A energia por trás de todo o progresso e a nossa responsabilidade

Estimado (a) condiscípulo (a):

Em Os Raios e as Iniciações, o Tibetano se refere a uma grande energia que chega à Terra vinda da estrela mais brilhante do céu noturno: Sirius. É-nos dito que essa energia desempenha um papel importante no processo evolutivo em todos os reinos da natureza. Na verdade, "está por trás de todo o progresso". Embora essa energia cósmica não tenha nome, ela é conhecida como Lei ou Princípio de Liberdade, pois esse nome descreve o efeito de sua atividade. Foi descrito de várias maneiras: como "uma energia fermentadora que pode permear a substância de uma maneira excepcional” e como uma "influência exercida 'misteriosamente' que produz uma atração para fora da forma". Paradoxalmente, embora esta grande lei traga liberdade com ela, ela também impõe certas restrições, que tornaram nosso Senhor do Mundo conhecido como o "Grande Sacrifício". Sob o controle desta lei, “Ele criou nossa vida planetária e tudo o que está sobre e dentro dela com o fim de aprender a manejar esta lei com pleno conhecimento, com plena consciência, e, contudo, ao mesmo tempo, trazer libertação para as miríades de formas de Sua criação”. (1)

Esta informação alucinante nos fornece um quadro de referência único a partir do qual podemos observar a maneira como vários setores da humanidade atualmente entendem, buscam e expressam a "liberdade", bem como as responsabilidades e sacrifícios que devem ser adicionados à mistura para que a influência libertadora de Sirius seja experimentada mais profundamente. Um grande passo à frente ocorreu quando Franklin D. Roosevelt articulou as Quatro Liberdades em 1941, embora, infelizmente, ainda existam milhões de pessoas ao redor do mundo que não as têm experimentado. Mas nosso foco aqui está no outro lado da equação: naqueles que desfrutam das quatro liberdades, mas ainda não compreenderam não apenas o senso de responsabilidade social, mas o espírito de comunidade e sacrifício criativo que deve acompanhar essas liberdades para não permitir que ninguém seja excluído delas.

No mês passado, refletimos sobre a cultura do individualismo e a busca pela riqueza que tem minado o caminho coletivo da humanidade para a liberdade. Nas últimas quatro décadas, o princípio de liberdade em muitas democracias liberais foi distorcido em um ideal individualista e meritocrático: a crença de que é possível criar condições nas quais cada indivíduo tenha a oportunidade de subir até onde seus talentos o levem. Mas, no contexto de uma forma econômica de globalização altamente competitiva, sempre há vencedores e perdedores, e aqueles que sentem que perderam são deixados para trás e privados de direitos. Além disso, para quem tem sucesso, é muito fácil pensar que isso se deve apenas ao mérito individual e não sentir qualquer senso de responsabilidade para com a comunidade social e educacional da qual surgiu a oportunidade. O filósofo político Michael J. Sandel aborda esse problema, observando que:

“A fragilidade da concepção liberal de liberdade está ligada ao seu apelo. Se nos considerarmos seres livres e independentes, livres de laços morais que não escolhemos, não podemos encontrar o sentido de uma série de obrigações morais e políticas que comumente reconhecemos e até recompensamos. Isso inclui as obrigações de solidariedade e lealdade, memória histórica e fé religiosa, afirmações morais que surgem das comunidades e tradições que moldam nossa identidade. A menos que nos consideremos seres sobrecarregados, abertos a afirmações morais de que não dispomos, é difícil dar sentido a esses aspectos de nossa experiência moral e política”. (2)

Em seu último livro, The Tyranny of Merit, (A Tirania do Mérito) Sandel conclui:

“Um sentido vívido da contingência de nossa sorte pode inspirar certa humildade: 'Lá vou eu, só pela graça de Deus, ou por acidente de nascimento, ou pelo mistério do destino. Essa humildade é o começo do caminho de volta da dura ética do sucesso que nos separa. Visa, além da tirania do mérito, uma vida pública menos vingativa e mais generosa”. (3)

Os debates públicos realizados por Michael Sandel geraram para ele um nível de popularidade mundial geralmente não associado a filósofos políticos. Em 2012, uma palestra na Universidade Yonsei, na Coreia do Sul, contou com a presença de milhares de estudantes e cidadãos, e a habilidade com que ele orienta o pensamento de seu público em direção a princípios e níveis mais profundos de significado é evidente nesse vídeo [video]. (*) Embora incomodado com rótulos, Sandel tem sido associado a uma forma de comunitarismo (**) que chega ao Oriente com empatia por alguns dos princípios do confucionismo e à popularidade de seus debates interculturais sobre raciocínio moral que o levou a ter sido nomeado em 2011 por uma revista de notícias estatal chinesa como a 'figura estrangeira mais influente do ano'. Em vista do crescente poder econômico da China, essas pontes entre o Oriente e o Ocidente são vitais para aprender com a herança cultural um do outro, encontrar um terreno comum e trabalhar juntos para formar ideais de virtude e comunidade para uma sociedade global moderna.

Em seus escritos, o Tibetano sugeriu este caminho a seguir observando que "a literatura do Oriente [está] disponível, em toda a sua beleza, no Ocidente, e ... [tem] ... vinculado as verdades espirituais de todas as épocas com a apresentação cristã da verdade, mostrando que todas têm igual valor progressivo. Agora as massas da Índia, China e Norte da África tem que despertar para o significado interior de suas próprias crenças e refletir sobre o papel que o Cristianismo desempenha no mesmo grande programa religioso”. (4) O Tibetano também indicou que um processo de estimulação ocorrerá que em alguns dos pensadores mais importantes da quarta raça raiz se tornará radioativa, e que a importância disso é tão grande que Confúcio está se preparando para encarnar novamente para supervisionar o trabalho. Os passos preliminares estão sendo dados agora, e no momento de escrever este artigo, o Tibetano disse que estão chegando Egos que "se esforçarão para direcionar as energias desta raça para a linha correta". O ponto culminante do ciclo de estimulação, disse ele, será alcançado em meados deste século XXI (5)

Com isso em mente, há muito a ser aprendido com os valores culturais do confucionismo e o papel que ele deve desempenhar em ajudar o povo da Ásia Oriental no caminho para a liberdade que a humanidade está construindo coletivamente nos reinos espirituais. Em um artigo intitulado The Confucian Concept of Freedom (O Conceito Confuciano de Liberdade), o professor de filosofia chinês Li Chenyang escreve:

“A concepção confuciana de liberdade ... não implica um livre arbítrio sem responsabilidades como origem e iniciador da escolha. Em vez disso, a ação livre é exercida pela pessoa por meio do coração e da mente. O agente de liberdade é aquele que sempre opta por se localizar em um ambiente de cunho fundamentalmente social. O ideal confuciano de liberdade tem de ser alcançado no contexto da sociedade humana e a liberdade é indispensável para uma sociedade humana saudável. O confucionismo deve ter um espaço e se isso não aconteceu, o espaço para a liberdade deve ser criado. Além disso, se o objetivo principal do confucionismo é alcançar a liberdade humana como a escolha do bem, então ele deve apoiar e promover as instituições sociais que contribuem para esse objetivo”. [P. 18 a 20]

Seja no Oriente ou no Ocidente, o caminho para a liberdade em um contexto social envolve um sacrifício constante da mentalidade individual à mentalidade coletiva. Isto reflete o espírito da grande lei sob a qual Sanat Kumara atua e o sacrifício criativo que Ele realizou para "liberar as miríades de formas de Sua criação". A maneira como a humanidade concebe a liberdade está evoluindo lenta, mas seguramente, e a solidariedade que foi evidenciada em grandes setores da população mundial durante a pandemia tem sido encorajador. Conceitos isolados de liberdade foram desafiados, e seu sacrifício pelo bem maior da sociedade foi uma das lições desse período. Os trabalhadores esotéricos do mundo se unem a este entendimento grupal em evolução com mentes e corações iluminados com luz e amor.

Em iluminado companheirismo grupal,

Grupo da Sede
ARCANE SCHOOL
Escola Arcana

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1. A.A. Bailey, Os Raios e as Iniciações, p. 417.
2. Michael Sandel, Justice: What’s the Right Thing to Do?
3. Michael Sandel, The Tyranny of Merit, p. 227.
4. A.A. Bailey, Psicologia Esotérica, Vol. I, pp. 176-7.
5. A.A. Bailey, Um Tratado sobre o Fogo Cósmico, pp. 1079-1080.

(*) https://www.youtube.com/watch?v=64QjJ9gW2rM&t=5s&ab_channel=MichaelSandel

(**) O comunitarismo é um conceito político, moral e social que surge no final do século XX (por volta da década de 1980) em oposição a determinados aspectos do individualismo e em defesa dos fenómenos como a sociedade civil e o bem comum. Entre a queda do Comunismo russo em 1989 e o triunfo do Liberalismo anglo-americano no mundo até 2007-2008, a sociedade fica sem rumo para as suas novas esperanças, e com a necessidade de contestar o Liberalismo, surge o Comunitarismo, para enriquecer os debates políticos do mundo pós-guerra fria.

O comunitarismo sustenta que o indivíduo não existe independentemente das suas afiliações culturais, étnicas, religiosas ou sociais. Esta concepção implica, portanto, que os indivíduos pertencem invariavelmente a comunidades distintas, endógenas e homogéneas. Tal concepção pressupõe assim que haja poucos intercâmbios e mal-entendidos fundamentais entre cada comunidade que os impeçam de se fundirem numa só. Esta ideia opõe-se assim ao universalismo, que, pelo contrário, concebe tais diferenças como negligenciáveis face à singularidade da raça humana.

A ideologia comunitarista porém não é contrária ao liberalismo, mas centra seus interesses nas comunidades e na sociedade e não no indivíduo, como o liberalismo faz. Eles creem que as comunidades são a base de todas as soluções para um mundo melhor e que o liberalismo não vem conferindo a importância que elas merecem, devido ao individualismo defendido pelo sistema liberal. Os comunitaristas acreditam que o individualismo do liberalismo prejudica as análises sobre as questões de nosso tempo, como, o aborto, o multiculturalismo, a liberdade de expressão, entre outras. (Wikipédia) (NT EE)

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