora de construção consciente de formas-pensamento.

Implica necessariamente em uma forte atitude mental e na reorientação da mente para a realidade. À medida que o discípulo começa a se enfocar no plano mental (intenção primordial do trabalho de meditação), começa a trabalhar em matéria mental e se treina nos poderes e usos do pensamento. Alcança certa medida de controle mental, e pode dirigir a mente em duas direções: para o mundo do esforço humano e o mundo da atividade da alma. Assim como a alma abre caminho para si projetando-se em um fio ou corrente de energia nos três mundos, da mesma maneira o discípulo começa a se projetar conscientemente para os mundos superiores. Sua energia vai, por meio da mente controlada e dirigida, para o mundo da mente espiritual superior e para o reino da intuição. Desta maneira se estabelece uma atividade recíproca. Desta resposta entre a mente superior e a inferior se fala simbolicamente em termos de luz, e o “Caminho iluminado” vem à existência entre a personalidade e a Tríade espiritual, por intermédio do corpo da alma, assim como a alma se põe em contato definido com o cérebro por meio da mente. Este “Caminho iluminado” é a ponte iluminada. É construída por meio da meditação, é construída pelo esforço constante de atrair a intuição, pela subordinação e obediência ao Plano (que começa a ser reconhecido tão logo a intuição e a mente estejam em estreita relação) e pela incorporação consciente no grupo para servir com o propósito de ser assimilado no todo. Todas estas qualidades e atividades baseiam-se nos alicerces do bom caráter e das qualidades desenvolvidas no Caminho de Provação.

O esforço para atrair a intuição exige meditação ocultista dirigida (não aspiracional). Requer uma inteligência treinada, de modo que a linha de demarcação entre a compreensão intuitiva e as formas de psiquismo superior possam ser vistas com clareza. Requer uma constante disciplina da mente, de maneira a “se manter firme na luz”, e o desenvolvimento de uma interpretação correta e devidamente cultivada, para que o conhecimento intuitivo alcançado possa se revestir das formas mentais corretas.

Pode-se dizer também que a construção da ponte, mediante a qual é possível à consciência atuar com facilidade nos mundos superior e inferior, implementa-se principalmente por uma tendência definidamente dirigida na vida, que conduz firmemente o homem ao mundo das realidades espirituais, além de certos movimentos de reorientação ou enfoque dirigidos, planificados e programados com cuidado. Neste último processo, o ganho dos meses ou anos passados é rigorosamente avaliado e o efeito do adquirido na vida diária e no mecanismo corpóreo é estudado com cuidado; a vontade-de-viver como ser espiritual aparece na consciência com precisão e determinação, trazendo um progresso imediato.

A construção do antahkarana processa-se indubitavelmente no caso de todo estudante consagrado. Quando o trabalho é empreendido inteligentemente e com plena percepção do propósito desejado, e quando o aspirante não só é consciente do processo, mas também está alerta e ativo no seu desempenho, o trabalho prossegue com rapidez e a ponte é construída. (Os Raios e as Iniciações)

13.A Ponte entre os Três Aspectos da Mente. Gostaria de esclarecer um ponto, se puder, pois – sobre este ponto – há muita confusão nas mentes dos aspirantes, e necessariamente é assim.

Consideremos por um momento onde se encontra o aspirante exatamente, quando começa, de maneira consciente, a construir o antahkarana. Atrás dele há uma longa série de existências, cuja experiência o levou a um ponto em que é capaz de avaliar conscientemente sua situação e chegar a certa compreensão de sua etapa evolutiva. Em consequência, pode empreender - com a ajuda de sua consciência que vai despertando e se centrando gradualmente - o passo seguinte a dar, que é o do discipulado aceito. Nesta altura está orientado para a alma; por meio da meditação e da experiência mística obtém contato ocasional com a alma, o que acontece com crescente frequência; está se tornando um tanto criador no plano físico, tanto em pensamentos como em atos; às vezes, ainda que raramente, tem uma genuína experiência intuitiva, a qual atua no sentido de ancorar “o primeiro tênue fio que o tecedor fabrica em sua empresa fohática”, como coloca O Antigo Comentário. É este o primeiro fio, projetado da Tríade espiritual, em resposta à emanação da personalidade e é resultado da crescente potência magnética de ambos aspectos da Mônada em manifestação.

É evidente que quando personalidade está se tornando adequadamente magnetizada do ângulo espiritual, sua nota ou som surgirá e evocará resposta da alma em seu próprio plano. Mais adiante, as notas da personalidade e da alma, em uníssono, produzirão um efeito definidamente atrativo sobre a Tríade espiritual, a qual, por sua vez, esteve exercendo um crescente efeito magnético sobre a personalidade, o que tem início no momento em que se estabelece o primeiro contato consciente com a alma. A resposta da Tríade é necessariamente transmitida nesta etapa inicial por intermédio do sutratma, produzindo inevitavelmente o despertar do centro coronário. É por esta razão que a doutrina do coração começa a substituir a doutrina do olho. A doutrina do coração rege o desenvolvimento ocultista; a doutrina do olho - que é a doutrina do olho da visão - rege a experiência mística. A doutrina do coração baseia-se na natureza universal da alma, condicionada pela Mônada, o UNO, e implica em realidade. A doutrina do olho baseia-se na relação dual entre a alma e a personalidade. Implica nas relações espirituais, mas também se encontra implícita a atitude da dualidade ou o reconhecimento dos polos opostos. Temos aqui importantes pontos a ter em mente, à medida que esta nova ciência vai se tornando amplamente conhecida.

O aspirante chega, afinal, ao ponto onde os três fios – o fio da vida, o fio da consciência e o fio criador – são centralizados, reconhecidos como correntes de energia e usados deliberadamente pelo discípulo aspirante no plano mental inferior. Ali – falando esotericamente – “permanece e, olhando para cima, vê a terra prometida, de beleza, amor e visão futura”.

Existe, porém, uma descontinuidade de consciência, embora não de fato. Um fio de energia sutrátmica elimina a lacuna e, tenuemente, relaciona a Mônada, a alma e a personalidade. Mas o fio da consciência se estende da alma à personalidade unicamente em sentido involutivo. Em sentido evolutivo (usando uma frase paradoxal), do ponto de vista da personalidade no arco evolutivo do caminho de retorno, há pouca percepção consciente entre a alma e a personalidade. Todo o esforço do homem é se tornar consciente da alma e transmutar a consciência na da alma, embora preservando a consciência da personalidade. À medida que a fusão da alma e da personalidade se fortalece, o fio criador se torna cada vez mais ativo e, assim, os três fios gradualmente se fusionam, mesclam e se tornam dominantes, e o aspirante está estão preparado para eliminar a lacuna e unir a Tríade espiritual com a personalidade, por meio da alma. Isso implica em um esforço direto em favor do trabalho criador divino. A chave para entender talvez resida na ideia de que até aqui a relação entre a alma e a personalidade era sustentada constante e principalmente pela alma, à medida em que estimulava a personalidade ao esforço, à visão e à expansão. Agora, nesta etapa, a personalidade integrada e em processo de rápido desenvolvimento torna-se conscientemente ativa e - em uníssono com a alma - empreende a construção do antahkarana - a fusão dos três fios e a projeção deles para “esferas mais vastas e elevadas” do plano mental, até que a mente abstrata e a mente concreta inferior se relacionem por meio do tríplice fio.

Nossos estudos se referem a este processo; considera-se, logicamente, que a experiência anterior em relação aos três fios tenha ocorrido de maneira normal. O homem agora mantém sua mente firme na luz; possui algum conhecimento de meditação, uma grande devoção e reconhece também o passo seguinte a dar. Gradualmente, o conhecimento do processo fica claro, um crescente contato com a alma é estabelecido e há lampejos ocasionais de percepção intuitiva, provenientes da Tríade. Estes reconhecimentos não se produzem em todos os discípulos, em uns sim e em outros não. Estou mostrando um quadro geral. A aplicação individual e o entendimento futuro devem ser trabalhados pelo discípulo no cadinho da experiência. (Os Raios e as Iniciações)

14. Um dos pontos essenciais que os estudantes devem aprender é o fato profundamente esotérico de que este antahkarana é construído pelo esforço consciente realizado na própria consciência e não somente procurando ser bom, demonstrando boa vontade ou qualidades altruístas, e aspiração elevada. Muitos esoteristas creem que percorrer o caminho é um esforço consciente para vencer a natureza inferior e expressar a vida em termos de conduta correta, bons pensamentos e compreensão amorosa e inteligente. É tudo isto, porém ainda algo mais. O bom caráter e uma excelente aspiração espiritual são essencialidades básicas, e o Mestre considera que o discípulo em treinamento já as possui: seu estabelecimento, reconhecimento e desenvolvimento são os objetivos do caminho de provação.

Porém a construção do antahkarana implica em relacionar os três aspectos divinos. Isto envolve uma intensa atividade mental; é necessário possuir o poder da imaginação e visualização, mais a tentativa de construir o Caminho Iluminado com substância mental...

Entretanto, é essencialmente uma atividade da personalidade integrada e consagrada. Os esoteristas não devem adotar a posição de que a única coisa que devem fazer é esperar passivamente alguma atividade da alma, que se produzirá automaticamente depois de haver alcançado contato com ela em certa medida e que, em consequência e com o tempo, esta atividade evocará resposta da personalidade e da Tríade. Não é assim. O trabalho de construção do antahkarana é sobretudo uma atividade da personalidade, ajudada pela alma, o que oportunamente evoca uma reação da Tríade. Na atualidade os aspirantes estão demasiado dominados pela inércia. (Os Raios e as Iniciações)


59. A MEDITAÇÃO

1. A base de todo crescimento oculto é a meditação, ou os períodos de gestação silenciosa, durante os quais a alma se expande no silêncio. (Cartas sobre Meditação Ocultista)

2. O que acontece na meditação? Por meio do árduo esforço e da devida atenção às regras estabelecidas, o aspirante consegue se colocar em contato com matéria de qualidade mais sutil do que sua habitual. Faz contato com seu corpo causal e, com o tempo, fará contato com a matéria do plano búdico. Devido a este contato, a sua própria vibração se acelera momentânea e brevemente. (Tratado sobre Fogo Cósmico)

3. Pela meditação um homem tem como se liberar da ilusão dos sentidos e da sua sedução vibratória; encontra o próprio centro positivo de energia e se torna conscientemente capaz de usá-lo; portanto, se dá conta que seu verdadeiro Eu atua livre e conscientemente além dos planos sensórios; penetra nos planos da Entidade maior em cuja capacidade irradiadora tem seu lugar; pode então seguir cumprindo os planos conscientemente, à medida que os capta nas diversas etapas de realização; torna-se consciente da unidade essencial. (Tratado sobre Fogo Cósmico)

4. A principal função da meditação é levar o instrumento inferior a tal condição de receptividade e resposta vibratória que o Ego, ou Anjo Solar, possa utilizá-lo e produzir resultados específicos. Isto implica, portanto, em uma descida de força dos níveis superiores do plano mental (onde mora o Homem real) e uma vibração recíproca que emana do Homem, o Reflexo. Quando estas duas vibrações estão sintonizadas e a interação é rítmica, as duas meditações prosseguem de maneira sincronizada e o trabalho de magia e criação pode continuar sem impedimentos... O que o Anjo Solar faz primeiro é formar um triângulo composto por si mesmo, o homem no plano físico, e o ínfimo ponto de força que é o resultado da sua força unida. Será útil para aqueles que estudam o tema da meditação refletir sobre este procedimento. (Tratado sobre Fogo Cósmico)

5. Um dos objetivos da meditação diária é habilitar o cérebro e a mente a vibrarem em uníssono com a alma, à medida que ela procura “em profunda meditação” se comunicar com o seu reflexo. (Tratado sobre Magia Branca)

6. Procurem fazer todo esforço para levar mente e cérebro a tal condição de funcionamento que o homem possa sair da própria meditação e (perdendo de vista os próprios pensamentos) tornar-se a alma, o pensador no reino da alma. (Tratado sobre Magia Branca)

7. A meditação muitas vezes é considerada como o meio para estabelecer contato com a alma. No entanto, as pessoas se esquecem de que este contato se produz com frequência por uma atitude reflexiva interna da mente, por uma vida dedicada ao serviço e ao altruísmo e por uma determinação de disciplinar a natureza inferior, para que se torne um verdadeiro canal para a alma. Quando estes três métodos de desenvolvimento são plenamente expressos e se convertem em tendência da vida ou em hábitos permanentes, a meditação então pode ser levada a outro nível de utilidade e atuar como técnica para o desenvolvimento da intuição e a solução dos problemas grupais. Sobre este emprego da meditação gostaria de chamar a atenção. (Discipulado na Nova Era, Volume I)

8. A Ciência da Meditação. Atualmente, na mente dos homens é associada com assuntos religiosos, mas isso diz respeito apenas ao tema. Esta ciência pode ser aplicada a todos os processos da vida. Na realidade, é uma ramificação subsidiária, preparatória para a Ciência do Antahkarana. Ela é realmente a verdadeira ciência da construção da ponte oculta ou da vinculação em consciência. Por meio dela, em especial nas primeiras etapas, o processo de construção é facilitado. É uma das principais maneiras de atuar espiritualmente. É um dos muitos caminhos que levam a Deus; relaciona a mente individual oportunamente com a mente superior e, depois, com a Mente Universal. É uma das principais técnicas de construção e, a seu devido tempo, predominará entre os novos métodos educacionais nas escolas e faculdades. Destina-se especialmente a:

a. Produzir sensibilidade às impressões superiores.

b. Construir a primeira metade do antahkarana, aquela entre a personalidade e a alma.

c. Produzir, oportunamente, a continuidade de consciência. A meditação é essencialmente a ciência da luz porque atua dentro da substância da luz. Uma de suas ramificações tem a ver com a ciência da visualização, porque, à medida que a luz continua a trazer revelação, o poder de visualizar pode aumentar com a ajuda da mente iluminada e o trabalho posterior de treinamento do discípulo para criar é então viabilizado. Agregaríamos aqui que a construção da segunda metade do antahkarana (aquela que elimina a lacuna em consciência entre a alma e a Tríade espiritual) se denomina “ciência da visão”, porque assim como a primeira metade da ponte é construída usando-se substância mental, a segunda parte é construída usando-se substância da luz. (A Educação na Nova Era)

9. Em todas as escolas esotéricas, a ênfase concentra-se, necessária e corretamente, na meditação. Tecnicamente falando, a meditação é o processo pelo qual o centro da cabeça desperta, é controlado e usado. Quando isto acontece, a alma e a personalidade se coordenam e fusionam, e tem lugar a unificação que produz no aspirante uma enorme afluência de energia espiritual, energizando todo seu ser para que entre em atividade, trazendo à superfície o bem latente e também o mal. Aqui reside grande parte do problema e do perigo. Por isso a insistência de tais escolas verdadeiras na necessidade de que haja pureza e verdade. Insistiu-se demais na necessidade de pureza física e não suficientemente na necessidade de evitar todo fanatismo e intolerância. Estes dois defeitos são obstáculos para o estudante muito mais que a dieta errada, e nutrem os fogos da separatividade mais que qualquer outro fator.

A meditação implica em viver uma vida unidirecionada, sempre e todos os dias. Isto impõe forçosamente uma indevida tensão sobre as células do cérebro, pois as células passivas entram em atividade, e desperta a consciência cerebral para a luz da alma. Este processo de meditação ordenada, quando empreendido durante um período de anos, complementado pela vida meditativa e um serviço direcionado, despertará com êxito todo o sistema e colocará o homem inferior sob a influência e o controle do homem espiritual; também despertará os centros de força no corpo etérico e estimulará, para entrar em atividade, aquela misteriosa corrente de energia que dorme na base da coluna vertebral. Quando este processo é empreendido com cuidado, com a devida proteção e sob direção, e quando o processo se estender sobre um longo período, há pouco perigo e o despertar acontecerá de maneira normal e de acordo com a lei do próprio ser. No entanto, se a sintonização e o despertar forem forçados, ou realizados por exercícios de distintos tipos antes que o estudante esteja preparado e antes que os corpos estejam coordenados e desenvolvidos, o aspirante então vai diretamente para o desastre. Os exercícios de respiração ou treinamento de pranayama não deveriam ser realizados sem uma direção especializada e somente depois de anos de dedicação espiritual, de devoção e serviço; a concentração nos centros que existem no corpo físico (com a intenção de despertá-los) deve ser sempre evitada, pois provocará o super-estímulo e abrirá as portas para o plano astral, que o estudante terá dificuldade de fechar. Nunca insistirei demais junto aos aspirantes de todas as escolas ocultistas que a yoga para este período de transição é a da intenção unidirecionada, do propósito dirigido, da prática constante da Presença de Deus e da meditação ordenada e regular, praticada sistemática e constantemente durante anos de esforço.

Quando isto se efetua com desapego e acompanhado de uma vida de serviço amoroso, o despertar dos centros e a elevação do fogo kundalínico adormecido acontecerá com segurança e sanidade, e todo o sistema será levado à requerida etapa de “plena vitalidade”. Não tenho como advertir suficientemente os estudantes contra os processos de prática intensiva de meditação durante horas, ou contra as práticas que têm por objetivo estimular os fogos do corpo, o despertar de um determinado centro e o estímulo do fogo serpentino. O estímulo mundial geral é tão grande neste momento e o aspirante comum está tão sensível e refinadamente organizado, que a excessiva meditação, a dieta fanática, a diminuição das horas de sono ou o indevido interesse e ênfase na experiência psíquica perturbarão o equilíbrio mental e, muitas vezes, produzirão um dano irrecuperável.

Que os estudantes das escolas esotéricas se disponham a realizar um trabalho firme, discreto e não emocional. Que se abstenham de horas prolongadas de estudo e meditação. Seus corpos ainda são incapazes de manter a tensão requerida e só prejudicam a si mesmos. Que levem vida normal de trabalho, lembrando, na pressão dos deveres e serviços diários, quem são eles essencialmente e quais são suas metas e objetivos. Que meditem regularmente todas as manhãs, começando com um período de quinze minutos, nunca excedendo quarenta minutos. Que se esqueçam de si mesmos ao servir e que não concentrem seu interesse no próprio desenvolvimento psíquico. Que treinem suas mentes com uma medida normal de estudo e aprendam a pensar inteligentemente, de maneira que suas mentes possam equilibrar as emoções e os habilitem a interpretar corretamente aquilo com que entram em contato, à medida que a percepção aumenta e a consciência se expande.

Os estudantes devem se lembrar de que não basta haver devoção ao Caminho ou ao Mestre. Os Grandes Seres buscam colaboradores e trabalhadores inteligentes, mais do que devoção às Suas Personalidades, e consideram o estudante que caminha independentemente na luz de sua própria alma um instrumento mais confiável do que o fanático devotado. A luz de sua alma revelará ao aspirante sério a unidade que subjaz em todos os grupos e lhe permitirá eliminar o veneno da intolerância que contamina e entrava tantos; fará com que reconheça os princípios espirituais fundamentais que guiam os passos da humanidade; o obrigará a passar por alto a intolerância, o fanatismo e a separatividade que caracterizam as mentes pequenas e o principiante no Caminho, e o ajudará assim a amá-los de tal forma que começará a ver mais verdadeiramente e a ampliar o horizonte; permitirá que avalie de fato o valor esotérico do serviço e o ensinará, acima de tudo, a praticar aquela inofensividade que é a qualidade relevante de todo Filho de Deus. Uma inofensividade que não pronuncia nenhuma palavra que possa prejudicar outra pessoa, que não tem nenhum pensamento que envenene ou interprete erradamente, e que não pratica nenhuma ação que possa ferir nem o mais insignificante de seus irmãos – virtude principal que permitirá ao estudante esotérico trilhar com segurança o difícil caminho do desenvolvimento. Quando se acentua o serviço ao semelhante e a tendência da força vital se exterioriza para o mundo, não há perigo e o aspirante pode meditar, aspirar e trabalhar com segurança. Sua motivação é pura e ele está procurando descentralizar a personalidade e desviar o foco da atenção de si mesmo para o grupo. Desta maneira, a vida da alma pode fluir através dele, expressando-se como amor a todos os seres. Ele sabe que é parte de um todo e que a vida desse todo pode fluir através dele conscientemente, levando-o a entender a fraternidade e a sua unicidade em relação a todas as vidas manifestadas. (A Exteriorização da Hierarquia)

10. Não se esqueçam de que a meditação esclarece a mente sobre a realidade e a natureza do Plano, que a compreensão traz esse Plano ao mundo do desejo e que o amor libera a forma que materializará o Plano no plano físico. Para estas três expressões de suas almas Eu os convoco. Todos, sem exceção, podem servir destas três maneiras, se assim quiserem. (A Exteriorização da Hierarquia)

11. Os esforços do homem durante a meditação abriram para ele uma porta através da qual pode passar à vontade (e, afinal, com facilidade) a um novo mundo de fenômenos, de atividade direcionada e de ideais distintos. Abriu uma janela pela qual a luz pode entrar, revelando o que é, que sempre foi e existe na consciência do homem, iluminando os lugares obscuros de sua vida, de outras vidas e do ambiente em que atua. Ele liberou dentro de si mesmo um mundo de sons e impressões, que de início são tão novos e diferentes que ele não sabe o que fazer com eles. Sua situação chega a ser tal que requer muito cuidado e ajuste equilibrado.

Ficará evidente para vocês que se há um bom instrumental mental e uma sólida instrução cultural, haverá um senso de proporção equilibrado, capacidade interpretativa, a paciência para esperar até a correta compreensão se desenvolver e uma apropriada disposição de ânimo. Entretanto, se estiverem ausentes, haverá (segundo o tipo de indivíduo e sua visão) perplexidade, falha de entendimento sobre o que está acontecendo, indevida ênfase nas reações da personalidade e nos fenômenos, orgulho pelas realizações, um pronunciado complexo de inferioridade, excessiva conversa; um ir de um lado a outro pedindo explicações, alívio, confiança e buscando companheirismo, ou talvez um completo colapso das forças mentais, ou a ruptura das células cerebrais devido à tensão a que foram submetidas.

Às vezes a euforia resulta do contato com um novo mundo e de um forte estímulo mental. A depressão é um resultado frequente, com base em um senso de incapacidade de corresponder à oportunidade conhecida. O homem vê e sabe demais. Não pode mais estar satisfeito com os antigos ritmos de vida, antigos idealismos e satisfações. Fez certo contato e agora anseia captar em maior medida as novas e vibrantes ideias e uma visão mais ampla. O modo de viver da alma o atraiu e o prendeu. Porém, sua natureza, ambiente, instrumental e suas oportunidades parecem frustrá-lo consistentemente, e sente que não pode seguir adiante nem penetrar nesse novo e maravilhoso mundo. Sente a necessidade de retardar e de viver no mesmo estado mental como até então, ou assim ele acha e assim decide. (Psicologia Esotérica, Volume II)

Consulte também: “Meditação sobre o Caminho da Luz Interna”. (Discipulado na Nova Era, Volume I)

(a) A Meditação Ajuda o Alinhamento

1. A meditação consiste, fundamentalmente, em facilitar o alinhamento e, desta maneira, possibilitar o contato com o Eu Superior; por isso foi instituída.

A ênfase na importância da meditação é consequência natural quando o estudante compreende a absoluta necessidade de que o Ego domine a personalidade.

Na época presente, o homem está envolvido em muitas ocupações e, por força das circunstâncias, está inteiramente polarizado no eu inferior, seja no corpo emocional ou no corpo mental. Gostaria de ressaltar um ponto de interesse: enquanto a polarização for puramente física ou emocional, a necessidade de meditar não será reconhecida. Ainda que o corpo mental esteja ativo, a necessidade de meditar não eclode até que o homem tenha passado por muitas mudanças e muitas vidas; tenha provado da taça do prazer e da dor no transcurso de inúmeras encarnações, tenha sondado as profundezas da vida vivida inteiramente para o eu inferior e a considerado insatisfatória. Começa então a dirigir o pensamento para outras coisas, a aspirar pelo desconhecido, a compreender e a perceber dentro de si os pares de opostos e a fazer contato, em sua consciência, com possibilidades e ideais jamais sonhados. Chega assim a um ponto em que desfruta de sucesso, popularidade e diversos dons, mas deles não extrai nenhuma satisfação; persiste no homem aquela pressão, até que a dor se torna tão aguda que o desejo de exteriorizar-se e elevar-se para chegar a alguém ou a algo que esteja mais além supera todos os obstáculos. O homem começa a se dirigir para dentro de si e a buscar a fonte de sua origem. Começa a meditar, a refletir e a intensificar a vibração, até que, com o passar do tempo, colhe os frutos da meditação.

A meditação habilita o homem a estabelecer contato com o Ego e a alinhar os três corpos inferiores.

A meditação coloca o homem em uma atitude de equilíbrio, nem completamente receptivo e negativo, nem completamente positivo, mas em um ponto de equilíbrio. Desta maneira o Ego, e mais tarde o Mestre, têm a oportunidade de romper o equilíbrio e de sintonizar a aquietada vibração com uma nota mais elevada que antes, de fazer com que a consciência vibre em um ritmo novo e superior e a girar (se posso expressar assim) para a periferia do tríplice Espírito. Com a prática constante, o ponto de equilíbrio vai se deslocando e se elevando gradualmente e cada vez mais, até chegar o momento em que o ponto de atração inferior, no deslocamento e no ajuste, deixa de ser o físico, não toca o emocional, não faz contato com o mental (até o corpo causal escapa) e o homem, a partir de então, fica polarizado na consciência espiritual. (Cartas sobre Meditação Ocultista)

2. Na fase inicial e sem experiência, tendo atingido o estágio mais elevado que a natureza inferior é capaz de oferecer, o homem começa a meditar. As primeiras tentativas são desordenadas, e às vezes transcorrem várias encarnações em que o Eu Superior força o homem a pensar e a meditar seriamente apenas em intervalos raros e esparsos. As ocasiões de recolhimento em si mesmo ocorrem com mais frequência, até que, em várias vidas, o homem se dedica à meditação e à aspiração místicas, consagrando finalmente toda uma vida a elas, o que assinala o auge da aspiração emocional por meio do corpo mental, independentemente da aplicação científica da Lei. Estas leis regem a verdadeira meditação ocultista.

Todos que trabalham definidamente sob a direção de um dos Mestres passaram por duas vidas culminantes: uma vida de apoteose mundana e uma vida da mais intensa meditação na linha mística ou emocional-intuitiva. Os homens vinculados com o Mestre Jesus e Seus discípulos experimentaram referida vida meditativa em um mosteiro ou convento da Europa Central, e os discípulos do Mestre M. ou do Mestre K. H. na Índia, no Tibete ou na China.

Para todos vocês está chegando agora a série mais importante de vidas, das quais as culminações anteriores foram pontos de partida. Aqueles que se encontram no Caminho chegarão à conquista final ao longo das vidas imediatamente à frente, por meio de uma meditação ocultista ordenada e baseada na lei. Alguns alcançarão seu objetivo na vida atual ou na próxima; outros, muito em breve, em outras vidas. Uns poucos obterão a culminação do método místico que será a base do futuro método ocultista ou mental. (Cartas sobre Meditação Ocultista)

3. Do aspirante se espera que desenvolva a faculdade de pensar de maneira abstrata ou o poder de fazer contato com a mente superior, via corpo causal. Deve aprender a fazer contato com a mente inferior simplesmente como um instrumento para chegar à superior e, assim, transcendê-la até polarizar-se no corpo causal. Depois, por meio do corpo causal, se vinculará com os níveis abstratos. Enquanto não realizar isto, será impossível para ele estabelecer, de fato, contato com o Mestre, pois, como já foi dito, o estudante deve se elevar do seu mundo (o inferior) para o mundo do Mestre (o superior).

Ambas as coisas – o poder de chegar ao Mestre e ao Seu grupo, e o poder de se polarizar no corpo causal e chegar aos níveis abstratos – são definidamente resultados da meditação…pela persistente meditação e pela faculdade de uma aplicação unidirecionada ao dever imediato (que, afinal, é fruto da meditação praticada na vida diária) advirá a crescente faculdade de reter firmemente a vibração mais elevada. Reitero esta verdade, aparentemente simples, de que apenas a similaridade de vibração atrairá o homem ao grupo superior a que possa pertencer, ao Mestre que representa para ele o Senhor de seu Raio, ao Instrutor do Mundo que lhe administrará os mistérios, ao Iniciador Uno que efetuará a liberação final e ao Centro do Homem Celestial em Cujo corpo o aspirante encontra lugar… O trabalho do probacionário é harmonizar sua vibração com a do Mestre, purificar seus três corpos inferiores para que não apresentem obstáculo a tal contato, e controlar sua mente inferior de tal maneira que deixe de ser uma barreira para a descida da luz oriunda do Espírito tríplice. Assim pode fazer contato com essa Tríade e com o grupo no subplano do mental superior, ao qual pertence, por direito e carma. Tudo isto se alcança pela meditação, e não há outro meio para atingir tais objetivos. (Cartas sobre Meditação Ocultista)

4. Os estudantes de meditação se surpreenderiam ou talvez se desencorajariam se soubessem como são raras as vezes, durante a meditação, em que proporcionam as condições corretas que permitem ao Instrutor, que observa, impulsionar certos efeitos. A frequência com que a capacidade do estudante permite fazer isto é indicação do seu progresso e da possibilidade de levá-lo a uma outra etapa. No ensinamento é preciso enfatizar este ponto, pois contém um incentivo para maior dedicação e aplicação. Se o discípulo, de seu lado, não proporciona as condições convenientes, as mãos do Mestre ficam atadas e pouco pode Ele fazer. O autoesforço é a chave para o progresso, em conjunto com a aplicação consciente e compreensiva do trabalho designado. Quando o esforço é feito com perseverança, o Mestre tem a oportunidade de realizar a parte que lhe cabe no trabalho. (Cartas sobre Meditação Ocultista)

5. A meditação é uma técnica da mente que oportunamente produz uma relação correta, ininterrupta; isto é outro nome para alinhamento. É, portanto, o estabelecimento de um canal direto, não apenas entre a fonte única, a Mônada e sua expressão, a personalidade purificada e controlada, como também entre os sete centros do veículo etérico humano. (Cura Esotérica)

(b) Perigo de Atrofia

Algumas naturezas ficam tão polarizadas no plano mental que correm o risco de romper a conexão com os dois veículos inferiores. Tais corpos inferiores existem para fins de contato, para aquisição de conhecimento nos planos inferiores e por razões de experiência, a fim de enriquecer o conteúdo do corpo causal. Portanto, ficará evidente para vocês que, se a consciência interna não desce mais do que ao plano mental e descuida do corpo emocional e do físico denso, duas coisas ocorrerão: os veículos inferiores ficarão negligenciados e inúteis, e deixarão de cumprir seu propósito, atrofiando-se e morrendo do ponto de vista do Ego, enquanto que o corpo causal não será construído como pretendido e, portanto, haverá perda de tempo. O corpo mental também será inutilizado e se tornará um objeto de conteúdo egoísta, sem utilidade para o mundo e de valor menor. Um sonhador cujos sonhos nunca se materializam, um construtor que armazena material que nunca utiliza, um visionário cujas visões são inúteis para deuses e homens, são uma obstrução no sistema universal. Está em grande perigo de atrofiamento.

A meditação deve ter o efeito de induzir os três corpos ao controle mais completo do Ego, de conduzir à coordenação e ao alinhamento e de levar ao desenvolvimento integralizado e simétrico, resultando em um homem de real utilidade para os Grandes Seres. Quando um homem se dá conta de que talvez esteja demasiado centrado no plano mental, ele deve procurar, com toda determinação, que suas experiências mentais, aspirações e esforços, sejam realidades no plano físico, submetendo os dois veículos inferiores ao controle do mental, convertendo-os em instrumentos de suas criações e atividades mentais. (Cartas sobre Meditação Ocultista)

(c) A Meditação Determinada pelo Raio Egoico

O raio no qual se encontra o corpo causal do homem, o raio egoico, deveria determinar o tipo de meditação. Cada raio requer um método de abordagem diferente, porque a finalidade de toda meditação é a união com o divino. Nesta etapa é a união com a Tríade espiritual, que tem seu reflexo inferior no plano mental. Permitam-me ilustrar brevemente:

Quando o raio egoico é o denominado Raio de Poder, o método de abordagem deve ser a aplicação da vontade de maneira dinâmica aos veículos inferiores; é o que chamamos, essencialmente, de realização por meio de um intenso enfoque; um potente autodirecionamento, que inibe todos os obstáculos e, literalmente, força um canal, desta maneira dirigindo-se para a Tríade.

Quando o raio egoico é o segundo, o Raio de Amor-Sabedoria, a via de menor resistência situa-se ao longo da linha de expansão, de inclusão gradual. Não é tanto um impulso para a frente, mas a gradual expansão a partir de um centro interno, para incluir o círculo próximo, o ambiente, as almas afins e os grupos de estudantes afiliados sob a guia de algum Mestre, até que todos estejam incluídos na consciência. Levada à culminação, esta expansão resulta na desintegração final do corpo causal, na quarta iniciação. No primeiro caso – realização através do Raio de Poder – o impulso para a frente e para cima tem um resultado similar; o canal aberto dá passagem à afluência descendente da força ou fogo do espírito e o corpo causal é igualmente destruído no devido tempo.

Quando o raio egoico é o terceiro, ou o Raio de Atividade-Adaptabilidade, o método é um tanto diferente. Não é tanto o impulso para a frente nem é tanto a expansão gradual, mas a adaptação sistemática de todo o conhecimento e de todos os meios para alcançar a meta percebida. Na realidade, é o processo de utilizar os muitos para o uso de um; é mais a agregação do material e das qualidades necessários para ajudar o mundo, e a acumulação de informações por meio do amor e da discriminação que, oportunamente, provocam a desintegração do corpo causal. Nestes “Raios de Aspecto” ou de expressão divina, se posso denominá-los assim, a desintegração é ocasionada, no primeiro caso, pela dilatação do canal, devido à força impulsiva da vontade; no segundo caso, pela expansão do ovo áurico inferior, o corpo causal, devido à inclusividade do Raio sintético de Amor e Sabedoria e, no terceiro caso, pela ruptura da periferia do corpo causal, devido à faculdade acumulativa e à absorção sistemática do Raio de Adaptabilidade.

Estes três métodos diferentes dão o mesmo resultado, pois são fundamentalmente formas do único e grande método aplicado na evolução do amor ou sabedoria – a meta do esforço do atual sistema solar.

Temos assim a vontade impulsionando o homem para a perfeição, mediante a realização do Superior, o que resulta em um potente serviço por meio do amor em ação.

Temos o aspecto sabedoria ou amor impulsionando o homem para a perfeição, mediante a utilização de sua unicidade com tudo que respira, o que resulta em serviço amoroso por meio do amor em ação.

Temos o aspecto atividade, impulsionando o homem para a perfeição, mediante a utilização de tudo que está a serviço do homem; primeiro, pela utilização de tudo para si mesmo; depois, de maneira gradual, pela utilização de tudo para a família, de tudo para aqueles que ama em nível pessoal, de tudo para os que o rodeiam e assim sucessivamente, até que tudo é utilizado em serviço à humanidade. (Cartas sobre Meditação Ocultista)

(d) O Eu é Fogo

1. O fogo cósmico é o antecedente estrutural da nossa evolução; a meta da evolução da nossa vida tríplice é o fogo do plano mental, seu controle interno e predominância, seus recursos de purificação, ao lado dos seus efeitos de refinamento. Quando o fogo interno do plano mental e o fogo latente dos veículos inferiores são absorvidos no fogo sagrado da Tríade, o trabalho está concluído e o homem é um Adepto. Efetuou-se a unificação e concluiu-se o trabalho de éons. (Cartas sobre Meditação Ocultista)

2. O homem que empreende a prática da meditação ocultista textualmente “brinca com fogo”. Gostaria que levassem muito em conta esta afirmação, porque encerra uma verdade que poucos compreendem. “Brincar com fogo” é um dito popular muito antigo, que perdeu o significado devido à constante repetição; no entanto, é absoluta e completamente exato, não um ensinamento simbólico, mas a afirmação de um fato. O fogo é a base de tudo – o Eu é fogo, o intelecto é uma fase do fogo, e latente nos veículos físicos microcósmicos se encontra oculto um verdadeiro fogo, que tanto pode ser uma força destruidora, consumindo os tecidos do corpo e estimulando os centros em uma condição indesejável, como um fator vivificante, atuando como agente que estimula e desperta. Quando direcionado para certos canais preparados, pode atuar como purificador e como grande vinculador entre o eu inferior e o Eu Superior.

Na meditação, o estudante procura estabelecer contato com a chama divina, seu Eu Superior, e se colocar em harmonia com o fogo do plano mental. Quando a meditação é forçada ou praticada muito violentamente, sem antes se efetuar o alinhamento entre os corpos superior e inferior, via o emocional, este fogo pode atuar sobre o fogo latente na base da coluna vertebral (denominado kundalini), e fazê-lo circular prematuramente. Isto causaria desorganização e destruição em vez de vivificação e estímulo dos centros superiores. (Cartas sobre Meditação Ocultista)


60. O EGO E AS INICIAÇÕES

1. É o homem, como alma, em plena consciência vigílica, que toma a iniciação. Daí a ênfase no contato com a alma quando o homem entra no Caminho de Provação e passa pelas primeiras etapas do discipulado. Isto faz com que mais tarde a ênfase recaia na necessidade de duas atividades maiores – para que o homem possa tomar as iniciações superiores:

a. No alinhamento.
b. Na construção científica do antahkarana. (Discipulado na Nova Era, Volume II)

2. No caminho da Iniciação, a vontade monádica (sendo seu reflexo a vontade egoica e sua distorção a vontade própria individual) é transmitida por intermédio do antahkarana, gradual e diretamente ao homem no plano físico. Produz a analogia superior das qualidades de que o esoterista bem treinado, embora obtuso, tanto fala: transmutação e transformação. O resultado é assimilação da vontade egoica individual no propósito da Mônada, que é o propósito – indesviável e inalterável – d’Aquele em quem vivemos, nos movemos e temos o nosso ser. (Os Raios e as Iniciações)

3. Se observarem as suas atitudes e ações atuais, descobrirão que estão centradas principalmente (poderia acrescentar, quase que necessariamente) em torno de vocês, seus próprios reconhecimentos, as próprias captações da verdade e o próprio progresso no Caminho. Mas – à medida que vão alcançado um estado iniciático – o autointeresse declina, até desaparecer e, como diz uma antiga frase. “só Deus permanece”; só permanece a consciência que é AQUELE, que é beleza, benignidade e verdade, que não é forma, mas qualidade, aquilo que está por trás da forma e indica qual é o destino, a alma, o lugar e o estado. Reflitam sobre estas palavras, pois transmitem onde, mais tarde (à medida que transcorre a evolução) vocês assentarão a ênfase. (Os Raios e as Iniciações)

4. A alma – pela própria natureza – é consciente do grupo e não tem ambições ou interesses individuais nem está de maneira alguma interessada nas metas da personalidade. A alma é o iniciado. A iniciação é um processo pelo qual o homem espiritual que mora na personalidade se torna consciente de si mesmo como alma, com os poderes, relações e propósitos da alma. No momento em que um homem compreende isto, ainda que em pequena medida, é do grupo que se torna consciente. (Os Raios e as Iniciações)

(a) A Expansão da Consciência e a Iniciação

1. O grande momento em que o homem saiu do reino animal para entrar no reino humano, que muitos livros didáticos de esoterismo denominam de “momento da individualização”, foi, na realidade, uma das maiores de todas as iniciações. A individualização é a captação consciente pelo Eu de sua relação com tudo que constitui o não-eu e, neste grande processo iniciático, como em todos os posteriores, o despertar da consciência é precedido por um período de desenvolvimento gradual; o despertar é instantâneo no momento em que se produz a autorrealização pela primeira vez e é sempre seguido de outro período de gradual evolução, período que, por sua vez, leva a uma crise ulterior denominada Iniciação. No primeiro caso, temos a iniciação para a existência autoconsciente, no outro, iniciação para a existência espiritual.

Estas tomadas de consciência ou expansões de consciência são regidas por uma lei natural, e toda alma, sem exceção, as experimenta no seu devido tempo. Em menor grau, são experimentadas diariamente por todo ser humano, à medida que aumenta gradualmente sua compreensão mental e experiência da vida, mas só se tornam iniciações para a sabedoria (diferentes das expansões de conhecimento) quando o conhecimento adquirido foi:

a. procurado conscientemente;
b. aplicado à vida em espírito de sacrifício;
c. usado voluntariamente em serviço aos demais;
d. usado inteligentemente em prol da evolução.

Somente as almas com certo grau de experiência e desenvolvimento podem realizar estas quatro condições com perseverança e firmeza, dessa maneira transmutando o conhecimento em sabedoria e a experiência em qualidade. O homem comum transmuta a ignorância em conhecimento e a experiência em faculdade. Seria útil que todos nós refletíssemos sobre a diferença entre qualidade inerente e faculdade inata; uma é a própria natureza de budi ou sabedoria e a outra de manas ou mente. A união das duas, por meio do esforço consciente do homem, resulta em uma iniciação maior.

Estes resultados são promovidos de duas maneiras:

Primeiro, pelo próprio esforço do homem que o leva, em seu devido tempo, a descobrir seu centro de consciência, a ser guiado e conduzido inteiramente pelo regente interno ou Ego, e a desvendar, por meio de um intenso esforço e penosas tentativas, o mistério do universo, oculto na substância material energizada por Fohat. Segundo, pelo esforço do homem, sustentado pela cooperação amorosa e inteligente dos Conhecedores da raça, os Mestres de Sabedoria. Neste caso, o processo é mais rápido, pois o homem recebe instruções – se assim for seu desejo – e, em consequência, quando, por sua vez, tiver proporcionado as condições corretas, o conhecimento e a ajuda dos que alcançaram a meta são colocados à sua disposição. Para se beneficiar desta ajuda, o homem precisa trabalhar com o material do seu próprio corpo, construindo o material certo em uma forma ordenada e, portanto, deve aprender a discriminar ao selecionar a matéria e também a compreender as leis de vibração e de construção.

Além disso, tem que abastecer o seu corpo mental de maneira que ele possa ser um intérprete e transmissor, e não um fator impeditivo como é agora. Da mesma maneira, tem que desenvolver uma atividade grupal e aprender a trabalhar coordenadamente com outros indivíduos. São essas as principais coisas que o homem tem que cumprir no caminho da iniciação e, tendo trabalhado nelas, encontrará o caminho, que ficará claro para ele e poderá então tomar posição entre os Conhecedores. (Iniciação Humana e Solar)

2. A iniciação não só intensifica e aprofunda a qualidade da alma; não só habilita a personalidade a expressar os poderes da alma, dessa maneira acentuando e extraindo o melhor que há no discípulo e no serviço que presta, como também põe progressivamente à sua disposição forças e energias das quais não tinha conhecimento algum e que aprenderá a usar como iniciado de certo grau no Caminho Iluminado. A iniciação lhe revelará mundos de ser até então insuspeitados e desconhecidos, com os quais deve aprender a colaborar, e o integrará mais definidamente na “área iluminada” da nossa vida planetária, trazendo nova revelação e visão, mas tornando mais escura a área não iluminada. (Discipulado na Nova Era, Volume II)

3. A iniciação não é um procedimento cerimonial, nem uma honraria concedida a um aspirante bem-sucedido; também não é uma penetração nos Mistérios, é simplesmente resultado de experienciar uma “vivência” nos três mundos de consciência (físico, emocional e mental) e – por meio dessa vivência – tornar atuantes as células que registram e gravam na substância cerebral, as quais, até então, não eram susceptíveis às impressões superiores. Com esta região de registro expandida ou, se preferirem, com o desenvolvimento de um instrumento de gravação, ou mecanismo de resposta mais refinado, a mente fica apta a se tornar transmissora dos valores superiores e do entendimento espiritual. Assim, o indivíduo se torna consciente de regiões de existência divina e estados de consciência que estão sempre eternamente presentes, mas que o homem individual era inerentemente incapaz de fazer contato ou de registrar; nem a mente nem seu agente de gravação, o cérebro, estavam aptos para isso, do ângulo de seu desenvolvimento evolutivo.

Quando o farol da mente começa a penetrar lentamente nos aspectos até então não reconhecidos da mente divina, quando as qualidades magnéticas do coração vão despertando e se tornando responsivas, em níveis sensíveis, a ambos os aspectos, o homem torna-se apto a atuar nos novos reinos de luz, amor e serviço, em revelação. É um iniciado. (O Reaparecimento do Cristo)

4. Iniciação é essencialmente sair dos antigos controles e passar para o controle de valores mais espirituais e superiores. Iniciação é uma expansão de consciência que leva a um crescente reconhecimento das realidades internas. É também o reconhecimento de um renovado sentido da necessidade de mudança e de sábia direção destas necessárias mudanças, para que possa haver um progresso real; a consciência se expande e se torna mais generosa e divinamente includente, e há um controle novo e mais potente por parte da alma, à medida que assume cada vez mais a direção da vida do indivíduo, de uma nação e do mundo. (A Exteriorização da Hierarquia)

5. O que é a Iniciação? A iniciação pode ser definida de duas maneiras. É antes de tudo a entrada em um mundo novo e de dimensões mais amplas pela expansão da consciência do homem, de maneira que ele possa incluir e abranger o que agora exclui, e do que normalmente se separa em seus pensamentos e atos. Em segundo lugar, é a entrada no homem das energias características da alma e apenas da alma – as forças do amor inteligente e da vontade espiritual. (Psicologia Esotérica, Volume II)

(b) A Primeira Iniciação

1. Na primeira iniciação, o Ego deve ter controlado em grande medida o corpo físico e vencido “os pecados da carne”, como coloca a fraseologia cristã. Não devem prevalecer a gula, o alcoolismo, a licenciosidade, nem a satisfação das exigências do elemental físico; portanto, o controle deve ser total e a tentação vencida. Será mantida uma atitude geral de obediência ao Ego e a disposição de obedecer deve ser muito forte. O canal entre o superior e o inferior se expande, e a carne obedece praticamente de maneira automática. (Iniciação Humana e Solar)

2. Muitos milhares de pessoas no mundo atual tomaram a primeira iniciação e se encaminham para a vida espiritual e o serviço a seus semelhantes; contudo, suas vidas com frequência deixam muito a desejar e evidentemente a alma não exerce controle constante; ainda estão travando uma grande batalha para obter a purificação nos três níveis. As vidas destes iniciados não são de todo perfeitas e sua inexperiência é muito grande, e neste ciclo particular está se iniciando uma tentativa para alcançar a fusão com a alma. (Os Raios e as Iniciações)


(c) A Segunda Iniciação

1. A segunda iniciação constitui a crise do controle do corpo astral. Assim como na primeira iniciação se demonstra o controle do corpo físico denso, na segunda, de maneira semelhante, demonstra-se o controle do astral. O sacrifício e a morte do desejo terá sido a meta do esforço. O Ego dominou o desejo, e só se ambiciona o que é para o bem do todo, na linha da vontade do Ego e do Mestre. O elemental astral é controlado, o corpo emocional se torna puro e límpido, e a natureza inferior vai rapidamente desaparecendo. Nesta oportunidade, o Ego retém com firmeza os dois veículos inferiores e os submete à sua vontade. A aspiração e o anseio de servir, amar e progredir tornam-se tão intensos que, em geral, observa-se um desenvolvimento muito rápido. Isto explica o fato de que esta iniciação e a terceira muitas vezes (mas não invariavelmente) se sucedem em uma mesma vida. Neste período da história do mundo foi dado tal estímulo à evolução, que as almas aspirantes – ao sentir a desesperadora e evidente necessidade da humanidade – estão sacrificando tudo para atender à necessidade.

Nesta iniciação, sendo seguido o curso normal (o qual, mais uma vez, não é de todo certo) será vivificado o centro da garganta. Isto desenvolve a capacidade de aproveitar as aquisições da mente inferior no serviço ao Mestre e na ajuda ao homem; confere a habilidade de dar e proferir o que for útil, possivelmente através da palavra falada, mas com certeza na prestação de algum tipo de serviço. Proporciona uma visão das necessidades do mundo, e mostra um fragmento adicional do plano. Portanto, o trabalho a realizar antes de tomar a terceira iniciação é a completa subordinação do ponto de vista pessoal nas necessidades do todo, o que implica no domínio total da mente concreta pelo Ego. (Iniciação Humana e Solar)

2. A segunda iniciação assinala a liberação da alma da prisão do corpo astral. A partir de então, a alma usará o corpo astral e modelará o desejo de acordo com o plano divino. (Tratado sobre Magia Branca)

3. Depois de tomada a segunda iniciação, a vigilante Hierarquia pode começar a observar a constante reorientação da alma para a Mônada e o poder atrativo deste aspecto superior sobre o iniciado. Hoje, são tantos os membros da família humana – em encarnação ou não – que tomaram as duas primeiras iniciações, que a atenção de Shamballa está cada vez mais se voltando para a humanidade, via Hierarquia enquanto, simultaneamente, os pensamentos dos homens estão se dirigindo para o Plano e para o emprego da vontade, ao dirigir e guiar a natureza da força dinâmica... (O Destino das Nações)

(d) a Terceira Iniciação

1. Na terceira iniciação, algumas vezes denominada de Transfiguração, toda a personalidade é inundada com luz proveniente do alto. Somente depois desta iniciação a Mônada guia absolutamente o Ego, vertendo Sua vida divina cada vez mais no canal já preparado e purificado...

O objetivo de todo desenvolvimento é despertar a intuição espiritual; feito isso, quando o corpo físico for puro, o corpo astral estável e firme e o corpo mental controlado, o iniciado poderá então manejar com segurança e precisão as faculdades psíquicas, com o objetivo de ajudar a raça. Não apenas pode usar estas faculdades, como também estará apto a criar e vivificar formas-pensamento claras e bem definidas, pulsando no espírito de serviço e isentas do controle da mente inferior ou do desejo. Estas formas-pensamento não serão desarticuladas, desconexas e desagregadas (como ocorre com as que são criadas pela massa dos homens), mas terão uma boa medida de síntese. Árduo e incessante deve ser o trabalho para isto, mas quando a natureza de desejos está estabilizada e purificada, o controle do corpo mental sobrevém mais facilmente. (Iniciação Humana e Solar)

2. Na terceira Iniciação (a da Transfiguração) já não controla a personalidade nos três mundos, para que o Filho da Mente, a alma, possa substituir finalmente a mente inferior concreta, que até agora dirigia. Além disso, por meio da Lei do Sacrifício, a personalidade é liberada e se torna simplesmente um agente da alma. (Discipulado na Nova Era, Volume II)

3. A terceira iniciação é a primeira iniciação em que a personalidade e a alma se unem e se fusionam, de maneira que os dois aspectos formem uma unidade. A aspiração chega ao fim, e a convicção mais absoluta toma seu lugar. (O Destino das Nações)

4. Quando há êxito em iniciar o antahkarana individual e há um tênue fio de energia viva conectando a tríplice personalidade com a Tríade espiritual, então é possível a afluência de energia da vontade. Isto pode ser muito perigoso nas primeiras etapas, quando não se está amparado pela energia do amor da alma...

Depois da terceira iniciação, quando o corpo da alma, o causal, começa a se dissipar, a linha de relação ou de conexão pode ser e é direta. O iniciado então “permanece no oceano de amor, e esse amor é vertido através dele; sua vontade é amor e pode trabalhar sem perigo, pois o amor divino matizará toda sua vontade e ele poderá prestar serviço sabiamente”. Então o amor e a inteligência se tornam servidores da vontade. A energia da alma e a força da personalidade contribuem para a experiência da Mônada nos três mundos da vida de serviço e finalmente culmina a tão prolongada tarefa do homem espiritual encarnado. Ele está pronto para o Nirvana, que nada mais é do que o Caminho para novos campos de experiência espiritual e desenvolvimento divino – incompreensível agora, até mesmo para o iniciado de terceiro grau. Este Caminho só é revelado quando o antahkarana está construído e concluído e o homem está focado na Tríade tão conscientemente como está agora na tríplice natureza inferior. (Os Raios e as Iniciações)

5. Na terceira iniciação estabelece-se finalmente o controle da mente iluminada pela alma, e a própria alma assume a posição dominante, e não a forma fenomênica. (Os Raios e as Iniciações)

(e) A Eliminação da Forma Mental da Personalidade

Ao tratar deste tema (o que só posso fazer de maneira muito sucinta) é preciso ter em mente duas coisas:

1. Que estamos considerando apenas uma ideia que a mente tem acerca da alma e tratando com o fato básico da ilusão que tem controlado todo o ciclo de encarnação e, assim, mantido a alma prisioneira da forma. Para a alma, a personalidade significa duas coisas:

a. a capacidade da alma de identificação com a forma; isto é primeiramente realizado pela alma, quando a personalidade está começando a reagir a uma certa medida de real integração.

b. uma oportunidade para a iniciação.

2. Que a eliminação da forma-pensamento da personalidade, consumada na terceira iniciação, é uma grande iniciação para a alma em seu próprio plano. Por esta razão, a terceira iniciação é considerada como a primeira iniciação maior, pois as duas iniciações anteriores produzem pouco efeito sobre a alma, afetando apenas a alma encarnada, o “fragmento” do todo.

Estes fatos pouco são compreendidos e raras vezes acentuados na literatura publicada até agora, que enfatiza as iniciações na medida que exercem efeito sobre o discípulo nos três mundos. Mas estou tratando especificamente das iniciações no que afetam ou não afetam a alma, sobrepairando sobre seu reflexo, a personalidade, nos três mundos. Portanto, o que disse terá pouco significado para o leitor comum.

Do ponto de vista do eu pessoal, considerando-o como o Morador do Umbral, a atitude ou estado mental foi descrita, de maneira inadequada, como de total absorção na luz da alma; tal é a Glória da Presença transmutada pelo Anjo, que a personalidade desaparece completamente com suas demandas e aspirações. Resta apenas a envoltura e o instrumento através do qual a luz solar pode fluir para ajudar a humanidade. Isto é válido até certo ponto, mas é apenas – em última análise – a tentativa do homem de colocar em palavras a transmutação e o efeito transfigurador da terceira iniciação, o que não se pode fazer.

Infinitamente mais difícil é o esforço que estou fazendo aqui para descrever a atitude e as reações da alma, o eu uno, o Mestre no coração, à medida que reconhece a grandiosa realidade de sua própria e essencial liberação, e se dá conta, de uma vez por todas, que agora é incapaz de responder às vibrações inferiores dos três mundos, tal como são transmitidas à alma por seu instrumento de contato, a forma-personalidade. Esta forma é agora incapaz de transmissão.

A segunda reação da alma, uma vez enfocado e aceito este entendimento, é que a liberdade – quando alcançada – apresenta suas próprias demandas:

1. Uma vida de serviço nos três mundos, tão conhecidos e agora tão completamente transcendidos.

2. Um senso sobrepairante de amor dirigido àqueles que ainda estão procurando a liberação.

3. Um reconhecimento do triângulo essencial, convertido agora no centro da vida conceitual da alma:

A alma agora vibra entre os dois pontos ou pares de opostos e atua como centro invocador e evocador.

Nenhum dos entendimentos acima pode ser registrado na consciência cerebral ou na mente da personalidade iluminada. Teoricamente, é possível perceber uma tênue visão das possibilidades inerentes, mas a consciência já não é a do discípulo servidor nos três mundos, usando mente, emoções e corpo físico para realizar, no possível, o comando e a intenção hierárquicos. Isto desapareceu com a morte da consciência da personalidade. A consciência agora é a da própria alma, consciente de que não há separação, instintivamente ativa, espiritualmente ocupada nos planos do Reino de Deus, e totalmente livre da atração ou do mais leve controle da forma-matéria; entretanto, a alma ainda responde à energia-substância e está submergida nela, e sua analogia superior atua ainda nos níveis do plano físico cósmico – os planos búdico, átmico, monádico e logoico.

O que então é preciso acontecer para que a vida da alma seja plena e completa e tão inteiramente inclusiva que os três mundos façam parte de sua área de percepção e seu campo de serviço? A única maneira de tornar claro para vocês o que a alma deve realizar depois da terceira iniciação resume-se de duas maneiras:

Primeiro: a alma torna-se um criador consciente, porque o terceiro aspecto – desenvolvido e dominado pela experiência nos três mundos, durante o longo ciclo de encarnações – alcançou um grau de perfeita atividade. Em termos técnicos, direi: a energia das pétalas de conhecimento e a energia das pétalas de amor estão tão ativamente fusionadas e mescladas, que duas das pétalas internas, circundando a joia no lótus, não são mais véus sobre esta joia. Estou falando em termos simbólicos. Devido a este acontecimento, a morte ou a eliminação da personalidade é a primeira atividade no drama da criação consciente, e a primeira forma criada pela alma é um substituto para a personalidade. Assim se cria um instrumento para o serviço nos três mundos. Entretanto, desta vez é um instrumento sem vida, sem desejos, ambições e sem poder de pensamento próprio. É tão somente uma envoltura de substância, animada pela vida da alma, mas que – ao mesmo tempo – é responsiva e adequada para o período, à raça e às condições do ambiente no qual a alma criadora escolheu atuar. Reflitam sobre esta afirmação e enfatizem as palavras “adequada”.

Segundo: a alma então se prepara para a futura quarta iniciação. É basicamente uma experiência monádica e resulta – como bem sabem – no desaparecimento ou destruição do veículo alma ou corpo causal, e no estabelecimento, portanto, de uma relação direta entre a Mônada em seu próprio plano e a personalidade recentemente criada, via o antahkarana.

Apresentei pela primeira vez, em ordem consecutiva, estes dois pontos do ensinamento ocultista; as indicações, porém, prepararam o caminho para esses dois fatos. Também dei informações sobre o mayavirupa, através do qual o Mestre atua e estabelece contato com os três mundos que Ele cria deliberadamente a fim de servir aos Seus propósitos e planos. É um decisivo substituto para a personalidade e só pode ser criado quando a antiga personalidade (construída e desenvolvida durante o ciclo de encarnações) tiver sido eliminada. Prefiro usar a palavra “eliminada”, em vez de “destruída”. A estrutura – no momento da eliminação – persiste, porém sua vida separatista desaparece.

Se refletirem com toda clareza sobre esta afirmação, observarão que agora é possível obter uma completa integração. A vida da personalidade foi absorvida; a forma da personalidade ainda permanece, mas persiste sem ter verdadeira vida própria; isso significa que já pode ser a receptora de energias e forças de que necessita o Iniciado ativo ou Mestre, a fim de implementar a tarefa de salvação da humanidade.

O discípulo que tiver eliminado (no sentido técnico, como no místico) o domínio da personalidade possui agora a “liberdade que o Ashram outorga”, como se diz, podendo se mover à vontade entre os discípulos e iniciados. Nada existirá em sua vida ou qualidade vibratória que perturbe o ritmo do Ashram; nada vai requerer do Mestre uma “intervenção de apaziguamento”, como acontece com frequência durante as primeiras etapas do discipulado; nada pode agora interferir nesses contatos e esferas de influência superiores, que estiveram selados para o discípulo devido à intromissão de sua própria personalidade. (Cura Esotérica)

(f) A Quarta Iniciação

1. Na quarta Iniciação (a da Renúncia) o aspecto destruidor da Lei de Sacrifício produz a destruição do corpo causal, o corpo da alma, para que a personalidade unificada, fusionada com a alma, possa atuar diretamente sob a inspiração da Tríade Espiritual – a tríplice expressão ou instrumento da Mônada. (Discipulado na Nova Era, Volume II)

2. Os estudantes bem fariam em aprender que este processo de construção do antahkarana é um dos meios pelos quais o homem, a trindade, se torna uma dualidade. Quando a tarefa estiver concluída e o antahkarana definidamente construído – produzindo-se assim o perfeito alinhamento entre a Mônada e sua expressão no plano físico – o corpo da alma (o causal) é completa e finalmente destruído pelo fogo da Mônada que desce pelo antahkarana. Há então uma completa reciprocidade entre a Mônada e a alma plenamente consciente no plano físico. O “intermediário divino” deixa de ser necessário. O “Filho de Deus, que é o Filho da Mente”, morre; o “véu do templo é rasgado em dois, de cima abaixo”; toma-se a quarta iniciação, chegando então a revelação do Pai. Este é o resultado final e de longo alcance da construção da ponte que, na realidade, é o estabelecimento de uma linha de luz entre a Mônada e a personalidade, como plena expressão da alma – entre espírito e matéria, entre Pai e Mãe. Põe em evidência que o “espírito ascendeu nos ombros da matéria” a esse elevado lugar do qual se originou, mais a experiência adquirida e o pleno conhecimento, e tudo que a vida na forma material pode proporcionar e tudo que a experiência consciente pode conferir. O Filho fez o Seu trabalho. A tarefa do Salvador ou Mediador foi consumada. Sabe-se que a unidade de todas as coisas é uma realidade na consciência e o espírito humano pode dizer com intenção e compreensão: “Eu e meu Pai somos um”. (Os Raios e as Iniciações)

3. A Grande Renúncia. Uma enorme experiência é concedida ao iniciado neste momento; ele compreende (porque vê e sabe) que o antahkarana foi concluído com êxito e que ali há uma linha direta de energia da Tríade espiritual até sua mente e cérebro, via o antahkarana. Isto põe no primeiro plano da sua consciência o súbito e espantoso reconhecimento de que a própria alma, o corpo egoico em seu próprio nível, e o que durante eras foi a suposta fonte de sua existência, sua guia e mentora, já não é mais necessária; sua relação, como personalidade fusionada com a alma é agora diretamente com a Mônada. Sente-se despojado e inclinado a exclamar – como fez o Mestre Jesus – “Meu Deus, meu Deus, por que me abandonaste?” Mas faz a renúncia necessária e o corpo causal, o corpo da alma, é abandonado e desaparece. É esta a renúncia culminante e o gesto culminante de eras de pequenas renúncias; a renúncia marca a carreira de todos os aspirantes e discípulos – a renúncia, enfrentada, compreendida e feita conscientemente. (Os Raios e as Iniciações)

4. A Iniciação da Renúncia é de suprema importância para a humanidade e para o iniciado individual que logicamente é um membro do quarto reino. Acima de tudo, este grande ato de renúncia assinala o momento em que o discípulo não possui nada relacionado com os três mundos da evolução humana. Seu contato com esses mundos no futuro será puramente voluntário e para propósitos de serviço. (Os Raios e as Iniciações)

61. A REVELAÇÃO DA “PRESENÇA”

1. Durante os períodos finais da série de encarnações, nos quais o homem faz malabarismos com os pares de opostos, e em que, pela discriminação, torna-se consciente do real e do irreal, compreende pouco a pouco que ele mesmo é uma Existência imortal, um Deus imperecível e uma parte do Infinito. Fica cada vez mais evidente o elo entre o homem no plano físico e seu Mestre interno, até que aconteça a grande revelação. Chega um momento na existência do homem em que ele se defronta conscientemente com seu verdadeiro Eu, e sabe que ele é esse Eu em realidade e não em teoria. Torna-se consciente do Deus interno, não mais pelo sentido da audição, nem pela atenção à voz interna que o dirige e controla, a chamada “voz da consciência”, mas por meio da visão direta e da percepção interna. Agora responde não só ao que ouve, mas também ao que vê. (Iniciação Humana e Solar)

2. O instrumento para a visão interna sempre existiu e o que se pode ver está sempre presente, mas a maioria das pessoas ainda não reconhece.

Este “reconhecimento” pelo iniciado é o primeiro grande passo na cerimônia de iniciação e, até que seja vencido, as demais etapas têm que esperar. O que é reconhecido varia segundo a iniciação e, em linhas gerais, pode ser sintetizado da seguinte maneira:

O Ego, reflexo da Mônada, é em si uma triplicidade, como tudo na natureza. Reflete os três aspectos da divindade, assim como a Mônada reflete, em plano superior, os três aspectos – vontade, amor sabedoria e inteligência ativa – da Deidade. Portanto:

Na primeira iniciação, o iniciado torna-se consciente do terceiro aspecto, ou aspecto inferior do Ego, o da inteligência ativa. Defronta-se com a manifestação do grande Anjo solar (Pitri) que é ele mesmo, o verdadeiro eu. Sabe então, sem margem de dúvida, que essa manifestação de inteligência é aquela En-tidade eterna que, através das eras, vem demonstrando seus poderes no plano físico por meio de suas sucessivas encarnações.

Na segunda iniciação, vê esta grande Presença como uma dualidade, e outro aspecto brilha diante dele. Torna-se consciente de que esta Vida radiante, identificada com ele mesmo não é apenas inteligência em ação, mas também o amor sabedoria original. Funde sua consciência com esta Vida e se torna uno com ela, de maneira que, no plano físico, por meio do seu eu pessoal, veja essa Vida como expressão do amor inteligente.

Na terceira iniciação, o Ego se apresenta diante do iniciado como uma triplicidade perfeita. Não apenas conhece o Eu como amor inteligente ativo, mas revela-se também como vontade fundamental ou propósito, com o qual o homem se identifica imediatamente e sabe que os três mundos nada mais lhe reservam no futuro, apenas servem como campo de serviço ativo, forjado no amor pela realização de um propósito que durante eras esteve oculto no coração do Eu. Agora que esse propósito está revelado, ele pode colaborar inteligentemente para sua execução.

Estas profundas revelações resplandecem diante do iniciado de três maneiras:

Como uma radiante existência angélica, vista pelo olho interno, com a mesma exatidão de visão e critério como um homem quando vê outro membro da família humana. O grande Anjo Solar, que corporifica o homem real e é sua expressão no plano da mente superior, é seu ancestral divino, o “Observador” que, durante longos ciclos de encarnações, deu a Si mesmo em sacrifício para que o homem possa SER.

Como uma esfera de fogo radiante, vinculada com o iniciado que permanece diante dela pelo fio magnético de fogo que passa através de todos os seus corpos e termina no centro do cérebro físico. Este “fio de prata” (como é chamado de maneira bastante imprecisa na Bíblia, ao descrever sua liberação do corpo físico e a subsequente retirada), emana do centro do coração do Anjo Solar, vinculando assim coração e cérebro – aquela grande dualidade que se manifesta em nosso sistema solar em amor e inteligência. Esta esfera de fogo está igualmente vinculada a muitos outros homens que pertencem ao mesmo grupo e ao mesmo raio e, portanto, é absolutamente exato dizer que, nos planos superiores, somos todos UM. Uma só vida pulsa e circula através de todos, por meio de fios de fogo. É esta uma parte da revelação que chega ao homem que se coloca ante a “Presença” com os olhos ocultamente abertos.

Como um Lótus multicolorido de nove pétalas, ordenadas em três círculos em torno de um conjunto central de três pétalas hermeticamente fechadas, que abrigam o que nos livros orientais é chamado de “Joia no Lótus”. Este Lótus é de rara beleza, pulsando com vida e irradiando todas as cores do arco-íris; nas três primeiras iniciações, os três círculos se revelam, um após o outro, até que, na quarta iniciação, o iniciado se vê diante de uma revelação ainda maior e descobre o segredo encerrado no botão central. A este respeito, a terceira iniciação difere um tanto das outras duas, pois, pelo poder de um Hie-rofante ainda mais excelso que o Bodhisattva, o iniciado faz contato, pela primeira vez, com o fogo elétrico do puro Espírito, latente no coração do Lótus.

As palavras “Anjo Solar”, “esfera de fogo” e “Lótus” ocultam certo aspecto do mistério central da vida humana, mas que só ficará evidente para aqueles que têm olhos para ver. O significado místico destas frases gráficas será tido como um artifício ou motivo de incredulidade para o homem que procurar materializá-las indevidamente. A ideia de uma existência imortal, de uma Entidade divina, de um grande centro de energia ígnea, assim como do pleno florescimento da evolução estão ocultos por trás dessas palavras e é nesse sentido devem ser compreendidas.

Na quarta iniciação, o iniciado é conduzido à Presença daquele aspecto de Si mesmo denominado “o Pai nos Céus”. Defronta-se com sua própria Mônada, aquela pura essência espiritual no plano mais elevado – mas que é Una – que é para seu Ego ou Eu Superior, o que esse Ego é para a personalidade ou eu inferior.

Esta Mônada se manifestou no plano mental por meio do Ego de maneira tríplice, mas agora faltam todos os aspectos da mente, tal como a compreendemos. O Anjo Solar, com quem estava em contato, se retirou; a forma pela qual atuava (o corpo egoico ou causal) desapareceu, restando apenas o amor-sabedoria e a vontade dinâmica que é a característica primordial do Espírito. O eu inferior cumpriu os propósitos do Ego e foi descartado; da mesma maneira, o Ego cumpriu os desígnios da Mônada e deixou de ser necessário; o iniciado se vê livre de ambos, plenamente liberado e apto a entrar em contato com a Mônada, tal como antes aprendeu a entrar em contato com o Ego. Nos seus retornos posteriores aos três mundos, será regido apenas pela vontade e propósito que ele próprio definir, criará seu corpo de manifestação e, assim, estará livre para escolher (dentro dos limites do carma) o momento oportuno. O carma aqui mencionado é planetário, não se trata de carma pessoal. Nesta quarta iniciação, ele entra em contato com o aspecto amor da Mônada e, na quinta, com o aspecto vontade. Assim completa seus contatos, responde a todas as vibrações necessárias e se torna senhor nos cinco planos da evolução humana.

Além disso, nas iniciações terceira, quarta e quinta, começa também a perceber conscientemente aquela “Presença” que encerra em si aquela Entidade espiritual, a sua própria Mônada, vendo-a unida com o Logos Planetário. Graças à sua própria Mônada, vê exatamente os mesmos aspectos (que essa Mônada personifica) em uma escala mais ampla, e o Logos Planetário, que anima todas as Mônadas em seu Raio, lhe é revelado. Esta verdade é quase impossível de expressar em palavras, e diz respeito à relação do ponto de fogo elétrico, que é a Mônada, com a estrela de cinco pontas que revela ao iniciado a Presença do Logos Planetário. Isto é praticamente incompreensível para o homem comum, para o qual este livro foi escrito.

E é assim, gradualmente, que o iniciado chega frente à Verdade e à Existência. Os estudantes reflexivos verão claramente porque a revelação da Presença deve preceder todas as outras revelações. Ela produz na mente do iniciado as seguintes noções básicas:

Justifica-se a fé que o sustentou durante eras e esperança e convicção se fundem em um fato experimentado pessoalmente. A visão espiritual substitui a fé e o iniciado vê e conhece as coisas invisíveis. Nada há mais a duvidar e ele, pelo próprio esforço, tornou-se um conhecedor.

Sua unidade com seus irmãos fica comprovada, e ele se dá conta do elo indissolúvel que o une aos seus semelhantes de todas as partes. A fraternidade deixa de ser uma teoria, tornando-se um fato cientificamente comprovado, que não pode mais ser contestado, como não pode ser a separação dos homens no plano físico.

A imortalidade da alma e a realidade dos mundos invisíveis ficam para ele comprovadas e desvendadas. Enquanto que antes da iniciação esta crença se baseava em uma breve e fugaz visão e em firmes convicções internas (resultantes do raciocínio lógico e de uma intuição em gradual desenvolvimento), agora se baseia na visão e no reconhecimento incontestável de sua própria natureza imortal.

Compreende o significado e a fonte de energia, e pode começar a exercitar o poder com precisão e direção científicas. Sabe agora de onde extrai a energia, pois teve um vislumbre dos recursos disponíveis da energia. Antes, sabia que a energia existia e a usava cegamente e, às vezes, de maneira insensata. Agora, a vê sob a instrução da “mente aberta” e pode colaborar inteligentemente com as forças da natureza.

Assim, de muitas maneiras, a revelação da Presença produz resultados definidos no iniciado, e assim a Hierarquia considera ser esta o necessário prelúdio para as revelações posteriores. (Iniciação Humana e Solar)


62. O REINO DAS ALMAS

1. Talvez a noção de que a alma está se organizando para este esforço, reorientando as forças e se preparando para um novo e poderoso impulso seja novidade para alguns, mas assim é. Todas as formas de vida passam de iniciação a iniciação sob a força da evolução e a alma não está isenta deste processo. Tal como a alma do animal-homem se uniu com outro princípio divino e assim trouxe o quarto reino da natureza à existência, a alma da humanidade está buscando contato com outro aspecto divino. Quando este contato for estabelecido, o Reino de Deus virá à Terra; o plano físico se transformará e virá o período característico que, simbolicamente, é apresentado sob o termo milênio.

Talvez a noção de que a alma está se organizando para este esforço, reorientando as forças e se preparando para um novo e poderoso impulso seja novidade para alguns, mas assim é. Todas as formas de vida passam de iniciação a iniciação sob a força da evolução e a alma não está isenta deste processo. Tal como a alma do animal-homem se uniu com outro princípio divino e assim trouxe o quarto reino da natureza à existência, a alma da humanidade está buscando contato com outro aspecto divino. Quando este contato for estabelecido, o Reino de Deus virá à Terra; o plano físico se transformará e virá o período característico que, simbolicamente, é apresentado sob o termo milênio. (Tratado sobre Magia Branca)

2. Eu, que penetrei um tanto na compreensão da vida do Anjo solar, procuro assegurar aos meus companheiros peregrinos que as coisas passageiras dos sentidos não são mais que trivialidades, sem nenhum valor em comparação com as recompensas, aqui e nesta vida, para o homem que busca submergir a sua consciência cotidiana com a da própria alma. Entra então na comunidade das almas e já não está só. Os períodos de solidão resultam somente de uma orientação errada, de estar agarrado ao que oculta a visão e que enche tanto as mãos que é impossível alcançar o que se denominou de “joia no loto”. (Tratado sobre Magia Branca)

3. Mas os observadores dos períodos e épocas podem fazer rápidos progressos no desenvolvimento intuicional se perseverarem na meditação, treinarem o intelecto e se esforçarem sempre por pensar em termos universais. Que observem a história retrospectivamente como parte da emergente preparação que vai inaugurar o futuro. Que elevem o ânimo no reconhecimento de que o reino das almas está se tornando paulatinamente um fenômeno do plano físico (falo paradoxalmente?) e será reconhecido, enfim, como um reino da natureza e assim considerado pelos homens de ciência antes que se passem dois séculos. Estes “Observadores Organizados” formam o círculo externo do Novo Grupo e sua nota-chave é a síntese, a eliminação das coisas não essenciais e a organização do conhecimento humano. Como trabalham em muitos campos da percepção humana, distinguem-se por um espírito sem sectarismos, pela capacidade de se ocupar das essencialidades fundamentais e de vincular os diversos campos da investigação humana em um todo organizado e unificado. (Tratado sobre Magia Branca)

4. Pergunto-me se já consideraram alguma vez o amplo efeito de todo pensamento reflexivo, das preces aspiracionais e do trabalho de meditação – sem treinamento ou como resultado do treinamento – feito por milhões de pessoas ao longo das eras em todo o planeta? Tudo isso está alterando sua qualidade; sua força está aumentando, e sua vividade está produzindo mudanças no organismo humano. A onda de vida espiritual é hoje tão forte e pujante que os próximos cento e cinquenta anos demonstrarão a natureza real do Reino das Almas, o Reino de Deus. Isto, como certamente compreenderão, produzirá também mudanças fundamentais nos objetivos imediatos que o progresso humano tem pela frente, nos planos dos Mestres, no ensinamento ministrado e no treinamento apresentado. (Discipulado na Nova Era,Volume II)

5. A iniciação é, por excelência, uma série de passos, de despertamentos graduais que habilitam o ser humano de se tornar, afinal, um membro ou ponto de luz no Reino de Deus. Quando um número suficiente de membros do quarto reino tiver experimentado o processo de iniciação (entendido tecnicamente), então o quinto reino se manifestará exotericamente. Aproxima-se rapidamente o momento de aplicar o método que converterá este reino, até agora subjetivo, em uma entidade real. A prova disso temos – pela primeira vez na história – na iniciação grupal, a qual pode ser empreendida agora, e para isso a Hierarquia está trabalhando atualmente no que diz respeito a aspirantes e discípulos. (Discipulado na Nova Era, Volume II)

6. O Reino de Deus ou das Almas, caracterizado pelo poder e, em consequência, pela aura e pela emanação irradiante do amor definidamente ancorado na Terra, está penetrando de maneira cada vez mais plena nos três mundos do esforço estritamente humano. Sempre houve representantes avançados deste reino entre os homens; sempre existiram indivíduos em todas as partes do mundo – nas religiões mundiais ou em outros grupos formadores – conscientemente vinculados com suas almas e, em consequência, com a Hierarquia. Em todos os países sempre existiram aqueles que desenvolveram e expressaram a consciência crística, que é a compreensão amorosa e o serviço vivo, inteligente, sem ter em conta as palavras ou a terminologia que expressaram o grandioso acontecimento espiritual do qual eram conscientes. Porém – do ponto de vista da população do mundo – o quarto reino da natureza domina em todos os campos do pensamento e da atividade, e não o reino de Deus ou das Almas.

Hoje, como resultado de um despertar espiritual que data do ano 1625 da nossa era, e que enfatizou uma educação mais ampla e geral, e a rebeldia contra a imposição da autoridade clerical, a irradiação do mundo das almas se intensificou muito e o reino de Deus está se tornando parte incorporada da expressão do mundo externo e isto pela primeira vez na longa história da humanidade.

O efeito desta irradiação ou aura magnética é agora tão extenso, que não precisamos mais falar em termos de introduzir o reino ou sua manifestação na Terra, pois já está se manifestando e sua aura se mesclando com as auras mental, astral e etérica da humanidade. É necessário apenas reconhecê-lo, porém (e é um fator digno de observação) o reconhecimento está sendo retido até que o reino das almas possa ser protegido das estreitas pretensões de qualquer igreja, religião ou organização; muitos assegurarão (como sempre fizeram) que só se poderá entrar no reino de Deus por intermédio de seu próprio grupo separatista. O reino de Deus não é cristão, nem budista, nem está enfocado em nenhuma religião mundial ou organização esotérica. É apenas e simplesmente o que afirma ser: um vasto e integrado grupo de pessoas fusionadas com a alma, que irradiam amor e intenção espiritual, motivadas pela boa vontade e enraizadas no reino humano, tal como o reino dos homens é enraizado no reino animal, por ser um derivado do mesmo. (Discipulado na Nova Era, Volume II)

7. A linha de frente deste Reino e a vanguarda de discípulos e iniciados já estão aqui.

O trabalho ou a atividade irradiante da Hierarquia é hoje mais potente do que em qualquer outro momento da história humana. Os Mestres e Seus discípulos (guiados pelo Instrutor do Mundo desse período) se encontravam fisicamente presentes na Terra durante os remotos dias atlantes, e a irradiação que emanava d’Eles era protetora, defensora e nutridora. Posteriormente a Hierarquia se retraiu para uma expressão subjetiva e a humanidade – nos termos da Lei de Evolução – ficou por conta de seu próprio arbítrio para aprender o Caminho e trilhar a Senda de Retorno, por meio de experimentos e experiências individuais. Os Mestres (durante este longo período intermediário) não entraram em contato com a humanidade em ampla escala ou grupalmente. No entanto, muitos de Seus discípulos avançados emergiram em distintos períodos e quando deles se necessitava. O Instrutor do Mundo também se revelou a fim de emitir a chave ou nota para cada nova civilização e expressar os resultados da civilização que desaparecia. Portanto, os homens tiveram que trilhar seu caminho até a Hierarquia por si mesmos; a Hierarquia esperava em silêncio, até que o número de “almas iluminadas” fosse tão grande e seu chamado invocador e irradiação magnética alcançassem tal potência que não pudesse deixar de ser ignorado; o equilíbrio alcançado entre o Reino de Deus na Terra e o Reino de Deus no Céu (para usar a fraseologia cristã) foi tal, que os “Portais do Retorno” puderam se abrir e se estabeleceu o livre intercâmbio entre os reinos quarto e quinto da natureza. Os portais (continuo falando em símbolos) estão se abrindo e logo estarão amplamente abertos para admitir a passagem do “Filho do Homem, o Filho de Deus perfeito”, de regresso ao lugar – nossa Terra – onde Ele antes demonstrou amor e serviço perfeitos. Porém – como bem sabem – desta vez não virá só, mas trará os Regentes de determinados Ashrams, assim como um grupo treinado de iniciados e discípulos.

Estes eventos estão acontecendo hoje, diante dos olhos dos homens, embora muito do que esteja ocorrendo permaneça totalmente não reconhecido em vastas áreas do mundo do pensamento e por muitos milhões de homens. No entanto, meu irmão, há iniciados e discípulos trabalhando atualmente no plano físico em número suficiente para assegurar um reconhecimento tão amplo que garanta o firme e consistente despertar da esperança humana. Reflitam sobre isto e aprendam a reconhecer em todas as partes os sinais da expectativa humana e os indícios marcantes da aproximação da Hierarquia. (Discipulado na Nova Era, Volume II)

8. O objetivo do Plano é reproduzir no plano terreno o reino interno da alma, o que há muito profetizou o Mestre dos Mestres. “Preparem o Caminho”. (Discipulado na Nova Era, Volume II)

9. O Cristo também ensinou que o Reino de Deus está na Terra e nos disse que
buscássemos primeiro esse Reino e, por ele, considerássemos tudo mais como secundário. Esse Reino sempre esteve conosco, constituído por todos aqueles que, ao longo das eras, buscaram metas espirituais, liberaram-se das limitações do corpo físico, dos controles emocionais e da mente obstrutora. São eles cidadãos que, nos dias de hoje (desconhecidos pela maioria) vivem em corpos físicos, trabalham para o bem-estar da humanidade, usam o amor em vez da emoção como técnica e conformam aquele grande corpo de “Mentes iluminadas” que guia o destino do mundo. O Reino de Deus não é algo que vai descer à Terra quando o homem for bom o suficiente! É algo que está atuando hoje, com eficiência, e que exige reconhecimento. Trata-se de um corpo organizado que já está evocando reconhecimento por parte das pessoas que buscam primeiro o Reino de Deus e descobrem que tal Reino já está aqui. Como muitos sabem, o Cristo e Seus discípulos estão fisicamente presentes na Terra e o Reino que Eles regem, com suas leis e modos de atuar, é conhecido por muitos e sempre foi assim ao longo dos séculos. (O Reaparecimento do Cristo)

10. Etapa após etapa, crise após crise, de um ponto a outro ponto e de um centro a outro, a vida de Deus progride, deixando para trás maior beleza, ao passar de uma forma para outra e de um reino para outro. Uma realização leva a outra; o homem emergiu dos reinos inferiores e (como resultado da luta humana) também aparecerá o reino de Deus. Trazer esse reino é tudo o que hoje concerne verdadeiramente à humanidade, e todos os processos vivos da humanidade dirigem-se à preparação de cada ser humano individual para passar para esse reino. O conhecimento de que possa haver manifestações ainda maiores que o reino de Deus pode ser inspirador, mas é tudo. A manifestação do reino de Deus na Terra, a preparação do caminho para seu grande Inaugurador, o Cristo, a possibilidade da exteriorização da Hierarquia na Terra, pressupõe para todos e cada um, uma tarefa plenamente adequada e algo pelo qual viver e trabalhar, sonhar e aspirar. (Os Raios e as Iniciações)


63. CONCLUSÃO

1. Estes conceitos e ideias só têm valor na medida em que produzam no Pensador uma apreciação mais inteligente da grandiosidade do Plano divino, uma apropriação de energia e força que lhe pertencem por direito ao participar dos processos da manifestação e uma inteligente colaboração no progresso do Plano evolutivo, naquilo que afeta individualmente a ele e a seus grupos. (Tratado sobre Fogo Cósmico)

2. Quando a energia do Ego controla ou impõe seu ritmo sobre as diversas envolturas por intermédio de seus respectivos centros maiores, quando o tríplice fogo ascende ordenadamente pelo tríplice canal e os três centros da cabeça estão unidos em triangulação, temos então a iluminação ou irradiação de toda a vida da personalidade; a escuridão dá lugar à luz, e o Sol do conhecimento surge, dispersando a escuridão da ignorância...

O homem se torna uma luz ardente e brilhante, irradiando uma luz que arde em seu interior.

Quando se dá o próximo passo e a energia da Mônada, enfocada na joia, se faz sentir também no plano físico, passando através do tríplice loto egoico por meio dos canais já utilizados pelo Ego, temos um homem “inspirado”, um criador espiritual, ele próprio “um Sol de Radiante Coração”.

Tais são os objetivos diante daqueles que trilham o caminho e a meta para aqueles que seguem a necessária disciplina de vida e as etapas de desenvolvimento por meio da meditação

... O método usual, lento e laborioso, consiste em permitir que o aprendiz descubra por si mesmo cada passo do caminho; ensinar-lhe a constituição de seu próprio corpo, a natureza das envolturas e a função e o mecanismo da energia, deixando que se torne gradualmente consciente das forças latentes nele próprio. O que se quer expor com as palavras “três veículos periódicos” e sete princípios ou qualidades de força lhe é revelado lentamente; pela experiência e pelo experimento, os frequentes fracassos e êxitos ocasionais, a madura reflexão e introspecção e as frequentes encarnações, é levado ao ponto em que alcança certa medida de alinhamento por meio do esforço autoinduzido e contínuo. A ele é então ensinado como utilizar esse alinhamento e como manipular conscientemente a energia para que possa produzir resultados de serviço no plano físico, o que por muitas vidas, provavelmente, foi um sonho ou uma visão impossível. Quando for hábil em ambas as coisas – estabilização e manipulação – só então lhe são confiadas as palavras e segredos que produzem a demonstração no plano físico das energias espirituais ou monádicas por meio da energia egoica ou da alma, utilizando por sua vez a energia das formas materiais dos mundos, ou no que se poderia chamar de energia corporal. Isto foi expresso na seguinte frase mística e oculta:

“Quando a joia brilha como o diamante sob a influência dos raios do sol ardente, então o engaste também fulgura e irradia luz. Quando o diamante brilha com crescente fulgor, gera-se o fogo que acende aquilo que segura e encerra”. (Tratado sobre Fogo Cósmico)

3. Na época atual, há grande necessidade de peritos na vida da alma e de grupos de homens e mulheres que, ao empreenderem o grande experimento e a grande transição, agreguem seu testemunho à verdade das afirmações dos místicos e ocultistas de todos os tempos. (Tratado sobre Magia Branca)

4. A Hierarquia, através do Grupo de Servidores Mundiais, em processo de formação, está procurando se exteriorizar e restaurar os mistérios para a humanidade, à qual realmente pertencem. Para o triunfo desta iniciativa é fundamentalmente necessário a todos vocês que perceberam a visão ou viram uma parte do plano, dedicar-se novamente ao serviço da humanidade, consagrar-se ao trabalho de ajudar todos os servidores do mundo, até o máximo da sua capacidade (reflitam sobre estas palavras e extraiam o significado delas), e sacrificar seu tempo e dinheiro para nutrir o esforço dos Grandes Seres. Acima de tudo, não deixem de praticar a meditação; mantenham a união interna; pensem na verdade a todo momento. A necessidade e a oportunidade são grandes, e todos os que podem ajudar são chamados para a frente da batalha. Portanto, todos podem ser úteis de alguma maneira, se cada um e todos compreenderem a verdadeira natureza do sacrifício, desenvolverem a habilidade na ação e trabalharem sem apegos. (Tratado sobre Magia Branca)

5. Para vocês, que vivem e trabalham neste período intermediário e neste ciclo de transição, com todos os resultantes caos e transtornos externos, é dada a tarefa de expressar constância, serviço e sacrifício...

Vocês precisam absorver e atuar de acordo com as informações que já têm, antes de evocar a demanda básica por mais luz, que exige resposta daqueles de nós que trabalhamos nos limites da Hierarquia. Por essa demanda esperamos pacientemente. (O Destino das Nações)

6. Muito já disse, tivessem vocês a intuição desperta para ler o significado de alguns dos meus comentários. (Os Raios e as Iniciações)

7. O discípulo passa assim, etapa após etapa, de uma luz para outra, de uma percepção para outra e da força à energia, do enfoque na personalidade para a integração da alma e, em seguida, da alma para o espírito, da forma para a vida. Terá explorado todas as vias do conhecimento; desceu às profundezas, ao inferno e aos vales; ascendeu ao topo da montanha da iniciação e daí se lançou para além do espaço e do tempo; perdeu todo interesse por si mesmo, e é um ponto de pensamento enfocado na mente de Deus. Pode-se dizer mais do que isto? Não, meus irmãos. E assim finalizo esta série de instruções, encerrando a minha responsabilidade a este respeito. Começa agora a responsabilidade de vocês. (Discipulado na Nova Era, Volume I)

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