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Alice Bailey - Diálogos com Estudantes da Escola Arcana


Sexta-feira, 08 de outubro de 1943

AAB: Temos um tema muito interessante para debater. Trata de todo o tema da nossa recepção de energia, nosso uso da energia e do efeito que essa energia exercerá sobre os demais. Se não exercemos efeitos sobre os demais, significa que criamos alguma obstrução entre nós e aqueles aos quais temos que servir, ou que estamos utilizando a energia de tal maneira que fazemos mais dano do que bem. Quando nos ocupamos deste tema, estamos tratando do fator básico de todo o estudo de todos os iniciados, porque todo o problema que enfrenta a Hierarquia é a correta direção das energias, de maneira que a consciência humana possa se elevar. E se de fato vocês e eu queremos ser partes conscientes da Hierarquia e não só permanecermos na etapa de discípulos aceitos, temos que captar este problema do manejo da energia, seja deliberadamente quando a dirigimos em certas direções, ou inconscientemente quando atuamos como canais. Quando captarmos realmente que o trabalho do ocultista, seja ele jovem ou velho, é principalmente o manejo da energia, não haverá inibição de nenhum tipo, desde que ele disponha de toda sua habilidade mental e seja capaz de utilizar a força corretamente. Portanto, a tarefa que temos é a correta direção da energia, a fim de atuarmos como canais inconscientes ou conscientes para a energia espiritual.

A terceira frase da Regra Primeira é [lendo]:

A clara e fria luz resplandece e, sendo fria, no entanto o calor - evocado pelo amor grupal - permite uma cálida exteriorização energética.

Estas palavras contêm a chave da iniciação grupal. A luz das iniciações superiores pode afluir quando é evocada pelo amor grupal. Esta luz é clara e fria e, no entanto, gera o necessário “calor”, palavra simbólica que muitos Textos Sagrados do mundo usam para expressar energia viva e espiritual. Disse “energia espiritual” e não força da Alma, e nisso reside a diferença que vocês algum dia terão que captar. Os Raios e as Iniciações, pág. 31-32

Algumas pessoas tratam com a energia espiritual antes que estejam preparadas para tratar com energia da Alma. Algum dia seremos capazes de manejá-la diretamente, quando conhecermos a Alma como Una. No presente, o maior esforço dos estudantes dirige-se principalmente para a força da Alma, mas o que procuramos fazer com o [trabalho do Antahkarana] e este grupo é contornar a força da Alma e trabalhar com energia espiritual, que vem da Mônada. Não podemos fazer isso até que tenhamos tomado a iniciação, mas têm que passar pela etapa do desenvolvimento dos discípulos na qual, em uma volta superior da espiral, vocês desempenham a parte do iniciado, da mesma maneira como o aspirante desempenha a parte do discípulo. Um aspirante passa por várias vidas pensando somente na Alma; chega então um ponto em que faz contato com a Alma, e é quando seu maior esforço tem que se direcionar à sua personalidade integrada. Mas, no que diz respeito à sua percepção mental, tem que passar para o próximo ciclo superior e para aquilo que tem que se tornar. Por isso não é uma perda de nosso tempo estudar estas regras das iniciações superiores. Estamos em nosso caminho para a captação do próximo grande passo dos discípulos, da mesma maneira como o aspirante emprega muito tempo visionando a etapa em que vocês estão agora. No momento em que começamos a atuar como Almas, começamos a compreender o que é a consciência grupal, o amor grupal, as relações grupais. Se isso é um fato, um fundamento básico do caminho, então quando estudamos juntos como grupo, o próximo desenvolvimento óbvio é a iniciação grupal. É uma conclusão lógica de todo o ensinamento.

[Continuando a leitura]:
O amor grupal se baseia no aspecto egoico da vontade, que denominamos “amor sacrificial”.

Não significa relacionamento feliz entre os indivíduos do grupo. Talvez leve a uma interação externa infeliz e superficial, mas, basicamente, leva a uma inalterável e sólida lealdade, implícita na superfície da vida externa. A influência que o Mestre exerce ao procurar ajudar Seu discípulo sempre produz tumultos transitórios - transitórios do ângulo da alma, mas muitas vezes intimidantes do ângulo da personalidade. Da mesma maneira, a projeção da vida e da influência de qualquer discípulo mais adiantado para dentro da periferia ou aura de um aspirante ou discípulo menos avançado - no grau que esteja - também é perturbador e inquietante. Este ponto deve ser mantido na mente cuidadosamente, tanto com relação à própria reação e treinamento do discípulo como com relação a qualquer efeito que ele possa produzir na vida de um discípulo probacionário ou menos avançado que esteja na sua esfera de influência. Estas influências intrusivas - e os efeitos resultantes - que o Mestre exerce sobre um indivíduo ou grupo mais antigo normalmente são interpretadas geralmente em termos da personalidade e pouco compreendidas. No entanto, são aspectos da vontade superior de algum discípulo mais avançado que fazem impacto sobre a vontade da personalidade e evocam a vontade sacrificial do Ego, originando, assim, um período de mal-estar temporário. Por causa disso o aspirante e o discípulo inexperiente se ressentem e culpam as forças que as evocaram pelo desconforto, em vez de aprender a necessária lição de receber e controlar força. Os Raios e as Iniciações, pág. 32

Isto diz respeito à sua reação aos discípulos avançados, a vocês mesmos ou ao Mestre, e muito definidamente os condiciona em relação ao efeito que vocês exercem sobre aqueles que os rodeiam. Há um contínuo dar e tomar. Aqueles de nós que viemos trabalhando na Escola há tempos vimos que o trabalho anda, e eles aprendem a manejar a força que vem através do grupo e se relacionam com a Hierarquia, se estabilizam abaixo nesse ritmo e começam a ser uma influência.


E: Por que você diz «abaixo»?


AAB: Baixamos à terra depois de estar acima no ar por um certo tempo. Acima e abaixo são conceitos errados, mas possibilitam que tenhamos uma imagem. Eu vi que isso acontece nesta relação. Há pessoas que não sabem tanto como nós, e esperamos demasiado delas. Significa que vocês estão manejando forças erradamente; estão sobre estimulando essas pessoas e esperam delas o que não podem dar. Eu me lembro de um homem que nos deixou há anos. Ele tinha uma ambição de alta voltagem e muito para dar. Pedi demais dele na maneira de servir, na maneira de tomar energia. Não reduzi a energia, o poder que fluía através de mim como discípulo avançado, para atenuá-la para ele.


RK: Creio que às vezes dizemos ao estudante tudo o que sabemos, e isso o desanima. É exibicionista de nossa parte.


P: O Agni Yoga expõe em algum lugar algo que dizer é colocar grilhões.


AAB: Não estão vendo como tudo isso é prático e porque estou insistindo um pouco? Aqui somos um grupo de discípulos, e aqui estou eu, um discípulo avançado, e qual é o efeito de tudo isto? Temos duas coisas a fazer como grupo. Temos que direcionar energia e ser canais e, no momento em que fazemos isso, vamos ter reações do mundo externo, tanto boas como más. O bem e a força podem ser forças de repulsão. Uma das maneiras como vocês podem afastar pessoas indesejáveis, se quiserem fazê-lo, é verter amor sobre elas. Podem se proteger, não construindo uma muralha, mas, sim, derramando amor. É uma ilustração muito boa do uso errado da força espiritual. Aqui somos um grupo de discípulos que querem fazer um impacto sobre as pessoas e que estão prontos para servir em ampla maneira quando a guerra tiver terminado. Temos tido uma quantidade enorme de ensinamento que nos é dado; custodiamos mais informações do que possivelmente possamos manejar. Há pessoas na Escola como Roberto Assagioli e outros que estão em relação direta com os Mestres. Significa que aqui, ali e em todas partes a Escola tem um centro de energia, e fora da Escola, no mundo e no trabalho de Boa Vontade, esta energia está fluindo. Nada pode detê-la, desde que aceitem a realidade da Hierarquia.

Alguma vez se sentam e se perguntam se há uma Hierarquia, se há uma Alma, se há um modo de realizar o trabalho? Se eu posso ser um canal, se o grupo pode ser um canal, então o resultado será inevitável. Falamos muito sobre a Hierarquia e sobre a iniciação, e o quanto ainda é um “se” para nós? [Continua lendo]:

Por causa disso o aspirante e o discípulo inexperiente se ressentem e culpam as forças que as evocaram pelo desconforto, em vez de aprender a necessária lição de receber e controlar força.

No entanto, quando o verdadeiro amor existe, a vontade da personalidade encolherá, a vontade sacrificial da Alma será evocada e a capacidade de identificação do grupo com a vontade ou propósito da Mônada aumentará incessantemente. O progresso do grupo, portanto, vai passando de um solo ardente para outro - cada um mais frio e mais claro que o anterior, produzindo, na sequência, o fogo ardente, o claro e frio fogo aceso, e o fogo divino consumidor. Os Raios e as Iniciações, pág. 31-32


AAB: «Sendo cada um mais frio e claro que o anterior». O que significa? Se vocês vão de solo ardente para solo ardente, vão de forma isolada. É muito frio estar só. Não há calor em torno de vocês e, quanto mais estão no caminho, mais sozinhos estão do ângulo da personalidade, e é por isso que vocês sentem tanto frio.


DB: Dante diz que o círculo interno do inferno é o mais frio.


AAB: A vida ocultista é cheia de paradoxos. Quando vocês registram uma integração e sentem o frio, podem dizer a si mesmos, «ainda sou muito pessoal», mas se não sentem o frio porque estão demasiado ocupados com o trabalho do Mestre e o serviço da Alma, então estão rompendo o puxão exterior da personalidade, e somente a pessoa interna é consciente do calor que a clara e fria luz protege. [Continua lendo]:

Assim a verdade é apresentada em parábolas e, gradualmente, o iniciado vai captando as maneiras de empregar o calor, o ardor, a luz e a energia; chega a compreender a própria vontade, a vontade sacrificial e o propósito de Shamballa. Somente o amor (o amor próprio, o amor grupal e, finalmente, o amor divino) pode revelar o significado destas palavras simbólicas e os paradoxos ocultos que se colocam diante do verdadeiro aspirante à medida que procura trilhar o Caminho...

Chamarei a atenção sobre qual deve ser a atitude básica do postulante a iniciado: Ter um propósito, regido pela razão pura, processando-se como atividade espiritual. É esta uma frase que se escreve facilmente mas, na prática, o que quer dizer para vocês? Permitam-me ampliá-la. O iniciado em treinamento deve adotar uma atitude de correta motivação espiritual - a motivação consiste em cumprir inteligentemente o aspecto vontade da divindade ou da Mônada, o que implica na fusão da própria vontade da personalidade com a vontade sacrificial da Alma. Isso feito levará à revelação da Vontade divina. Ninguém, a não ser um iniciado, pode ter um conceito sobre a Vontade divina. Significa, em segundo lugar, o despertar da faculdade de percepção espiritual e de entendimento intuitivo, que implica na negação da atividade da mente concreta ou inferior e do eu pessoal inferior, como também na subordinação do aspecto conhecimento da Alma à clara e pura luz da compreensão divina. Quando esses dois fatores começarem a entrar em atividade, teremos o advento da verdadeira atividade espiritual no plano físico, motivada da elevada fonte da Mônada e implementada pela razão pura da intuição.

Ficará evidente para vocês, portanto, que estas faculdades espirituais só podem ser postas em atividade quando o Antahkarana ou ponte estiver começando a desempenhar o seu papel. Os Raios e as Iniciações, pág. 33-34


RK: Qual deveria ser a atitude do iniciado?


AAB: Deveria ser a de propósito regido pela razão pura e expresso em atividade.


RK: Isso descreve o funcionamento da Tríade Espiritual: vontade espiritual, razão pura ou amor, e mente abstrata.


AAB: Quando se tem a vontade espiritual, a razão pura e a mente abstrata funcionando perfeitamente, têm um adepto.


RK: Mas nesta etapa o iniciado ainda não as expressa completamente. Está procurando dirigir a energia e ser um canal.


AAB: Sim, está tentando.


HR: Isso nos traz de volta ao propósito deste grupo.


AAB: O que dissemos que era?


HR: Você disse que sabia qual era, mas depois afirmou que não tínhamos que considerar este grupo como o Grupo Sede da Escola Arcana.


AAB: Não tem nada a ver com isto, em absoluto.


HR: O esforço é integrar este grupo em termos da Alma. Até que possamos fazê-lo em certa medida, não vejo como o propósito possa nos ser revelado.


AAB: As pessoas trabalham tão arduamente com a integração que obscurecem a visão. Se estamos preocupados com o que a Hierarquia quer, nos tornaremos integrados.


RK: O Gita diz, «busca a perfeição na ação».


AAB: Quando estou lutando comigo mesma não consigo nada, mas se estou absorta na Alma e com as coisas que a Alma quer que se façam, as outras coisas se ajeitam por si mesmas.


M: Pensamos demais no serviço, e falamos sobre ele. Creio que deveria ser algo espontâneo.


AAB: Mas não creio que o serviço ou a integração sejam o propósito deste grupo.


HR: A Alma integrará o grupo.


AAB: O Tibetano começou nos dizendo que não temos a ver com a força da Alma, mas com energia espiritual. Acho que ensinamos demais sobre a força da Alma.


H: «O progresso do grupo é de um solo ardente para outro». Penso que algo poderia sair daí.


C: O propósito do grupo é usar energia espiritual? AAB: Eu não disse isso.


N: Um d o s propósitos do grupo é treinar o coração e a mente humana para que reconheçam a unicidade da vida e se tornem sensíveis às impressões superiores.


AAB: Creio que esse é o propósito do grupo. Em seu devido tempo aparecerá outro propósito. Creio que a maior preocupação deste grupo é se tornar sensível às impressões que vêm da Hierarquia.


RK: No início dos tempos os homens sábios de todo o mundo se reuniram para considerar o modelo da então nova era. Sentaram-se em silêncio por sete dias, e então um deles disse uma coisa, e depois se sentaram juntos em silêncio por outros sete dias. Era o silêncio criativo que se alcança quando as mentes se tornam uma só.


AAB: Quando o propósito do grupo começar a despontar, vamos nos ver automaticamente como grupo parando para pensar por um minuto ou dois, sendo receptivos por um minuto ou dois. Em seguida poderíamos terminar fazendo-o por sete dias.


HR: Não devemos ter medo desses momentos de silêncio, porque é quando a Alma entra em seu trabalho.


P: Três fogos: o fogo ardente, o fogo aceso, frio e claro, e o fogo divino consumidor.


AAB: Fogo por fricção, fogo solar e fogo espiritual. A humanidade está passando agora através do solo ardente e, no caso da humanidade, vocês podem ver o que está sendo queimado: o egoísmo, a ganância, a estupidez. O que é válido para a totalidade, é válido para a parte. Observem isso no Congresso dos Estados Unidos, onde todos os idiotas se levantam e falam, e então alguém se levanta com a clara e fria luz da mente serena e vota corretamente; o resto não exerce efeito sobre eles.


HR: A situação de Roma é muito simbólica.


AAB: Não vejo por que Roma não deveria ser destruída mais do que Londres ou Coventry ou qualquer outra cidade no mundo. É só uma acumulação do passado. Essas 75.000 pessoas que se reuniriam em Nova York para rezar para que Roma fosse poupada, por que não rezam para que a humanidade seja poupada e salva? É interessante que Itália seja escolhida como o lugar do solo ardente. Tem um ditador, tem o chefe da Igreja Católica, e é uma monarquia. O passado tem que se ir.


Temos que pensar em termos do solo ardente mundial, o solo ardente individual, e o solo ardente grupal.


HR: Seria uma questão do elemento tempo? A humanidade segue através deste solo ardente, e depois haveria um longo período de assimilação.


AAB: A cada solo ardente segue uma revelação, e então essa revelação se torna parte da vida das pessoas, talvez por centenas de anos. É em prol dessa revelação que temos que trabalhar.


HR: Isso é parte do trabalho deste grupo?


AAB: É sensibilidade à revelação.


RK: Um grupo que sustenta a visão não espera que a revelação se torne objetivada. Se vocês são discípulos, podem ser sensíveis e estar dois ou três passos à frente das pessoas.


HR: Isso é parte de nosso propósito - ver o futuro.


AAB: Sim, mas não no sentido de profecia.


RK: Creio que seria extremadamente útil se nós, como grupo, cultivássemos a renovação da identidade. A integração se produziria por si só se soubéssemos que somos esse grande ser, e então nossos medos individuais, etc. cairiam em seu devido lugar. Se eu quero ir a Jersey, meus pés me levam, mas não sou consciente deles. Se nos tornamos sensíveis à luz maior, ela começa a se precipitar sobre a Terra.


AAB: Acho que a integração muitas vezes significa que o corpo físico deve ser purificado, e também o corpo emocional e assim sucessivamente. Isso pode ser desastroso. O mesmo é válido para o contato com a Alma e do que o Tibetano nos diz sobre o efeito de um Mestre. Estraçalha. Falamos sobre a integração da Alma e da personalidade, e quando isso acontece, a Alma destrói a personalidade.


RK: E a personalidade absorve a Alma, e ambas se tornam nulas e vazias e o novo indivíduo emerge. Surge a palavra e a antiga forma desaparece. Creio que isto tem uma mensagem para nós que estamos aqui. Falou- se em discípulos individuais, mas tem uma aplicação grupal.


AAB: No novo livro sobre o discipulado na nova era [DINA, volume 1, que estava a ponto de ser publicado] é possível ler algumas das instruções dadas a indivíduos e que se estendem algumas vezes por um período de anos. O Tibetano disse a esta pessoa em 1931 ou 1932 que, carmicamente, ou por meio de sua aspiração, tinha o direito de se preparar para o grau de discípulo aceito, mas que também era muito possível que não pudesse fazê-lo, que não pudesse obtê-lo. O Tibetano sabia disso dez anos antes, mas lhe deu uma oportunidade. O estudante não queria fazer os sacrifícios necessários. Não se pode ser um discípulo a menos que se esteja disposto a perder tudo. Eu não sabia nada sobre estas pessoas, mas é possível rastrear os ensinamentos através delas. Esse homem continua sendo considerado parte do grupo.


JL: Não é algo normal para o aspirante sentir que tem direito a uma tarefa que está um passo além do que pode manejar?


AAB: Esse é um assunto perigoso. Não há razão para falharem. Vejo muitas pessoas que não fracassam. Creio que todos podemos fazê-lo se o desejarmos.


RK: O fracasso não consiste em não atingir o grau, mas em deixar de tentar.


JL: É o corpo físico que quebra.


AAB: Creio que nunca nos é pedido mais do que podemos fazer. Tomem essas 50 pessoas que põem sua instrução em minhas mãos. Gostaria de ver a algumas delas lutando e oportunamente se abrindo para a luz e, no entanto, outras não respondem.


G: Acham que se deram conta do que estavam enfrentando?


AAB: Quase todos fracassaram no físico: preguiça, inércia, falta de vontade para fazer sacrifícios. Nunca fracassaram nas coisas grandes, mas sim nas pequenas. O Tibetano diz que o que importa em todos os discípulos do mundo é a tendência da vida, não as pequenas falhas isoladas. O que conta é se caminharam no geral, se permaneceram firmes em sua radiação.


M: A irritação é uma das últimas coisas que um Mestre é capaz de eliminar.


AAB: Isso me aconteceu muitas vezes. A irritação é o último grilhão a se romper, porque à medida que se avança no caminho, a pessoa fica mais sensível e [a irritação] surge, a menos que se esteja tremendamente enfocado ou absorto em coisas mais importantes. A irritabilidade e a sensibilidade andam juntas.


HR: Creio que seria a última coisa que os Mestres eliminariam porque somos tão irritantes.


AAB: Não somos tão importantes assim. O que todo instrutor tem que fazer é apresentar a verdade, e aí termina a responsabilidade. Reúnem-se as pessoas em razão da questão de grupo, mas uma vez que elas estejam juntas encontrarão o jeito de atuar.


HR: Creio que houve certa nota de irritabilidade nos discípulos que adormeceram no Horto de Getsêmani.


AAB: Se é que realmente responderam dessa maneira, creio que o Novo Testamento é em grande medida a interpretação de monges complacentes.


RK: Adormecer me lembra o que disse HPB: «O homem inferior têm que estar polarizado antes que o homem superior possa atuar».


HR: Como poderíamos chegar a conhecer a verdade sobre os Evangelhos? A verdade será ensinada aos estudantes à medida que o tempo passar?


AAB: Não creio que nada seja verdade, exceto os episódios [Epístolas?]. Ali foi transmitido corretamente. HR: O Tibetano disse que algum dia nos dariam a verdadeira história.


AAB: Não tenho a menor ideia do que ele quis dizer com isso. Tomem o Novo Testamento, a versão do Rei Tiago, e busquem as frases em itálico. Tudo que está em itálico são interpolações, e toda a doutrina da igreja está erguida sobre algumas delas. Essas frases nunca foram pronunciadas pelo Cristo.


P: Falando de solidão, há vezes em que se vê que é quase insuportável este sentido de completa solidão planetária do Cristo. Ninguém, talvez um pouco João, ninguém estava a Seu lado. Nem inclusive o próprio Deus. Estava completamente só na consciência. Na vida que Ele viveu há muito mais do que a crucificação. Nos últimos três anos, na completa solidão de sua consciência, ninguém em nenhuma parte do mundo podia fazer nada a respeito.


AAB: Foi esta toda a tragédia, a noite escura da Alma.


RK: Uma vez tratamos disso em relação com o Cristo: o antagonismo, o protagonismo, a agonia. A tarefa do Cristo foi pura agonia, nem pró nem contra.


P: Sempre me pareceu que Lincoln personificava isso - sua feiura, sua perda de tudo o que lhe era querido, sua agonia de Alma.


AAB: Evidentemente foi um grande iniciado.


P: A maioria das pessoas tem algo, em algum lugar, alguma pessoa que as compreende de certo modo. Todo o Gabinete de Lincoln o crucificou.


AAB: Há um grande perigo em endeusar o homem comum e derrubar o homem superior. O que importa é o homem, só o homem.


RK: Chegamos até o Cristo; já fomos longe.


AAB: O que RK está dizendo é algo muito interessante, porque temos diferentes graus pelos quais apontamos e aspiramos, mas nenhum dos Mestres é do mesmo grau do Cristo, porque Ele é a Mônada pura. Jesus não é do mesmo grau. É por esta razão que as pessoas de Sexto Raio são tão difíceis, porque seu Mestre ainda não está completo em sua consciência. As pessoas de Sexto Raio podem ser uma força desagregadora em um grupo, isolados por sua devoção, seu senso de personalidade. Jesus era uma pessoa militante. Foi ele que tomou a espada, que tomou o açoite.


HR: Segundo Psicologia Esotérica, Vol.1, as pessoas de Sexto Raio dificilmente sobem ao trono de Deus.


AAB: Poucas pessoas de Sexto Raio alcançam o trono de Deus neste ciclo; passam para o Segundo Raio. O Sexto Raio é uma força espiritual como qualquer outra. As pessoas têm que passar por esta fase e têm que ter um Mestre que as mantenha firme e as treine, porque isso lhes dá certas qualidades; dá a elas o poder de permanecer. A pessoa de Segundo Raio vê muito e não tem o poder de permanecer.


RK: Creio que algumas vezes não lembramos disso quando falamos do espiritual. Não significa força da Alma; significa uma meta com propósito. E o que se requer é de natureza espiritual.


AAB: Algumas das maiores forças espirituais do mundo não são pessoas religiosas, mas são grandes humanitários.

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