Sacrifício - Desvelando a Alma

“Assim como os pássaros voam juntos rumo a outras regiões para passar o verão, também as almas se unem em voo. Assim, passando através da porta, elas pousam diante do trono de Deus”.

Estas inspiradas palavras pertencem a um santo desconhecido emocionado pela beleza do grupo daqueles que em companheirismo se elevam, vivendo a vida da alma. A vida de grupo é a natureza das coisas e, conforme passamos pela Era de Aquário, estamos vendo como ela emerge no mundo físico, com um crescente sentido de responsabilidade para com os demais. A alegria do serviço está sendo compreendida hoje, por muitos, com boa propensão natural, para ir mais além da noção convencional de liberdade e fazer sacrifícios pessoais para o benefício de todos. E, melhor do que alguma outra ideia principal, estão encontrando, no recôndito secreto do coração, a luz e a alegria da alma no ato de renunciar à obtenção de maiores benefícios.

Hoje, o conceito de sacrifício precisa se desprender do mau conceito que adquiriu e voltar ao seu significado original mais oculto. A palavra Sânscrita “yaj” significa sacrifício no sentido de “oferenda”, de dar ou entregar-se a alguma coisa boa. Dar algo “interiormente” traz o conceito de “elevação” – uma acepção a partir da qual a alma está presa aqui embaixo na terra. A alma vê o sacrifício dos pontos de vista pessoais em termos de uma perda daquilo que alguém quer, de seus próprios desejos, como uma reatribuição do bom, do certo e do belo. Lemos no “Pranav-Veda” que “o que foi ofertado no fogo (ou seja, realizado sem desejos pessoais), na luz da razão universal, alcança todos os seres, e é para o benefício de todos”.

De uma perspectiva macrocósmica, nossa decisão para viver sacrificalmente nos conduz a algumas condições planetárias desastrosas. De um lado, o tema da evolução pode parecer que está dominado pela sobrevivência do individual e egoísta – o maior envolvendo o menor. Mas, por outro lado, faz-se notar uma certa crise na evolução humana, na qual os mais evoluídos dão deles mesmos aos menos evoluídos para que sigam seus passos. Este processo pode ser sintetizado na palavra “Amor”, o epítome de sacrifício. Sem tais atos de sacrifício, o trabalho de Deus se frustraria. Analogamente, uma coisa que dá forma a outra pode, pela tendência crescente da evolução, manter seu momento.

Afortunadamente, agora há uma maior compreensão geral da necessidade de dar, compartilhar e ter responsabilidade de nosso papel na administração do planeta e de suas formas de vida. Para que isto aconteça teremos que trabalhar criativamente com o aspecto alma em todas as formas. Por isso nosso trabalho agora é com, e na, luz. Quando a humanidade chegar a ser radioativa, em sentido espiritual, e formar um centro magnético sobre o planeta, será capaz de invocar todos os reinos mais elevados e, por sua vez, proporcionar a “área da mente”, a partir da qual os reinos subumanos impulsionarão sua “inspiração” para o progresso evolutivo.

O Sacrifício de uns minutos ao dia para revitalizar a atmosfera subjetiva do planeta por meio de nossos triângulos diários nos conduz a uma descentralização pessoal e do grupo. Nesta direção altruísta da visualização de energia, estamos aprendendo a arte do sacrifício não visto, que trabalha silenciosa e profundamente por trás das cenas. Fazendo isto, cada um de nós está aprendendo a refletir, em pequena escala, o grande Sacrifício do Vigilante Silencioso do planeta, Sanat Kumara, que, havendo compenetrado a substância com sua vida, espera pacientemente que cada um de nós compreenda a potência de nossa “vontade” e se una ao grande propósito da redenção. Desta forma estaremos seguindo o caminho do Buda e do Cristo, manifestando a “luz do mundo” e nos reconhecendo como “os Senhores do Sacrifício e da persistente Devoção amorosa”.

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