O Estado de Saúde do Mundo como visto por um Mestre

Se fosse apresentada ao público pensante um panorama geral da saúde do mundo - em condições normais e não em tempos de guerra - levantar-se-ia a questão se haveria cem mil pessoas perfeitamente sadias entre os bilhões que hoje habitam o mundo. Penso que não. Mesmo que não exista uma doença efetiva e ativa, ainda assim, as condições dos dentes, da audição e da visão frequentemente deixam muito a desejar; tendências herdadas e predisposições ativas causam grande preocupação, e a tudo isto devem somar-se as dificuldades de ordem psicológica, as doenças mentais e os problemas especificamente cerebrais. Tudo isto reunido forma um quadro assustador. A medicina hoje luta contra as doenças que vai descobrindo; os cientistas procuram por alívio e curas e métodos seguros e duradouros de erradicação; os pesquisadores investigam os germes latentes, e os especialistas da área da saúde procuram novos meios para enfrentar o ataque violento das doenças. Saneamento, vacinação obrigatória, inspeção frequente, leis protegendo os alimentos, exigências legais e melhores condições de habitação - tudo isso é usado nesta luta pelas pessoas humanitárias de ampla visão. Ainda assim, a doença campeia violentamente, mais hospitais se fazem necessários e cresce sem parar a mortalidade.

A estes meios práticos oficiais, certas organizações como Ciência Mental, Novo Pensamento, Unity e Ciência Cristã oferecem sua ajuda, e procuram honestamente usar o poder da mente para resolver o problema. Na etapa atual, estes grupos estão em grande parte nas mãos de fanáticos e devotos não inteligentes; são intransigentes e incapazes de reconhecer que o conhecimento acumulado pela medicina e por aqueles que trabalham cientificamente com o corpo humano é tanto um dom de Deus quanto o seu - ainda não comprovado - ideal. Mais tarde, as verdades defendidas por esses grupos juntar-se-ão ao trabalho do psicólogo e do médico e quando isto acontecer haverá um grande melhoramento. Quando o trabalho do médico e do cirurgião, em relação ao corpo físico, for reconhecido como essencial e bom, quando a análise e as conclusões do psicólogo complementem o seu trabalho, e quando o poder do pensamento reto for também usado como auxílio, então, e somente então, entraremos numa nova era de bem-estar.

Às diversas categorias de problemas é preciso acrescentar também todo um grupo de doenças que são mais estritamente mentais em seus efeitos - as insanidades, as obsessões e os colapsos nervosos.

Aos vários agentes curadores já mencionados deve-se acrescentar o trabalho realizado pelos Membros da Hierarquia espiritual e Seus discípulos; é necessário o poder e o conhecimento da alma, mais a sabedoria dos outros grupos de cura para promover a saúde entre o povo, para esvaziar nossos hospitais, para livrar a humanidade das doenças básicas, da insanidade e da obsessão, e para prevenir a criminalidade. Isto é finalmente levado a cabo pela correta integração do homem como um todo, através da correta compreensão da natureza da energia, e através da correta apreciação do sistema endócrino, suas glândulas e as sutis relações entre elas.

Atualmente, pouco trabalho coerente e integrado é realizado, em uníssono, pelos quatro grupos:

1. Médicos e cirurgiões - ortodoxos e acadêmicos.
2. Psicólogos, neurologistas e psiquiatras.
3. Curadores mentais e os trabalhadores do Novo Pensamento, mais os pensadores da Unity e da Ciência Cristã.
4. Discípulos treinados e aqueles que trabalham com as almas dos homens.

Quando estes quatro grupos puderem entrar em estreita relação, e trabalhar juntos para libertar a humanidade da doença, chegaremos então a compreender a verdadeira maravilha do ser humano. Algum dia, teremos hospitais onde as quatro fases deste trabalho médico e terapêutico se desenvolverão lado a lado e na mais intensa cooperação. Nenhum dos grupos pode realizar totalmente a tarefa sem a ajuda dos outros; eles são todos interdependentes.

É a inabilidade destes grupos em reconhecer o que há de bom nos demais grupos lutando pelo bem-estar físico da humanidade que me impossibilita de oferecer um ensinamento mais específico e de falar de modo mais direto sobre estes assuntos. Fazem vocês ideia da muralha de pensamentos e discursos antagônicos frente à qual se depara uma ideia nova e pioneira? Já pensaram seriamente no conglomerado de pensamentos-forma cristalizados contra os quais essas novas ideias (e eu as chamarei de propostas hierárquicas) têm que lutar? Fazem ideia do peso morto das arcaicas e preconcebidas determinações que têm que ser removidas antes que a Hierarquia possa causar que um novo e necessário conceito penetre na consciência do público pensante - ou deveria dizer não-pensante? É muito difícil trabalhar no campo da medicina, porque o assunto é tão íntimo e o medo penetra muito fortemente nas reações daqueles que precisam ser alcançados. O abismo entre o que é antigo e estabelecido e o que é novo e espiritualmente exigido, precisa ser transposto. Bastante curioso é que grande parte da dificuldade é criada pelas mais recentes escolas de pensamento. A medicina ortodoxa é lenta - e nisso está certa - em adotar novas técnicas e métodos; é, às vezes, lenta demais, porém, no caso de novos sistemas de tratamento ou de diagnóstico, eles devem ser corretamente provados e estaticamente comprovados, antes de serem incorporados ao currículo e métodos médicos; os riscos para o ser humano são muito grandes, e um médico bom e humanitário não fará de seu paciente objeto de experimentos. Contudo, nas últimas décadas a medicina tem avançado a passos largos, a ciência da eletricidade e a terapia da luz e muitos outros métodos e técnicas modernas já foram acrescentadas às várias outras ciências de que se vale a medicina. As demandas do intangível e o tratamento do nebuloso - se é que estes termos são adequados - estão sendo reconhecidos e sabe-se que desempenham um papel ortodoxo aceito nas novas abordagens à doença.

A abordagem das escolas e cultos mentais, como eles erroneamente se autointitulam, não tem sido de grande valia, e isto em grande parte, por sua própria culpa. Escolas de pensamento como Ciência Mental, Novo Pensamento, Unity, Christian Science, iniciativas quiropraticas, os esforços dos terapeutas naturalistas e muitos outros trazem danos à sua própria causa, devido aos excessivos benefícios que alardeiam e aos seus incessantes ataques contra a medicina ortodoxa e outros canais de comprovada eficácia, e contra o conhecimento - fruto de séculos de experimentação - das escolas acadêmicas de medicina e cirurgia. Esquecem-se que muitos de seus êxitos - frequentemente irrefutáveis - podem ser classificados como curas pela fé, e isto pode ser feito tanto correta como incorretamente. Tais curas há muito têm sido reconhecidas pelo pensador acadêmico e sabe-se que são reais.

Estes cultos que são, de fato, os guardiões de verdades necessárias, precisam acima de qualquer outra coisa modificar sua atitude e aprender a natureza espiritual da concessão mútua nestes dias de desenvolvimento evolucionário. Suas ideias não poderão alcançar sua total e desejada utilidade, se estiverem apartadas do conhecimento já dado por Deus que a medicina acumulou ao longo das eras; precisam também registrar seus inúmeros fracassos, como registram os sucessos tão alardeados. Quero assinalar aqui que esses sucessos não são de forma alguma tão numerosos quanto os da medicina ortodoxa e o benéfico trabalho realizado nas clínicas de nossos hospitais, que - apesar dos fracassos e às vezes grossa estupidez - aliviam grandemente as dores e os males das massas humanas. Estes cultos deixam de declarar, ou mesmo reconhecer, que em casos de doença extremamente grave ou de acidente, o paciente não está em condições físicas de afirmar ou reivindicar a cura divina e depende do trabalho de algum curador que trabalha sem nada saber sobre o carma do paciente. Muitas das chamadas curas - e isto se aplica também à medicina ortodoxa - são curas porque a hora final do paciente não é chegada ainda, e ele ter-se-ia recuperado de qualquer modo, embora a recuperação seja mais rápida, devido às medidas tomadas pelo médico treinado.

Nos casos de acidente grave em que a pessoa está sangrando, o curador (não importa a que culto pertença) lançará mão dos métodos usados pelo médico ortodoxo; ele aplicará um torniquete, por exemplo, e tomará as medidas prescritas pela medicina ortodoxa, em vez de ficar parado e ver a pessoa morrer porque seu culto não usa essas medidas. Quando se vê frente à morte, usará os métodos já conhecidos e comprovados e chamará um médico antes que seja acusado de um assassínio.

Nada do que foi dito acima tem um sentido depreciativo; é apenas um esforço para provar que as muitas escolas de pensamento - ortodoxas, acadêmicas, antigas, materialistas ou espiritualistas, novas, pioneiras ou mentalistas - são interdependentes, e precisam ser reunidas numa única e grande ciência da cura. Esta será uma ciência que curará o homem por inteiro e porá em ação todos os recursos - físicos, emocionais, mentais e espirituais - de que o homem é capaz. A medicina ortodoxa está mais aberta à cooperação com os cultos mais novos do que os neófitos da ciência do controle mental da doença; ela não pode, contudo, permitir que seus pacientes se transformem em cobaias (não é este o termo usado nesses casos, meu irmão?) para a satisfação dos cultores pioneiros e a comprovação de suas teorias - não importa quão corretas sejam quando aplicadas conjuntamente com o que já foi comprovado. O caminho do meio entre o compromisso e cooperação mútuos é sempre o mais sábio, e esta é uma lição muito necessária hoje em qualquer departamento do pensamento humano.

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