Encontrando significado em uma "era de medição"

Um enigma inquietante subjaz no coração da filosofia esotérica:

"O que a menor coisa em existência tem em comum com a maior?" A resposta é: nenhuma delas existe! A matéria não é uma "substância objetiva". Nas palavras de Helena Blavatsky: "É na doutrina da natureza ilusória da matéria e na infinita divisibilidade do átomo que toda a ciência do Ocultismo está construída". (1) Essa visão é apoiada pela filosofia Hindu, que considera o mundo fenomenal como "maya" - um termo sânscrito que significa ilusão. Se isto é assim, surge então a questão de até que ponto medir as coisas e compará-las umas com as outras ajuda a humanidade em sua jornada do Irreal ao Real?

É claro que a medição nos ajuda a viver de maneira mais eficaz no mundo da ilusão, mas não oferece nenhum indício real de onde a chave para a liberdade possa ser encontrada. Essa falta de orientação é motivo de preocupação, já que estamos vivendo em uma era que está preocupada com a medição e com o dilúvio resultante de estatísticas; ela influencia fortemente os sistemas educacionais, bem como a maneira como nos relacionamos uns com os outros e com o mundo ao nosso redor - definindo, sem dúvida, nosso próprio senso de identidade.

Em seu livro Good Education in a Age of Measurement, Gert Biesta pergunta: "estamos de fato medindo o que valorizamos, ou estamos apenas medindo o que podemos medir facilmente e, assim, valorizando o que podemos medir?" Biesta sustenta que o foco na medição de resultados educacionais deslocou questões sobre propósito educacional e alimentou o espírito competitivo. Em outro livro The Rediscovery of Teaching, ele visualiza uma educação que "não é centrada na criança nem centrada no currículo, mas centrada no mundo, que se concentra em tornar uma existência adulta no mundo e com o mundo possível - um processo no qual o ensino não é entendido como um ato de controle, mas um ato orientado para a liberdade, desempenhando um papel crucial." (2)

Se pensarmos em nossa infância, podemos nos lembrar de um professor favorito que causou uma impressão tão grande em nós que nos influencia até hoje - não tanto em termos de conhecimento, mas na forma como pensamos e vemos o mundo, e a maneira como nos conduzimos e nos relacionamos com os outros. Embora possa ter passado um longo tempo até pensarmos nesse professor, podemos reconhecer que a qualidade dele continua a ressoar profundamente dentro de nós. Este é o efeito do tipo de ensino que Gert Biesta está se referindo, que estabelece ressonâncias com o bem, o verdadeiro e o belo em cada criança e tem uma influência vitalícia. Essa é a arte do ensino.

Mas qual é esse fenômeno de ressonância que pode ter um efeito tão duradouro? Os princípios em jogo são discutidos de vários ângulos nos escritos de Alice Bailey, embora ela não utilize esta palavra. Hoje em dia, a ressonância é um termo familiar: ressoar com os sentimentos de outra pessoa ou encontrar ressonância com um ponto de vista ou a ideologia é bem compreendida. É lindamente ilustrado pela "corda simpática" encontrada em muitos instrumentos musicais Indianos. Essa corda vibra em resposta aos tons que são tocados nas cordas principais - um princípio conhecido como "ressonância simpática".

A maneira pela qual as palavras entram na linguagem, a maneira pela qual elas se diversificam e se fundem no diálogo comum, refletem mudanças sutis que estão ocorrendo na consciência. E o uso de palavras como "ressonância" e "ressonar" significa uma mudança significativa para o pensamento abstrato. Além disso, a compaixão que agora floresce na humanidade está enraizada no princípio da ressonância simpática. A compaixão é, em essência, um fenômeno musical; podemos imaginar os belos tons que serão ouvidos pelo ouvido interno, à medida que um número cada vez maior de pessoas se identifique e ressoe mutuamente?

Se a ressonância é um fenômeno musical muito mais extenso do que a pequena escala de vibrações detectadas pelo ouvido físico, então qual é o meio pelo qual ela opera? A era da medição não pode responder isso, pois abandonou por muito tempo a filosofia natural e o conceito do éter que preenche o Espaço. Às vezes, é necessário recuperar uma perspectiva anterior sobre a qual construir de novo. E como muitos dos filósofos antigos estavam bem conscientes, o Espaço é um pleno cheio de uma substância divina, cuja natureza essencial nunca se revelará a dispositivos de medição de qualquer tipo. Somente a ressonância simpática com a música das esferas trará percepção de tais mistérios:

Conduza a vida necessária para a aquisição de tal conhecimento e poderes, e a Sabedoria chegará a você naturalmente. Sempre que você for capaz de sintonizar sua consciência com qualquer um dos sete acordes da "Consciência Universal", aqueles acordes que percorrem a caixa de ressonância do Kosmos, vibrando de uma Eternidade a outra; quando você tiver estudado completamente "a música das Esferas", somente então você se tornará livre para compartilhar seu conhecimento com aqueles com quem é seguro fazê-lo… (3)

É através da intuição a maneira como podemos ouvir a música das esferas e ressoar as verdades que ela revela. É o meio pelo qual os grandes sábios e poetas acessaram os reinos internos onde a verdadeira natureza das coisas está à espera de ser descoberta por toda a humanidade. Até esse momento, ressonâncias inesperadas podem ocorrer de forma passageira através da câmara da intuição, transportando-nos momentaneamente para fora de nós mesmos:

Olhando para o fogo cintilante de um diamante, algo fulgurante e maravilhoso passa pelos sentidos internos; um momento de revelação inflama todo o ser… então tudo está escuro novamente, e a mente a cambalear na cauda do cometa que acaba de passar. Tal é a velocidade da revelação até que a abertura que existe em cada momento seja novamente transporta. Então, um novo céu acima nos saúda, uma nova paisagem nos rodeia. Tudo se aquieta, embora cheio de melodia e dançando vibrante à música das esferas. (4)

Em companheirismo iluminado,

Grupo da Sede
Lucis Trust

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1. Doutrina Secreta, p. 520, H.P. Blavatsky
2. Gert Biesta - Website: https://www-gertbiesta-com.jimdosite.com
3. Doutrina Secreta, p. 167, H.P. Blavatsky
4. Aluno da Escola Arcana

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