O Caminho

Não procure, Oh duas vezes abençoado, alcançar a essência espiritual antes que a mente a absorva. Não é assim que se procura a sabedoria. Somente aquele que tem a mente sob controle e vê o mundo como espelho pode merecer confiança de maneira segura com o senso interno. Somente aquele que sabe que os cinco sentidos são apenas uma ilusão, e que nada permanece, saldo os dois superiores, pode ser admitido no segredo da transposição da Cruz.

O caminho que é trilhado pelo servidor é o caminho do fogo que passa através de seu coração e conduz para a cabeça. Não é no caminho do prazer, nem no caminho do sofrimento que a libertação pode ser alcançada ou que a sabedoria chega. É pela transcendência dos dois, pela fusão da dor com o prazer que a meta é alcançada, aquela meta que jaz adiante, como um ponto de luz visto na escuridão de uma noite de inverno. Aquele ponto de luz pode chamar à mente a minúscula vela em algum sombrio sótão, mas, como o caminho que conduz àquela luz é trilhado através da fusão do par de opostos, aquele fino ponto frio e tremeluzente cresce com firme irradiação até que a luz quente de alguma lâmpada brilhante venha à mente daquele que erra pelo caminho.

Prossiga, Ó Peregrino, com firme perseverança. Nenhuma luz de vela há lá nem lâmpada da terra alimentada com óleo. Sempre a irradiação cresce até que o caminho termine num brilho de glória, e o ser errante através da noite se torne a criança do sol, e entre nos portais daquela radiante orbe.