Navegação

Alice Bailey - Diálogos com Estudantes da Escola Arcana


Sexta-feira, 5 de novembro de 1943

AAB: Ao pensar sobre o que estivemos falando na semana passada, tive uma insuficiência cardíaca porque fomos às alturas, alcançamos o reino do abstrato, e debatemos em formação grupal coisas que não teríamos podido debater de indivíduo a indivíduo. Estivemos falando sobre a Vontade Monádica, e me perguntei se chegamos a algum lugar. Qual será o resultado prático do que fazemos nestes encontros? Deve haver algum resultado prático, e o primeiro resultado prático da habilidade de tocar as alturas (é o que fazem todos os que se treinam para o discipulado) é que acontece uma desorganização interna. Ninguém pode se aproximar do centro, seja para nós o centro Alma ou a Tríade Espiritual, e absorver forças que não estamos acostumados a manejar sem que haja um efeito em um ou outro dos veículos, ou em toda a personalidade. E quanto mais avançado se esteja no caminho de evolução, quanto mais perto se esteja do centro, mais haverá essa desorganização em todos os veículos. O problema do discípulo é que reage mental, emocional e fisicamente ao mesmo tempo. Temos que observar os efeitos em nossa vida diária do que fazemos aqui nas sextas-feiras, e se não acontece nada em resultado do que fazemos aqui, isso indica que estamos fora da periferia da consciência do grupo. Não quero dizer que isso tenha que acontecer na mesma semana ou no mesmo mês, mas tem que haver algum efeito definido em sua vida ou no grupo ou na vida da Escola por meio do grupo.


M: Quais seriam esses efeitos?


AAB: Isso dependeria de onde se encontram no Caminho e em que veículo de consciência estão enfocados. Todos somos diferentes, e é na soma das reações que se obtém a reação grupal e o efeito grupal no mundo externo. Não é bom ter estes encontros, a menos que estejam sendo feitos corretamente e produzindo aqui no plano físico algum efeito na vida individual, ou na vida do grupo ou no mundo.


FB: Poderia dar como resultado (1) a aceleração do que poderia ser uma crise da nossa própria personalidade individual; (2) algum efeito que de outra maneira não teria acontecido e que seria a próxima crise do grupo. Poderia ser um fator novo que envolvesse um tipo de prova ou esforço e, portanto, talvez trazer à luz em nós coisas que de outra maneira estariam completamente ocultas por muito tempo ainda; (3) a precipitação na Escola em sua próxima crise, o resultado de sua próxima expansão; (4) o fato de que este grupo está muito estreitamente relacionado com o Novo Grupo de Servidores do Mundo, de maneira que cada grão de estímulo, força e iluminação que nos chegue exerceria um efeito estimulante nele.


AAB: Nós praticamente terminamos a Regra I, portanto estamos preparados para a Regra II. [lê de Os Raios e as Iniciações, pág. 47-48]:

No estudo da Primeira Regra sobre a Iniciação obtivemos (ou talvez tenhamos fixado com maior clareza em nossas mentes) três grandes conceitos:

1. No Caminho da Iniciação desenvolvemos o aspecto Vontade da divindade.

2. Aprendemos também a usar a consciência como ponto de partida para o reconhecimento de um novo estado de compreensão, que de nenhuma maneira é consciência, tal como entendemos este termo.

3. Somos submetidos, antes de cada iniciação, a duas provas principais - a do solo ardente e a da luz clara e fria.

Terminamos o estudo com o conceito de Tensão, e o defini como a identificação do cérebro e da Alma com o aspecto Vontade, e a preservação dessa identificação - imutável e inamovível - em todas as circunstâncias e dificuldades. Menciono este ponto porque o conceito de “tensão” ou ponto de realização subjaz no ensinamento da regra que vamos considerar agora.


AAB: Em algum lugar O Tibetano diz que há um grande mal-entendido com relação ao significado da vontade. A tensão neste contexto não é tensão nervosa. A tensão, deduzo, é a medida da reação enfocada na Vontade de Deus que o indivíduo, como Alma, é capaz de expressar, demonstrar e sustentar. Creio que seria muito interessante se na próxima semana cada um de nós desse a própria definição de tensão, porque o mundo hoje está em seu ponto extremo de tensão, e é uma tensão que envolve o corpo físico. Há toda uma camada da humanidade que está experimentando tensão como puramente física. Há também uma tensão emocional que está circulando em todo o mundo esses dias. Há alguns dias me reuni aqui com duas mulheres que trouxeram com ela um livreto no qual só havia fotografias de crianças da Europa atual. Nenhum editor nem nenhum jornal publicaria aquelas imagens. Havia dois ou três estudantes da Escola na sala. Olharam uma fotografia e depois se viraram. Ficaram perturbados. A reação não foi tensão. Mas essas duas mulheres trabalham em um ponto de tensão, e desse ponto saltaram para o âmbito de fazer alguma coisa. Aí está a diferença.

Vamos começar a fazer alguma coisa que dependa da nossa capacidade, trabalhando aqui na Sede, a partir desse ponto de tensão que o Tibetano está constantemente enfatizando. Tenho muita certeza de que esta tensão a que se refere é a tensão da personalidade corretamente orientada quando enfrenta a vida. Não me refiro à vida do plano físico, mas à vida como um todo, quando se expressa a si mesma através do desastre mundial. Eu me pergunto quantos de nós formulamos para nós mesmos qual é a nossa tensão individual ou atitude correta para a vida dos dias de hoje. A vida está fluindo no mundo; não só a morte. É a nova vida que está produzindo este holocausto, que está evocando todo o bem e todo o mal. Estou muito interessada no tema da tensão.

[continua lendo na pág. 48]:

Regra II

A PALAVRA foi emitida do grande ponto de tensão: Aceito como grupo. Que não retire a solicitação. Não poderia, se quisesse, mas sim, acrescente a ela três grandes demandas e siga adiante. Que não guarde recordações, mas que reja a memória. Que atue do ponto de tudo o que está no âmbito da vida unida do grupo.

Uma análise cuidadosa desta regra transmitirá à intuição muito mais do que aparece superficialmente, o que já tem valor suficiente. Cada uma das regras contém a semente da compreensão que deve ser evocada antes de dominar a regra seguinte. Tudo o que é transmitido se baseia sempre no que transcorreu antes. As “três grandes demandas” do iniciado se fundamentam no “tríplice chamado”, exposto na Regra Dois para postulantes e discípulos e emitido previamente. Agora os seus significados superiores devem ser compreendidos.


AAB: Eu resumiria isto para a Hierarquia e, portanto, o que estamos procurando fazer como grupo é reagir e expressar a tensão da Hierarquia. O Tibetano se refere às 14 regras dadas no livro Iniciação Humana e Solar como regras para postulantes. Aqui temos as 14 regras correspondentes para discípulos e iniciados.

Regra II para Postulantes:

Quando a solicitação for apresentada de forma tríplice, que o discípulo a retire e esqueça que a apresentou.

Para Discípulos e Iniciados:

Que não retire a solicitação. Não poderia, se quisesse.


AAB: No livro Iniciação Humana e Solar Ele assinala que a grande dificuldade de tantos aspirantes e discípulos é o eu ou a personalidade. Discipulado e iniciação não significam seguir um Mestre, mas sim um treinamento auto iniciado para a iniciação. O grande problema da maioria das pessoas é que estão conscientes de que são aspirantes, ou que são discípulos. Por isso Ele diz, “que retire a solicitação”, porque todo o tempo em que se é consciente de ser um postulante, se está consciente do pequeno eu.

“Em tríplice forma”. Aqui têm outra vez algo de grande valor. É possível fazer a solicitação emocionalmente, no plano emocional ou devocional. Ou podem apresentá-la como mente - a expansão da consciência é uma meta lógica, acessível e prática. Também é possível fazer a aproximação pelo treinamento do corpo físico.

Temos que fazê-lo de tríplice forma com estado de alerta no plano físico, com uma profunda consagração ao ideal, e com uma clara compreensão mental do que acarreta. Quando vocês fazem a solicitação com uma clara visão do plano, com plena consciência emocional e com correta atitude mental, então serão claramente ouvidos e não necessitarão se preocupar com isso. [continua lendo nas págs. 48-49]:

Esta regra, de suma importância, contém apenas quatro partes, porque encerra a força motivadora, os fatores condicionantes e o lugar do triunfo - estão todos indicados. Como já é nosso costume, estudaremos cada parte sequencialmente e de maneira tão detalhada quanto possível, tendo presente que a iniciação concerne a fatores latentes na manifestação, para os quais nenhum idioma possui palavras, e a ideias ainda não descobertas na “nuvem de coisas conhecíveis” (como Pantanjali a denomina) - isto é, passíveis de serem conhecidas pela massa da humanidade. O iniciado, porém, está tratando com um mundo de significados e assuntos que ainda não se manifestaram. A tarefa do Mestre (e dos que são superiores a Ele) é tomar medidas e precipitar os “eventos esperados” que, oportunamente, os levará à manifestação, o que é sempre feito, como eu lembraria a vocês, com o uso da vontade e a partir de um ponto de tensão.


AAB: Creio que isto é surpreendente, e a única maneira de que possamos chegar a uma compreensão disso é começando com “a nuvem de coisas conhecíveis” que paira sobre nós. Todos nós temos um vasto campo de conhecimento acumulado. Some-se a isso o conhecimento da Alma, que está disponível se dermos os passos corretos. Essa “nuvem de coisas conhecíveis” está pairando sobre nós, e inclusive há ideias e conceitos que são ideias e conceitos grupais; são maiores que a nossa nuvem individual. O segredo da vida espiritual é simplesmente o segredo da manifestação, trazer aqui para o plano físico o que sabemos e o que somos e o que podemos ser. Quando estudo a mim mesma, me parece que há duas coisas que me impedem de fazer isso: pura preguiça, muito esforço, muito estresse, demasiada tensão, insuficiente continuidade de persistência. Segundo, meus veículos - mente, emoções, corpo físico - apresentam impedimentos e barreiras o tempo todo. Não vejo outra coisa que impeça, e quando ponho em mim mesma as palavras da Regra I, na clara e fria luz da razão, não tenho nada em que me sustentar, porque não há razão para ser preguiçosa e não há razão para que não possamos refinar nossos veículos e torná-los o que queremos que sejam, dominá-los.


M: Você está se referindo à falta de persistência, por não tentar?


AAB: Estou me referindo a trazer à manifestação algo que nunca apareceu antes, e o que nos falta é aquela atitude determinada que fará acontecer. Somos espasmódicos em nossos esforços; não existe o poder de permanência; estamos cansados; ficamos enfadados. É um árduo trabalho que devemos fazer semana após semana e mês após mês. Posso dar uma grande demonstração por algum tempo, mas o difícil é mantê-lo ativo a vida toda. Quando olho para trás, nos anos de ensino, tanto de mim como outras pessoas, não fico desanimada pela falta de amor. As pessoas tiveram línguas críticas, mas demonstraram muito amor. O que me desanima ao ter observado a Escola por vinte anos é a falta de vontade. Os estudantes vêm e vão; não têm o poder de permanecer, não conseguem fazer a meditação regularmente, não conseguem fazer o trabalho de estudo, todo tipo de desculpas aparece. Mas é basicamente falta de vontade.


M: Tenho uma estudante promissora, e gosto de observar seu desenvolvimento. Ela disse em seu relatório de meditação deste mês, “Mata o desejo”. Isto é algo que não posso aceitar. Quando se tem fome e sede de justiça, é algo bom. Como posso manter uma mente aberta?


AAB: Tomem a questão do conflito entre a consciência crística e a consciência da personalidade. Aqui temos o eu pessoal, ali o eu crístico; aqui está a vontade da personalidade, e ali está a vontade da Alma, a consciência crística se preferirem. Quando as duas se unem no ponto mais elevado - e o discípulo está consciente de ambas, vocês têm aí seu ponto de tensão - é a partir daí que vocês continuam, e é a partir daí que o aspirante comum retrocede. Ele acha que chegou a algo quando alcança seu ponto de tensão e tem a visão, e não vai mais além disso. Em seguida, chega a uma volta mais elevada da espiral, da qual o Tibetano está falando aqui, e vocês têm o resultado daquele ponto de tensão entre a Alma e a personalidade, que foi utilizado com tanto êxito que a tensão muda do que era para a fusão da personalidade misturada com a Tríade espiritual.


B: Não acha que é um problema comum que a Escola tem, o grande número de estudantes que está lutando com sua própria vontade pessoal contra a vontade da Alma?


AAB: Acho que sim. Creio que é a batalha de todos nós. Quando a batalha for ganha, e a vontade da Alma estiver dominando a vontade da personalidade, virá então o conflito de que fala o Tibetano, e muito poucos de nós, se é que acontece com alguém, sabe alguma coisa sobre isso. É a batalha entre a Vontade da Tríade Espiritual e a vontade da Alma. Em todo o caminho para cima há conflitos, depois há fusões e depois novos conflitos.


P: Você não acha que esses pontos são alcançados no trabalho da Escola quando se fez o trabalho e se chegou a um ponto de impasse e é então que a pessoa continua persistentemente?


AAB: A pessoa então continua persistentemente e alguma coisa acontece.


P: É como se tivéssemos que ser capazes de fazer algo pelas pessoas quando elas alcançam esse ponto. Se eu tivesse vivido distante da Escola, não sei se teria continuado persistentemente.


AAB: E, no entanto, se elas recebem muita ajuda, não alcançam seu próprio ponto de tensão.


P: Às vezes é possível lançar ideias que talvez lhes mostrem um novo ângulo. Creio mesmo que algumas vezes é possível redirecionar seus pensamentos para que se tornem mais vivos e mais imaginativos. Esses interlúdios ocorrem de vez em quando. Nem tudo é letargia.


FG: A água se junta em um remanso antes de se lançar pela barragem.


AAB: No entanto, fico muito afetada com a incapacidade de tantos para seguir adiante.


N: Em 1938 vivi um ano bastante negativo. Apesar de toda minha determinação não fui capaz de fazer algo que valesse a pena. Estava começando a entrar em um estado de melancolia, mas ninguém sabia, só eu mesma. Isso se tornou tão alarmante, um ponto de crise, e eu disse “eis todo o meu empenho no esforço espiritual”. Um dia de manhã eu estava sozinha e, de repente, me senti relaxada e apareceu um símbolo virtualmente ardente - algo como pontos de uma trindade - minha Alma, a vida crística e a Divina Providência, ou Vontade. Eu estava no meio do triângulo ardente e me transformei em uma expressão ígnea, e fiquei mais viva mental, emocional e espiritualmente - inclusive fisicamente. A partir de então minha vida ficou mais positiva.


AAB: Você caiu pela barragem, não foi? Acho que com muita frequência essas coisas têm um fator tempo. Persistimos, desesperamos, nossa tensão aumenta e ficamos cada vez mais perturbados. Então algo se rompe e caímos pela barragem e imediatamente há uma precipitação de luz, vida e água. Não apenas fazem funcionar as nossas rodas, como também as dos demais.

Esta semana recebi uma carta de alguém que havia estado em uma total escuridão durante um longo tempo. Finalmente decidiu-se por permanecer firme, sem se importar com o que pudesse acontecer. Ao término de uma semana, tudo se harmonizou. Temos que ser pacientes e, no momento, temos que observar. Leva tempo para que a tensão suba até o ponto em que realmente seja uma tensão reconhecível em sua vida.


FB: Se vamos procurar compreender adequadamente este tema do tempo, acho que é necessário colocá-lo em prática com algum objetivo específico. Como diz o Tibetano, a introdução deste algo novo só pode ser feita no ponto de tensão e com o uso da vontade. O trabalho espiritual que tem que ser feito nos próximos dez anos tem que ter ajuda financeira em uma medida mais além do que aparentemente está à vista e do excesso dos gastos do passado. No novo ciclo deveria haver uma nova maneira de obter dinheiro disponível para o trabalho espiritual, e isso pode ser feito em formação grupal no ponto de tensão grupal mediante o uso da vontade. Isso disponibilizaria aquela particular e peculiar forma de energia concretizada que chamamos de dinheiro para o trabalho do Novo Grupo de Servidores do Mundo e o trabalho da Hierarquia Espiritual na Nova Era. Até agora adquirimos dinheiro pela manipulação das coisas, pelo poder do desejo, pela oração, pelo uso da mente, da personalidade. Se algum grupo pudesse adotar esse novo método e expressar sua tensão grupal como você sugeriu, sem nenhum pensamento sobre o fruto da ação, seria possível, para um grupo de pessoas relativamente pequeno, criar uma tensão grupal e usar o poder da vontade para criar um fundo para o trabalho que a Hierarquia Espiritual quer que se faça.


AAB: É isso que me parece tão difícil. Eu posso alcançar um ponto de tensão; posso trabalhar com o grupo e levar o grupo a um ponto de tensão. Mas o uso da vontade - como fazer isso? Não sei como usar a vontade quando alcanço um ponto de tensão.


FB: Temos que fazer a mesma coisa que fiz há anos quando aprendi a pilotar um avião. Ninguém sabia muito sobre isso. Eu costumava me recostar na cabine e imaginava como se fazia; então, quando finalmente estive no ar e tive que fazer meu primeiro parafuso, fiz. Temos que pensar e nos imaginar fazendo.


AAB: Isso é imaginação, não é vontade.


FB: Primeiro é preciso imaginar. Chegamos lá, sabemos e podemos ter a certeza de que assim será, mas até nos aproximarmos do ponto de tensão e a vontade atuar, não se manifestará.


AD: Creio que temos a ideia equivocada do significado da vontade. Dizemos, “vou fazer isto”, e usamos um tipo de força. Mas a vontade é o primeiro aspecto. É ser. Para produzir qualquer coisa no caminho de cura ou em qualquer outro, parece que há que se colocar em um estado em que a personalidade adormeça e a pessoa visualize a coisa e a mantenha até algo acontecer, e alcançar um ponto de consciência em que saiba que a coisa acontecerá. Em sua consciência, a pessoa se torna identificada com a coisa, você já a vê acontecendo, acredita nela. É uma quietude intensa. Você terá pensado naquele elevado lugar em que o ser é, e não tem nenhuma dúvida de que aquilo vai acontecer.


S: Creio que vários de nós estamos impressionados com o fato de que Foster Bailey tenha feito uma declaração e também um apelo de profundo significado para nós como grupo, na medida em que nos sentimos impelidos a refletir sobre isso e a responder. Alguma coisa vai acontecer.


AAB: Com relação à vontade, lembro de algumas palavras do conto para crianças de Frances Hodgson Burnett. Ela conta a história de como o pai de um menino sobe no topo de uma montanha para consultar um Índio sábio. Uma coisa que este sábio diz ao homem é: «Deixe passar por sua mente, meu filho, somente aquilo que deseja que se torne uma realidade, primeiro se assegurando de que não seja indigno nem nocivo para ninguém. Então aquilo se aproximará de você». Ao dizer, «eu vejo isso; pensarei sobre isso», apenas voltando as nossas mentes para aquilo com frequência a estaremos gestando. [continua lendo na pág. 49-51]:

A Palavra foi emitida do grande ponto de tensão: Aceito como grupo.

Passamos agora, porém, para outra expressão e para o novo desenvolvimento na vida do iniciado que está aprendendo a atuar de um “ponto de tensão”. Neste ponto está a nova ênfase, que levo à atenção da humanidade, agora que o gênero humano se aproxima do fim, do terrível, mas liberador fim, do grande teste deste moderno solo ardente. A humanidade então poderá penetrar na luz clara e fria e a partir daí começar a manter o ponto de tensão que evocará a necessária “vontade inteligente de seguir adiante” pela linha da humana Vontade-para-o-Bem - primeira etapa do desenvolvimento do aspecto Vontade. É esta a sublimação mais elevada do estágio aspiracional que precede a conquista do “ponto de luz” por meio do contato com a Alma.

O ponto de tensão é descoberto quando a vontade consagrada da personalidade é posta em contato com a Vontade da Tríade Espiritual, o que acontece em três etapas bem definidas:

1. Aquela em que o aspecto inferior da vontade, enfocada no corpo mental - a vontade de atuar da personalidade - é posto em contato com a mente abstrata superior; esta última é o agente interpretador da Mônada, sendo também o aspecto inferior da Tríade. A este respeito observam-se duas coisas:

a. Que o contato se torna possível a partir do momento em que o primeiro tênue fio do Antahkarana, a ponte de arco-íris, é concluído entre a unidade mental e o átomo manásico permanente.

b. Que isso se manifesta em uma absorvente devoção ao Plano e é um esforço realizado, a qualquer custo, para servir ao Plano, à medida que ele vai sendo entendido e captado paulatinamente.

Manifesta-se no cultivo da boa vontade, como entendida pelo ser humano inteligente comum, que é levada à prática como um estilo de vida.

2. Aquela em que o aspecto amor da Alma é posto em contato com o aspecto correspondente da Tríade, ao qual damos o inadequado nome de intuição. Na realidade, trata-se da percepção interna e compreensão divinas, expressando-se por meio da formulação de ideias. Temos nisto um exemplo da insuficiência da linguagem moderna; as ideias são amorfas, e são de fato pontos de energia que se exteriorizam a fim de expressar oportunamente determinada “intenção” do divino Logos criador. Quando o iniciado captar e se identificar com isto, a sua boa vontade se expandirá em Vontade-para-o-Bem. Plano e qualidade cedem lugar ao propósito e ao método. Os planos são falíveis e experimentais e atendem a uma necessidade temporária. O propósito, segundo o iniciado o expressa, é permanente, visa o longo prazo, é inalterável e serve à Ideia Eterna.

3. Aquela em que - depois da quarta iniciação - há uma relação direta e inquebrantável entre a Mônada, por intermédio da Tríade, e a forma que um Mestre usa para realizar Seu trabalho entre os homens. Referida forma pode ser Sua personalidade temporária, obtida no curso normal das encarnações ou uma forma criada especialmente, à qual os teósofos dão a denominação técnica, embora descabida, de “mayavirupa”. É a “verdadeira máscara que oculta a luz radiante e a energia dinâmica de um Filho de Deus revelado”. É esta a definição esotérica que eu lhes apresento. Esta etapa pode ser denominada a realização da vontade de ser, não do Ser como expressão individual, mas do Ser como expressão do Todo - oni- incluente, não separatista, motivado pela bondade, beleza e verdade, e expresso, de maneira inteligente, como amor puro.

Todas estas etapas são alcançadas ao se atingir um ponto de tensão após o outro e assim o trabalho segue adiante para o reino da vontade imperturbável e dinâmica, a qual, à medida que vai se desenvolvendo, atua invariavelmente de um constante ponto de tensão.


C: É a vontade de ser.


AAB: Sim, a vontade de ser ativo, a vontade de amar e a vontade de ser - é aí onde começamos, na vontade de ser ativos.


AD: Temos que chegar a ser ativos com percepção interna. Há uma maneira correta e outra errada de atuar.


RK: A vontade de ser se expressa como Vontade-para-o-Bem e três vontades - vontade de atuar, de amar e de ser.


M: É essa ideia de gestar reflexivamente. O Tibetano muitas vezes diz que gestar reflexivamente sobre algo, aquilo acaba se manifestando. O irmão Lawrence praticou a presença de Deus até que se tornou aquela presença.


JL: Mata o desejo. O desejo é o que detém o uso da vontade.


FB: A vontade é fria e não criará. O desejo que conhecemos no plano humano tem que ser deixado para trás. O desejo superior tem que funcionar com a vontade porque não teremos criação por meio de um elemento. A criação é triangular do início ao fim. Se pensamos que tudo isto é parte do Plano, o desejo de cooperar com o Plano deveria nos elevar um pouco mais, para que trabalhemos com a vontade. Se só pudermos obter uma coisa, isso nos dará a chave do seguinte passo a dar. É o desejo de conhecer o Plano, de cooperar com ele. Se as Unidades de Serviço são parte do Plano, isso ajudará no desejo de achar dinheiro para que as coisas funcionem neste plano.

Início