O Herói Grupal

Prezado condiscípulo:

Na carta de setembro, refletimos sobre a entrada do Novo Grupo de Servidores do Mundo no cenário mundial como um herói grupal, porque o Grupo expressa qualidades e princípios semelhantes a certos heróis da mitologia clássica. Um desses heróis que imediatamente vem à mente é Prometeu, o Titã que roubou o fogo dos deuses no Monte Olimpo para dar à humanidade o dom da civilização. Esse ato simbólico pode ser equiparado à fusão da mente superior com a mente inferior em uma ponte de luz incandescente entre o reino humano e o reino sobre-humano da natureza. Este é sem dúvida o objetivo da quinta raça raiz e a tarefa imediata do Novo Grupo de Servidores do Mundo que está liderando o caminho. É inspirador visualizar o grupo que fica no topo da montanha em Capricórnio, a evocar a luz ardente da Hierarquia para entregar à humanidade como o fogo da nova civilização mundial.

Helena Blavatsky declarou que “Prometeu é mais do que o arquétipo da humanidade; ele é o seu gerador”, (1) enquanto Rudolf Steiner o considerou “o arquétipo do iniciado da quinta raça raiz, iniciado não apenas na sabedoria, mas na ação... O grande drama-mistério de Prometeu é uma expressão daquilo que precisa evoluir como capacidade humana.” (2) Há um consenso geral de que a raiz etimológica da palavra Prometeu é “pensamento a priori” (aquilo que é pensado com antecedência NT), enquanto a de Epimeteo, seu irmão, é “pensamento a posteriori” (aquilo que é pensado posteriormente, refletidamente NT). Como tal, Epimeteu representa o estado de consciência kamamanásico em que esse tipo de pensamento não é verdadeiramente criativo e se reflete principalmente nos impactos de forças que ocorrem nos três mundos e responde a eles com um pensamento colorido pelo desejo e pela emoção. Em contraste com isso, Prometeu representa o estado de consciência kamamanásico em que esse tipo de pensamento é receptivo ao plano da intuição, criando novas maneiras de pensar, caracterizadas pela aspiração e amor divinos. Nos fogos de manas, ele é moldado e toma forma de "uma ideia cujo tempo chegou", e este é o trabalho essencial do prometeico herói grupal.

Ao relacionar a história de Prometeu com a do Novo Grupo de Servidores do Mundo, devemos considerar o fato de que, como punição por roubar fogo do céu, os deuses acorrentam Prometeu a uma rocha por toda a eternidade, e todos os dias uma ave de rapina bica e come parte de seu fígado apenas para ele voltar a crescer durante a noite. Nessa imagem horrível, a ave de rapina pode ser considerada uma personificação do kama ou desejo que suga a força vital de um ser humano. O fígado é o restaurador da força vital porque purifica o sangue e "o sangue é vida". Curiosamente, o fígado é o único órgão visceral que tem a capacidade de se regenerar.

Mas por que uma figura tão avançada quanto Prometeu estava sujeita à atração da natureza astral e à drenagem de suas forças vitais? Refletindo sobre isso, podemos lembrar que, à medida que o corpo astral eleva o seu ritmo vibracional, ele expressa belas emoções, mas elas também devem ser finalmente transmutadas em amor impessoal da natureza búdica. Essa tarefa confronta cada discípulo num estágio avançado no caminho e, no livro De Belém ao Calvário, de A.A.B., é feita referência aos pensamentos do psicólogo William Sheldon:

“O conflito de Prometeu é a luta que tem lugar na mente humana entre o anelo pela compreensão e o impulso imediatamente mais próximo daquelas afeições e desejos vivos que são condicionados pela boa vontade e o apoio dos semelhantes; os desejos de felicidade dos que amamos; de alívio da dor e do desapontamento nas mentes que não podem compreender o sonho interior; e de calorosa reafirmação das honrarias mundanas. Este conflito é a rocha contra a qual a mente religiosa se afunda e se rompe contra si mesma.” (3)

Outro herói, Hércules, é quem finalmente libera Prometeu de suas correntes. Isso é ligeiramente mencionado em Os Trabalhos de Hércules, mas é significativo que a libertação ocorra no Trabalho em Gêmeos, o signo em que a relação entre a parte mortal do homem e sua parte imortal é resolvida. Isso é simbolizado pela luz minguante de Castor, uma das estrelas gêmeas de Gêmeos, que representa a parte mortal do homem, enquanto a luz de Pólux, que representa a parte imortal, está aumentando em brilho. As duas estrelas podem estar relacionadas à unidade mental, através da qual a mente inferior da personalidade opera, e ao átomo manásico permanente, através do qual a mente superior da alma opera. Quando o relacionamento entre os dois é aperfeiçoado, temos a consumação da construção do antahkarana, nascendo assim um poderoso servidor da humanidade. A esse respeito, o Tibetano escreveu: "A energia do Novo Grupo de Servidores do Mundo pode ser comparada ao antakarana que liga a humanidade à Hierarquia, fornecendo um canal de contato com os Ashramas dos Mestres". (4)

Talvez possamos comparar as qualidades daqueles que servem no coração esotérico do Novo Grupo de Servidores do Mundo com os de Hércules, como o Tibetano descreveu para o seu grupo de discípulos na época: "No coração desse grupo mundial estão aqueles que pertencem aos Ashramas dos Mestres - como alguns de vocês - ou na periferia ou dentro da esfera de influência de tais Ashramas. Sua tarefa é principalmente meditativa, realizada para influenciar as mentes dos membros do grupo que ainda não estão em contato com algum ashrama". (5)

Seguindo os passos de Hércules e ganhando poder espiritual com cada trabalho enfrentado e superado, a tarefa desses discípulos é transmitir o amor ardente da mente superior ao grupo mais amplo para que possa ser liberado em um serviço cada vez mais poderoso para a humanidade.

Em iluminado companheirismo grupal.

Grupo da Sede
Escola Arcana

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1- A Doutrina Secreta, Vol. II p. 519, H.P. Blavatsky,

2 - Greek and Germanic Mythology in the Light of Esotericism
The Prometheus Saga. Archivo de Rudolf Steiner,
https://wn.rsarchive.org

3 - Psychology and lhe Promethean Will, por W. H. Sheldon, págs. 85, 86. Citado em De Belém ao Calvário, pág. 212, AABailey

4 - Discipulado na Nova Era, Vol. II, p. 89, A.A. Bailey

5 - Idem, p. 232

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