Navegação

CONVERSAÇÕES ESOTÉRICAS


Capítulo X

OS ASHRAMS DA HIERARQUIA

Continuando com o amplo tema dos Raios, na nossa conversação de hoje, vamos tentar elucidar o significado esotérico do termo Ashram. De acordo com o princípio hermético da analogia, poderíamos dizer que os Ashrams são Escolas de Mistérios da Hierarquia, onde o indivíduo corretamente orientado e plenamente capacitado sob o aspecto espiritual recebe treinamento iniciático. Considerado sob o ângulo oculto, o Ashram é um "retiro", um "lugar no tempo" ou um "recinto sagrado" em que um Adepto, um Mestre de Compaixão e Sabedoria, ministra conhecimento esotérico e treinamento espiritual para a Iniciação a um grupo seleto de discípulos ou aspirantes espirituais muito avançados. As regras que regem o processo de incorporação desses aspirantes a um Ashram são de seleção rigorosa, e o Mestre escolhe muito cuidadosamente os que constituem o Seu grupo de ensinamento, levando em conta sua evolução interna, suas capacidades de compreensão e seu grau de dedicação e serviço para a humanidade. Em geral, essas qualidades são percebidas pelo Mestre utilizando Sua visão causal e observando "a luz na cabeça", como se diz esotericamente, que o aspirante espiritual em supervisão tenha sido capaz de desenvolver, ou seja, a evolução de seu Centro Coronário ou chacra Sahasrara. A qualidade dessa luz, sua intensidade e brilho, indica ao Mestre qual é o nível exato, na ordem interna, em que ordinariamente o aspirante se move, informando-lhe sobre o seu passado cármico, seu tipo específico de Raio, seu grau de aproximação aos chamados "Mistérios Menores", que são medidos em termos de qualidades de vida, o controle de seus veículos e suas capacidades naturais de compreensão. A frase mística "Muitos serão chamados e poucos os escolhidos" nos mostra com exatidão as condições de seleção requeridas que presidem a escolha do grupo que constituirá o Ashram de um Mestre de Compaixão e Sabedoria.

Os Ashrams da Hierarquia, e só mencionaremos esses em nosso estudo, são, como dissemos antes, Escolas Iniciáticas e Portais dos Mistérios Maiores da Divindade. Esses Mistérios são precisamente os que qualificam a vida espiritual e a dotam de suas infinitas capacidades de adaptação aos ambientes sociais da humanidade, sem nenhum tipo de reação possível, e que determinam, em seu devido tempo, a glória inefável da Iniciação que, como muitos dos senhores sabem, é a entrada consciente em zonas de frequências espirituais mais elevadas e vida interior mais abundante e intensa. A Iniciação, vista a partir de sua elevada projeção esotérica, é a reprodução consciente na vida individual da personalidade humana dos fenômenos que a Divindade produz em todos os âmbitos da Natureza, razão pela qual, frequentemente, se chama o Iniciado "a Mão do Senhor", já que, devido a alguns dos poderes alcançados e implícitos na própria Iniciação, pode criar ou reproduzir conscientemente nos ambientes sociais da humanidade e mesmo da própria Natureza aquelas situações requeridas que proporcionam o desenvolvimento dos Reinos e das Raças que realizam sua evolução no âmbito planetário. No que nos é possível imaginar em nosso grau de compreensão, poderíamos dizer que um Iniciado da categoria de um Adepto opera especialmente nos níveis físico, astral e mental, onde os homens realizam sua evolução natural, mas Alguns Deles também intervêm na evolução das diferentes espécies que têm sua vida e razão de ser nos Reinos mineral, vegetal e animal. Por todas essas razões, os senhores compreenderão a importância que tem para o Grande Regente Planetário, Sanat Kumara, a existência desses Centros hierárquicos de treinamento espiritual, já que é neles que os seres humanos convenientemente selecionados e preparados aprendem as técnicas específicas e os altos segredos alquímicos da Natureza que os converterão um dia em Adeptos, ou Mestres de Compaixão e Sabedoria. Portanto, existe uma analogia muito direta entre os termos Ashram e Iniciação. O significado oculto de ambos é "revelação", a expressão na vida do ser humano de algum dos grandes mistérios da Natureza relacionados com a atividade do fogo criador da Divindade e sua aplicação correta segundo as normas espirituais ou divinas que regem a evolução de todo o criado.

Os Sete Grandes Estágios Da Evolução Humana

De acordo com o princípio de seleção natural que preside o ingresso de qualquer aspirante em um Ashram da Hierarquia, podem ser determinados sete grupos de seres humanos no Quarto Reino da Natureza, que constituem sete estágios definidos dentro da evolução da humanidade em seu conjunto:

a. seres humanos não evoluídos; Fogo de Kundalini
b. seres humanos comuns ou da média; Fogo de Kundalini
c. aspirantes espirituais; Fogo de Kundalini e Fogo Solar
d. Discípulos em Provação; Fogo de Kundalini e Fogo Solar
e. Discípulos Aceitos; Fogo de Kundalini e Fogo Solar
f. Discípulos “no Coração do Mestre” Fogo de Kundalini, Fogo Solar, Fogo de Fohat
g. Iniciados até a Quarta Iniciação Fogo de Kundalini, Fogo Solar, Fogo de Fohat

Desses sete grupos, somente os quatro últimos estão sujeitos à supervisão e treinamento espiritual, pois estão desenvolvendo ou desenvolveram, particularmente no que se refere aos Iniciados das Terceira e Quarta Iniciações, "certas pétalas específicas" ou qualidades distintivas dentro do Chacra Cardíaco e estão atualizando, em graus quase inconcebíveis para nós, o princípio do discernimento mental, a fim de poderem expressar adequadamente o desenvolvimento dessas pétalas ao longo de suas vidas humanas e em seus ambientes de relação social particulares.

A lei que move o "impulso ashrâmico" é de expressão cíclica, e ninguém poderá entrar em um dos Ashrams da Hierarquia sem que, previamente em sua vida, tenha revelado as qualidades fundamentais que caracterizam os verdadeiros Discípulos: a abnegação, o serviço e o sacrifício. Isso resulta em que boa vontade e relação humana correta sejam requisitos imprescindíveis para poder ser admitido em um Ashram. Os senhores talvez se perguntem se essas qualidades, aparentemente presentes na maioria dos seres humanos, seriam suficientes ou se haveria necessidade de desenvolver outras qualidades psicológicas como requisitos essenciais para poder ingressar com pleno direito em algum Ashram. Poderíamos dizer que as bases psicológicas de admissão ou incorporação ao mesmo são essencialmente a boa vontade e a ação reta, ou seja, o que poderíamos chamar de cidadania correta, mas que, além disso, se consideram certas linhas de desenvolvimento mental ou capacidade de discernimento que qualquer candidato tenha conseguido obter em um dado momento de sua vida pessoal ou cármica. Na alma do homem, existe uma sensibilidade natural que, quando está suficientemente desenvolvida, demonstra-se como boa vontade, mas, ao mesmo tempo, como capacidade de discernimento. É essa sensibilidade causal ou da alma que é levada em consideração pelo Mestre, quando escolhe os membros de Seu Ashram. O candidato espiritual deve possuir, em quantidades proporcionais, as qualidades específicas que determinam "a Doutrina do Olho" e "a Doutrina do Coração". Um Mago Negro tem excessivamente desenvolvida em sua vida a Doutrina do Olho, que é a visão da Mente, mas não desenvolveu o Chacra Cardíaco, que é onde é gerada a Doutrina do Coração. Portanto, nunca poderá ser admitido, por maiores que sejam os seus poderes psíquicos, em um Ashram Espiritual de um Mestre da Hierarquia.

A Constituição Mística de um Ashram

Um Ashram da Hierarquia, especialmente se pertence ao Segundo Raio, é constituído por um Adepto e por doze Discípulos Iniciados, que são, em seu conjunto, uma réplica do Poder Central do Sol e das doze constelações do Zodíaco. O Mestre é, logicamente, o Centro místico do Ashram, atuando dentro da linha de atividade ou energia de algum Raio determinado, e os Discípulos Iniciados que compõem Seu grupo interno ou esotérico vêm a ser como as doze pétalas ou doze fluxos de energia zodiacal, que incidem no Coração do Mestre e se expandem depois em Sete Círculos Concêntricos que se projetam desde o Centro do Ashram até o ponto mais afastado do mesmo. Muitos investigadores esotéricos têm considerado os Ashrams como "centros cardíacos funcionando sincronicamente com as batidas do Coração do Sol", uma frase esotérica que sintetiza, por analogia, a verdade de que todo coração vivente é uma expressão mística da Sensibilidade do Logos Solar, Senhor do nosso Universo, manifestando a essência de Amor e de Sabedoria, que são as características distintivas do Segundo Raio. Também asseguram que um Ashram da Hierarquia, visto das elevadas zonas de percepção causal, aparece como uma Flor de Lótus de doze pétalas, com um ponto central da fulgurante cor do Raio a que pertence a Mônada do Mestre, e cada pétala, dentro desse centro de luz, matizada pela cor característica dos Raios e das qualidades zodiacais que os Discípulos representam, indicativas de Suas respectivas Iniciações.

Portanto, existe uma grande analogia entre um Ashram da Hierarquia e a Congregação Mística do Cristo e de Seus Doze Apóstolos, a mesma que certamente existe entre o Sol, nosso astro central, e as doze constelações zodiacais. A Lei Universal se corresponde em todos os seus detalhes, mesmo os mais insignificantes, e a lei da analogia, que vamos aplicando constantemente, convida-nos a nos assenhorearmos do segredo místico da história planetária, permitindo que penetremos em zonas de alta confluência de energias, onde o entendimento racional raramente pode penetrar. Bem, creio que a ideia de Ashram, como expressão do poder unificador e inclusivo da Hierarquia, foi compreendida corretamente. Contudo, devemos advertir que, quando se fala esotericamente da Hierarquia, está-se dando à mesma o significado oculto de "Chacra Cardíaco" do Logos Planetário. Também deve ser salientado que, desse Centro místico, partem as sete energias que qualificam os Sete Raios e que cada um desses Raios se expressa muito particularmente através de um Ashram principal, dirigido por uma ou outra daquelas Divinas Potestades Planetárias que, em nossos tratados ocultos, chamamos Chohans de Raio. Como vimos em uma conversação anterior, ao analisar as principais Hierarquias de Raio no nosso planeta, estes são os Chohans e os Raios através dos quais se manifestam:

Os Sete Grandes Ashrams da Hierarquia

RAIO EXPRESSÃO DEPARTAMENTO CHOHAN
Vontade Dinâmica Política Mundial Mestre Morya
Amor Inclusivo Religião Mestre Kut Humi
Atividade Inteligente Civilização Mestre Veneziano
Harmonia, Arte e Beleza Arte Mestre Serapis
Investigação Concreta Ciência Mestre Hilarion
Idealismo Criador Igrejas Mundiais Mestre Jesus
Magia, Ordem e Cerimonial Organização e Cumprimento Planetário Mestre Conde de Saint Germain (1)

Também deve ser determinado que, do centro de cada um desses Ashrams principais, surgem outros sete Ashrams, dos quais falamos anteriormente, que vêm a ser como Sub-raios do Raio principal que qualifica aqueles grandes Ashrams. Assim, temos que a Hierarquia tem quarenta e nove Ashrams em atividade espiritual em nosso planeta, vinculados à Obra que o Logos Planetário realiza através de Seu Esquema de Evolução e por analogia, trezentos e quarenta e três círculos de expansão vital desses Ashrams (49 x 7), abrangendo, dentro de suas órbitas expressivas correspondentes, o conjunto planetário com seus Reinos, Raças, Espécies e Hierarquias Angélicas em evolução.

O exame cabalístico do número 343 cujos algarismos somados dão o número 10 da perfeição humana, também sendo 10 o número que resulta da soma dos Sete Raios com as doze constelações: 7 + 12 = 19 e 1 + 9 = 10. Naturalmente, não se trata de meras coincidências habilmente manipuladas pelo intelecto, mas da expressão de um Plano sabiamente organizado de acordo com a ciência dos Números que, por sua vez, é um resultado do movimento cíclico dos astros. )

Assim sendo, de acordo com o princípio de analogia que rege o nosso Universo de Segundo Raio, cada um dos Ashrams está devidamente organizado de acordo com seu Raio promotor e encontra-se estreitamente vinculado aos demais Ashrams, seguindo o impulso sagrado da Vontade onipotente do Logos Planetário que, através de Sanat Kumara, ocupa o Centro místico de todos os Ashrams. Daí a conhecida frase esotérica "A Hierarquia é o Ashram de Sanat Kumara", o que equivale a dizer que a totalidade dos Ashrams Planetários são a Sede de Seu inviolável Propósito de Cumprimento Universal.

Compreendamos, pois, a importância dos Ashrams como pontos iluminados da Atenção Solar sobre o nosso planeta e consideremos a necessidade que temos, como seres humanos inteligentes e de boa vontade, de nos prepararmos condignamente para podermos ingressar em algum deles, o que nos corresponda por linha própria de Raio e também, talvez, por nossa vinculação cármica a algum Membro avançado da Hierarquia Espiritual Planetária. Não nos sintamos afastados ou deslocados dessa grande Obra Hierárquica que a Lei infinita de Evolução situa ante nossas perspectivas imediatas.

Vendo o panorama mundial à luz dos acontecimentos atuais, pode se predizer, quase com absoluta certeza, que, por todo âmbito mundial, estão sendo criados "centros de iluminada tensão ashrâmica" por um grande número de Discípulos aceitos e por todas as pessoas de intenções retas e boa vontade que vão se congregando espontaneamente, constituindo um círculo de luz ao redor de algum desses Discípulos, o qual faz parte de um grande experimento criador realizado por um Mestre através de Seu Ashram. Trata-se de uma experiência realizada por toda a Hierarquia com o objetivo de instaurar a Nova Ordem Social que corresponde à Nova Era de tão grandes e absolutas oportunidades de vinculação espiritual e na qual alguns termos aparentemente tão utópicos e sem sentido, como Paz, Fraternidade, Igualdade e Justiça, terão validade objetiva e serão uma experiência quotidiana compartilhada por um número cada vez maior de seres humanos. É por isso que, pelos acontecimentos mesmo isolados que surgem fulgidamente ao nosso redor, podemos determinar internamente que algo está se produzindo e que algo está mudando na ordem social em que vivemos imersos, e o observador atento e profundo, que passa muito ao largo das aparentes contradições humanas e esquadrinha o sentido íntimo dos valores internos em desenvolvimento nas amplas zonas de evolução social e psicológica, justificadamente sente-se esperançoso, pois, através dos grandes conflitos e problemas de todas as classes que marcam a nossa época, entrevê a luz da Hierarquia introduzindo-se lenta, mas implacavelmente, no seio da humanidade, constituindo os vórtices de energia criadora que progressivamente irão se convertendo nos futuros Ashrams da Hierarquia, em "pontos de tensão iluminada" que atrairão cada vez mais seres humanos repletos de boa vontade e desejo sincero de bem.

Pergunta: Segui atentamente a sua conversação sobre os Ashrams e interpretei que esses grupos sempre existiram, em todas as Eras da humanidade e em todas as Raças humanas. Essa concepção é correta?

Resposta: Sua interpretação me parece correta. O Ashram tem um caráter universal e abrange a vastidão da Criação em todas as Eras e em todas as Raças, assim como, em todas as situações planetárias realmente importantes, encontra-se o centro inspirador e oculto de um Ashram, como o indicador do Propósito Espiritual que emana do Coração do Logos Planetário e converge no Centro Espiritual da Hierarquia, que transforma esse Propósito ou Vontade em um Plano sabiamente arquitetado que os Ashrams inculcam nas mentes e corações de Seus Membros e, desse modo, o estendem a todos os ambientes sociais da humanidade e daí, de maneira misteriosa, transmite-se também aos Reinos inferiores da Natureza, neles criando certos vórtices de energia criadora que propiciam sua evolução.

Pergunta: Os Ashrams admitidos como um Fato na Natureza... quais são as qualidades esotéricas exigidas para se poder ingressar nos mesmos?

Resposta: Como disse durante essa conversação, a boa vontade e o estabelecimento de relações sociais corretas são as principais qualidades exigidas do aspirante espiritual que aspira a ser admitido em algum Ashram da Hierarquia, ainda que a aceitação do mesmo esteja sujeita também a certas capacidades de inteligência ou de discernimento. Não fosse assim, os ensinamentos ministrados no Ashram não seriam compreendidos nem corretamente assimilados. Assim poderíamos dizer que um excelente equipamento mental é necessário, mas, na base dessa inteligência, deve haver um claro sentido de valores espirituais que são, em essência, os que causam o despertar das pétalas douradas do Coração e determinam o espírito de fraternidade e de boa vontade. O santo equilíbrio entre a "Doutrina do Olho" e a "Doutrina do Coração", como era proclamado nos antigos textos esotéricos, demonstrado como "luz na cabeça", indica ao Mestre, no Centro de um Ashram, se um Discípulo em provação está suficientemente capacitado para poder ser admitido. Do mesmo modo, a evolução posterior da "luz na cabeça" indicará o momento em que esse Discípulo deverá receber alguma Iniciação, a que corresponda ao seu desenvolvimento espiritual particular.

Pergunta: O senhor definiu sete tipos humanos de acordo com a Lei de Seletividade que rege a grande Raça Humana e que condiciona a admissão de qualquer aspirante espiritual no seio de um Ashram. Mas existe alguma norma ou algum tempo definido, no que se refere à translação da consciência de um Discípulo em provação para a de um Discípulo no Coração do Mestre?

Resposta: Ainda que o tempo seja um fator condicionante no processo de redenção cármica, o mais interessante no processo de "translação" ou de polarização da consciência de um Discípulo é a Intensidade do propósito de Redenção e não a simples ideia de Redenção, que costuma ser a que mais estimula os aspirantes espirituais em suas investigações esotéricas. Sob esse ponto de vista, poderíamos dizer que é preciso mudar o atual enfoque psicológico da vida, ou seja, que não se deve pretender saber muito, mas aplicar sabiamente o que se vá aprendendo. No primeiro caso, dá-se um valor exagerado ao tempo, no segundo, dá-se mais valor às qualidades que vão se desenvolvendo no coração. Do ponto de vista do livre-arbítrio pessoal ou capacidade de decidir, o tempo adquire uma tremenda importância, devido a que o aspirante se crê com plena liberdade de fazer ou desfazer dentro do círculo das limitações cármicas onde vive imerso e que é o seu ambiente particular, familiar ou social. Mas, se analisado sob um ângulo puramente esotérico, ver-se-á claramente o quanto insuficiente é a vontade individual ou o livre-arbítrio para poder desenvolver certas capacidades internas, que são as avenidas ou os laços magnéticos com o ambiente cósmico. Não sei se consegui expressar claramente a minha ideia. É preciso se dar conta de que o Centro de vida do Ashram é o "ambiente cósmico que a alma humana pretende conquistar e que as limitações individuais provêm principalmente de sua impaciência e do exercício errôneo de suas faculdades de livre-arbítrio ou de autoconsciência condicionadas pelo tempo.

Pergunta: Existe em algum dos Livros Sagrados do Oriente e do Ocidente alguma alusão simbólica ao grande processo ashrâmico e aos sete tipos psicológicos que o senhor definiu?

Resposta: A Simbologia é uma expressão da linguagem secreta dos Iniciados, que cada vez falam menos porque cada vez pensam com maior profundidade, e devo dizer-lhes que, nos círculos mais próximos ao Centro do Ashram ou ao Coração do Mestre, a linguagem utilizada é absolutamente simbólica, por isso só podem compreendê-la os aspirantes e discípulos muito habituados a escutar "a Voz do Silêncio" dentro do seu coração. Essa forma de ensinamento é particularmente útil e elimina as interferências usuais da mente intelectual, ainda que utilize esse tipo de mente para poder expressar os sagrados juízos do simbolismo exposto. No Ashram, são exigidas em grande medida a prudência e a circunspeção, faculdades que evitam a indiscrição e a leviandade de juízo. Assim, de acordo com os elevados simbolismos que as aspirações verbais refletiram nos livros sagrados de todas as grandes religiões, tanto orientais quanto ocidentais, vamos analisar algumas ideias curiosas que se destacam desses simbolismos. Por exemplo, nossos irmãos orientais, dotados de uma mente profundamente analítica, deram uma forma simbólica às qualidades exigidas para poder penetrar no Centro de Luz de um Ashram com "a Flor do Lótus", que emerge na superfície das águas do lago depois de suas profundas raízes terem permanecido aprisionadas no fundo lamacento do mesmo. O lodo do fundo do lago simboliza a existência material ou física, as águas são o símbolo da natureza passional ou emocional e a flor que emerge na superfície das águas, buscando a luz do Sol, é considerada simbolicamente como a natureza espiritual, estimulada desde o mais profundo pela mente superior, sendo as pétalas da flor do lótus, que vão se abrindo progressivamente à luz do Sol, o símbolo das qualidades que a alma do homem vai desenvolvendo durante o imenso trajeto da Evolução. Como veem, trata-se de um precioso símbolo da expansão espiritual da vida humana, desde que inicia sua vida autoconsciente até que culmina no Centro de Luz de um Ashram e se abre aos influxos superiores da Vida do Mestre Interno.

Nossos livros sagrados ocidentais, do Gênesis ao Novo Testamento, também estão repletos dessa cálida e delicada poesia dos símbolos, quando se trata de revelar algum dos altos segredos cósmicos. Por exemplo, o símbolo da árvore da Ciência do Bem e do Mal no Jardim do Éden pode constituir uma expressão das grandes verdades cósmicas que a Divindade cuida de revelar ao ser humano. Temos ali uma revelação do princípio da dualidade ou da polaridade universal nas figuras de Adão e Eva e das grandes realidades universais que se revelam por meio de um Ashram, considerando o Mestre no Centro do mesmo como a culminância da Ciência do Equilíbrio que a árvore da Vida está constantemente demonstrando. Vejamos a constituição dessa árvore e o símbolo perfeito que representa, de acordo com a evolução espiritual das almas humanas:

a. os Frutos Maduros os grandes Iniciados do Planeta
b. os Frutos em processo de Maturação os Discípulos no Coração do Mestre
c. as Flores da árvore os Discípulos Aceitos
d. as Folhas os Discípulos em Provação
e. os Ramos os Aspirantes Espirituais
f. o Tronco a Humanidade Atual
g. as Raízes os Seres Humanos Não Evoluídos

Vejam, por favor, a semelhança entre essa árvore da Vida e a Sagrada Flor de Lótus. Varia somente a perspectiva da visão do observador, já que conjuntamente nos dão uma ideia dos Planos do Universo e de Sua expressão objetiva através da alma humana, cujos sete Centros Etéricos correspondem aos sete níveis de Atividade Espiritual e às qualidades íntimas dos Sete Raios...

Pergunta:Dado o muito que se progrediu no aspecto espiritual por meio da Ciência Parapsicológica, o senhor acredita que seja um requisito indispensável possuir faculdades parapsicológicas para poder ingressar em um Ashram da Hierarquia?

Resposta: A maior parte das faculdades psíquicas que a moderna Parapsicologia examina estão centralizadas na evolução do Chacra Manipura, na região do plexo solar, e fortemente polarizadas, portanto, no Plano Astral, mesmo quando suas atividades sejam mais vistas nos níveis etéricos. Se o senhor se refere a essas faculdades, devo dizer-lhe que, do ponto de vista do Discípulo em treinamento esotérico ou ashrâmico, carecem totalmente de significado espiritual. O Discípulo, simbolicamente falando, "deixou suas armas" (os poderes psíquicos) nos Vestíbulos do Ashram antes de penetrar no Recinto Iniciático. É dada às faculdades psíquicas tanta importância porque não existe uma visão realmente espiritual na maioria dos investiga-dores parapsicológicos, que deveriam partir da base de que a maioria dos nossos animais domésticos, o cão, o gato, o cavalo etc., possuem faculdades parapsicológicas e "veem e ouvem" em dimensões mais sutis que as comuns. A razão disso está no grande desenvolvimento de seu plexo solar, que atua como cérebro receptor e transmissor de todas as suas motivações e são levados à atividade física por uma série de fatores que poderíamos chamar parapsicológicos, ou seja, provenientes dos níveis astrais, onde estão realizando praticamente toda a sua evolução. A maior parte das pessoas chamadas "psíquicas", salvo muito raras exceções, está numa situação muito parecida e reage mais a esses estímulos astrais que à mente racional, o que é uma indicação de que seu cérebro não participa no desenvolvimento de suas faculdades parapsicológicas e que é condicionada pelas mesmas, sem possibilidade alguma de controle autoconsciente... Psicologicamente falando, essas pessoas não estão devidamente integradas no sistema mental, ainda que possuam uma grande dose de boa vontade em suas vidas. O estudo científico dos acontecimentos parapsicológicos que inconscientemente provocam em si mesmas e ao seu redor não têm valor para o ocultista e para os verdadeiros discípulos, já que a Lei do Ashram exige, antes de tudo, consciência e autocontrole. Por esse motivo, os poderes e faculdades parapsicológicos são deixados de lado e se estudam outros fenômenos muito mais importantes sob o ângulo esotérico, como, por exemplo, "a criação do Antakarana" ou Ponte de Luz que unirá, dentro da mente do Discípulo, o Centro Ajna, da fronte, com o Centro Coronário, na cúspide da cabeça. Quando essa Ponte está construída, surgem, dentro de uma eclosão natural das faculdades, os verdadeiros poderes parapsicológicos, os que correspondem, esotericamente falando, à Alma do Discípulo. Este, então, recupera, graças ao poder que possui sobre si mesmo, aquelas faculdades psíquicas que transitoriamente havia deixado "nos portais do Ashram", a fim de desenvolver suas capacidades mentais de discernimento. Ele seguiu o grande conselho dado por Cristo aos verdadeiros discípulos e que pode ser aplicado na utilização dos poderes parapsicológicos ou capacidades psíquicas, "Buscai, primeiro, o Reino de Deus, e tudo mais vos será dado por acréscimo”.

____

(1) O Mestre Conde de Saint Germain é conhecido também como Príncipe Rakoczi. É-nos dito esotericamente que há muitos anos esse excelso Adepto ocupa dentro da Hierarquia o cargo de Mahachohan, ou Senhor da Civilização, sendo substituído como Chohan do Sétimo Raio por Um de Seus elevados discípulos, cujo nome não foi revelado.

Início