O Sentido Esotérico

Um dos principais ensinamentos que pode ser visto muito claramente em todas as instruções de caráter verdadeiramente esotérico diz respeito à atitude do estudante do ocultismo. Supõe-se que ele esteja lidando com coisas subjetivas e esotéricas; ele pretende tornar-se um trabalhador na magia branca. Como tal, ele deve assumir e sustentar de maneira consistente a posição do Observador, destacado do mecanismo da observação e do contato; ele deve reconhecer-se essencialmente como uma entidade espiritual, diferente em natureza, objetivos e métodos de trabalho, dos corpos que ele considera prudente ocupar e empregar temporariamente. Ele deve conscientizar-se de sua unidade e linhas de contato com todos os similares cooperadores e assim chegar a uma lúcida consciência de sua posição na Hierarquia espiritual dos Seres. Tanta desinformação tem sido divulgada e tanta ênfase tem sido imprudentemente posta sobre o status e a posição na assim chamada hierarquia de almas, que os discípulos lúcidos e equilibrados agora procuram voltar seus pensamentos para outros pontos e eliminar tanto quanto possível todo pensamento de graus e esferas de atividade. No oscilar do pêndulo, é possível inclinar-se demais na direção oposta e não considerar estas etapas de atividade. Todavia, não me interpretem mal; não sugiro que uma tentativa seja feita para situar as pessoas e decidir onde elas se devam colocar na escala evolutiva. Isto foi feito da maneira mais tola no passado, da maneira mais desonrosa; a tal ponto que, nas mentes das pessoas, o assunto inteiro caiu no descrédito. Se estas etapas forem consideradas de maneira sadia pelo que elas são - estados de consciência expandida, e graus de responsabilidade - então o perigo da reação da personalidade aos termos "discípulo aceito, iniciado, adepto e mestre" será desprezível e muito aborrecimento seria eliminado. Deve-se sempre lembrar que o status individual é rigidamente mantido para si mesmo e o ponto de evolução (que pode ser fielmente reconhecido como estando adiante daquele do cidadão comum) demonstrar-se-á por uma vida de serviço ativo altruísta e pela manifestação de uma visão iluminada que está adiante da ideia racial.

Na reunião, no mundo atual, do novo Grupo de Servidores do Mundo, uma real cautela deve ser observada. Cada servidor é responsável por si mesmo e seu serviço e por nenhum mais. É prudente medir e se aproximar do status evolutivo, não em função de reivindicações feitas, mas em função do trabalho realizado e do amor e sabedoria demonstrados. O julgamento deve ser baseado num evidenciado conhecimento do plano à proporção que ele se demonstra na sábia formulação do passo seguinte para a raça humana; num sentido esotérico manifestado, e numa influência ou num poder áurico que seja amplo, construtivo e inclusivo.

Vocês me pedem para definir mais claramente que penso pelas palavras "sentido esotérico". Penso essencialmente no poder de viver e de agir subjetivamente, de possuir um constante contato interno com a alma e com o mundo no qual ela se acha e isto deve realizar-se subjetivamente através do amor, demonstrado ativamente; através da sabedoria, firmemente derramada; e através daquela capacidade de incluir-se e de se identificar com tudo que respira e sente, que é a característica predominante de todos os verdadeiramente funcionantes filhos de Deus. Penso, portanto, numa atitude de mente conservada internamente, que possa orientar-se voluntariamente em qualquer direção. Ela pode governar e controlar a sensibilidade emocional, não somente do próprio discípulo, mas de todos com quem ele possa estar em contato. Pela força de seu pensamento silencioso, ele pode trazer luz e paz a todos. Através daquele poder mental, ele pode sintonizar o mundo do pensamento e o reino das ideias e pode discriminar entre elas e escolher aqueles elementos mentais e aqueles conceitos que o capacitem, como um servidor sob o plano, a influenciar seu meio ambiente e revestir os novos ideais naquela matéria de pensamento que os tornem mais facilmente reconhecidos no mundo do pensamento e da vida comuns do dia a dia. Esta atitude de mente capacitará o discípulo também a orientar-se para o mundo das almas e naquele elevado lugar de inspiração e de luz, descobrir seus cooperadores, comunicar-se com eles e - na união com eles - colaborar na realização das intenções divinas.

Este sentido esotérico é a capital necessidade do aspirante neste tempo da história mundial. Enquanto os aspirantes não o conseguirem de alguma forma alcançar e não o puderem usar, nunca poderão participar do Novo Grupo; nunca poderão trabalhar como magos brancos e estas Instruções permanecerão para eles teóricas e principalmente intelectuais, em vez de serem práticas e eficientes.

Para cultivar este sentido esotérico interno, a meditação é necessária, e meditação contínua, nas primeiras etapas do desenvolvimento. Mas à medida que o tempo passa e um homem cresce espiritualmente, esta meditação diária seguramente cederá lugar a uma orientação espiritual firme e então a meditação como agora compreendida e necessária não mais será exigida. O desapego entre um homem e suas formas usáveis será tão completo, que ele viverá sempre no "assento do Observador", e daquele ponto e atitude dirigirá as atividades da mente e das emoções e das energias que tornam possível e útil a expressão física.

A primeira etapa neste desenvolvimento e cultura do sentido esotérico consiste na sustentação de atitude de constante observação desapegada.

O novo Grupo de Servidores do Mundo poderia bem ser considerado em suas fileiras externas como um corpo treinado de observadores organizados. Eu dividiria o grupo em três divisões e faço assim para que aqueles aspirantes e chelas em todo o mundo possam ser guiados em seu conhecimento quanto a onde poderão individualmente estar e possam, com sinceridade e verdade, começar a trabalhar com inteligência. Podem ser assim ajudados a se situarem.

Primeiro, há os Observadores Organizados. Estes aspirantes estão aprendendo a fazer duas coisas. Estão aprendendo a praticar aquele desapego que os capacitarão a viver como almas no mundo dos assuntos mundiais e a compreender o real significado das palavras: trabalhar sem apego. São também, secundariamente, aqueles estudantes dos assuntos mundiais em um ou outro dos sete departamentos antes referidos quando eu trouxe o novo grupo à atenção do mundo. Eles estão estudando os sinais dos tempos. Investigam o grande drama da história para descobrir sua linha principal e assim expressar para o mundo acadêmico comum e aos pensadores da raça o que veem e compreendem.

Percorrendo toda a história humana está um fio triplo e no intercâmbio destes três fios se encontra a história da evolução. Um fio guia os pensamentos do homem ao lidar com o desenvolvimento do aspecto forma, com as tendências raciais, e mostra quão sem desvio as formas das raças, dos países e da fauna e flora de nossa vida planetária acompanharam as necessidades dos lentamente emergentes filhos de Deus. O segundo fio leva-nos a uma compreensão do crescimento da consciência e indica a emergência da etapa instintiva para a da consciência intelectual e daí para aquela iluminação intuicional que é o presente objetivo da consciência.

O terceiro fio diz respeito ao próprio Plano e aqui nós entramos no reino do verdadeiramente desconhecido. Quê é o plano e qual a meta, é por enquanto totalmente não conscientizado, exceto pelo mais elevado adepto e pelos mais exaltados dos filhos de Deus. Até que a mente iluminada e o poder da resposta intuitiva se tenham desenvolvido na família humana, não será possível para nós alcançarmos os conceitos básicos que devem ser encontrados na Própria mente de Deus. Até que o mais alto ponto do Monte da Iniciação tenha sido escalado, não é possível visualizar a Terra Prometida como ela é. Até que as limitações - as necessárias limitações - dos três mundos tenham sido superadas e o homem possa funcionar como uma alma livre no reino espiritual, aquilo que jaz além daquele reino deve permanecer oculto ao homem tanto quanto a condição humana de ser e de consciência permanece um livro selado para o animal. Esta é uma lição necessária e salutar que todos os discípulos devem aprender.

Mas os observadores dos tempos e das estações podem fazer rápido progresso no crescimento intuitivo se perseverarem em sua meditação, treinarem seus intelectos e se esforçarem sempre em pensar em termos de universais. Que olhem para a retrospectiva histórica como parte da preparação emergente que inaugurará o futuro. Que eles cobrem a si mesmos ao reconhecerem o fato de que o reino das almas se está firmemente tornando um fenômeno do plano físico (estarei dizendo um paradoxo?) e será finalmente conhecido como um reino da natureza e assim considerado pelos cientistas antes que dois séculos tenham transcorrido. Estes "Observadores Organizados" formam o círculo externo do novo grupo e sua nota-chave é a síntese, a eliminação dos não essenciais e a organização do conhecimento humano. Trabalhando nos muitos campos da consciência humana, distinguem-se por um espírito não sectário e por uma capacidade em lidar com essências fundamentais e por ligar variados departamentos da investigação humana em um todo organizado e unificado.

Segundo, o grupo seguinte no Novo Grupo de Servidores do Mundo é o dos comunicadores telepáticos. São em número muito menor e se distinguem por sua relativamente íntima relação recíproca. São primariamente um grupo de ligação ou uma ponte. São selecionados do círculo mais exotérico dos observadores organizados, mas têm um objetivo mais amplo de serviço do que os demais, pois trabalham de um modo verdadeiramente mais esotérico. Estão em contato uns com os outros e com os observadores organizados, mas estão igualmente em contato com o grupo de homens e mulheres que estão no próprio centro ou coração do grupo mundial. Seu trabalho tem três aspectos e é muito difícil. Firmemente eles têm que cultivar aquele desapego que caracteriza a alma que se conhece. Firmemente eles recebem o conhecimento e a informação acumulados pelos observadores organizados e adaptam-nos às necessidades do mundo e distribuem o ensinamento. Eles trabalham efetivamente, mas sempre por detrás da cena e embora possam ser reconhecidos no mundo nesta etapa preliminar do trabalho do novo grupo e embora possam assim ser reconhecidos como instrutores, escritores e cooperadores, mais tarde recuarão mais e mais para a retaguarda e trabalharão através do círculo externo. Inspirá-los-ão e depositarão crescente responsabilidade sobre seus ombros; alimentarão o crescimento do intercâmbio telepático no mundo e assim tecerão aqueles cabos que finalmente ligarão o presente vazio entre o visto e o não visto e assim farão o novo mundo possível - um mundo no qual a morte tal como a conhecemos será abolida e uma continuidade de consciência universal treinada estabelecer-se-á. É por isso que se tem dado ênfase, no treinamento dos membros deste grupo no novo grupo, à sensibilidade telepática. Os membros deste segundo círculo de cooperadores são ensinados a desenvolver a sensibilidade em três direções: aos pensamentos dos homens fisicamente encarnados; às mentes daqueles que já se foram e que ainda estão nos corpos mentais e em terceiro lugar ao processo evolutivo e através de cujas mãos os três fios de vida em desenvolvimento passam firmemente.

Sua tarefa é extremamente difícil, muito mais difícil do que a do primeiro grupo e ainda mais difícil do que a do último, pois lhes faltam ainda certos poderes e a necessária experiência. Seu centro de consciência é a intuição e não o intelecto sintetizador e seu estado de consciência é amplo e inclusivo. Podem, portanto sofrer mais do que a maioria e poucos há que não sejam nesta etapa muito sensíveis ao seu próprio conforto e muito capazes de responder às vibrações emanando do aspecto forma em todos os três mundos. Seu estado de desapego ainda não é completo. Formam uma ponte e, portanto suportam infinitos problemas e respondem ao sofrimento mundial. Veem demais, se assim posso dizer, pois ainda não é seu o privilégio de visualizar com clareza o objetivo que se situa duzentos anos adiante. Sentem a necessidade atual. Respondem ao novo fluxo de força espiritual que está chegando. Suportam o peso da humanidade sobre seus ombros e porque estão de certo modo coordenados, vivem em todos os três mundos simultaneamente e isto poucos podem fazer. Estão conscientes da urgência da atual oportunidade e também da apatia dos muitos e por estas razões eles trabalham sob terrível pressão.

Em terceiro lugar, o grupo mais interno de todos é o dos próprios membros da Hierarquia. Importa-me muito pouco se estas almas libertas serão reconhecidas como Irmãos Mais Velhos da raça, como Mestres da Sabedoria, como a Nuvem das Testemunhas, como o Cristo e Sua Igreja, como Super-homens ou como quaisquer outros termos que as tendências herdadas da humanidade ou a tradição possam escolher chamá-los. Eles próprios pouco se importam. As tolas disputas quanto às suas personalidades e nomes e status nada significam. Mas eles são as forças inteligentes do planeta; eles expressam, devido ao seu estado de consciência expandido, a Mente de Deus; encarnam o princípio inteligente, imutável e não cambiante, e através deles flui a energia que nós chamamos a Vontade de Deus, por falta de melhor entendimento. Eles conhecem o plano muito melhor do que os dois círculos mais externos no novo Grupo de Servidores do Mundo, pois eles veem, clara e precisamente qual será o passo seguinte que a evolução planetária levará a raça a tomar durante os dois séculos próximos. Não se ocupam com especulações ociosas quanto ao objetivo último no final de uma era mundial. Isto pode surpreender vocês em face das muitas especulações ociosas quanto ao objetivo último no final de uma era mundial. Isto pode surpreender vocês em face das muitas especulações dos não iniciados. Mas assim é. Sabem que há um tempo e uma estação para todas as coisas e olhando para diante e compreendendo intuitivamente o objetivo para todos os reinos no futuro imediato, todo o seu esforço unido é dirigido para um fim - o cultivo da resposta intuitiva telepática dos Comunicadores que servem de ponte para cobrir o espaço entre eles e o mundo físico. Estes últimos, por sua vez, procuram empregar os Observadores. Conhecedores, Comunicadores e Observadores - todos trabalhando numa unidade íntima ainda que algumas vezes não realizada e todos respondendo (de acordo com o seu grau) ao impulso da Mente e da Vontade do Logos, a Deidade solar.

Além deste triplo grupo estão os Troncos, as Principalidades e os poderes com quem não precisamos nos ocupar. Do outro lado está a humanidade, rota pelos desastres da última guerra mundial, confusa pela pressão social, religiosa e econômica do presente, sensível e capaz de responder às influências e energias derramando-se com a nova maré da Era de Aquário; incapaz de compreender e de explicar e somente consciente de uma ânsia de liberdade de pensamento e da condição física, agarrando-se a toda oportunidade de adquirir conhecimento e assim provendo um campo fértil onde este novo grupo possa atuar.

Temos visto que o objetivo de todo treinamento interior é desenvolver o sentido esotérico e assim fazer desabrochar aquela percepção sensível interna que capacitará um homem para atuar, não somente como um Filho de Deus em encarnação física, mas como alguém que também possua aquela continuidade de consciência que o capacitará a estar interiormente desperto assim como exteriormente ativo. Isto se realiza através do desenvolvimento da habilidade de ser um Observador treinado. Chamo a atenção de todos os aspirantes para estas palavras. É a persistência na atitude da observação correta que leva ao desapego da forma, um poder subsequente para usar a forma à vontade e com o fim em vista de adiantar os planos hierárquicos e a consequente utilidade para a humanidade. Quando este poder de observar tiver sido de alguma maneira alcançado, nós então teremos o aspirante unindo-se àquele grupo intermediário de Comunicadores treinados que ficam entre os grupos antes mencionados (os grupos exotéricos e o grupo de cooperadores espirituais no plano subjetivo), interpretando um para o outro. É bom lembrar que mesmo os membros da Hierarquia tiram proveito das opiniões e conselho daqueles discípulos desinteressados em quem se pode confiar para corretamente reconhecer e interpretar as necessidades da hora.

Quando esta etapa é alcançada e um homem fica em contato consciente com o plano, então o verdadeiro trabalho mágico pode começar. Homens e mulheres, que estão começando a viver como almas, podem assumir o trabalho mágico da nova era e podem inaugurar aquelas mudanças e aquela reconstrução que promoverá a manifestação do paraíso e da nova terra, dos quais todas as Escrituras do mundo dão eloquente testemunho. Poderão então trabalhar com forças na matéria etérica e assim trazer à existência aquelas criações e organizações do plano físico que encarnarão mais adequadamente a vida de Deus na Era de Aquário que está agora sobre nós.

Estas palavras assinalam a consumação do trabalho mágico e são igualmente verdadeiras para o trabalho mágico de um Logos solar, de um Logos Planetário, de uma alma encarnada, ou daquele avançado ser humano que aprendeu a trabalhar como um mago branco sob o plano da grande Loja Branca. Refere-se, naturalmente, ao trabalho daqueles que através da conquista intelectual aprenderam a trabalhar como magos, mas no que é chamado o lado negro, pois as mesmas regras de trabalho mágico servem para ambos os grupos, embora difiram os impulsos motivadores. Mas com o trabalho do mago negro nós nada temos a ver. Aquilo que eles fazem é poderoso em efeito transitório, usando a palavra transitório em seu sentido cíclico; mas estes efeitos deverão no devido tempo cessar e ficar subordinados às exigências e ao trabalho dos que trazem a luz e a vida.

A etapa da sombra é o obscuro e incerto período que se encontra previamente à manifestação densa e concreta. Não se refere aqui à sombra como a contraparte da manifestação física da alma. Refere-se a uma das etapas intermediárias no processo criativo. É tecnicamente chamada a "etapa do crescimento e da expansão das nuvens" e esta etapa precede o aparecimento da forma exotérica mais estável e relativamente estática. Na formação de um sistema solar, este é reconhecido como um período preliminar e pode ser visto se desenvolvendo nos céus estrelados. Indica a etapa na qual o Grande Mago está apenas no processo de levar adiante Seu trabalho; Ele ainda não pronunciou finalmente aquelas palavras místicas ou aqueles sons espirituais que irão produzir a materialização e o aparecimento tangível da forma.

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