Entendendo o Plano Astral

Uma das primeiras coisas, então, que o aspirante deve aprender é dissociar sua própria aura no sentido emocional daquela de seu ambiente e muito tempo se gasta até aprender a fazê-lo. É por esta razão que uma das primeiras qualificações do discípulo é a discriminação, pois é através do uso da mente, como analisador e separador, que se consegue pôr sob controle o corpo astral.

Em segundo lugar, o plano astral é o plano da ilusão, da miragem, de uma apresentação deformada da realidade. A razão para isto é que todo indivíduo no mundo está ocupado trabalhando na matéria astral e a potência do desejo humano e do desejo do mundo produz aquela constante "representação externa" e construção de forma que conduz aos mais concretos efeitos da matéria astral. O desejo individual, o desejo nacional, o desejo racial, o desejo da humanidade como um todo, mais o desejo instintivo de todas as vidas sub-humanas causa uma constante mudança e transferência da substância do plano; há uma construção das formas temporárias, algumas de rara beleza, algumas sem nenhuma beleza, e uma vitalização pela energia astral de seu criador. Acrescentem a estas formas aquele cenário persistente e em firme crescimento a que nós chamamos "os registros akáshicos" que dizem respeito à história emocional do passado, acrescentem as atividades das vidas desencarnadas que estão atravessando o plano astral, quer fora, quer se encaminhando à encarnação, acrescentem o potente desejo, purificado e inteligente, de todas as Vidas super-humanas, inclusive as da Hierarquia oculta planetária e a totalidade de forças presentes é estupenda. Todas atuam sobre, em torno e através de todo ser humano e, conforme o calibre de seu corpo físico e da condição de seus centros, assim será sua resposta. Através deste ilusório panorama, o aspirante tem de abrir seu próprio caminho, achando a pista ou fio que o conduzirá para fora do labirinto, apoiando-se firmemente a cada tênue fragmento da realidade quando esta se lhe apresente, aprendendo a distinguir a verdade da miragem, o permanente do impermanente e a certeza do irreal. Como diz o Velho Comentário:

"Que o discípulo se aposse da cauda da serpente da sabedoria e a tendo agarrado com firmeza, acompanhe-a até o mais profundo centro da Câmara da Sabedoria. Que ele não seja traído pela armadilha para ele posta pela serpente da ilusão, mas que feche seus olhos ao colorido ornamento de seu dorso e os ouvidos à melodia de sua voz. Que ele saiba discernir a joia, colocada na frente da serpente cuja cauda ele sustenta e pela sua irradiação, atravessar os lamacentos vestíbulos de maya."

Nenhuma miragem, nenhuma ilusão pode reter por muito tempo o homem que se impõe a si mesmo a tarefa de trilhar o Caminho do fio da navalha que conduz através da selva, através da mais densa floresta, através das profundas águas da aflição e do sofrimento, através do vale do sacrifício e sobre as montanhas da visão, até o portão da Libertação. Ele pode algumas vezes viajar na escuridão (e a ilusão das trevas é muito real); ele pode algumas vezes viajar numa luz tão ofuscante e confusa que mal pode ver o caminho adiante; ele pode saber o que significa hesitar no Caminho e cair pela fadiga do serviço e da luta; ele pode temporariamente perder-se do caminho e vaguear pelos atalhos da ambição, do interesse egoísta e dos encantamentos da matéria, mas o lapso será apenas breve. Nada no céu ou no inferno, na terra ou em qualquer outro lugar pode impedir o progresso do homem que despertou da ilusão, que percebeu a realidade além da miragem do plano astral e que ouviu, ainda que somente uma vez, o toque de clarim de sua própria alma.

O plano astral é também o Kurukshetra, tanto da humanidade como um todo, como da unidade humana individual. Ele é o campo de batalha onde deve ser encontrado o Waterloo de todo aspirante. Na vida de alguém, sobrevém uma crise emocional na qual a ação decisiva é assumida e o discípulo prova seu controle de sua natureza emocional. Isto pode tomar a forma de algum grande e vital teste, cobrindo um breve lapso de tempo, mas exigindo toda reserva de sabedoria e de pureza que o discípulo possua, ou pode ser um longo e prolongado esforço emocional, que dure muitos anos de vida. Mas ao atingir o êxito e na conquista da visão clara e do correto discernimento (através da correta discriminação) o discípulo testifica sua competência para a segunda iniciação.

Gostaria de assinalar que são estes o teste e a crise através dos quais a humanidade está agora passando e que começaram naquelas condições que culminaram na guerra mundial e na presente crise mundial. A primeira iniciação da humanidade, como uma entidade, teve lugar quando a individualização se tornou possível e a alma nasceu no corpo da humanidade. Isto foi precedido por um período de terrível estresse e esforço, fracamente percebido pelos pioneiros no reino humano, das fileiras dos animais-homens. Se esta crise for superada com êxito, a segunda iniciação da humanidade será o resultado - a passagem através do batismo e a entrada na corrente. Assim, a guerra mundial e os efeitos dela resultantes constituem o Kurukshetra do Arjuna do mundo e o resultado está ainda na balança. Não se esqueçam disto. Não há, contudo, motivo para pessimismo. O resultado do bem é inevitável. Trata-se, todavia, de haver uma rápida ou lenta realização e libertação da grande ilusão mundial e com este objetivo, pede-se a todo aspirante trabalhar incansavelmente e emprestar sua ajuda. Todo homem que se liberta, que vê claramente e que consegue sair da miragem da ilusão ajuda, na Grande Obra.

Novamente, o plano astral é aquele onde os pares de opostos agem e interagem e onde a pulsão das grandes dualidades é mais poderosamente sentida. Primeiramente, a interação é entre a alma e seu veículo, a matéria, mas há muitas dualidades menores que desempenham o seu papel e são mais facilmente reconhecidas pelo homem comum.

A luz e as trevas interagem, assim como o prazer e a dor; o bem e o mal encontram-se e formam o parque de recreações dos Deuses e a pobreza e a riqueza são lançadas uma contra a outra. Toda moderna situação econômica é de natureza astral; é o produto do desejo e o resultado de certo uso egoísta das forças da matéria. Calor e frio, como nós compreendemos o termo, numa forma muito peculiar, são o resultado da interação dos pares de opostos e uma interessante linha de estudo ocultista se ocupa com os efeitos das emoções raciais em condições climáticas. Nós, muito verdadeiramente, fazemos nosso clima num sentido significativo. Quando o desejo se tiver consumido, a vida planetária chegará a um fim, uma vez que as condições climáticas negarão a vida da forma tal como nós a compreendemos.

Em relação com a unidade humana, o segredo da libertação está no equilíbrio das forças e no equilíbrio dos pares de opostos. O Caminho é a linha estreita entre estes pares que o aspirante descobre e palmilha, não se voltando nem para a direita nem para a esquerda.

Deve-se sempre lembrar que quando os pares de opostos são discernidos, quando um homem equilibra as forças de sua própria natureza, quando ele encontrou o Caminho e se torna o Caminho, então ele pode trabalhar com as forças do mundo, pode preservar o equilíbrio e a estabilidade das energias dos três mundos e assim tornar-se um colaborador com os Mestres de Sabedoria. Vamos orar e esperar que este possa ser o resultado prático de nossa compreensão da natureza do campo de batalha do plano astral.

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