O Reaparecimento do Cristo

Deus Transcendente, mais grandioso, mais vasto e mais includente que o mundo de Sua criação, tem sido universalmente reconhecido e, geralmente enfatizado; todos os credos podem afirmar com Shri Krishna – quando fala como Deus, o Criador – que, “havendo interpenetrado todo o universo com um fragmento de Mim Mesmo, Eu permaneço”. Este Deus Transcendente tem dominado o pensamento religioso de milhões de pessoas simples e espirituais, no decurso dos séculos, desde que a humanidade iniciou seu caminho para a divindade.

Lentamente, vai despertando a incipiente consciência da humanidade para a grande verdade paralela de Deus Imanente – divinamente interpenetrando todas as formas, internamente condicionando todos os reinos da natureza, expressando a divindade ingênita através dos seres humanos e, faz dois mil anos, tendo personificado a natureza dessa divina Imanência, na pessoa do Cristo. Hoje, como consequência desta Presença divina em manifestação, um novo conceito está penetrando na mente dos homens de toda parte: o do “Cristo em nós, a esperança de glória” (Col. 1, 27). Existe uma crescente e progressiva crença de que Cristo está em nós, como esteve no Mestre Jesus, crença que alterará os assuntos do mundo e a atitude do gênero humano em relação à vida.

A maravilhosa vida que viveu há dois mil anos permanece ainda conosco e não perdeu nada do seu frescor, pois é aspiração, esperança, estímulo e exemplo eternos. O amor que Ele demonstrou ainda influencia o mundo de pensamentos, se bem que relativamente poucos tenham intentado demonstrar a mesma qualidade de Seu amor – amor que leva, infalivelmente, ao serviço mundial, ao completo esquecimento de si mesmo e a uma vida radiante e magnética. As palavras que Ele pronunciou foram poucas e simples, e todos os homens as podem compreender, porém seu significado se perdeu nas tortuosas legitimações e discussões de São Paulo e nas extensas disputas dos comentaristas teológicos, desde que o Cristo viveu e nos deixou – ou o fez aparentemente.

Não obstante, o Cristo está hoje mais próximo da humanidade que em qualquer outro período da história humana; está mais próximo do que suspeita o anelante e esperançoso discípulo, e pode estar ainda mais, se o que aqui está escrito for compreendido e levado à atenção de todos os homens, porque Cristo pertence à humanidade, ao mundo dos homens, e não apenas à igreja e às crenças religiosas de todo o mundo.

Ao Seu redor – nesse Elevado Lugar da Terra onde tem sua morada – se acham hoje reunidos Seus grandes discípulos, os Mestres de Sabedoria, e todos Aqueles emancipados Filhos de Deus, que no transcurso das épocas têm passado da obscuridade à Luz, do irreal ao Real e da morte à Imortalidade. Estão dispostos a cumprir Seu mandato e obedecer ao Mestre dos Mestres e Instrutor de anjos e de homens. Os Expoentes e Representantes de todos os credos do mundo que estão sob Sua orientação, aguardam que se lhes permita revelar àqueles que lutam no caos dos assuntos mundiais e tratam de resolver a crise mundial, que não estão sós. Deus Transcendente está trabalhando por meio do Cristo e da Hierarquia Espiritual para trazer alívio; Deus Imanente em todos os homens está a ponto de ser plenamente reconhecido.

A grande Sucessão Apostólica de Conhecedores de Deus está hoje preparada para iniciar uma atividade renovada – a sucessão daqueles que têm vivido na Terra, têm aceitado a realidade do Deus Transcendente, descoberto a realidade de Deus Imanente, reproduzido em Suas próprias vidas as características divinas da vida crística (porque têm vivido na Terra como Ele o fez e faz), e “penetraram por nós detrás do véu, dando-nos um exemplo para que também nós sigamos Seus passos” e os dEles. Oportunamente, também nós pertenceremos a essa grande sucessão.

O Próprio Buda se acha também detrás do Cristo, no humilde reconhecimento da tarefa divina que Ele está a ponto de consumar, devido ao iminente dessa realização espiritual. Não somente são conhecedores de Seus Planos Aqueles que atuam, conscientemente, no Reino de Deus, mas também esses grandes seres espirituais, que vivem e moram na “Casa do Pai” e no “centro onde a vontade de Deus é conhecida”, estão mobilizados e organizados para ajudar em Seu trabalho. A linha espiritual da sucessão, desde o trono do Ancião dos Dias até o mais humilde discípulo (reunidos aos pés do Cristo), está empenhada, presentemente, na tarefa de ajudar a humanidade.

É quase chegado o grande momento pelo qual tão pacientemente Ele tem esperado. O fim “da era”, a que se referiu quando falava a Seu pequeno grupo de discípulos, já chegou (“Eis aí! Eu estou convosco até o fim da era”). Na atualidade, permanece e espera, sabendo que chegou o momento em que “verá o trabalho de Sua alma e será satisfeito”. (Isaías 53, 11).

Em toda sucessão espiritual dos Filhos de Deus só se vê e sente expectativa e preparação.“A Hierarquia espera”. Fez tudo o que era possível quanto ao que se refere à presente oportunidade. O Cristo aguarda em paciente silêncio, atento ao esforço que materializará Seu trabalho na Terra e Lhe permitirá continuar a tarefa que iniciou há dois mil anos, na Palestina. O Buda também aguarda, a fim de desempenhar Sua parte, se a humanidade Lhe oferecer a oportunidade. Tudo depende da correta ação das pessoas de boa vontade.

Da Casa do Pai – “o centro onde a Vontade de Deus é conhecida” ou Shamballa dos esoteristas – surgiu o “fiat”: a hora é chegada. Do Reino de Deus, onde o Cristo reina, a resposta surgiu: “Pai, faça-se Tua vontade”. No desditado, perplexo e esforçado mundo dos homens se eleva, incessantemente, o clamor: “Que o Cristo volte à Terra”, porque nos três grandes centros espirituais: a Casa do Pai, o Reino de Deus e a Humanidade que está despertando, existe um só propósito, uma só ideia e uma conjunta expectativa.

É essencial que exista hoje um maior conhecimento a respeito do “centro onde a Vontade de Deus é conhecida”. O público deveria possuir certo conhecimento sobre este elevado centro espiritual, ao qual – segundo o Evangelho – o Cristo Mesmo esteve sempre atento.

Frequentemente, lemos no Novo Testamento que “o Pai Lhe falou” ou que “Ele ouviu uma Voz” inaudível para outros, ou que se ouviram as palavras: “Este é Meu Filho Amado”. Repetidas vezes lemos que Lhe foi outorgado o selo da aprovação (como é denominado espiritualmente). Só o Pai, o Logos Planetário, “Aquele em Quem vivemos, nos movemos e temos o nosso ser” (He. 17, 28), o Senhor do Mundo, o Ancião dos Dias (Daniel 7, 9) pode pronunciar esta palavra final de aprovação. Como bem sabemos, o Mestre Jesus passou por cinco crises ou iniciações – o Nascimento em Belém, o Batismo, a Transfiguração, a Crucificação e a Ressurreição – porém, por trás deste evidente e prático ensinamento, subsiste uma corrente subterrânea ou pensamento sobre algo muito mais elevado e de maior importância: a Voz de aprovação do Pai, reconhecendo o que o Cristo realizou.

Quando o Cristo completar, nos próximos dois mil anos, o trabalho iniciado, igualmente há dois mil anos, com certeza essa Voz será ouvida novamente e Lhe será outorgado o reconhecimento divino de Seu advento. Então o Cristo receberá aquela magna Iniciação, sobre a qual nada sabemos, exceto que dois aspectos divinos se unirão e fundirão nEle (Amor-Sabedoria em plena manifestação, motivados pela vontade ou poder divinos). Então o Buda e o Cristo comparecerão diante do Pai, o Senhor do Mundo; verão juntos a glória do Senhor e, eventualmente, prestarão um serviço mais elevado, cuja natureza e qualidade desconhecemos.

Não escrevo com espírito fanático ou adventista, nem falo como um teólogo especulativo ou expoente de um aspecto do expectante pensamento religioso. Falo porque muitos sabem que o momento é oportuno e que o clamor dos corações simples e cheios de fé chegou às mais elevadas esferas espirituais e pôs em movimento energias e forças que já não podem ser detidas. A demanda invocadora da angustiada humanidade é hoje tão grande e tão sólida que – conjuntamente com a sabedoria e o conhecimento da Hierarquia espiritual – deu impulso a certas atividades na Morada do Pai, que redundarão na glória de Deus, na transformação da Divina Vontade para o bem, na boa vontade humana e na resultante paz na Terra.

Está por se escrever um novo capítulo no grande livro da vida espiritual; uma nova expansão de consciência é um acontecimento iminente; a humanidade pode reconhecer, já, a preocupação da divindade; a acentuada expectativa comprovará a exatidão da afirmativa bíblica: ‘E todo olho O verá” (Rev. 1, 7). A vivência religiosa, ou história espiritual da humanidade, pode ser resumida em uma série de reconhecimentos – o reconhecimento Daqueles Que, no transcurso das épocas, têm constituído a Sucessão Apostólica, culminando com o aparecimento dos grandes guias religiosos que têm vindo desde o ano de 700 a.C. e fundaram os grandes credos modernos e – sobretudo – o próprio Cristo, que personificou a perfeição do Deus Imanente, mais a conscientização de Deus Transcendente; o reconhecimento destes conceitos espirituais superiores de amor, vida e relação, que sempre pairaram no fundo do pensamento humano, que estão, agora, a ponto de ser expressados corretamente; o reconhecimento da verdadeira fraternidade entre os homens, baseada na divina Vida Una, que atua através da alma una e se expressa através da humanidade una; portanto, o reconhecimento da relação que existe entre a vida divina, em todo o mundo, e a própria humanidade. O desenvolvimento dessa atitude espiritual conduzirá às corretas relações humanas e à eventual paz mundial.

Possivelmente agora se produza outro reconhecimento – o do iminente retorno do Cristo (se pode ser aplicada esta frase a Quem nunca nos abandonou) e das novas oportunidades espirituais que este acontecimento oferecerá.

A base para esse reconhecimento reside na profunda convicção, inata na consciência humana, que algum Instrutor, Salvador, Revelador, Legislador ou Representante divino deve aparecer, proveniente do mundo das realidades espirituais, devido à necessidade e apelo humanos. No transcurso dos séculos, nos momentos mais prementes da humanidade e em resposta à sua demanda, tem aparecido, sob diferentes nomes, um divino Filho de Deus. Então veio o Cristo e, aparentemente, nos abandonou, sem haver levado a termo Sua tarefa, e sem consumar o que havia visualizado para a humanidade. Pelo espaço de dois mil anos, ficou parecendo que todo Seu trabalho foi obstruído, frustrado e inútil, porque a proliferação de igrejas, no transcurso dos séculos, não constitui uma garantia do triunfo espiritual que Ele anelava. Era necessário algo mais que as interpretações teológicas e o crescimento numérico das religiões mundiais (incluindo o cristianismo e o budismo) para comprovar que Sua missão no mundo havia sido realizada triunfalmente. Tudo parecia impossível de realizar e exigia três condições, pelas quais poder-se-ia intentar pôr à prova Seu trabalho, condições que, atualmente, são fatos comprovados. Primeiro, como já vimos, existe uma condição geral planetária que, desgraçadamente, demonstrou-se ser tão catastrófica (devido ao egoísmo do homem) que a humanidade se viu obrigada a reconhecer a causa e a origem do desastre; segundo, um despertar espiritual originado nas raízes mais profundas da consciência humana como resultado da Guerra Mundial (1914-1945); terceiro, o crescente clamor invocativo (oração ou súplica) que se eleva até fontes espirituais superiores, não importando com que nomes possam ser designadas.

Na atualidade, imperam estas três condições e a humanidade faz frente a uma nova oportunidade. O desastre que atingiu a humanidade é de proporções universais; ninguém pôde escapar e todos estão, em uma ou outra forma, implicados nele – física, econômica ou socialmente. O despertar espiritual dos homens (crentes ou não, porém em maior escala os não crentes) é geral e pleno, podendo observar-se, em toda parte, um retorno para Deus. Finalmente, estas duas causas produziram na humanidade – como nunca ocorrera antes – um apelo invocativo mais claro, mais puro e mais altruísta – jamais verificado em qualquer outra época da história humana – porque está baseado em pensamentos mais nítidos e na angústia comum. A verdadeira religião está aflorando, novamente, no coração do homem; o reconhecimento de uma esperança e âmbito divinos, possivelmente fará com que os povos voltem à igreja e pratiquem as religiões mundiais, porém, com maior segurança, levá-los-á de volta para Deus.

Inegavelmente, religião é o nome que damos ao apelo da humanidade que conduz a uma resposta evocadora do Espírito de Deus. Este Espírito atua em todos os corações humanos e em todos os grupos. Ele trabalha também por intermédio da Hierarquia Espiritual do planeta. Impele o Cristo, Guia da Hierarquia, a atuar, e a atividade que desenvolve, permitir-Lhe-á que volte com Seus discípulos.

A ideia do retorno do Cristo é muito familiar e o conceito de que o Filho de Deus regressa em resposta às necessidades humanas, está incluído nos ensinamentos da maioria dos credos mundiais. Desde que aparentemente nos abandonou e se dirigiu para o nível em que O colocaram os fieis, pequenos grupos destes chegaram a crer que, em determinada ocasião, regressaria, porém suas profecias e esperanças se viram sempre frustradas. Ele não retornou. Estas pessoas têm sido alvo de zombaria, por parte da multidão e censuradas pelos inteligentes. Seus olhos jamais O viram nem tiveram um indício tangível de Sua presença. Na atualidade, milhares de pessoas sabem que Ele virá, e que já se iniciaram os planos para Seu reaparecimento, porém não se fixou data nem hora. Apenas dois ou três conhecem o momento, “porém, no momento em que não pensardes, Ele virá” (Mat. 24, 44).

Uma verdade que se faz difícil ao pensador ortodoxo aceitar é o fato de que Cristo não pode voltar porque sempre tem estado na Terra, vigiando o destino espiritual da humanidade; Ele nunca nos deixou, ao invés, em corpo físico e bem protegido (mas que não oculto), tem guiado os assuntos da Hierarquia Espiritual e de Seus discípulos e colaboradores, os quais, conjuntamente, se comprometeram com Ele a servir na Terra. A única coisa que Ele pode fazer é reaparecer. Constitui uma verdade espiritual que, aqueles que passaram da tumba para a plenitude da vida de ressurreição, podem ser visíveis e ao mesmo tempo se tornar invisíveis para o crente. Ver e reconhecer são duas coisas inteiramente distintas, e um dos grandes reconhecimentos, por parte da humanidade, num futuro próximo, é que Ele sempre esteve conosco, compartilhando os valores familiares, as características de nossa civilização e as inumeráveis dádivas que tem concedido ao homem.

Os primeiros indícios de que Se aproxima com Seus discípulos já podem ser percebidos por aqueles que observam e interpretam, corretamente, os sinais dos tempos, podendo notar nestes, a união espiritual daqueles que amam seus semelhantes. Constitui em realidade a organização do exército físico externo do Senhor, que só tem como arma o amor, a palavra reta e as corretas relações humanas. O estabelecimento desta organização desconhecida tem continuado com extraordinária velocidade, durante o após guerra, porque a humanidade já está cansada de ódios e controvérsias.

Os colaboradores de Cristo já se acham ativos no Novo Grupo de Servidores do Mundo, constituindo o grupo de precursores mais poderoso que jamais houve, ao preceder a entrada de um grande Personagem mundial no campo da vida humana. Seu trabalho e influência hoje se veem e sentem em toda parte, e nada pode destruir o já realizado. Desde 1935, tratou-se de aproveitar o efeito espiritual e organizador produzido pela Invocação, através de sua recitação e expressão, dirigindo a energia da demanda invocadora da humanidade para esses canais que vão desde a Terra até o Altíssimo lugar onde mora o Cristo. Dali, ela tem sido transmitida a esses níveis ainda mais elevados, de onde a atenção do Senhor do Mundo, o Ancião dos Dias, o Pai de todos nós, além das Energias criadoras e dos Seres Viventes que moram nEle, pode ser dirigida à humanidade, a fim de dar os passos necessários que levarão a objetivar mais rapidamente os propósitos de Deus.

Pela primeira vez na história da humanidade, o apelo dos povos da Terra é tão poderoso, e se acha tão de acordo com a orientação divina, em tempo e espaço, que inevitavelmente, se cumprirá. O esperado Representante espiritual há de vir; porém, desta vez não virá só, senão acompanhado por Aqueles cujas vidas e palavras evocarão o reconhecimento de todos os setores do pensamento humano. As profecias simbólicas, encontradas em todas as Escrituras mundiais, relacionadas com este iminente acontecimento, demonstrarão sua veracidade, muito embora seja necessário reinterpretar seu simbolismo; as circunstâncias e os acontecimentos não serão exatamente como as Escrituras parecem indicar. Ele virá, por exemplo, nas “nuvens do céu” (Mat. 26,64), como o dizem as Escrituras cristãs, mas, que tem isto de sobrenatural, quando milhões de pessoas viajam pelo espaço a toda hora do dia e da noite? Menciono isto como uma das profecias mais destacadas e conhecidas; contudo, tem muito pouco significado para nossa civilização moderna. O importante é que Ele virá.

O Festival de Wesak vem-se celebrando durante séculos, no conhecido vale dos Himalaias (creia-se ou não), com o fim de:

1 – Confirmar que Cristo existe fisicamente entre nós, desde Sua suposta partida.

2 – Comprovar, no plano físico, a real similitude que existe quanto ao processo de aproximação a Deus adotado pelo Oriente e pelo Ocidente. Tanto Cristo como Buda estão presentes.

3 – Estabelecer um lugar de reunião para Aqueles que, anualmente – em forma sintética e simbólica – se vinculam e representam a Casa do Pai, o Reino de Deus e a Humanidade.

4 – Demonstrar a natureza do trabalho que o Cristo há de realizar como o grande Intermediário, como Representante da Hierarquia Espiritual e como Guia do Novo Grupo de Servidores do Mundo. Por Seu intermédio proclamar-se-á o reconhecimento da existência do Reino de Deus aqui e agora.

Uma das mensagens principais para nós, que lemos estas palavras, talvez seja a grande verdade e a realidade da Presença física do Cristo, nesta época, na Terra, e de Seu grupo de discípulos e colaboradores, de Sua representativa atividade, em bem da humanidade, e da estreita relação que existe entre eles. Esta relação é percebida em certos grandes festivais espirituais e inclui não só o Reino de Deus, mas também o Pai e a Casa do Pai. Temos o Festival da Páscoa em Áries, o Festival do Buda ou Wesak em Touro, Cuja presença física representa a solidariedade espiritual de nosso planeta, e o Festival de Junho em Gêmeos, denominado, peculiarmente, o Festival do Cristo, em que – como Guia do Novo grupo de Servidores do Mundo – recita a Grande Invocação em bem de todas as pessoas de boa vontade, reunindo, ao mesmo tempo, as súplicas incipientes e inexpressadas daqueles que buscam um novo e melhor modo de viver. Eles aspiram ao amor em sua vida diária, corretas relações humanas e compreensão do Plano subjacente.

Estes são os acontecimentos físicos de importância, não as vagas esperanças e promessas dos dogmas teológicos. É a Presença física em nosso planeta dos conhecidos Personagens espirituais como o Senhor do Mundo, o Ancião dos Dias; os Sete Espíritos ante o trono de Deus; o Buda, Guia espiritual do Oriente, e o Cristo, Guia espiritual do Ocidente – todos os quais absorvem nossa atenção, nestes momentos decisivos. A crença incerta sobre Sua existência; as vagas especulações sobre Seu trabalho e Seu interesse no bem-estar humano e o ainda não convencido, posto que esperançoso e fervente, anelo dos crentes (assim também dos não crentes), serão de pronto substituídos por certo conhecimento, pela identificação visual, por alguns indícios de ação executiva e pela reorganização (por homens de inusitado poder) da vida pública, religiosa, econômica e social da humanidade.

Isto não virá como consequência de alguma proclamação, ou de um maravilhoso acontecimento planetário que fará os seres humanos exclamarem: “Louvado seja, Ele está aqui. Eis aqui os sinais de Sua divindade!” porque só provocaria antagonismo e zombaria, incredulidade ou credulidade fanática.

Virá, porque foi reconhecida Sua capacidade de liderança, através das mudanças dinâmicas, porém lógicas, efetuadas nos assuntos mundiais, e à ação empreendida pelas massas, desde o mais recôndito de suas consciências.

Faz muitos anos manifestei que o Cristo poderia vir de três maneiras distintas, ou melhor, que a realidade de Sua presença também poderia comprovar-se em três fases distintas.

Nessa oportunidade, assinalou-se que a primeira coisa que a Hierarquia faria seria estimular a consciência espiritual do homem, evocar, em grande escala, os apelos espirituais da humanidade e fomentar – numa escala mundial – a consciência crística no coração humano. Isto já se tem feito com resultados bastante efetivos. As súplicas clamorosas dos homens de boa vontade, dos colaboradores no campo da beneficência e daqueles que se comprometeram a colaborar, internacionalmente, para aliviar os sofrimentos do mundo e estabelecer corretas relações humanas, expressam, inegavelmente, a natureza real deste processo. Aquela fase do trabalho preparatório que assinala Seu advento chegou já a uma etapa em que nada pode deter seu progresso ou diminuir seu ímpeto. Apesar das aparências, este surgimento da consciência crística triunfou, e o que possa parecer uma atividade contrária, não tem importância ao longo do tempo, por ser de natureza transitória.

O passo seguinte da Hierarquia, indicado, seria plasmar nas mentes dos homens iluminados de todo o mundo, as ideias espirituais que encerram novas verdades, a “descida” (se assim posso denominá-lo) dos novos conceitos que regerão a vida humana e a influência que exercerá o Cristo sobre os discípulos mundiais e sobre o Novo Grupo de Servidores do Mundo. Este movimento planejado pela Hierarquia progride; homens e mulheres de toda parte e de todos os setores enunciam as novas verdades que hão de guiar a vida humana, no futuro; fundam novas organizações, movimentos e grupos – grandes e pequenos – que darão a conhecer às massas a realidade da necessidade e o modo de enfrentá-la. Fazem isto impulsionados pelo fervor de seus corações e pela amorosa resposta à angústia humana, e ainda que sem formulá-lo, assim, para si próprios, trabalhando para exteriorizar o Reino de Deus na Terra. Ante a evidente multiplicidade de organizações, livros e conferências, etc., resulta impossível negar estes fatos.

Em terceiro termo, o Cristo, segundo se disse, poderia vir em pessoa e caminhar entre os homens, como o fez anteriormente. Na atualidade isto não ocorreu ainda, porém já se estão fazendo os planos necessários que Lhe permitirão fazê-lo. Tais planos não incluem o nascimento de algum formoso menino em um bom lar da Terra; nem haverá proclamas extravagantes; tampouco existirá o crédulo reconhecimento dos bem intencionados e dos ignorantes, como sucede hoje tão frequentemente, nem ninguém dirá: “Este é o Cristo. Ele está aqui ou ali”. Não obstante, quero destacar que a ampla difusão de tais enunciados e relatos, ainda que indesejáveis, enganosos e errôneos, demonstra, entretanto, a expectativa humana por Seu iminente advento. A crença em Sua chegada é algo fundamental na consciência humana. Como e de que maneira virá, ainda não foi estabelecido. O momento exato também não foi determinado ainda, nem tampouco como reaparecerá. A natureza real dos dois primeiros passos preparatórios, dados já pela Hierarquia sob Sua direção, são a garantia de que Ele virá, e de que, ao fazê-lo, a humanidade estará preparada.

Resumiremos certos aspectos da obra que Ele iniciou há dois mil anos, porque eles nos darão a chave de Seu trabalho futuro. Parte deste trabalho é bem conhecida, pois tem sido destacada por todos os credos e, em particular, pelos instrutores da fé cristã. Porém, todos têm apresentado Sua tarefa de maneira muito difícil de ser compreendida pelo homem; a ênfase indevida posta sobre Sua divindade (algo que jamais fez ressaltar) induz a crer que Ele e somente Ele pode realizar essa obra. Os teólogos têm esquecido que Cristo afirmou que: “maiores coisas que estas vós o fareis, porque Eu vou ao Pai” (João 14, 12). Com isto quis significar que a entrada na Morada de Deus traria como resultado tal afluência de poder espiritual, visão e realização criadora para o homem, que as façanhas deste deveriam superar as Suas obras. Devido à deformação do Seu ensinamento e Seu distanciamento do homem, ainda não temos feito essas “coisas maiores”. Com segurança, algum dia as faremos, posto que em certos aspectos já foram feitas. Permita-se-me expor algumas das coisas que Ele fez e que nós também podemos fazer com Sua ajuda.

1 – Pela primeira vez, na história da humanidade, o amor de Deus encarnou em um homem e o Cristo inaugurou a era do amor. Esta expressão do amor divino ainda se acha em sua etapa preparatória; no mundo não existe verdadeiro amor e muito poucos compreendem o real significado desta palavra. Falando simbolicamente, porém, quando as Nações Unidas tiverem adquirido um verdadeiro e efetivo poder, então ter-se-á assegurado o bem-estar no mundo. Que significa este bem-estar, senão amor em ação? Que é a colaboração internacional senão amor em escala mundial? Estas são as coisas que o amor de Deus expressou no Cristo, e para as quais estamos trabalhando, a fim de trazê-las à existência. Estamos tentando fazê-lo em vastas proporções, apesar da oposição – uma oposição que só pode triunfar temporariamente, devido ao poder do espírito que despertou no homem. Estas são as coisas que a Hierarquia, com Seus métodos já eficazes, ajuda a realizar e continuará ajudando.

2 – O Cristo anunciou que o Reino de Deus se acha na Terra e também nos disse que buscássemos primeiro esse Reino e que considerássemos tudo o mais como secundário. Esse Reino, formado por Aqueles que, no transcurso das épocas, perseguiram fins espirituais, se libertaram das limitações do corpo físico, e não são controlados por suas emoções nem impedidos por uma mente negativa, esteve sempre conosco. São cidadãos deste Reino aqueles que (desconhecidos para a maioria) vivem hoje em corpos físicos, trabalham para o bem-estar da humanidade, aplicam a técnica geral do amor, ao invés da emoção, e constituem esse grande grupo de “Mentes Iluminadas” que guia os destinos do mundo. O Reino de Deus não é algo que descerá à Terra quando o homem seja suficientemente bom! É algo que já está em marcha e exige reconhecimento. É um grupo organizado que está sendo reconhecido por todos aqueles que realmente buscam primeiro o Reino de Deus e descobrem com isso que tal Reino se acha aqui. Muitos bem sabem que o Cristo e Seus discípulos estão presentes fisicamente na Terra e que o Reino que Eles regem e que tem suas próprias leis e atividades, é muito conhecido e sempre o foi, através dos séculos.

Cristo é o Curador e Salvador do mundo. Trabalha porque constitui a alma encarnada de toda Realidade. Trabalha hoje, como o fez na Palestina, há dois mil anos, por intermédio de grupos. Ali trabalhou por meio de Seus três discípulos amados, dos doze apóstolos, dos setenta eleitos e dos quinhentos interessados. Agora, trabalha por intermédio dos Mestres e Seus grupos, intensificando, assim, grandemente, Seu esforço. Pode trabalhar, e o fará, por intermédio de todos os grupos, na medida em que estes se adaptem ao serviço planejado para difundir o amor e lograrem alinhar-se, conscientemente, com o grande poder dos grupos internos.

Os grupos que sempre proclamaram a Presença física do Cristo tergiversaram de tal maneira o ensinamento, com observações dogmáticas sobre detalhes sem importância e enunciados ridículos, que obscureceram a verdade subjacente e não apresentaram um reino atrativo. Esse reino existe, porém não é um lugar de disciplina nem de harpas douradas, habitado por fanáticos ignorantes, mas um campo para servir e um lugar onde cada homem tem plena liberdade para exercer sua divindade ao serviço da humanidade.

3 – Na Transfiguração, o Cristo revelou a glória ingênita em todos os homens. A tríplice natureza inferior – física, emocional e mental – jaz ali prostrada ante a glória revelada. Nesse preciso momento em que o Cristo Imanente havia encarnado e a humanidade estava representada pelos três apóstolos, surgiu uma voz vinda da Morada do Pai reconhecendo a divindade revelada e a Progenitura do Cristo Transfigurado. Sobre essa divindade ingênita e a reconhecida Primogenitura se funda a fraternidade dos homens – uma vida, uma glória que será revelada e um parentesco divino. Hoje, em grande escala (ainda que não se tenha em conta o que implica a divindade), a glória do homem e suas relações fundamentais são já um fato na consciência humana. Acompanhando aquelas características ainda tão deploráveis que pareceriam negar toda divindade, temos as maravilhosas realizações do homem e seu triunfo sobre a natureza. A glória das descobertas científicas e a magnífica evidência da arte criadora – tanto moderna como antiga – não deixam lugar a dúvidas quanto à divindade do homem. Eis aqui, então, as “coisas mais grandiosas” de que falou Cristo, e eis aqui, também, o triunfo do Cristo dentro do coração humano.

A razão pela qual o triunfo da consciência crística deve ser mencionada sempre em termos de religião, de comparecimento aos templos e de crenças ortodoxas, deve-se a um dos incríveis triunfos das forças do mal. Sentir-se um cidadão do Reino de Deus não significa ser, necessariamente, membro de alguma das igrejas ortodoxas. O divino Cristo no coração humano pode expressar-se nos diferentes setores da vida humana: na política, na arte, na economia, na verdadeira vida social, na ciência e na religião. Poderíamos recordar que a única vez que o Cristo – como adulto – visitou o templo dos judeus, provocou um distúrbio! A humanidade está passando de uma glória a outra, glória que pode ser observada, claramente, no extenso panorama histórico e em todos os setores da atividade humana; portanto, a Transfiguração daqueles que se acham no cume da civilização está muito ao seu alcance.

4 – Finalmente, com o triunfo da Crucificação ou Grande Renúncia (como se denomina, com mais exatidão, no Oriente), O Cristo introduz, pela primeira vez na Terra, um tênue fio da Vontade divina, proveniente da Morada do Pai (Shamballa), e que foi entregue à compreensiva custódia do Reino de Deus e, por intermédio do Cristo, apresentado à humanidade. Mediante a colaboração de certos grandes Filhos de Deus, os três aspectos divinos ou características da divina Trindade – vontade, amor e inteligência – se converteram em parte dos pensamentos e aspirações humanos. Os cristãos são propensos a esquecer que o Cristo não passou a agonia das últimas horas sobre a cruz, mas no Horto de Getsêmani. Então – em agonia e quase desespero – Sua vontade foi absorvida pela do Pai, exclamando: “Pai, não a minha vontade, mas a Tua seja feita” (Lucas 22,42).

Algo novo, ideado desde as profundezas do tempo, ocorreu, então, naquele tranquilo horto: Cristo, representando a humanidade, estabeleceu a Vontade do Pai na Terra e tornou possível à humanidade inteligente cumpri-la. Até então, essa vontade só havia sido conhecida na Morada do Pai, reconhecida e adaptada às necessidades do mundo pela Hierarquia Espiritual, que trabalha dirigida por Cristo, configurando-se, assim, o Plano divino. Hoje, graças ao que fez o Cristo, séculos atrás, em Seu momento de crise, a humanidade pode ajudar com seus esforços a desenvolver esse Plano. A vontade para o bem, da Morada do Pai, pode converter-se em boa vontade no Reino de Deus e pode ser transformada em corretas relações humanas pela humanidade inteligente. Desta maneira, a linha direta ou fio da Vontade de Deus se estende, hoje, desde o lugar mais elevado ao mais baixo e, a seu devido tempo, pode converter-se em um cabo, ou canal, pelo qual poderão ascender os filhos dos homens e descer o amoroso e vivente espírito de Deus.

Esquecendo distâncias, longitudes e antiguidades, compreendam que me refiro a acontecimentos exatos e reais de nosso planeta. Trato de reconhecimentos, fatos e acontecimentos autênticos, que são do conhecimento consciente da maioria. O Cristo histórico e o Cristo no coração humano são realidades planetárias.

Há um aspecto do retorno do Cristo que nunca é mencionado nem referido. Que significará para o Cristo reaparecer entre os homens e desempenhar as atividades diárias e externas. Que sentirá quando chegar o momento de aparecer?

No Novo Testamento se menciona uma grande “iniciação” a que denominamos de Ascensão, da qual nada sabemos. Só umas poucas informações nos chegam do Evangelho: o acontecimento no cume da montanha, os observadores e as palavras do Cristo assegurando-lhes que não os abandonaria. “Logo uma nuvem O ocultou” (He. 1,9). Nenhum dos presentes pôde ir mais além com Ele. Suas consciências não podiam penetrar até o lugar aonde Ele havia decidido ir, porque, inclusive, haviam entendido mal Suas palavras; somente em um sentido vago e místico a humanidade compreendeu Seu desaparecimento, ou o significado de Sua perdurável, porém invisível Presença. Aos observadores se lhes assegurou, por intermédio dos Conhecedores de Deus, que se achavam também presentes, que Ele voltaria em forma semelhante. Ascendeu. A nuvem O recebeu. As nuvens que hoje cobrem nosso planeta esperam revelá-Lo.

Agora, Ele aguarda o momento de descer. A descida a este desgraçado mundo dos homens não Lhe oferece nenhum quadro tentador. Desse tranquilo retiro na montanha, de onde esperou, guiou e treinou Seus discípulos iniciados e o Novo Grupo de Servidores do Mundo, há de vir ocupar Seu lugar proeminente, no cenário mundial, e desempenhar Sua parte no grande drama que ali se está desenrolando. Desta vez não desempenhará Sua parte na obscuridade, como o fez antes, senão à vista de todo o mundo. Devido ao reduzido tamanho do nosso planeta; ao predomínio do rádio, da televisão e à rapidez das comunicações, Sua atuação será observada por todos; provavelmente, a perspectiva de apresentar algumas provas e exigir grandes reajustes, há de Lhe produzir certa consternação, ademais de uma experiência penosa inevitável.

Não virá como o Deus Onipotente da ignorante criação do homem, senão como o Cristo, o Fundador do Reino de Deus na Terra, para terminar o trabalho começado, e demonstrar, novamente, a divindade, em circunstâncias muito mais difíceis.

Todavia, o Cristo sofre muito mais pelos que Lhe são chegados que pelos estranhos. O aspirante avançado dificulta mais Seu trabalho que o pensador inteligente. Não foi a crueldade do mundo externo dos homens o que causou a profunda dor do Cristo, senão Seus próprios discípulos, além do sofrimento coletivo da humanidade – padecido durante seu ciclo de vida, incluindo o passado, o presente e o futuro.

Virá corrigir os erros e as más interpretações daqueles que se atreveram a interpretar Suas simples palavras de acordo com a sua própria ignorância, e a reconhecer aqueles cujo fiel serviço fez possível Seu retorno. Também Ele está enfrentando uma grande prova, como preparação para receber uma grande iniciação, e quando houver passado a prova e cumprido Sua tarefa, ocupará na Morada do Pai um lugar mais excelso, ou irá prestar serviço em um lugar distante, aonde só poderão segui-Lo os mais elevados seres; Seu cargo atual será, então, desempenhado por Aquele que Ele preparou e treinou.

Antes que isto aconteça, porém, terá que entrar novamente no diálogo, desempenhar Sua parte nos acontecimentos mundiais e demonstrar o alcance de Sua missão. Reunirá, fisicamente, em torno de Si os Seus associados e conselheiros escolhidos; não serão os que reuniram em dias primitivos, senão esses membros da família humana que hoje O reconhecem e estão se preparando para trabalhar com Ele, até onde lhes for possível. O mundo ao qual projeta retornar é muito diferente e isso se deve, em grande parte, ao desenvolvimento intelectual das massas. Isto apresenta enormes dificuldades, porque para cumprir, inteligentemente, a Vontade de Deus na Terra, precisará chegar ao intelecto dos homens e não apenas a seus corações, como fez anteriormente. Seu trabalho principal consiste certamente em estabelecer corretas relações humanas, em todos os aspectos da vida humana. Peço-lhes que empreguem a imaginação e tratem de pensar na magnitude da tarefa que O espera; reflitam sobre as dificuldades que, inevitavelmente, enfrentará – sobretudo a errônea ênfase intelectual das massas.

Pediu-se ao Representante do Amor de Deus que, novamente, atue no diálogo mundial onde sua primeira mensagem foi rechaçada, esquecida e mal interpretada durante dois mil anos e onde o ódio e a separatividade têm caracterizado os homens do mundo inteiro. Isto O fará submergir em uma atmosfera estranha e O levará a uma situação em que deverá provar, ao máximo, todos os Seus recursos divinos. A ideia geralmente aceita de que regressará como um guerreiro triunfante, onipotente e irresistível, não tem nenhum fundamento. O fato real, de sólido fundamento, é que, finalmente, conduzirá o Seu povo, a humanidade, a Jerusalém, porém não à cidade judia chamada Jerusalém, mas ao “lugar de paz” (que é o que Jerusalém significa).

Uma consideração cuidadosa da situação mundial atual e o constante uso da imaginação, revelarão ao pensador sincero quão aterradora é a obra que Ele empreendeu. Então, “Ele dirigiu novamente, Seu rosto para ir a Jerusalém” (Lucas, 11,15). Reaparecerá e levará a humanidade a uma civilização e a um estado de consciência em que as corretas relações humanas e a colaboração mundial, em bem de todos, constituirão a tônica universal. Por intermédio do Novo grupo de Servidores do Mundo e dos homens de boa vontade, completará a fusão de Sua vontade com a de Deus (os assuntos de Seu Pai), de tal forma que a eterna vontade para o bem será traduzida pela humanidade em boa vontade e corretas relações. Então, Sua tarefa se terá cumprido; ficará livre para deixar-nos de novo, porém desta vez não voltará, mas que deixará o mundo dos homens em mãos desse Grande Servidor espiritual que será o novo Guia da Hierarquia, a Igreja invisível.

A pergunta que agora se nos apresenta é: de que forma poderemos ser úteis? Como poderemos ajudar, durante esta etapa preparatória?

Certamente, muito estão fazendo os membros da Hierarquia e também aqueles discípulos que se acham em contato consciente com os Mestres de Sabedoria – ou, se preferir o termo, com os discípulos avançados do Cristo – que trabalham dia e noite a fim de inspirar confiança, estabelecer corretas atitudes e fazer com que seja compreendido o “empuxo” ou empreendimento espiritual divino, para aplainar o caminho do Cristo.

Eles e seus grupos de discípulos, aspirantes e estudantes, O apoiam, em forma unida e permitem que realize Seu propósito. Sua maior realização consiste em provocar uma crise cíclica na vida espiritual do nosso planeta, que foi antecipada na Morada do Pai (Shamballa), há milhares de anos. Registrou-se o fato, pela primeira vez na história humana, de que os três centros espirituais ou grupos, por meio dos quais Deus atua, estão enfocados no mesmo objetivo. Shamballa, a Hierarquia Espiritual e a Humanidade (a Morado do Pai, o Reino de Deus e o Mundo dos Homens) se acham todos empenhados em um vasto movimento para intensificar a Luz do Mundo. Esta Luz iluminará (em forma desconhecida até agora) não só a Morada do Pai, fonte de nossa luz planetária, mas também o centro espiritual de onde têm emanado os Instrutores e os Salvadores mundiais que apareceram diante dos homens, exclamando, como Hermes, Buda e o Cristo, “Eu Sou a Luz do Mundo”. Esta luz inundará o mundo, iluminando as mentes dos homens e trazendo luz aos lugares escuros da vida humana.

O Cristo trará luz e – acima de tudo – “vida mais abundante”, porém não sabemos o que isto significa até que tal se produza; não podemos dar-nos conta do que implicará esta revelação nem as novas perspectivas que se abrirão diante de nós. Mas por Seu intermédio, a Luz e a Vida estão em vias de serem interpretadas e aplicadas em termos de boa vontade e de corretas relações humanas. Para este fim se está preparando a Hierarquia Espiritual. Desta vez o Cristo não virá só; fá-lo-á com Seus colaboradores. Sua experiência e a dEles serão diferentes da anterior, pois todos os olhos O verão, todos os ouvidos O ouvirão e todas as mentes O julgarão.

Podemos ajudar livremente no trabalho de reconstrução que o Cristo se propõe realizar, se nos familiarizarmos com os fatos que se expõem a seguir, divulgando-os entre todos aqueles com quem entrarmos em contato.

1 – Que o reaparecimento do Cristo é iminente.

2 – Que o Cristo, imanente em todo coração humano, pode ser evocado quando se reconheça Seu reaparecimento.

3 – Que as circunstâncias de Seu retorno estão relatadas de forma simbólica nas Escrituras mundiais, o que pode produzir uma mudança vital nas ideias preconcebidas da humanidade.

4 – Que a principal condição exigível é um mundo em paz; paz que deve estar fundada na boa vontade que, cultivada, conduzirá, inevitavelmente, às corretas relações humanas e, portanto, ao estabelecimento (falando em sentido figurado) de linhas de luz entre uma nação e outra, uma religião e outra, um grupo e outro, e entre um homem e outro homem.

Se conseguirmos fazer que se reconheça em todo o mundo estas quatro ideias, contrapondo-se às críticas inteligentes de que tudo o que se disse é demasiado vago, profético e visionário, muito teremos realizado. É muito possível que aquele velho axioma: “a mente é o matador do real”, possa ser fundamentalmente certo, no que tange às massas, e que a abordagem puramente intelectual (que rejeita a visão e recusa aceitar o improvável) seja mais falha que o pressentimento dos Conhecedores de Deus e da multidão expectante.

A Hierarquia Espiritual está investida de inteligência divina e é composta, na atualidade, por Aqueles que reuniram em Si o intelecto e a intuição, o prático e o aparentemente não prático, a realidade da vida e a maneira de ser do homem que tem uma visão. Também existem pessoas, nos lugares comuns da vida diária; estas pessoas são as que precisam ser treinadas para que reconheçam a divindade nos sinais que são essencialmente respostas do plano físico às novas expansões de consciência. O Cristo que retornará não será igual ao Cristo que (aparentemente) partiu. Não será um “varão de dores”; tampouco uma figura silenciosa e pensativa; será o enunciador de verdades espirituais que dispensarão interpretações, ou tergiversações, porque Ele estará presente para explicar o verdadeiro significado.

Durante dois mil anos, foi o Guia supremo da Igreja Invisível, a Hierarquia Espiritual, composta de discípulos de todos os credos. Reconhece e ama aqueles que, não sendo cristãos, mantém sua lealdade aos Fundadores de suas respectivas religiões – Buda, Mahomé e outros. Não Lhe interessa qual seja seu credo, sempre que o objetivo seja o amor a Deus e à humanidade. Se os homens buscam o Cristo, que deixou Seus discípulos faz séculos, fracassarão e não reconhecerão o Cristo que está a ponto de retornar. O Cristo não tem barreiras religiosas em Sua consciência, nem se importa com a religião que qualquer um professe.

O Filho de Deus está a caminho e não vem só. Sua guarda avançada já se aproxima, e o Plano que há de cumprir já está traçado. Que o reconhecimento seja o objetivo!

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