A Lucidez Divina

Como observamos anteriormente, o tema do próximo seminário será "Do Intelecto à Intuição". Este tema surgiu a partir do conceito de lucidez que examinamos nas últimas cartas, que surgiram, por sua vez, do nosso trabalho grupal durante o período da conferência da Escola Arcana. Pode ser distinguida claramente a continuidade do pensamento grupal a partir do momento em que foi dado a conhecer a nota chave da conferência no início do ano até a precipitação do nosso tema para o intervalo inferior.

Para refrescar a nossa memória, mencionemos que o experimento Logoico “tem a intenção de criar uma condição psicológica que pode ser descrita como ‘lucidez divina’.” Portanto, a meta para a humanidade avançada é ir além do complexo funcionamento da mente concreta, que até agora tem servido muito bem, para atingir o estado natural de simplificação e síntese da intuição. A intuição percebe diretamente o reino das causas e sua relação com o mundo das formas.

É evidente que a humanidade avançada está necessitando desta transição. A mente concreta conseguiu adquirir um conhecimento impressionante das formas que povoam o mundo manifestado, mas não sabe como e por que elas têm vindo à existência. E isso é porque a Lei de Causa e Efeito é compreendida ao contrário. A evolução está considerada como um conjunto fortuito de estruturas complexas; e que, em um dado momento, em seu interior a consciência apareceu misteriosamente. Pelo contrário, a ciência esotérica diz que foi a consciência que veio primeiro e depois se exteriorizou através de formas materiais cada vez mais sofisticadas à medida que aprendia a atuar no tempo e no espaço.

Isto significa que, em vez de evoluir a partir dos reinos inferiores da natureza, o homem os precedeu, como indicado no Volume II de A Doutrina Secreta de HP Blavatsky. Antes da individualização e do desenvolvimento da autoconsciência no plano físico, o ser humano continha tudo dentro de si mesmo e o foi gradualmente cristalizando a partir de sua natureza interior. Dito isto, nas palavras de H. P. Blavatsky: “As duas primeiras Raças humanas eram demasiado etéreas e semelhantes a fantasmas em sua constituição, em seu organismo e até mesmo em suas formas, para serem chamadas raças de homens físicos. (...) O homem foi, por assim dizer, o reservatório de todos os germes de vida desta Ronda, inclusive a vida vegetal e a animal. (...) Tendo surgido no início mesmo da vida senciente e consciente, encabeçando-a, veio a ser a Unidade animal vivente, cujas ‘vestes refugadas’ determinaram a forma de toda vida e de todo animal na presente Ronda. (...) Assim, ele ‘criou’, inconscientemente, durante idades sem conta, os insetos, reptis, aves e todos os animais, com seus restos e os da Terceira e Quarta Rondas.” (1)

Rudolf Steiner também explicou isto: "A evolução teve que seguir seu curso, desta forma; através de um processo de divisão, o homem (...) teve que puxar tudo isso de si mesmo para que pudesse ver seu próprio ser (...). Como o caracol tem a sua casa dentro de si mesmo, o homem tinha outros seres e reinos (mineral, vegetal e animal) dentro de si mesmo. E ele pôde dizer a todos eles: "As substâncias estavam dentro de mim; cristalizei as partes componentes (...). Como seres humanos temos feito tudo; e nas outras partes da criação, podemos ver nossos produtos, nosso próprio ser que tomou forma sólida ". (2)

Esta é a grande verdade por trás de algumas trivialidades místicas, como "todos somos um", e também a razão pela qual o reino humano é o meio caminho entre os reinos subumanos e super-humanos da natureza. No tempo e no espaço, este reino é o lugar onde o homem está a meio caminho entre os reinos inferiores e superiores que estão acima e abaixo dele mesmo.

Na medida em que os seres humanos despertam para o verdadeiro propósito da evolução através da intuição, o intelecto e a imaginação encontrarão o seu justo lugar como agentes da exteriorização. Uma vez que o "padrão interior das coisas" tem que se manifestar externamente, a mente que concretiza e a faculdade de trabalhar unidas à intuição tornarão isto possível. Graças a esta colaboração tripla, as corretas relações entre todas as coisas se manifestarão; então reinará a "lucidez divina" em todos os planos do sistema, em conformidade com o objetivo de "Homem Celestial".

Na luz da mente intuitiva grupal ...

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1. A Doutrina Secreta, Tomo II, H. P. Blavatsky.
2. At the Gates of Spiritual Science, pp 72-3, Rudolf Steiner.

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