Que o Templo do Senhor Seja Construído
Foster Bailey

Desde tempos imemoriais e em conexão com os antigos Mistérios, as palavras "assim acima, como abaixo" têm sido pronunciadas, indicando o propósito de todo o trabalho Maçônico. Nos céus, há um Templo "eterno, não feito por mãos". Neste Templo preside a Deidade Trina. Constitui o modelo do que aparece na Terra, ou "abaixo". Sob o controle desta Trindade de Pessoas, estão os Construtores do Templo celestial, e eles são - simbolicamente falando - em número de sete. O “Sete, governado por UM e o Três”. É por esta razão que “três governam uma Loja, e sete constituem uma Loja e a fazem perfeita”. Isto foi belamente expresso para nós nas seguintes estrofes, tiradas de uma escrita muito antiga, que de longe antecede a Bíblia cristã. Foram colocadas na seguinte forma modernizada.

"Que o Templo do Senhor seja construído", bradou o sétimo grande anjo. Em seguida, sete grandes Filhos de Deus se dirigiram com passos decisivos para Seus lugares no Norte, Sul, Ocidente e no Oriente e tomaram Seus assentos. O trabalho de construção havia começado.

As portas estavam fechadas e vigiadas. As luzes brilhavam fracamente. As paredes do Templo não podiam ser vistas. Os Sete estavam silenciosos e Suas formas veladas. O tempo ainda não havia chegado para que a LUZ irrompesse. A PALAVRA não podia ser pronunciada. Apenas o silêncio prevalecia. Entre as sete Formas, o trabalho continuava. Um chamado silencioso partia de cada uma para cada outra. Ainda assim a porta do Templo permanecia fechada .... À medida que o tempo passava, os sons da vida eram ouvidos de fora das portas do Templo. A porta foi aberta, e foi fechada. Cada vez que abria, um pequeno filho de Deus era introduzido e o poder dentro do Templo crescia. Cada vez a luz se tornava mais forte. Assim, um por um, os filhos dos homens entraram no Templo. Transitaram de Norte a Sul, de Oeste a Leste, e, no centro, no coração, encontraram luz, encontraram compreensão e o poder para trabalhar. Eles entraram pela porta. Passaram diante dos Sete. Levantaram o véu do Templo e entraram na luz.

O Templo cresceu em beleza. Suas linhas, paredes, decorações, amplitude, profundidade e altura emergiram lentamente para a luz do dia.

Do Oriente veio uma palavra: "Abram a porta aos aflitos filhos dos homens, que vêm de todos os vales escuros da terra, e permitam-lhes buscar o Templo do Senhor. Deem-lhes a luz. Desvelem o santuário interior, e, através do trabalho de todos os Artesãos do Senhor, que estendam o Templo do Senhor, e, assim, iluminem os mundos. Que entoem a Palavra criadora, e ressuscitem os mortos para a vida."

Que o Templo de Luz seja trazido do céu à terra. Que suas paredes sejam levantadas nas planícies de terra. Que a luz revele e estimule todos os sonhos dos homens.

Então, que o Mestre no Oriente desperte aqueles que estão dormindo. Que o Guardião no Ocidente teste e experimente todos os verdadeiros buscadores de luz. Que o Guardião no Sul instrua e ajude aos cegos. Que o portal para o Norte permaneça aberto de par em par, pois lá encontra-se o Mestre invisível, com mão acolhedora e coração compreensivo para conduzir o candidato ao Oriente, onde a verdadeira luz brilha ....

"Mas por que esta abertura das Portas do Templo?" perguntam, dentre os Sete maiores, os Três sentados. "Porque o tempo está maduro; os Artesãos estão preparados. Deus tem criado na luz. Seus filhos agora podem criar. Não há nada mais o que fazer."

"Que assim seja", veio a resposta dos Sete maiores para os Três sentados. "O trabalho pode agora prosseguir. Que todos os filhos da terra dediquem-se ao trabalho."

O Templo nos Céus é, portanto, presidido pela Deidade Trina, e este Templo, sua gestão e governo, sua constituição e seu trabalho, provê o arquétipo e modelo para tudo o que deve acontecer na Terra. Os Construtores deste edifício divino são - simbolicamente falando - Sete em número, que são governados pelas Três Pessoas da divina Trindade. Esta Trindade de Pessoas, Que formam a Deidade manifestada, são bem conhecidas em todas as religiões mundiais. Há pouca necessidade de ampliarmos sobre Elas. Há um reconhecimento universal (concedido em terras cristãs) de Deus o Pai, Deus o Filho e Deus, o Espírito Santo. Há um vívido reconhecimento igualmente concedido na Índia para a mesma Trindade, conhecida sob vários nomes, dos quais os mais familiares para nós são Shiva, Vishnu e Brahma. Falamos também de Espírito, Alma e corpo, e esta denominação familiar refere-se à relação dos três aspectos do ser humano com o protótipo divino. Em todos os lugares é encontrada a representação de Deus como o Três em Um e o Um em Três. Na Maçonaria, esta mesma Triplicidade é conhecida como o Altíssimo, o Grande Geômetra, e o Grande Arquiteto do Universo. Sua atividade conjunta trouxe à existência a Loja Azul dos Céus. Esta produz seu reflexo inevitável sobre a terra.

Todas as religiões do mundo também postulam o fato de que esses básicos Três realizam os Seus planos por meio de um Setenário de Seres, Cuja energia, força e atividade é responsável por trazer todo o universo à manifestação. Estes sete são chamados por muitos nomes dos quais o mais familiares para os Cristãos é o dos “Sete Espíritos diante do Trono de Deus”. Estas são as mesmas Entidades como os “Sete Éons”, ou as “Sete Emanações” da filosofia Grega, de que Platão nos ensinou a diferenciação, delineando para nós Seu trabalho e propósito. São os sete Rishis, ou Prajapatis do ensinamento Hindu, e a referência a Eles pode ser vista em todos os muitos setenatos encontrados na mitologia, na religião e nas escrituras antigas. Estão representados para nós nos sete dias da semana.

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Foster Bailey, The Spirit of Masonry, Lucis Press - pág. 84/86

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