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CONVERSAÇÕES ESOTÉRICAS


Capítulo V

A SENSIBILIDADE HUMANA

Nossa conversação de hoje será sobre o aspecto psicológico da sensibilidade humana, considerando-se que, sendo essa consciência psicológica o resultado das energias provenientes dos três Planos de vida e existência conhecidos, a saber: o mental, o emocional e o físico, deverá haver três zonas bem delimitadas também na vida do ser humano. Portanto, haverá uma sensibilidade de tipo mental ao pensamento, uma emocional em relação ao sentimento e uma sensibilidade puramente física, que dependerá do funcionamento correto dos órgãos que formam sua complexa estrutura.

Assim, temos no ser humano três amplas zonas de sensibilidade com três grandes fluxos de energia circulando entre si e produzindo, em suas diversas interações, os diferentes tipos psicológicos, assim como construindo as bases do destino humano em suas infinitas modificações cármicas. No entanto, existe um quarto fluxo de energia, ou uma nova zona de sensibilidade, aberto para todos os componentes da Raça, mas que somente as pessoas de mente muito desenvolvida e de coração aberto às necessidades coletivas ou sociais podem empregar. Esse fluxo de energia e a zona mística onde converge e se expande constituem o que, correntemente, chamamos "vida espiritual". Então, existem quatro grandes zonas de sensibilidade humana que devem ser progressivamente conquistadas, a fim de consumar o que, em linguagem esotérica, chamamos "um ciclo de evolução mundial" e todos os seres humanos deverão ser conscientemente responsáveis, algum dia, por suas parcelas de cumprimento particulares, as que lhes correspondam dentro das ilimitadas medidas de sensibilidade que fazem parte da grande Consciência Planetária. Assim, por graus de sensibilidade, a humanidade avança pela Senda do Cumprimento, na verdade o único caminho que a capacita a utilizar o processo de sua vida cármica aqui na Terra.

Há um "Centro de Sensibilidade Cósmica", definido esotericamente como O Coração de Deus, para onde tendem ou gravitam as humanidades de todos os planetas do Sistema Solar, "onde vivemos, nos movemos e temos o nosso ser" e de onde se projetam as energias do Amor, substância criadora do nosso Universo de Segundo Raio. O motivo essencial da vida de todo o ser humano é esse Centro Cósmico de Amor e a energia que Dele emana produz o fenômeno da Sensibilidade, o estímulo supremo da evolução. Todas as consciências ou almas em evolução, dentro do Universo ou do planeta, podem ser catalogadas por seu grau de aproximação da Vida Cósmica, ou seja, por seu grau de sensibilidade ao mais elevado. Quanto ao ser humano especificamente, a expansão dessa sensibilidade inata do coração, que se propaga ou estende por todo seu equipamento psicológico e a todos os seus níveis de percepção e de contato, é tecnicamente definida como fraternidade, sendo esse sentimento indescritível a própria base da Criação do Universo, ou seja, a Criação não é essencialmente mental, no que se refere ao nosso Sistema Solar, ainda que seja a Mente que prepara e confecciona Seus desenhos e arquétipos ocultos, mas é a vida do Coração que, em um extraordinário e incompreensível impulso cósmico de Amor, se introduz na Mente e a habilita para criar. A imaginação criadora, na qual o homem intelectual põe tanta ênfase, não é uma qualidade da Mente, mas uma função viva do Coração. Do mesmo modo, Shamballa, que aparece à percepção esotérica como o centro máximo de atividade criadora no nosso planeta e onde são manipuladas as energias ígneas de Primeiro Raio, não é senão a centralização do mais elevado aspecto do Amor, expressando-se como Vontade ou Poder, ou seja, o resultado da recepção e projeção da Sensibilidade Cósmica, ou do Amor Universal. Analogia semelhante pode ser aplicada a todos os planetas do Universo, seja qual for o fluxo de energia de Raio que caracterize seu Logos Regente e condicione sua evolução. O Amor do Coração, que vem daquele infinito Centro de projeção magnética, está na base de todas as Suas criações, sendo cada um dos Sete Raios, ou correntes vitais de energia cósmica, apenas simples modificações ou qualidades magnéticas que surgem do indescritível Coração Logóico, que bate no supremo impulso de Segundo Raio de Amor, de Sabedoria e de Sensibilidade.

Evolução da Sensibilidade

A sensibilidade, assim como a consciência, evolui na busca dos Bens Imortais. Seu grau de proximidade a eles sempre indica a qualidade de um Mistério, este sendo uma possível meta iniciática para o ser humano, um objetivo imediato que deve ser atingido e a abertura de um campo de observação ilimitado, ao final do qual, depois do horizonte longínquo, uma Meta ainda mais afastada e sublime é mais intuída que percebida. Pelo cumprimento da Lei, entendendo por Lei a observância do princípio causal de Serviço e Sacrifício, avança-se para aquela Meta remota e vai-se conseguindo todos os poderes imagináveis de ordem psíquica e espiritual, com um desenvolvimento crescente da sensibilidade inata e de uma condição psicológica de polarização ou gravitação em algum determinado Centro Criador mais elevado.

A Humanidade atual ainda se move, sob o ângulo da evolução, induzida principalmente por impulsos instintivos ditados pelas necessidades inerentes à sua vida psicológica. O limite de suas observações e as fronteiras que limitam sua sensibilidade à vida espiritual cria as necessidades de caráter imediato. A luta é centrada no campo emocional, nas zonas de atividade onde a mente e o desejo tratam de resolver o processo cármico e de encontrar soluções adequadas aos múltiplos problemas que vêm da vida quotidiana. Esotericamente, poderíamos dizer que trata-se de atividades kama-manásicas, ou seja, conduzidas pela dupla motivação da mente intelectual e pela força incentivadora do desejo premente do imediato. Um clamor de aspiração eleva-se, também, do centro oculto da Humanidade, originando redemoinhos de luz que são atentamente observados pelos Augustos Responsáveis Planetários, já que lhes indicam, sem sombra de dúvida, que um grupo de seres humanos começa a ser sensível à vida interior e a ampliar sua visão para metas mais longínquas dentro dos insondáveis confins de sua vida psicológica. Esses redemoinhos de luz dentro da grande massa kama-manásica também indicam que existem certos pontos de "crise iluminada" na humanidade, orientados para aspectos superiores e de sensibilidade mais ampla e inclusiva. O indivíduo que se encontra no centro de alta tensão de algum desses redemoinhos de luz e está lutando para subir à superfície das realidades mais elevadas é dirigido por um tipo de intenção ou de aspiração superior e tende a um aspecto de sensibilidade mais elevado, além e acima do que é a meta imediata da imensa maioria dos seres humanos.

De modo que, quando, nos diversos tratados esotéricos, se fala da Iniciação, estamos sendo informados sobre essa expansão de consciência em busca de "mais luz", que também indica que a sensibilidade mental, a emocional e mesmo a física estão se abrindo progressivamente para as correntes imortais da Luz do Cosmos. A partir desta busca inevitável e sincera de luz e de sensibilidade, abrem-se para o discípulo em treinamento espiritual certas zonas de cumprimento universal realmente impressionantes; é como se vislumbrasse, de seu lugar ou ponto cármico no tempo, desde o centro Alfa de sua vida até o Ômega de seu destino criador, um destino que compartilha – salvo as distâncias e as proporções cósmicas – com todos os Deuses que exercitam seu Poder Criador sobre mundos e Sistemas Solares...

Nos estudos esotéricos que fazem referência às técnicas de treinamento espiritual, frequentemente se insiste na capacidade do discípulo de atrair mais luz para as áreas psicológicas de sua vida e ele é observado, do ângulo oculto, espiritual ou ashrâmico, de acordo com a intensidade dessa luz, que se localiza em certas áreas da cabeça, de onde irradia em forma de ondas concêntricas de um intenso tom branco azulado. Essa projeção de luz causal, ou "Luz da Cabeça", indica ao Mestre o grau de sensibilidade de um discípulo às zonas causais onde irradia a Luz da Alma e essa sensibilidade, de caráter iniciático, é, por sua vez, o centro mágico de atração de inúmeros elementos dévicos ou angélicos coexistentes com o éter, a quem a tradição esotérica chama "Os Anjos da Luz" e são uma espécie particular de Agnishwâttas. Conhecedores absolutos de suas múltiplas expressões, são os eficientes colaboradores do discípulo na difícil arte de construir o Antakarana, ou "Ponte do Arco-Íris", que se estende do centro Ajna ao centro Coronário, o do Lótus de Mil Pétalas. O Antakarana é, também, um resultado místico da sensibilidade do coração, que infunde a luz na cabeça do discípulo e o orienta para o Bem Supremo, criando todas e cada uma das tramas, ou estágios espirituais, que chamamos "A Senda" em linguagem mística. A Senda é eterna, mas indica sempre um grau de sensibilidade à luz e sua culminação se perde nos indescritíveis e insondáveis abismos do Cosmos Absoluto, já que existe uma trama magnética indissolúvel entre todas as almas que povoam os diversos e incalculáveis Universos, do mesmo modo que existe uma união permanente e indestrutível de todos os elementos dévicos e suas infinitas hierarquias através do Éter, essa substância de origem cósmica que os grandes Rishis do passado denominavam "O Sangue dos Deuses".

De modo semelhante, esse sentimento mágico de solidariedade e fraternidade demonstra-se na Lei de Evolução dos Reinos da Natureza, os quais, segundo o ditado da analogia universal, vêm a ser como pérolas atadas umas às outras por um sutilíssimo fio de Luz criado e vivificado pelo próprio Espírito do Logos Planetário Que, por Sua vez, é vivificado em virtude da união magnética de Sua Vida com a Vida do Logos Solar. A Lei de Vinculação Cósmica, cujo segredo é a Sensibilidade, compreende, portanto, do mais elementar núcleo atômico à mais esplêndida galáxia e, à medida que o Espaço vai se enchendo de mundos e de sistemas solares em movimento incessante, com maior profundidade se aprecia o sentido evidente da Lei de Relações Sociais, que permite ao ser espiritual estabelecer contato com as mais remotas dimensões cósmicas. Bem, apesar de, em certos momentos, termos situado essa ideia de Sensibilidade de que estamos falando na conversação de hoje nas mais elevadas zonas de cumprimento universal, ela deve estar concreta e definitivamente presa a nós mesmos, em nossa vivência correta e nas mais elementares regras de convivência social.

A Sensibilidade Social

Do ângulo da sensibilidade, a ação social deverá expressar-se, naturalmente, por graus de aproximação humana. A civilização e a cultura dos povos da Terra demonstram os graus de sensibilidade cósmica que pode ser introduzida no ambiente social do mundo, em qualquer momento determinado do tempo ou da história, através de indivíduos "altamente sensibilizados". Nos estudos esotéricos, quando se analisa a vida de um discípulo qualificado dentro de um Ashram da Hierarquia, sempre se o faz sob o ponto de vista da sensibilidade espiritual expressa em forma de aproximação humana, sendo ambas as virtudes consubstanciais e não podendo existir separadamente. Assim, o termo Iniciação indica "um alto grau de integração social", uma apurada sensibilidade às necessidades da humanidade e um esforço decidido para melhorá-las, na medida de suas próprias forças. Como nos é explicado ocultamente, o Serviço é "um instinto natural da Alma", pois a principal motivação de uma Alma ao tomar qualquer corpo de manifestação é a redenção, ou seja, um impulso de amor e de sacrifício às inúmeras células que constituem a estrutura orgânica desse corpo. Todos os seres humanos que se sacrificaram por seus irmãos, não importa em que tempo da história planetária nem em que tipo de sociedade humana ao longo dos tempos, foram discípulos dos Mestres, pertencentes a algum dos Ashrams da Hierarquia em seus Raios distintos e mostrando sensibilidade e proximidade em suas vidas, quer dizer, serviço criador. Em outro nível, mas sempre seguindo as leis imutáveis de aproximação humana que regem a evolução social da humanidade, todos os seres humanos que, de uma maneira ou de outra, se esforçam, trabalham e lutam pelos demais, esquecidos, assim, de si mesmos no gozo supremo da ação social, demonstram sensibilidade à Alma e cumprem com seu dever, preparando o caminho de sua Iniciação como Discípulos no coração do Mestre. Daí a confiança da Hierarquia no coração sensível da humanidade, daí Sua solicitude e Seu desvelo em favor do "grande discípulo mundial" como um todo, que, apesar de todas as suas aparentes contradições e fracassos no sistema social, tem um coração sensível e procura ser correto em suas relações com os demais. No fundo do ser humano, subjaz a glória da ação social e da aproximação humana. Sua expressão correta dependerá do grau de desenvolvimento de sua sensibilidade natural, através da atividade do centro cardíaco. A sensibilidade humana é coisa do coração, do mesmo modo que a consciência das coisas é algo que pertence à mente, à medida que esta vai evoluindo através da atividade do centro frontal. Ambos os centros, em sua interdependência mútua, constituem os motivos essenciais e espirituais do ser humano e, à medida que esses centros se unificam e coordenam mediante a impessoalidade, o serviço e a renúncia ao "eu" separado e egoísta, desenvolve-se o Centro Coronário no indivíduo, abrindo-se, paulatinamente, cada uma das Mil Pétalas que estão contidas no mesmo.

A Sensibilidade às Coisas

Como compreenderão, a aproximação humana é precedida por uma aproximação instintiva às coisas da vida. Desde o princípio dos tempos, o homem sentiu-se compelido à ação social, mesmo que sempre condicionando-a ao afã ou ao desejo do imediato. Essa sensibilidade às coisas criou o Maya de sua própria vida, as raízes do Carma, o apego aos valores materiais, o desenvolvimento dos sentidos e o surgimento da mente racional. O intelecto, assim como o conhecemos atualmente, é um efeito superior da sensibilidade às coisas que o homem primitivo desenvolveu e que ainda perdura em nossa sociedade moderna. Os motivos do desejo, o incentivo à conquista do imediato e o acúmulo de valores materiais criaram aquela consciência, ou sentido do "eu", que propiciou o surgimento da mente no interior do cérebro embrionário do homem primitivo. Os pequenos pontos de luz ou de fogo que iam se acendendo dentro daqueles cérebros rudimentares criaram as bases de uma aproximação natural à luz do entendimento que os Anjos Solares, ou os Prometeus do Cosmos, zelosamente guardavam nos níveis elevados do Plano mental, para concedê-la a todos aqueles seres humanos que realmente estivessem preparados para contê-la e que tivessem pronunciado, esotericamente falando, determinada nota invocativa de caráter espiritual.

Nos estudos esotéricos, quando se fala na obra mística dos Anjos Solares, é dito que Sua missão é iluminar o caminho dos homens até que estes sejam capazes de fazê-lo por si mesmos e de evocar sua própria luz por consequência de uma crescente aproximação causal e essa realidade é corroborada pela verdade reconhecida de que "sensibilidade, luz e aproximação humana" são termos sinônimos que devem ser convenientemente interpretados, à medida que nos introduzamos em zonas cada vez mais profundas da nossa natureza psicológica. Através desse processo de intravisualização, observamos que tudo é luz, consciência e sensibilidade na vida do Universo e que cada expressão de sensibilidade corresponde a uma zona específica de luz e um motivo criador a realizar. Portanto, a estrutura da consciência humana ergue-se sobre uma base de sensibilidade, podendo ser apontado, assim, de acordo com o ensinamento esotérico, que a sensibilidade às coisas produz a luz da mente e que a sensibilidade aos demais seres humanos determina a luz do coração, aquele tipo de luz cósmica que é o fundamento do Amor, tal qual se expressa em nosso Universo. A consciência humana poderia se expressar, simbolicamente, como uma esfera luminosa com três tipos de luz: uma demonstrando a luz da mente, outra demonstrando a sensibilidade do coração e a terceira, que emana do centro superior da cabeça, cuja missão é unir as duas luzes anteriores, a da mente e a do coração, criando uma nova modalidade de luz que só está ao alcance do Iniciado perfeito. A partir desse ponto, estamos nos introduzindo numa zona de alta sensibilidade espiritual, estamos penetrando nos chamados "Mistérios do Reino" e na real compreensão do destino divino do homem aqui na Terra.

A Sensibilidade ao Eu Espiritual

Trata-se do descobrimento dos laços místicos de união que vinculam Deus, o Criador, a essa expressão de consciência no Universo que chamamos "ser humano". Pretende-se, esotericamente falando, introduzir novos valores na Ciência Psicológica dos nossos dias, elevando o conceito de sensibilidade a elevadas Fontes de procedência universal e pôr em atividade certos centros definidos dentro do mecanismo humano, que deverão relacionar, num futuro mais ou menos remoto, a estrutura psicofísica de sua constituição material com a essência espiritual de sua vida, ou seja, estabelecer uma linha luminosa vinculando os dois elementos da entidade humana que chamamos misticamente "Cálice e Verbo" e, esotericamente, "A Alma e Seu Mecanismo", abrindo, assim, o caminho aos campos fecundos da Psicologia Esotérica, que é a meta imediata da nossa Psicologia atual.

O contato mágico do "Eu" espiritual com seus veículos de expressão e a resposta destes à Vida Divina, que se expressa mediante esse "Eu", toma, como os senhores sabem, o nome místico de Senda. Todo ser humano capaz de expressar consciência e sensibilidade, mesmo que em pequena medida, encontra-se em um determinado estágio dessa Senda mística que conduz à Iniciação e que deve criar uma nova consciência social, com a participação consciente do divino no seio da sociedade humana. Trata-se também, como dissemos anteriormente, do contato feito pelas energias que se expressam através do centro cardíaco com as do centro frontal, com seu consequente resultado de desenvolvimento das Mil Pétalas místicas que constituem a expressão oculta do centro coronário. Vejam como a Ciência do Ioga, em cada um de seus aspectos característicos, é a expressão das tramas que vão se construindo no cérebro para construir aquela sutil ponte de luz que chamamos "Antakarana", a qual, se bem observada, é outra forma de expressão do significado místico da Senda. Como sempre, o supremo ditado da analogia hermética marca a pauta da nossa investigação esotérica.

Para terminar nossa conversação de hoje, talvez devesse dizer-lhes que toda vida possuidora de uma alma e uma forma de expressão, não importa em que Plano, Dimensão ou Reino da Natureza, é sensível e é precisamente pelo desenvolvimento dessa sensibilidade que faz contato com a Vida de Deus. Será sempre essa resposta sensível ao grande Alento vital da Natureza que motivará que as formas expressivas sejam mais ou menos sutis. Consequentemente, a partir do Reino mineral, onde as formas alcançaram seu grau máximo de condensação, até o sutil e desconhecido mundo dos Arcanjos, cujos Corpos são constituídos por éteres da mais elevada sublimidade, todo o conteúdo universal move-se segundo o ritmo que o princípio de sensibilidade indica, sendo a consciência resultante o que condicionará a força vibratória, a estrutura molecular e a beleza das formas com que as vidas se revestirão ao longo de suas evoluções particulares ou específicas.

Pergunta: Segundo o que diz, tudo na vida é sensível e tem uma consciência. Pode-se aplicar esse princípio de sensibilidade à extrema imobilidade de uma rocha, por exemplo?

Resposta: Como acabo de dizer, todos os Reinos, mesmo o mineral, são sensíveis à Vida e possuem uma consciência em concordância com essa sensibilidade. Na realidade, tudo é energia espiritual mais ou menos condensada. Insistindo no que foi dito anteriormente, no Reino mineral, essa condensação chegou aos seus limites extremos. Daí sua expressão pesada e tosca, mas, em certos extratos ou níveis desse Reino, existe a beleza e a sensibilidade à luz, como as pedras preciosas demonstram. Temos também, dentro do Reino mineral, alguns elementos de tipo radioativo, como o rádio, o urânio, o plutônio etc., contendo uma sensibilidade à luz e ao fogo elétrico da Natureza (Kundalini) realmente impressionante. Veja o testemunho vivo da energia solar gerada por uma explosão nuclear a partir desses elementos...

Pergunta: Compreendo o princípio da sensibilidade, como o senhor o explicou. Poderia supor, então, que a evolução da humanidade seria acelerada elevando-se o índice de sensibilidade à luz e à beleza, mediante a Arte criadora? Qual a sua opinião?

Resposta: O senhor está certo e esta verdade os gregos anteriores à Era Cristã haviam compreendido perfeitamente. Mediante a evolução das artes, que expressavam sensibilidade à beleza da Forma e dos conceitos filosóficos, que cuidavam de assenhorar-se dos segredos da Luz, a Grécia adquiriu um tipo de sensibilidade realmente insuperável. Na realidade, puderam alcançar, em momentos da sua história, a visão e a representação objetiva de um Arquétipo, entendendo por Arquétipo o Modelo que a Mente de Deus idealizou como meta de uma Civilização, de uma Arte, de uma Cultura ou de uma condição social. Definitivamente, o ser humano está, constantemente, tratando de conquistar e revelar um Arquétipo, ou um grupo de arquétipos menores e essa tendência inata, que é essencialmente sensibilidade, marca o ritmo e a evolução universal.

Pergunta: Como adquirir sensibilidade? Há algum sistema para atingi-la?

Resposta: Sim, considerando-se que sensibilidade e consciência vêm enlaçadas na dupla cadeia da Vida e da Forma. São como as duas caras da mesma moeda e, no que se refere ao ser humano, aspectos vivos de uma mesma função psicológica e social. Portanto, se a consciência é avivada pelo estímulo intelectual do conhecimento e do discernimento, o ritmo da sensibilidade aumenta. De modo idêntico, quando a entidade psicológica se torna sensível aos múltiplos aspectos da Natureza, vai adquirindo, proporcionalmente, as capacidades de consciência ou de integração mental. Como vê, trata-se de um fenômeno conexo realmente consubstancial. Não se pode evoluir em um sentido sem que se evolua, automaticamente, em outro. Talvez essa verdade, caso seja reconhecida, nos impulsione para a realização de esforços renovados para adquirir mais luz de entendimento e maior sensibilidade de coração.

Pergunta: Então, segundo o senhor, é muito importante ser consciente e sensível, ao mesmo tempo, à Vida e suas múltiplas expressões?

Resposta: É tão necessário ao ser humano ser consciente e sensível às coisas da Vida quanto o comer e o respirar o são. Somente a entidade humana plenamente sensível à vida e profundamente consciente de suas múltiplas expressões naturais, ou as que surgem das reações de seus próprios ambientes sociais, poderá triunfar sobre todas as dificuldades e problemas advindos de sua vida quotidiana, pois terá alcançado um verdadeiro equilíbrio de sua personalidade psicológica. Porém, esse equilíbrio exige muita atenção, um grande controle e um profundo discernimento, ou seja, a manutenção de um esforço constante.

Pergunta: Essa sensibilidade e essa consciência podem dissociar-se em algum sentido? Ou melhor, uma pode existir sem a outra durante o processo evolutivo?

Resposta: A sensibilidade e a consciência nunca podem se separar completamente. O que ocorre é que algum de ambos os aspectos pode predominar, circunstancialmente, segundo as características particulares que alguma Raça humana deva desenvolver durante o curso da evolução planetária. Por exemplo, a Raça Lemuriana foi especialmente sensível ao aspecto material da vida, com uma extensa gama de sensações e um aspecto de consciência quase que completamente obscurecido a deduzir. A Raça Atlante foi muito sensível ao aspecto psíquico ou astral, mas demonstrou, também, um grande tecnicismo científico. A Raça Ária, nossa Raça atual, possui um extraordinário tecnicismo e está tratando, atualmente, de ser sensível à vida espiritual. Em todas as Raças, como em todos os homens, acharemos sempre essa condição psicológica que, algumas vezes, se faz mais sensível, outras, mais consciente. Contudo, chegará um tempo em que a sensibilidade e a consciência se integrarão, ou fundirão, em um todo maior e mais inclusivo e chegarão a um perfeito estado de equilíbrio. Segundo aprendemos esotericamente, esse estado de fusão recebe o nome de Samadhi ou, dito em termos mais acessíveis à nossa mente ocidental, de Liberação, de perfeita identificação com o Espírito Divino que sopra em todos os lugares.

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