Janeiro de 2022

Pensar com os Anjos

Estimado(a) Condiscípulo(a)

Quando o Ano Novo começa, a luz suprema de Capricórnio oferece um ambiente maravilhoso para continuar pensando sobre o reino angélico ou dévico, um tópico que começamos na carta da Escola de dezembro e também exploramos no webinar Lucis Trust: “Despertar para os Anjos". Nesta carta, consideraremos o esoterismo não apenas como a ciência de 'pensar na luz', mas, em muitos aspectos, de 'pensar com os anjos'. A Hierarquia Espiritual também parece praticar isso; na verdade, somos informados de que em tempos bem recentes, a Hierarquia experimentou coletivamente uma "grande expansão" de consciência devido a "um grande influxo do que é esotericamente chamado de 'essência angélica' do reino dévico... sob a direção de certos grandes Devas que durante os últimos duzentos anos estiveram filiados à Hierarquia”. (1)

Usar a Grande Invocação facilita muito 'pensar na luz' para aqueles que estão no caminho do discipulado. Na verdade, o Tibetano disse que a entrega deste mantra foi o primeiro passo na precipitação planejada da luz suprema para o plano físico. A segunda etapa, continuou, será “o reaparecimento do Excelso Senhor, que funcionará como uma lente através da qual a luz poderá ser focalizada e adaptada às necessidades humanas”. (2) Esta é uma visão maravilhosa para que a imaginação criativa do grupo possa trabalhar, especialmente à medida que aprofundamos nossa apreciação da luz como a essência elétrica dos anjos. Embora possa ser difícil para muito pensamento religioso tradicional discernir essa luz viva, ela certamente está fluindo através daqueles do Novo Grupo de Servidores do Mundo que estão trabalhando no campo da religião.

Um exemplo claro pode ser encontrado no livro: Looking East in Winter, de Rowan Williams, ex-arcebispo de Canterbury. O Dr. Williams foi atraído pelo Cristianismo Ortodoxo Oriental por causa de sua ênfase na expressão prática da teologia na vida espiritual. Em uma entrevista recente, ele comentou: “O que você aprende nesta teologia é absolutamente baseado no que acontece com você se você está tentando levar uma vida de disciplina espiritual. É como se para entender alguns dos conceitos da teologia você tem que... abrir-se ao mundo e ao Criador do mundo de certa maneira e, por isso, você descobre que algumas novas ideias e perspectivas se abrem.

Muitas dessas ideias são discutidas no contexto da antologia de textos espirituais do Século 18 conhecida como Filocalia (Philokalia - em inglês), cujos autores acreditavam que a revelação era essencialmente “o dom de uma sabedoria que abriu novas possibilidades para a ação humana... Quem se examina à luz destes textos é quem aprende a viver com sinceridade no mundo como ele realmente é”. (3) Em um texto, Watchfulness and Holiness, Santo Hesychius de Sinai resume a visão clássica de que a santidade é o estado natural dos seres humanos: uma identificação com "o belo, o encantador e o todo" que está subjacente na primeira narrativa da criação no Gênesis; e este estado natural é uma percepção clara. Porém, a condição que habitualmente vivenciamos é o oposto da percepção clara: “é um estado de escravidão às imagens que são vistas ou percebidas como objetos para a satisfação da mente”. (4)

Outro escritor influente, Evagrio Pontico, distingue entre pensar sobre as coisas do mundo com e sem desejo, e elabora ainda mais em termos da diferença entre consciência angelical, diabólica (*) e humana. Dr. Williams resume o texto da seguinte forma:

“O pensamento angélico busca o logos espiritual dentro do que é percebido; o pensamento diabólico propõe ao ego percebedor adquirir o que é percebido; e o pensamento humano simplesmente registra a morphe psile, a forma simples que existe para ser percebida. Como tal, não é aquisitivo nem contemplativo. Onde o conhecimento angélico captura o significado simbólico das coisas e como todos os fenômenos externos têm algo de Deus para transmitir ao nous (mente), e onde o conhecimento diabólico busca usar coisas percebidas para gratificação, o logismos humano ('um processo de reflexão') é primitivamente apenas a recepção de uma forma inteligível... O verdadeiro conhecimento, como isso implica, é a receptividade dos logismos humanos instruídos e expandidos por seres angélicos...

“Se somos genuinamente capazes de ver 'de forma humana', de permitir o contato simples do sujeito conhecedor com a 'forma simples', também podemos ser livres para ver 'de forma angelical'; mas a fragilidade de nossa capacidade de conhecer verdadeiramente existe desde o início, de modo que a liberdade inata de passar da percepção humana para a angelical não é de forma alguma automática; podemos ser tentados a pensar que é "subumana". O espírito defensivo / agressivo em nós estará sempre presente, empurrando-nos a rejeitar o próprio logos simples que impede a gnose genuína. Ou também pode ser o espírito aquisitivo que distorce e demoniza nossa relação com o que encontramos.

“... o que se dá / se adquire em estado de conhecimento 'de graça', de pensamento 'angélico', é um hábito de perceber o mundo irredutivelmente ligado à prática ética. É ‘angelical’ porque sua razão de ser é verdadeiramente litúrgica: existe no ‘agora’ do trabalho feito com adoração e o culto concebido como um trabalho intenso e criativo”. (5)

Considerando que 'liturgia' significa as formas ou ritos para o culto religioso público, este último parágrafo acrescenta muito ao nosso entendimento do serviço prestado pelo sétimo Raio de Cerimônia e Ritual. Está intimamente ligado ao conceito de "solidariedade" enfatizado nos ensinamentos da Mãe Maria, uma nobre poetisa e freira russa. Incluída no resumo do Dr. Williams de como Mãe Maria concebeu a visão da vida religiosa está esta declaração surpreendente:

‘O significado fundamental de ‘solidariedade’ como estrela polar teológica e moral, a consciência da liturgia como força motriz do serviço prático, da visão ética e, em última instância, da sabedoria política...’. (6)

No clima atual do pensamento mundial, uma interpretação espiritualizada do termo "solidariedade" sugere uma ligação interessante, mas controversa, entre religião e política. Richard A. Falk, um estudioso do direito e das relações internacionais, explora isso em seu livro Religion and Human Governance, argumentando que a religião verdadeira contém a única base para a proteção planetária e governança global humana de longo prazo. Seu ensaio recente, intitulado "Can Human Solidarity Globalize" para o fórum da The Great Transition Initiative, sugere uma exploração estimulante de conceitos, estratégias e visões para uma transição para uma nova e justa civilização planetária.

Tais iniciativas sugerem que a luz suprema está realmente se precipitando através do emprego massivo da Grande Invocação e sendo focalizada pelo Novo Grupo de Servos do Mundo. Como 2022 é um ano de Emergência e Impacto na Conscientização Pública no ciclo de três anos do Novo Grupo de Servidores do Mundo {ver este assunto}, na Conferência da Escola Arcana deste ano trabalharemos para intensificar ainda mais esse processo com a nota chave:

Que a luz dos sete Raios se funda com a do sétimo Raio e que a Luz Suprema marque o início da nova civilização.

Esta é uma adaptação do quinto ponto de revelação dos escritos do Tibetano (7), e estamos ansiosos para explorá-lo juntos nos próximos meses.

Em iluminado companheirismo grupal.

Grupo da Sede
ARCANE SCHOOL
Escola Arcana

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1. A.A. Bailey, A Exteriorização da Hierarquia, p. 562.
2. A.A. Bailey, Discipulado na Nova Era, Vol II, pp 425-6
3. Rowan Williams, Looking East in Winter, p. 17.
4. Idem, p. 18.
5 Idem, pp. 69-70 & 276.
6. Idem, p. 263.
7. A.A. Bailey, Discipulado na Nova Era, Vol II, pp. 425-9.

(*) Quanto a diabo, este chegou-nos, por via do latim diabolus, do grego clássico διάβολος ‎(diábolos), vocábulo constituído pelo já conhecido prefixo διά ‎(diá) e por βάλλω ‎(bállō), «atirar». Neste caso, o referido prefixo exprime separação, divisão, pelo que diabo, literalmente, indica aquele que desune, que inspira ódio ou inveja. in Ciberdúvidas da Língua Portuguesa, https://ciberduvidas.iscte-iul.pt/consultorio/perguntas/a-etimologia-de-dialogo-e-diabo/33694

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