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Alice Bailey - Diálogos com Estudantes da Escola Arcana


Sexta-feira, 22 de outubro de 1943

AAB: Creio que o que temos que ler esta noite está mais além do que podemos compreender. O Tibetano estava falando sobre as Regras em sua totalidade. Prosseguindo, utiliza a frase “em última análise”. [Lendo de Os Raios e as Iniciações, pág. 35]:

Em última análise, estas Regras ou Fórmulas de Aproximação dizem respeito principalmente ao aspecto Vida ou shambállico. São as únicas fórmulas ou técnicas objetivadas existentes que contêm a qualidade que permitirá ao aspirante compreender, e oportunamente expressar, o significado das palavras do Cristo: "Vida mais abundante". Essas palavras se referem ao contato com Shamballa, cujo resultado será a expressão do aspecto vontade. Todo o processo de invocação e evocação está ligado a essa ideia. O fator invocador é sempre o aspecto menor, o que é uma lei inalterável por trás de todo o processo evolutivo. Trata-se necessariamente de um processo recíproco, mas, em tempo e espaço, se poderia dizer, em termos gerais, que o menor sempre invoca o maior, e são os fatores maiores então evocados que respondem, de acordo com o grau de compreensão e tensão dinâmica, demonstrados pelo elemento invocador, o que a maioria não compreende. Vocês não trabalham no processo evocador. Esta palavra significa apenas a resposta daquilo que foi alcançado. A tarefa do grupo ou aspecto menor é invocadora, e o êxito do rito invocador é chamado de evocação.

Acho que esta frase é interessante: “ são os fatores maiores então evocados que respondem, de acordo com o grau de compreensão e tensão dinâmica, demonstrados pelo elemento invocador”. Atualmente, a tensão espiritual dinâmica é adequada no mundo. Mas a tensão emocional dinâmica é tão potente que a espiritual não tem chance. A causa da tensão dinâmica não é a invocação. A invocação é um efeito da tensão, e também a tensão é ela própria um efeito daquilo que produziu a tensão. Por exemplo, temos um mundo que está sofrendo pelo que ele mesmo fez, e isso produz tensão, e o estado de tensão produz invocação.


RK: Mas somente na medida em que é invocada.


AAB: Se você for para trás o suficiente, dá a volta ao círculo. Devido à nossa invocação, há a força de atração dos fatores espirituais.


FB: A tensão na família humana é causada por nossos próprios erros ou ignorância ou como queiram chamar. Temos causa e efeito. Se ocorre a invocação e a força espiritual é induzida, vocês têm uma boa causa e efeito.


AAB: Há progresso de algum tipo; de fato, se obtém vida.


C: Realmente é uma nova vinculação.


AAB: Não temos um nome para isso.


JL: O que se evoca é o Primeiro Raio?


AAB: Suponho que neste ciclo particular o que estamos invocando mais que qualquer outra coisa seja o Primeiro Raio [referindo-se à segunda parte da Grande Invocação (1940)]. O Tibetano diz que vai nos dar outra invocação quando a guerra acabar, e seguramente será uma invocação de Segundo Raio.


JL: O que é que está se precipitando?


AAB: Atualmente, o Primeiro Raio, mas não depois da guerra - depois da guerra será o Segundo Raio. Vocês deveriam invocar o tipo de energia necessário para atender a necessidade em qualquer ciclo particular. O que necessitamos agora é da vontade de vencer. Têm que lembrar que todos os raios são sub-raios do Segundo Raio e que são as massas que têm que invocá-lo. É a Hierarquia que invoca Shamballa, não nós. O que estamos invocando é o que está dentro da Hierarquia e que pode ser retransmitido, se quiserem, para Shamballa, e a linha de menor resistência para a massa da humanidade é o Segundo Raio. Portanto é o que terá que haver para reconstruir o mundo em novas linhas. Entretanto, talvez o que vamos invocar seja o Sétimo Raio, unindo espírito e matéria e construindo uma forma nova. Tenho muita certeza de que quando a guerra terminar a influência de Shamballa será retraída. Teremos tido tudo o que podíamos tomar.


P: O Primeiro Raio - Deus o Pai - contém em si todos os raios. Nenhum de nós pode registrar esse Primeiro Raio.


AAB: Ninguém tem ideia do que é a vontade até ter tomado a terceira iniciação. É tão novo que não sabemos nada disso.


[Continua lendo]:
Portanto, quando a sua vida for fundamentalmente invocadora, a evocação da vontade virá.

Só será verdadeiramente invocadora quando personalidade e a Alma estiverem fusionadas e atuarem como uma unidade conscientemente combinada e enfocada.

O ponto seguinte que procuro considerar é que estas Fórmulas de Aproximação ou Regras dizem respeito ao desenvolvimento da consciência grupal, porque somente em formação grupal é possível extrair, por ora, a força volitiva de Shamballa. Ibid., pág. 35

E somente pela Hierarquia - a Hierarquia é o único grupo coordenado que atua sem nenhuma fricção interior, sem nenhuma reação de personalidade de qualquer tipo. [Lendo] “De acordo com a nova dispensação iniciática, elas de nada servem para o indivíduo”. Vamos nos divertir quando o livro for publicado, porque todas as ideias antigas relacionadas com a iniciação vão explodir. [Continua lendo]:

Somente o grupo, no novo sistema de atuação e de iniciação grupais propostos, é capaz de invocar Shamballa. Por esta razão, Hitler, expoente da reação contrária a Shamballa (e, em consequência, a reação maligna), teve que reunir em torno de si um grupo de pessoas ou personalidades de ideias afins. No arco superior do ciclo evocativo (Hitler é a expressão do arco invocativo da força de Shamballa) é preciso um grupo para viabilizar a evocação. Ibid., pág. 35-36

“Permanecer com intenção massiva”, nos foi dito. Tenho uma sensação de fracasso em relação à [segunda parte da] Grande Invocação. Sinto que se a Escola como um todo tivesse permanecido com intenção massiva poderíamos ter feito mais. O uso que fizemos dessa invocação foi muito mecânico. Nós o fizemos porque queríamos ser obedientes, e não é essa a maneira de obter resultados. [Continua lendo]:

Chegamos agora ao terceiro ponto relacionado com as Regras ou Fórmulas, e respectivos objetivos. Dizem respeito - acima de todo - à iniciação grupal. Têm outras aplicações, mas no momento é essa a utilidade. Talvez se perguntem: o que é iniciação grupal? Significa que cada membro do grupo toma a iniciação? Pode uma pessoa exercer uma influência tão ampla capaz de deter, retardar e até evitar (em tempo e espaço) a iniciação grupal? Não é necessário que todos os membros do grupo tenham tomado a mesma iniciação. Com isto quero dizer que não é necessário um mesmo desenvolvimento grupal para a iniciação simultânea de todos os membros. Basicamente, o que estou procurando dizer sobre estas Regras tem relação com a terceira iniciação - a iniciação da personalidade integrada. Não obstante, estão necessariamente vinculadas à segunda iniciação e, em consequência, são de maior interesse geral, pois é esta a iniciação que está hoje diante de inúmeros aspirantes - a demonstração do controle da formidável natureza emocional. Ibid., pág. 36

A maioria dos aspirantes seniores (discípulos aceitos e os que estão em preparação) tomou a primeira iniciação. A primeira iniciação real do ponto de vista da Hierarquia é a terceira. As duas primeiras iniciações são as do umbral. A Hierarquia preparou o mundo para essa declaração, enfatizando as duas primeiras. O verdadeiro trabalho do Cristo só começou depois da Transfiguração e vejam que foram duas antes dessa. À medida que estudamos estas regras poderíamos adotar a posição de que somos aspirantes que deixamos a primeira iniciação para trás, devido ao nosso intenso interesse, à nossa tendência de vida; à nossa absorção na vida do espírito que é tal que temos a garantia de uma experiência passada, embora não a recordemos. Portanto, estas fórmulas, mesmo se aplicadas à terceira iniciação para a qual apenas uns poucos estão preparados, têm relação com a iniciação que todos vocês têm pela frente. Lembraria a vocês que é possível haver várias vidas entre a primeira e a segunda iniciação. Passaram-se trinta anos entre o Nascimento e o Batismo. Fiz uma declaração muito importante que, sendo verdade, implica cada um de nós aqui. Creio que se não tivéssemos tido um ensinamento, se não tivéssemos estado tão absortos, uma declaração como essa teria caído como uma paulada em nossa consciência. Mas é parte de um ritmo de ensinamento, e não significa tanto assim. A primeira iniciação já está atrás de vocês e estão sendo preparados para a segunda iniciação. Milhares de pessoas no mundo passaram o Nascimento em Belém, e a vida do Cristo está tomando forma em suas vidas. Outra garantia desses fatos é que o ensinamento pode ser apresentado porque há pessoas preparadas em número suficiente para compreender estas ideias avançadas.


RK: Você fala de Cristo e que Seu trabalho começou depois da Transfiguração. Eu estava lendo as Bem-aventuranças. Só podem ser entendidas como uma declaração científica feita para aqueles que têm o instrumental mental - em outras palavras, iniciados.


AAB: Para pessoas que tomaram a segunda iniciação, porque foram pronunciadas depois do Batismo no Jordão. Portanto, tratam da “demonstração do controle da formidável natureza emocional”. [Continua lendo]:

Iniciação grupal significa que a maior parte dos membros do grupo está corretamente orientada; que eles estão dispostos a aceitar a disciplina que os preparará para a grande expansão de consciência seguinte e que nenhum deles se desviará do seu propósito (observem essa palavra em suas implicações shambállicas ou de Primeiro Raio), não importa o que estiver acontecendo em seu ambiente ou vida pessoal. Ibid., pág. 36

Ao olharmos para trás, na história da Escola houve ciclos de depuração. E também, um bom número de estudantes deixou a Escola, alguns deles secretários da Escola e estudantes avançados. Desde Pearl Harbor, perdemos muitos estudantes seniores. Foram desviados de seu propósito pelas circunstâncias. É certo que talvez não pudessem fazer todos os trabalhos, mas podiam ter mantido sua orientação espiritual e o trabalho de meditação. Mas imagino que seja algo bom para a Escola. Eram pessoas cujo propósito não estava firme.


P: O Tibetano se dá ao trabalho de se ocupar de nós, então ele deve ter alguma esperança por nós.


AAB: Voltando ao nosso texto, quero dizer três coisas sobre as Regras:

1. São grandes fórmulas de aproximação em relação a uma seção especial do Caminho e não uma aproximação a um iniciador.
2. Estas regras ou fórmulas de aproximação têm a ver com o aspecto Vida. São as únicas fórmulas que capacitarão o estudante a compreender e expressar a vida abundante.
3. Estas fórmulas tratam da iniciação grupal. [Continua lendo]:

Finalmente, estas Fórmulas ou Regras são susceptíveis de tríplice aplicação ou interpretação e gostaria que se lembrassem disso, porque assim descobrirão onde está o foco de sua atenção individual e, em consequência, se estão atuando como personalidade integrada. Lembrem-se sempre de que só uma personalidade integrada pode conquistar o necessário enfoque egoico.

Este requisito é fundamental. Ibid, pág. 36-37

É isso que temos que fazer com os estudantes da Escola; fazer deles personalidades integradas. [Continua lendo]:

As três maneiras de aplicar estas regras são de natureza física, emocional e mentalmente. Estas palavras, na acepção mais simples, se referem realmente à tarefa de tomar qualquer das iniciações superiores. A única maneira de perceber verdadeiramente o seu significado será pela captação dos seguintes sentidos:

1 . A aplicação física se refere à forma como o grupo emprega o conhecimento transmitido e as informações intuitivamente percebidas, a fim de atender construtivamente as necessidades do grupo maior, do qual o próprio grupo é parte. Ibid., pág. 37

Somos um grupo que demonstrou um firme propósito, e temos que estar em formação grupal. Para quê? “Para atender construtivamente as necessidades do grupo maior”. É esse todo o tema a considerar. Este grupo tem apenas um propósito - atender as necessidades do grupo maior. Aquilo a que servimos pode ser várias coisas - o Ashram interno, a Hierarquia, a periferia do grupo do Mestre, mas sempre o grupo maior, e nosso propósito, nosso serviço, é determinado pelo somatório da orientação da maioria das pessoas do grupo, o enfoque espiritual unido de todos nós que estamos neste grupo.


RK: Com certeza escolhemos servir à Hierarquia.


AAB: Não segundo estas instruções. Nossa orientação é para a Hierarquia, mas ela atua em outra parte. Se este grupo estiver à altura das intenções do Tibetano e atuar como um agente exteriorizador e servidor do grupo interno ou de um Ashram particular - do Mestre M., KH, Tibetano, ou qualquer que seja - se o grupo estiver orientado impessoalmente, este grupo será uma potente força através da Escola Arcana e para o mundo. [Continua lendo]:

A consumação deste ideal na própria atividade da Hierarquia que, de um ponto gradual a outro, se encontra na posição de intérprete intuitiva e de transmissora de força entre os centros Shamballa e Humanidade. Ibid., pág. 37

O iniciado individual, em caminho para uma ou outra das iniciações superiores, tem que desempenhar em menor grau a mesma função dual e com isso se capacitar para uma cooperação mais ampla.

2. A aplicação emocional diz respeito decisivamente ao mundo de significados, interpretado em sentido grupal. Atualmente os aspirantes bem-intencionados ficam satisfeitos quando são capazes de interpretar os acontecimentos, as condições e as eventualidades da sua personalidade em seu verdadeiro significado. Mas isto ainda é uma reação individual. O aspirante que está procurando compreender estas Regras se interessa mais por ver as situações com que faz contato em termos do mundo, e em buscar significado em termos de implicação grupal. Isso serve para descentralizá-lo e para transmitir à sua consciência algum aspecto desse todo maior, o qual, por sua vez, contribui para a expansão da consciência da humanidade como um todo.

3. A aplicação mental deve ser entendida e considerada em termos da “grande luz”. É preciso lembrar que a mente é o órgão de iluminação. Portanto, perguntem-se: Os processos mentais unidos do grupo como um todo tendem a verter luz sobre os problemas e situações humanas?

Até que ponto a luz de um membro do grupo pode ajudar neste processo? Quanta luz podem vocês, individualmente, registrar e, portanto, contribuir para a luz maior? A luz grupal é uma chama vacilante ou um sol ardente?

São estas algumas das implicações por trás do uso dessas palavras bem conhecidas, e a cuidadosa consideração do significado delas poderia trazer uma definida expansão de consciência. Dita expansão se segue, normalmente, a determinadas etapas claras e definidas:

1. O reconhecimento da meta, muitas vezes denominada "o portal”. Um possibilita a entrada em um lugar que não é maior do que a área que o postulante a iniciado ocupa de pé. Esta afirmação se refere ao "portal da encarnação", através do qual as Almas encarnantes entram na vida (limitada e restrita do ângulo da Alma). O portal da iniciação permite passar para "um cômodo maior" ou esfera de expressão mais ampla.

2. A aproximação, regida, regulada e imposta por regras bem comprovadas, de quem passa para uma meta visionada. Envolve conformidade com o que foi experimentado, conhecido e demonstrado por todos os iniciados anteriores.

3. A parada dos passos do iniciado ante o portal, para que ele possa “provar a si mesmo que é u iniciado” antes de entrar.

4. A experiência de certas provas para demonstrar capacidade.

5. Vem em seguida a etapa de entrada - de acordo com regras estabelecidas, mas com plena liberdade de ação. Observarão, pois, porque se enfatiza tanto a necessidade de compreensão. Ibid., pág. 37-38


AAB: Estivemos tratando do tema geral das fórmulas de aproximação. Não posso lhes dizer mais sobre isto ou eu frustraria meu próprio propósito. Acho que isso é uma afirmação científica. Se a nossa intuição não basta, se ele nos dá informações, ele está colocando material na mente concreta em vez de atirar lastro pela linha de transbordo para que vocês possam conseguir por vocês mesmos. É por isso que a fórmula é “dar, pedir e depois tomar”, porque estamos muito carregados de conhecimento. Primeiro temos que dar. Não sabemos o quanto somos ricos.


P: Dizer tudo é colocar correntes.


BM: Havia um homem que chegou ao Grau de Discípulos da Escola e então pensou que deixaria de estudar. Ele não entendeu o ponto do que é a própria vida. Não vejo como os estudantes podem deixar de estudar; torna-se uma segunda natureza.


AAB: É difícil lembrar que as pessoas se enquadram em diferentes grupos. Pessoas como nós não podem ser desanimadas. Podemos hesitar, mas seguimos. Há outras que estão fazendo seu primeiro contato com esta linha de pensamento. Outro grupo absorveu tudo que pode absorver nesta vida e não pode pegar mais nada.


P: Por que não podem simplesmente permanecer?


AAB: Estão cansados; têm que esperar um pouco.


P: Conheci pessoas que se detiveram porque não podiam conciliar isso com seu catolicismo ou suas antigas e dogmáticas crenças. É interessante observar essas pessoas que uma vez tiveram essas ideias em suas consciências. É como se tivessem posto algo em sua corrente sanguínea; não conseguem tirá-lo de suas consciências. Conheço algumas que chegaram a se sentir desconfortáveis sempre que pensavam na Escola. Têm o tipo de mente que tem que escolher entre isto e aquilo.


AAB: Para elas está bem assim nesta vida. Nós damos muita importância a uma simples encarnação.


RK: Há outro tipo que é interessante, e esse tipo somos nós. Recebemos uma tremenda quantidade de ensinamento, mais do que podemos utilizar, portanto temos que ir mais devagar. Estou em uma posição em que posso transmiti-lo. Esta grande quantidade de ensinamento nos foi dada para ser transmitida e não para acumular.


FG: Esquecemos que muitos dos nossos estudantes têm que torná-la objetiva.


AAB: Muitas vezes não é possível torná-la objetiva senão depois de meses de esforço. Ao longo do caminho ocorre de tropeçarmos em dificuldades mentais com as quais se há de tratar, com situações emocionais com as quais lidar, e outras vezes com deficiências físicas.


BM: Você disse em uma palestra anterior que deveríamos governar a nós mesmos. Em alguma parte o Tibetano disse, falando de doença, “Vocês podem superá-la, e não me refiro à mente sobre a matéria; me refiro ao manejo da energia para que a doença não importe”. Uma pessoa com deficiência pode seguir adiante.


P: Tomem as pessoas que têm dificuldade para renunciar às velhas ideias. Eu era um austero episcopaliano e não renunciei a uma só ideia.


AAB: Você tinha suas próprias ideias; elas não o governavam. Algumas pessoas são governadas por suas próprias ideias.


P: Não lhes é pedido para renunciar às velhas ideias, mas sim para chegar a um novo entendimento sobre elas.


BM: Você consideraria uma personalidade integrada como uma personalidade em tensão?


AAB: Não necessariamente. Uma personalidade integrada não necessita ser uma boa personalidade. Pode ser muito má.


P: Integração significa que não há uma parte de si que esteja atuando contra qualquer outra parte. Que seja uma boa personalidade depende da motivação. Integração significa que você está inteiro e que a mente, as emoções e o corpo não estão lutando uns com os outros; atuam como um só; não há tensão. A tensão não é a questão; a unicidade é a questão.


AAB: Onde colocaria seu ponto de tensão, se isso é parte de uma personalidade integrada?


BM: No plano da Alma.


AAB: Uma personalidade integrada, a meu ver, tem seu ponto de tensão no plano físico no cérebro e na cabeça, porque, estando integrada, o conhecimento mental e a poderosa energia emocional descem para o plano físico, de modo que seu ponto de tensão se manifesta ali. Muito se falou de “lá em cima”. Quando se começa a trabalhar na construção do Antahkarana, esse é outro ponto de tensão. A pessoa opta por não trabalhar tanto como personalidade, mas como discípulo no plano mental. Em uma personalidade integrada, a mente, a natureza emocional e o cérebro físico estão completamente unificados, todos enfocados aqui embaixo no plano físico para realizar algo.


P: Alcançar um ponto de tensão é apenas algo temporário.


AAB: Mas se torna um hábito - em especial no trabalho do Antahkarana.


BM: Há certos momentos em que alcanço esse ponto de tensão e algo aflui. Tenho que ser uma personalidade integrada para que isso aconteça.


AAB: Não tenho certeza nessas instruções se somos capazes de convertê-las em fatos. Estamos tratando de uma possibilidade futura, que exerce um efeito ampliador em nossas mentes. Há um grande perigo de que uma captação teórica seja confundida com um fato. Pode levar várias vidas para que estas coisas se tornem factuais. Podem chegar a ser factuais se estivermos dispostos a empreender a disciplina. Lembrem-se de que há a aplicação física, a aplicação emocional e a aplicação mental. Como diz DK, uma cuidadosa consideração do significado de cada uma delas pode promover uma definida expansão de consciência grupal.


RK: Físico, neste caso, não significa o que normalmente queremos dizer por físico.


AAB: Como se pode ver pela definição:

A aplicação física se refere à forma como o grupo emprega o conhecimento transmitido e as informações intuitivamente percebidas, a fim de atender construtivamente as necessidades do grupo maior, do qual o próprio grupo é parte.


RK: O físico e o uso que fazemos dele - é sempre uma questão de re-identificação. Eu me torno aquele servidor, aquela Hierarquia, aquela vontade espiritual, e essa é a maneira como o utilizo, e seu efeito, então, é inevitável. O fim se torna identificado com minha intenção e nos tornamos identificados com o grupo maior. O que começo a vislumbrar é que isto sempre significa uma realização maior do que o que somos.


FB: Tive uma conversa com um homem sobre o trabalho de triângulos, e de que algumas pessoas eram ativas e outras não. Ele disse que a maioria das pessoas que estão em uma rede de luz são ativas.


AAB: Realmente funciona dessa maneira. Diria que há cerca de 800 triângulos trabalhando com energias subjetivas e apenas seis ou sete com energias objetivas. Todos os grupos subjetivos estão adotando a posição de que, sendo subjetivo, se expressará objetivamente. Creio que os que estão trabalhando objetivamente são pessoas do tipo que creem na boa vontade, mas nunca serão subjetivas.


FB: Se um grupo se reúne e ora pela paz isso não seria uma ação grupal, mas se ele se reúne e constrói uma rede de luz seria um grupo de ação. Estaria fazendo alguma coisa, e poderia ser tão real e tão definido como se eles saíssem e falassem sobre a Grande Invocação a vinte pessoas. É ação subjetiva, mas é ação, usando o conhecimento para o bem do todo.


AAB: Uma rede de luz tem que dar como resultado alguma forma de iluminação.


FB: Creio que a construção da rede de luz chegaria a ser muito real para um grande número de pessoas se elas se afastassem da ideia de que é subjetiva.


P: Sugere-se que se pode ser ativo em qualquer plano. Ao fazer, se produz um efeito. Ou se pode ser um zangão em qualquer plano.


B: Por que o Tibetano fala sobre os pontos de tensão quando sofremos a tensão em nossas vidas diárias?


AAB: Uma tensão subjaz nas circunstâncias, e outra é a tensão na consciência. A tensão pode acontecer em muitos aspectos do nosso ser.


P: Acho que há algo que não seja tensão, mas sim uma tremenda concentração que anula todo o resto. Dizem que Pascal podia anular um terrível ataque de nevralgia trabalhando em um problema matemático. Ele perdia a noção de tudo, menos daquilo em que estava concentrado.


BM: E quanto à tensão nervosa?


AAB: Vocês estão falando em termos de corpo físico. Há tensão na consciência e a tensão do atleta quando vai dar um grande salto. A tensão pode estar em qualquer nível, e ali onde esteja o enfoque de vocês, a tensão pode ser elevada ou abaixada do ângulo espiritual.


FB: Em meditação se aprende a se alinhar e a procurar manter a mente firme na luz. Isto é um ponto de tensão.


AAB: Acho que você tem razão.


FB: Esse é o esforço da personalidade para obter uma resposta da Alma.


AAB: O Tibetano, na realidade, está falando sobre o próximo passo.


C: Isso é tensão?


AAB: Sim.


FB: Você pode produzir tensão alcançando uma atenção concentrada.

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