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Alice Bailey - Diálogos com Estudantes da Escola Arcana


Décima quarta e última palestra do inverno-primavera de 1943

 Esta é a décima quarta e última palestra do inverno-primavera de 1943. Por alguma razão, o texto datilografado não é datado. Depois disso, AAB fez uma pausa de verão e retomou uma nova temporada em setembro.

AAB começou esta palestra com uma leitura das palavras do Tibetano sobre a relação com a vontade superior, a iniciação e o ‘solo ardente’ (de um enunciado que se encontra na primeira das Quatorze Regras para a Iniciação Grupal).

O segredo das iniciações superiores reside no emprego treinado da vontade superior, não na purificação nem na autodisciplina nem em quaisquer dos meios empregados que, no passado, serviram de aproximação à verdade. Todo o problema da vontade shambállica está em pro¬cesso de revelação e, oportunamente, alterará totalmente a abordagem do discípulo da Nova Era à iniciação.

Durante muito tempo os aspirantes observaram, e lhes foi ensinado, o efeito que a vontade exerce sobre o corpo astral ou emocional. É uma das primeiras e mais elementares tensões iniciais, e é ensinado no Caminho de Provação. Como resultado de sua ação destruidora, leva à purificação e à reorganização da vida psíquica e emocional. Aos infantes da raça e aos iniciantes no Caminho de Retorno consciente, dizemos que «pensem», «que apliquem um pouco de vontade» e «que se lembrem que possuem uma mente». Pouco a pouco, o enfoque e a orientação se trasladam da vida astral e do nível emocional de consciência para o mental e, em consequência, para o reflexo do mundo do propósito existente nos três mundos. Quando esta etapa estiver um tanto desenvolvida, segue-se, no Caminho de Discipulado e de preparação para a iniciação, um esforço por captar e compreender os aspectos superiores deste processo mental, e o aspecto vontade da vida egoica começa a exercer influência sobre o discípulo. Abrem-se as pétalas de sacrifício e o aspecto sacrificial sagrado da vida é revelado em toda sua beleza, pureza, simplicidade e qualidade revolucionária.

No Caminho de Iniciação, a Vontade Monádica (da qual a Vontade Egoica é reflexo e a vontade pessoal individual é uma distorção) é gradualmente transmitida por meio do Antahkarana, e direcionada ao ser humano no plano físico. Isso produz uma correspondência mais elevada dessas qualidades de que o esoterista bem treinado, embora incompetente, denomina de maneira tão limitada: transmutação e transformação. O resultado é a assimilação da vontade individual e da Vontade Egoica no propósito da Mônada, propósito - indesviável e inalterável - d’Aquele em Quem vivemos, nos movemos e temos o nosso ser. É o campo da verdadeira combustão, pois nosso Deus é um Fogo consumidor. É a sarça ardente ou árvore ardente da vida do simbolismo bíblico. O mais elevado de todos os fogos, este solo ardente profundamente espiritual e até agora raras vezes reconhecido, tem seus efeitos resumidos na seguinte frase da Regra Um:

O solo ardente realizou seu trabalho.

Aqui podem surgir mal-entendidos. Para a maioria das pessoas o solo ardente representa uma das duas coisas:

1. Que o fogo da mente consome todas as coisas da natureza inferior, das quais vai se dando conta.
2. O solo ardente do sofrimento, agonia, horror e dor, qualidade característica da vida nos três mundos, especialmente na atualidade.

Mas o solo ardente a que se refere aqui é algo muito diferente. Quando a fulgurante luz do sol é enfocada em um vidro ou através dele, pode produzir ignição. Quando a fulgurante luz da Mônada se enfoca diretamente sobre a personalidade, por intermédio do Antahkarana, mas não especificamente através da Alma, produz um fogo intenso que consome, em constante e consecutivo processo, tudo que cria obstáculos. Em outras palavras, quando o aspecto vontade flui da Mônada e se enfoca através da vontade da personalidade (à medida que a mente o capta e compreende), destrói como se fosse fogo todos os elementos da vontade própria. À medida que a energia de Shamballa flui e faz contato direto com a humanidade (sem ser transmitida através da Hierarquia, como foi até agora), temos o que se presenciou hoje no mundo, uma conflagração destruidora ou um solo ardente mundial. Quando o Antahkarana de um grupo for construído corretamente, a vontade-grupal individualizada desaparecerá na plena consciência do propósito monádico, ou seja, a clara vontade dirigida. O discípulo que se prepara para a iniciação deve considerar estes pontos, à medida que se prepara para as iniciações maiores, pontos que todo grupo ou Ashram em preparação para a iniciação também têm que considerar.


AAB: À luz das instruções acima podemos entender que, quando as pessoas se reúnem no Ashram de um Mestre, não o fazem para o próprio desenvolvimento, mas para que possam sair ao mundo e servir. Não se entra em um Ashram até que se esteja desenvolvido e servindo.

Quando um indivíduo é admitido em um Ashram antes da terceira iniciação, ocupa-se em receber impressões sobre o Plano. Depois da terceira iniciação, ocupa-se com o Propósito. Estar ocupado com o Plano e estar identificado com o Propósito são duas distinções vitais. Poucas pessoas estão identificadas com o Propósito, porque não pode haver identificação com o Propósito a menos que a vontade espiritual esteja atuando. O Plano, tal como atua no plano físico, é a expressão do Amor.

Basicamente, um Ashram destina-se aos que criaram pelo menos um fio do Antahkarana e que, portanto, podem trabalhar com o Propósito imaginativamente, porque não podemos de fato saber o que é o Propósito, até que tenhamos tomado a terceira iniciação. Só sonhamos a respeito disso, e então trabalhamos com o Plano. à medida que ele afeta a nossa vida, e é essa a contribuição de um Ashram para o trabalho a ser feito no plano físico.

Temos que aprender a usar a intuição, porque o Ashram do Mestre não está no plano mental. O plano no qual algum dia, finalmente trabalharemos, não é o plano mental. Uma das coisas que temos que aprender a fazer nesta nova era é escapar do plano mental com todo o conhecimento, elementos e tecnicismos que adquirimos com tanto empenho e começar a desenvolver aquele algo que chamamos de intuição, que é a fonte da iluminação. Esta iluminação tem a ver com as ideias que corporificam o Propósito, e que são os anteprojetos do Plano.

A maioria de nós está tremendamente preocupada com a vida no plano físico, e não é aí onde deveria estar o foco da nossa vida. Há um mundo de significados no qual deveríamos viver, e quando criarmos um vórtice de força suficiente nos tornaremos tão invocadores que invocaremos a intuição. «A intuição está para o mundo de significado como a mente está para o plano físico da vida». A maioria de nós entrava o próprio esforço, estamos tão ansiosos por desenvolver a intuição, que a mente põe ênfase no funcionamento e ficamos tão ocupados com o aspecto acadêmico que, desta maneira, entorpecemos a impressão da intuição. (Continua lendo:)

Que Atue do ponto de tudo o que está no âmbito da vida unida do grupo (da Regra Dois)

Isto não constitui, como poderá parecer, o esforço destinado a realizar o trabalho para a humanidade, tal como planejado ou desejado pelo grupo com o qual o iniciado está associado. O método de trabalho cobre uma fase anterior, em que o discípulo aceito aprende muito. Primeiramente descobre no plano físico o grupo cujos ideais e planos de serviço correspondem à sua ideia de atividade correta; associa-se a esse grupo, trabalha, aprende e, no aprendizado, sofre muito. Em seguida encontra o caminho para o Ashram de um Mestre, onde seu esforço consiste cada vez mais em aprender a usar a vontade a fim de empreender o Plano e se ajustar aos métodos e planos grupais, trabalhando sob a lei da obediência oculta para o bem da humanidade.

O iniciado, porém, não trabalha em nenhuma dessas maneiras, embora tenha adquirido o hábito de entrar em contato correto com organizações dos três mundos e de colaborar corretamente com a Hierarquia. Atua segundo a inspiração e identificação com o aspecto vida - o aspecto vida unificado do seu raio de grupo e o de todos os grupos. Isto quer dizer que compreende plenamente o que significa a vida involutiva e a vida evolutiva. Seu serviço é invocado pelo grupo ou grupos que necessita(m) de sua ajuda. Sua resposta é uma evocação oculta dada em uníssono com o grupo de servidores, com o qual está afiliado no aspecto interno, algo muito diferente do modo de serviço como entendido de maneira geral. Os Raios e as Iniciações, pág. 66


AAB: «Em seguida encontra o caminho para o Ashram de um Mestre, onde seu esforço consiste em... se ajustar aos métodos e planos grupais». Isto é, descobrir o Plano e então usar a Vontade para cooperar com o mesmo. Não a vontade pessoal, que é eliminada quando nos é dito que temos que nos ajustar aos métodos e planos grupais. Todos nós conhecemos o Plano; a questão é o quanto usamos a Vontade para tornar esse Plano efetivo. Não é fácil usar a Vontade.

Há três aspectos da vontade: Vontade Espiritual ou Monádica, Vontade da Alma (vontade sacrificial) e vontade pessoal. Muitas pessoas percorrem o caminho do discipulado por meio da vontade pessoal. O algo novo que está chegando é esta ênfase na Vontade. A Mônada fez contato com a personalidade; Shamballa fez contato com a humanidade - em nenhum caso se refletindo por meio da Alma ou da Hierarquia. (Lendo:)

Pouco a pouco, o enfoque e a orientação se trasladarão da vida astral e do nível emocional de consciência para o mental e, em consequência, para o reflexo do mundo do propósito existente nos três mundos. Quando esta etapa estiver um tanto desenvolvida, segue-se, no Caminho do Discipulado e na preparação para a iniciação, um esforço por captar e compreender os aspectos superiores deste processo mental e o aspecto vontade da vida egoica começa a exercer influência sobre o discípulo. As ‘pétalas do sacrifício’ se abrem e o aspecto do sacrifício sagrado da vida é revelado em toda sua beleza, pureza, simplicidade e em sua qualidade revolucionária. Os Raios e as Iniciações, p. 31
Com o que vocês se identificam? Com o sacrifício? Deveria ser a identificação com o Propósito. Se vocês realmente conhecessem o Propósito não seria sacrifício. Sacrifício deriva de uma palavra que significa fazer uma totalidade, tornar sagrado - não sagrado no sentido de bom, mas de totalmente, aquilo que se refere à totalidade, a algo completo. Imaginemos que a vida da vontade superior, que cobre as iniciações superiores, esteja completamente relacionada com o Propósito, com a plenitude total, com o totalmente completo, o que Patanjali denomina de «unidade isolada».

Portanto, vamos considerar três campos de abordagem ao tema: 1) a expressão da vida da personalidade, 2) a expressão da vida da Alma e 3) o campo de expressão monádico. É elementar que no primeiro campo sejamos individualistas; no segundo campo, reconhecemos o valor do grupo; e, no terceiro campo, o de expressão monádica, o que importa é a totalidade de pensamento. Estamos aperfeiçoando o segundo aspecto, mas só porque nossos olhos estão enfocados no terceiro. É o método de liberação de tudo o que desenvolvemos e mantivemos até entrar em nós a liberação ou o tornar sagrado e total, tornando-nos identificados com o aspecto Monádico. Crescemos em estatura até a plenitude, a medida da estatura do Cristo. A medida é alta, extensa e completa, mas não se trata apenas de medida, mas também de qualidade.

Se pudéssemos nos sintonizar com o elevado Propósito da Vontade Divina e então servir ao Propósito, isso seria atividade criadora. As pessoas tendem a pensar que a criatividade é pintar um quadro ou escrever um poema. Houve quatro grandes momentos criativos na vida da humanidade:

1. A Carta Magna, a primeira grande declaração das Quatro Liberdades.
2. A declaração da República Francesa.
3. A Declaração de Independência.
4. A declaração conjunta das Quatro Liberdades na Carta do Atlântico.

Nessas quatro grandes declarações temos a projeção no plano físico de algo que é criativo - quatro grandes momentos criativos no desenvolvimento da consciência da humanidade.

Pareceu-me que a abordagem não é que eu perca a minha identidade, e sim que minha identidade se una com a dos demais, que cada recurso que tenha cada indivíduo se una, se somos discípulos. Se fôssemos iniciados, estaríamos unindo tudo - Alma e personalidade; porém, sendo discípulos, trabalhamos com o Plano e não com o Propósito.

Em algum lugar, falando sobre o trabalho dos discípulos, o Tibetano disse algo acerca de como muitos discípulos e aspirantes podem captar a ideia espiritual e elaborá-la em substância no plano astral e até mesmo fazer com que alguma matéria etérica seja aderida a ela, mas não conseguem aguentar tempo suficiente para que ela possa se precipitar. As pessoas ficam cansadas e desistem e estas coisas abortivas ficam nos níveis etéricos, mas nunca vão mais longe.


RK: Não acha que é uma falha da vontade?


P: Ou da atividade inteligente?


AAB: Vocês podem dizer que se têm vontade então não abandonarão, mas não é a vontade que faz o trabalho. Poderia ser a atividade inteligente e poderia ser um ato da vontade. A causa final é um ato da vontade que se enfoca por meio do cérebro e chega à base da coluna. A dificuldade é que muitos estão trabalhando com a vontade pessoal e isso tem que passar. Depois há a Vontade da Alma. A maioria das pessoas não distingue entre elas. Elas usam uma vontade pessoal altamente desenvolvida. Acima de tudo está a Vontade Monádica, que é aquele propósito dinâmico que não pode ser frustrado.


JL: Se temos vontade pessoal, Vontade da Alma e Vontade espiritual, o que há nas três que as faz ser vontade? Impulso dinâmico. Não voltamos assim diretamente à questão de que a vontade é sempre vontade? Todos nós temos impulsos dinâmicos.


AAB: Não, quisera que assim fosse. Se eu tivesse impulsos dinâmicos explodiria o mundo de par em par. Se fôssemos suficientemente dinâmicos, nada nos deteria, porque é o propósito de ser. Temos impulsos egoístas. Somos dinâmicos pessoalmente. Em seguida, teriam o dinamismo da Alma, que nunca é cruel, e depois o dinamismo Monádico quando o Propósito de Deus seria a única coisa a importar. Todos nós temos energia dinâmica; o problema é o propósito que está por trás dela.

A vontade Monádica é o Propósito. Não pretendo saber o que é. A Vontade da Alma é a vontade de amar. A vontade pessoal é a vontade de ter alguma coisa. Então temos a vontade de progredir, a vontade de amar e a vontade a ter.


FB: A vontade de fazer em vez da vontade de ter.


AAB: O que estamos fazendo é determinado pela vontade de ter.


FB: O Primeiro Raio é o raio da vontade ou propósito.


AAB: Vontade ou poder, o propósito, subjaz em todos os raios.


FB: Como também o amor e como também a atividade.


AAB: O Tibetano está tratando da relação direta entre a Mônada e a personalidade via o Antahkarana, sem incluir a Alma, da mesma maneira como estamos entrando em contato com a força de Shamballa sem incluir a Hierarquia. Portanto, creio que temos que ter clareza em nossas mentes sobre o que estamos falando. Se queremos falar sobre a fusão da Alma com a personalidade, então tudo bem - a Alma está refletindo na mente o aspecto inferior do aspecto espiritual. É disto que estamos tratando nos primeiros três graus - a fusão da Alma com a personalidade. Mas, no quarto grau, e neste grupo, estão sendo dados novos conceitos. Isto é, quando se alcança a fusão entre a Alma com a personalidade e a Alma desaparece gradualmente [NT: no original fades out], então a relação é entre a Tríade Espiritual e a personalidade e, por último, entre a Mônada e o cérebro.

O Tibetano diz que a nova força procedente de Shamballa foi anteriormente atenuada via a Hierarquia. Agora está chegando diretamente à humanidade. O mesmo é válido para a força Monádica, que anteriormente era atenuada pela Alma. Agora está chegando diretamente à personalidade.

Sempre me lembro da frase do livro Nas Horas de Meditação de Alexandre. Ele perguntou como conhecer o Mestre, e a resposta veio na hora de meditação de que conhecer o Mestre não era ter visto sua forma, mas ter compreendido sua vontade. Isso é conhecer o Mestre. Não significa uma compreensão mental, e sim acolher sua vontade e deixar que Ele trabalhe através de si.

A ideia da Hierarquia está chegando cada vez mais à consciência das massas. Um artigo sobre a economia mundial depois do Armistício falava de uma hierarquia de economistas. Esta palestra está assentando as bases para a exteriorização da Hierarquia. Creio que uma das funções de um grupo como este é que, tendo compreendido a vontade da Hierarquia, tendo cumprido essa vontade e tendo elevado nossa vibração o mais alto que pudermos, então relacionamos a Hierarquia com a humanidade, e nada pode interromper isso.


C: É o que o Cristo disse; aquele que faz a vontade do Pai conhecerá a doutrina.


AAB: (Lendo) Nesta etapa de esforço o discípulo só pode atuar no nível mental da consciência. Uma vez que o faça, a sorte está lançada. Ele avança para o portal da luz, onde o Mestre o toma pela mão e o Anjo da Presença se torna potente e ativo de maneira que nem posso descrever para vocês ou então retrocede temporariamente para as condições de vida do homem inferior; espelhismo e maya descem novamente sobre ele e o Morador no Umbral se interpõe entre o discípulo e a luz que aflui pelo portal, renovando suas atividades. O discípulo desperta subitamente para uma captação mais ampla da realidade e a uma compreensão mais profunda do Plano e da parte que lhe cabe desempenhar nele, ou ‘os véus da terra’ se fecham sobre sua cabeça; então a visão se desvanece e ele retoma a vida de um ser humano comum, provavelmente durante todo o período da encarnação na qual a oportunidade lhe foi oferecida. Mas, se ele transpuser o portal, então (de acordo com a iniciação correspondente) assim será a revelação e as consequências resultantes. A revelação não será a revelação de possibilidades. Trata-se de uma experiência real, cujo resultado é a evocação de novos poderes e capacidades e o reconhecimento de novos métodos e campos de serviço. Tais poderes são condicionados pelos desenvolvimentos anteriores e pela presença destas capacidades, além de uma liberdade de movimento ‘dentro das fronteiras da Hierarquia’, que se situam muito além de tudo que ele possa ter sonhado. Discipulado na Nova Era, Vol. I, pág. 92-93

A iniciação pode ser definida neste ponto como o momento de crise no qual a consciência está rondando o limiar da revelação. Idem, pág. 91-92


AAB: O iniciado permanece indeciso neste liminar. Precisamos chegar a uma definição do ponto de crise que está envolvido nisso.


C: A crise se produz acidentalmente ou nós mesmos a forçamos? Como se produz a crise?


AAB: Nada é acidental. Ela se produz pelas circunstâncias, pelas condições nas quais o discípulo vive, e porque o verdadeiro discípulo sempre força a questão. Muitos estudantes não forçam a questão. O reino dos céus é tomado pela violência. A violência, o forçar a questão, é o que falta em muitos casos.

O que me interessou do que o Tibetano está fazendo é que Ele mudou o nosso conceito sobre a iniciação, que era um conceito muito materialista. Em todo o ensinamento passado havia duas notas dominantes - uma enfatizava a construção do caráter e a outra descrevia o que um Mestre faz a um discípulo para fazer dele um iniciado. Atualmente um Mestre não faz nada; Ele observa o discípulo, à medida que avança através de suas dificuldades. O próprio discípulo, o próprio iniciado provoca a crise porque ele é um iniciado e um vórtice de força. Quando um ponto de crise é corretamente utilizado, o iniciado transpassa o limiar, naquele ponto em que muitos ficam para trás, e a revelação lhe é dada.

A mente será o agente ativo do aspecto amor. Qualquer sensibilidade que tenhamos às ideias superiores do Plano, a mente deve imediatamente colocá-las em ação. A Vontade deve assisti-la, mas o amor sempre a fusionará e a manterá viva.

A única diferença entre o Cristo e os grandes mestres anteriores, ou o Buda e os mestres anteriores, foi que a emergência dos tempos demandava uma concentração de poder e eles foram os únicos capazes de recebê-lo. Creio que estamos à beira de ver isso outra vez, porque o aspecto vontade tem que se enfocar em alguma coisa.

Quero fazer um chamado a todos para que usem a vontade. Vocês poderiam ser muito mais efetivos do que são. Quanto tempo por dia dedicam ao constante e firme impulso das coisas que fazem? Tudo é espiritual, a totalidade da vida. Estão realmente se dedicando a ajudar a humanidade neste momento? Estão realmente vivendo uma vida sacrificial, que é a vida da vontade? Não há sacrifício na vida espiritual, no entanto é a vida da vontade sacrifical que, direcionando a vontade espiritual, não deixará a personalidade parar por um minuto.

Quando pensamos claramente e estamos galvanizados pela vontade, podemos ser usados pela Hierarquia como um grupo transmissor para a humanidade.

É a vontade dinâmica, a vontade sacrificial que nos relaciona a Shamballa. Pode ter um efeito destruidor em nossa vida pessoal, mas nos fará cumpridores do propósito divino. Reconhecemos que nosso lugar é ser simplesmente um transmissor de vida espiritual. Deixamos que uma torrente de vida seja vertida em nossos correios e em nossos contatos com nossos companheiros, de tal modo que nunca mais voltarão a ser os mesmos. Devemos deixar de falar sobre ciclos de luz e escuridão e tomar a determinação de viver em um elevado ponto de tensão pelo resto desta encarnação, não nos permitindo colapsar. O que é um colapso? É quando retiramos a nossa vontade sacrificial. Por fim, devemos ver que toda Alma com a qual entramos em contato siga com sua tensão um pouco mais tensa, com sua determinação um pouco mais firme, com sua luz um pouco maior por nos ter encontrado.

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