Aspirante aos mistérios
Fevereiro de 2014

O caminho da evolução consciente é, na verdade, uma busca de identidade. Cada aspecto recentemente descoberto do "eu" converte-se, por sua vez, em um véu sutil, e por trás dele uma nova luz nos chama por meio de sinais. Este belo mistério, infinitamente profundo, nos impulsiona sempre pra frente, e sua resolução final está sempre um passo à frente. Se não fosse assim, o estado último de identificação, por mais sublime, seria uma versão estática, e também, irreversivelmente, seria impossível mais revelações e expansões de consciência. Felizmente, este não é o caso, e até mesmo os Deuses estão avançando em direção ao que está além de seus ambientes, de seus estados de consciência e modos de interação - inimagináveis para nós. Por mais incrível que seja esta verdade, o fato é que quanto maior o progresso realizado ao longo do caminho interior de descobertas, mais o mistério se aprofunda e mais as revelações são surpreendentes.

As revelações que se encontram no caminho do discipulado estão relacionadas com "o propósito que os Mestres conhecem e a que servem". Estão relacionadas, por sua vez, com aqueles que se tornam iniciados, como o Buda e o Cristo, quando "o verdadeiro propósito da existência da Grande Loja Branca começa fracamente a despertar em Suas arrebatadoras e assombrosas compreensões. É de real valor para nós, portanto, tentar alcançar a continuidade da revelação e o vasto futuro ou visão de maravilhoso desdobramento que, estágio após estágio, grau a grau e plano a plano, se desenrola ante a consciência iniciática".

A revelação é sempre precedida por um tempo de trevas espirituais, que fornece o quadro no qual você pode ver a nova luz. Diz-se que "Na escuridão é onde encontramos Deus", e este é o momento em que a fé e a persistência são rigorosamente testadas. A tensão deste período é descrita de uma forma maravilhosa em um verso antigo que costumava ser cantado por aqueles que se aproximavam da iniciação da Transfiguração. A primeira parte diz:

"Eu permaneço entre os Céus e a Terra! Eu visualizo Deus; eu vejo as formas que Deus tomou. Odeio-as. Nada elas significam para mim, pois uma eu não posso alcançar e pela inferior das duas já não tenho amor."

"Roto estou. O espaço e sua Vida eu não posso conhecer e portanto não o quero. O tempo e suas miríades formas eu conheço muito bem. Pendente eu fico entre os dois, a nenhum desejando."

Aqueles que estão em treinamento para o discipulado conhecem esse estado de limbo, vivendo no chiaroscuro, um mundo onde eles reúnem forças para entregá-las, todas, ao ponto de luz, onde quer que for, quando este irromper em todo o seu esplendor, através do véu da escuridão que os rodeia. Até então, flashes ocasionais de excelsa luz são captados na meditação, que, embora ainda não possa ser sustentada, fornece uma visão, até o momento em que o discípulo esteja pronto para fundir o seu sentido individual de identidade com o do todo maior. Não importa o quanto se deseje, só o coração valente, ardente de amor pela humanidade, pode dar o salto para a luz reveladora de um novo reino da natureza.

A maior fortuna do nosso tempo é que o treinamento moderno para o discipulado abrange o cultivo da consciência grupal e o senso do grupo, ajudando muito a aliviar a solidão relacionada com o palmilhar do caminho, como está bem documentado nas tradições religiosas e esotéricas ao longo dos séculos. Estamos vivendo em um período de transição em que "a lei exige a entrada daquilo que pode produzir uma mudança", com toda a pressão espiritual que isto implica. A cada aspirante aos mistérios lhe é próprio penetrar no silêncio profundo do coração e decidir se quer fazer de sua jornada espiritual uma longa e interminável aventura, juntando-se aos SEUS irmãos de grupo para entrar de cabeça na luz.

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