A Cor e a Qualidade da Visão Oculta
Abril 2025

Estimado (a) companheiro (a) estudante.

Que o grupo expresse a qualidade da visão oculta: nos últimos meses, exploramos a tônica da Conferência deste ano em termos de som; agora voltamos a nossa atenção para a cor. O nosso ponto de partida é a afirmação do Tibetano de que a visão oculta não é “a visão que o ser humano tem de Deus”, mas “a própria visão que Deus tem do Seu propósito”. (1) Quer se faça referência ao Logos Planetário ou ao Logos Solar, em termos de simbolismo da cor, o objetivo geral é o mesmo: alquimiar a energia da substância, do verde ao índigo, por intermédio do azul:

“O verde é a base da atividade da natureza. Foi a cor sintética do primeiro sistema e é a base do atual sistema manifestado. A nota da natureza é o verde, e cada vez que o homem observa a vestidura que cobre a terra, entra em contato com alguma força que já atingiu a sua consumação no primeiro sistema.“ (2) Neste sistema, o Logos ‘concentra-se no amor ou aspecto azul que, em síntese, se manifesta como índigo...” (3) aquele que, no final do grande ciclo, absorverá todos os outros, quando a perfeição sintética for alcançada”. (4)

De uma perspectiva ocultista, esta informação é reveladora, especialmente em relação ao texto hermético da Tábua de Esmeralda, um antigo artefato que se diz conter o trabalho fundamental da alquimia. Segundo o mito, um texto breve e enigmático foi gravado numa pedra de esmeralda pelo deus egípcio Thoth e/ou pelo deus grego Hermes, revelando o segredo da substância primordial e das suas transmutações. Diz-se que na linguagem misteriosa da tábua está codificada uma fórmula poderosa que atua em todos os níveis da realidade ao mesmo tempo, apontando o caminho para a transformação pessoal e planetária. Muitos desenhos alquímicos são, de fato, diagramas esquemáticos dos passos e operações da fórmula da Tábua de Esmeralda. Os alquimistas usavam estes diagramas como mandalas orientais, meditando sobre eles nos seus laboratórios para alcançar estados alterados de consciência. As regras formam a base da filosofia hermética e foram traduzidas por muitos sábios ao longo dos séculos, incluindo Sir Isaac Newton.

Se a cor da Tábua de Esmeralda é emblemática das caraterísticas inerentes à substância no sistema acima referido, a sua inscrição enigmática pode ocultar o segredo de como dirigir o raio azul deste sistema para a sua transmutação posterior. Como já foi salientado, o verde da Natureza transmite a vibração culminante do sistema anterior, e é, portanto, significativo que o verde da Terra possua uma qualidade diferente das cores luminosas e resplandecentes dos frutos e flores que produz. Este parece ser um exemplo notável do amor e da beleza que se desenvolve no reino vegetal, que literalmente cresce a partir da substância inteligente e ativa do sistema anterior. Isto apoia o ensinamento antroposófico de que o reino vegetal reflete o verde como uma imagem, tal como a lua reflete uma imagem da luz solar. Esotericamente, a Lua fixa a imagem do verde no reino vegetal como um produto do passado, enquanto o sol a metamorfoseia nas cores vivas e brilhantes que vemos nas flores e nos frutos.

Do mesmo modo, a personalidade humana é um produto de encarnações passadas e é governada pela luz dos Senhores Lunares. Quando se torna completamente integrada como uma expressão dinâmica de inteligência ativa, deve então ser elevada a cores vivas e brilhantes pela luz do Anjo Solar. Isto é feito através da fusão dos princípios inferiores e superiores da mente, ou Manas. E uma compreensão mais profunda dos segredos da transmutação encontrados na Tábua de Esmeralda é revelada quando se percebe que a mente concreta, ou Manas Inferior, é representada pela cor verde, e a mente abstrata, ou Manas Superior, é representada pela cor índigo. Nas palavras de Helena Blavatsky:

“Chega um momento na meditação mais elevada em que o Manas Inferior se retira para a Tríade..... Esta retirada ascendente do Manas Inferior deixa o que era o Quaternário como uma Tríade Inferior, que então se inverte. A Tríade Superior reflete no Manas Inferior. O Manas Superior não pode refletir-se a si, mas quando o Verde ascende, torna-se um espelho para o Superior. O Manas Inferior é uma tábua que retém as impressões que lhe são feitas... servindo assim de portador entre o Manas Superior e a Consciência quotidiana.” (5)

A tarefa da humanidade é elevar o verde da mente inferior para o azul-índigo da mente superior e depois, como um alquimista divino e planetário, elevar constantemente a substância da Natureza para os reinos celestiais. O Tibetano dá a entender isto nas seguintes palavras:

“Tal como o verde da atividade da Natureza ou a vibração índigo deste sistema de amor forma a base do aspecto amoroso, assim será no plano mental. Não posso dizer mais nada sobre este assunto, mas há aqui muito para refletir. (6)

A raça humana está sendo preparada para a grande responsabilidade da transformação planetária, e as energias de Saturno e Vênus - representando respectivamente o kama-manas e a mente superior - são a chave para este processo. Saturno é a joia esmeralda que focaliza o raio da atividade inteligente, atendendo àquilo que foi desequilibrado e mal utilizado na alma da matéria; assim, é um agente primordial do karma, uma força corretiva que restaura o equilíbrio e proporciona uma nova oportunidade para a consciência humana trabalhar com a substância inteligente sob a lei planetária. Vênus é o planeta azul-índigo através do qual emerge a energia do amor-sabedoria, dirigindo a mente nos processos alquímicos de transmutação pessoal e planetária, como consequência.

Voltando à fórmula de transmutação da Tábua de Esmeralda, Um Tratado sobre o Fogo Cósmico descreve dois símbolos que podem ajudar-nos a aprofundar a nossa compreensão:

“...se pudéssemos visualizar uma suástica de cor verde brilhante com dez braços girando em ângulos retos e emanando de um radiante sol central, poderíamos fazer alguma ideia do pensamento- forma que formou a base do Sistema I, o sistema de atividade. O pensamento-forma para o segundo sistema inclui a suástica verde da primeira manifestação, acrescentando a ela círculos de cor azul, concêntricos e interligados em grupos de três, unidos por um grande círculo. Ambos os círculos, é claro, estão nas dimensões superiores.” (7)

A suástica é um símbolo sagrado em muitas das religiões e culturas do mundo; a palavra sânscrito significa “conducente ao bem-estar” (8) - empregue pelo alquimista espiritual em conjunto com o som e a cor, é um instrumento oculto para manifestar “o bem por vir”. Como bem sabemos, a suástica foi mal interpretada e desviada no passado e também no presente por aqueles que exprimem as forças do mal e do separatismo: “Os nazis escolheram como símbolo o aspecto inferior desta Cruz; expressavam, ao fim do ciclo material da existência humana, o uso falso e maléfico da matéria, cuja linha é o separatismo, a crueldade e o egoísmo”. (9)

Apesar das conotações negativas da suástica, aproxima-se o tempo em que a natureza desta “cruz giratória” será corretamente compreendida, e mesmo estudada em ação no macrocosmo, criando os corpos das galáxias, dos sóis e dos planetas. Entretanto, o esoterista também a reconhece como uma ferramenta de transformação criativa no microcosmo; e, como tal, é um meio dinâmico para expressar a qualidade da visão oculta, como exploraremos mais a fundo na carta do próximo mês.

Em iluminado companheirismo grupal,

Grupo da Sede
ARCANE SCHOOL
Escola Arcana

__________

1 Psicologia Esotérica, T. II, p. 237.
2. Cartas sobre Meditação Ocultista, p. 212.
3 Psicologia Esotérica, T. I, p. 127
4. Iniciação, Humana e Solar, p. 3.
5. H.P. Blavatsky, Collected Writings, Volume XII, pp. 710-11.
6. Cartas sobre Meditação Oculta, p. 208.
7. UmTratado sobre o Fogo Cósmico, p. 573
8. Dicionário Sânscrito-Inglês, Monier-Williams (Oxford, Clarendon Press), su-astika (p. 1283).
9) Astrologia Esotérica, p. 560

Início