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Livros de Alice Bailey

Educação na Nova Era


CAPÍTULO II - O DESENVOLVIMENTO CULTURAL DA RAÇA
Civilização e cultura
O processo de desenvolvimento
A natureza do esoterismo

CAPÍTULO II - O DESENVOLVIMENTO CULTURAL DA RAÇA

CIVILIZAÇÃO E CULTURA

Muita ênfase tem sido dada hoje - a educação - coordenadora, relacional, psicológica, vocacional e aparelhadora. A isto deve ser acrescido o velho método de treinamento da memória e a tentativa, seja de infundir religião na mente de uma criança, ou omiti-la com resolução e intenção. A educação tem sido primordialmente competitiva, nacionalista e, por isso mesmo, separatista. Tem preparado a criança para considerar os valores materiais como os de maior importância e para crer que sua nação particular é também de maior importância e que todas as outras nações são secundárias; alimentou o orgulho e encorajou a crença de que ela, seu grupo e sua nação são infinitamente superiores a qualquer outro povo ou outras raças. Foi ensinada, consequentemente, a ser uma pessoa unilateral, com seus valores mundiais erradamente ajustados e suas atitudes na vida assinaladas por ambiguidades e preconceito. Os rudimentos das artes lhe são ensinados a fim de capacitá- la a funcionar com a eficiência necessária numa organização competitiva e no seu ambiente particular vocacional. Ler, escrever e ser capaz de somar e resolver a aritmética elementar são considerados como o mínimo requerido; conhecer algo dos acontecimentos passados - históricos, geográficos, literários, filosóficos e científicos - são igualmente acrescentados em muitos países e para certa classe de gente. Algo da literatura do mundo é também trazido à sua atenção.

O nível geral da informação mundial é alto, mas frequentemente dúbio, influenciado pelos preconceitos, quer nacionais, quer religiosos, servindo assim para fazer de um homem um cidadão de seu próprio país, mas não um ser humano de relacionamento mundial. A cidadania do mundo não é enfatizada. O ensinamento conferido estimula a consciência de massa latente da criança e evoca a memória (racial e individual) por meio da divulgação de fatos - fatos não correlatos - a maioria deles não relacionada com a vida cotidiana. Esses fatos poderiam servir (se usados como pensamentos-semente na meditação e tecnicamente empregados) para recobrar, daquela consciência da raça e da memória racial não apenas a história nacional, mas também a história do passado. Menciono isso para realçar o perigo de tal ênfase excessiva sobre o passado, pois se isso fosse feito em larga escala, resultaria desastroso; atribuiria um prêmio aos ideais e objetivos nacionais e raciais, e conduziria rapidamente à cristalização racial e à senilidade - metaforicamente falando. Um exemplo de tentativa nessa direção foi visto levado a cabo na Alemanha, e em menor escala na Itália; culminou no Eixo. Felizmente, pode-se confiar em que a maré da vida na juventude de qualquer nação sacuda o pensamento da raça numa direção melhor do que a evocação da assim chamada glória passada e a ênfase nas coisas que deveriam ser deixadas para trás.

Gostaria aqui de ampliar um pouco a interpretação das muito usadas palavras (frequentemente também mal usadas): cultura e civilização. A produção de alguma forma da cultura - material ou espiritual, ou material e espiritual - é o objetivo de toda educação. A educação é o maior agente no mundo.

Civilização é a reação da humanidade ao objetivo de qualquer particular período mundial. Em cada era, alguma ideia precisa ser expressa no idealismo racial corrente. Nos tempos atlantes a ideia que predominava era basicamente idealismo ou misticismo sensorial-religioso, expressando-se em termos de aproximação a uma deidade percebida mas invisível, uma expressão da maneira de sentir. Entretanto, houve raças altamente sensitivas, compostas de nações e de grupos que se esforçaram no desenvolvimento da natureza sensorial algumas vezes conscientemente, mas na maior parte das vezes inconscientemente. Sua atitude recíproca, seja como indivíduos ou como nações, era primordialmente sensitiva e emocional - um estado de consciência (não posso chamar estado de mente) muito difícil para a moderna raça ariana apreender, ou mesmo intuir, pois para nós a mente está começando a funcionar. Sua atitude em relação à divindade era igualmente sensitiva e suas atividades religiosas eram místicas e devocionais, desprovidas de qualquer compreensão mental. Eles eram significativamente emocionais nas reações à beleza, ao terror evocado pela divindade e às características emocionais de Deus, ao sentido de luz e ao de assombro. O misterioso, o sentido de temor reverente, o seguir cegamente algum reconhecido sensitivo de uma ordem superior ao ser humano comum, e a interpretação de Deus e da natureza em termos de percepção-sensorial - lançaram a base daquela antiga civilização e coloriram extensamente nossas atuais atitudes raciais, pelo menos até o advento do Cristo, Aquele que operou grandes mudanças na consciência humana e anunciou uma nova civilização. As crianças são ainda grandemente atlantes em sua consciência; com elas é uma espécie de recapitulação, análoga ao estágio pré-natal; a mesma recapitulação se evidencia no Caminho quando um homem desenvolve novamente a consciência mística, após haver evocado sua natureza mental e antes do desabrochar da verdadeira capacidade de percepção ou conhecimento ocultistas e das reações da mente superior. O problema ante a Educação é tomar da consciência atlante da criança e torná-la ariana ou mental. Os atlantes não possuíam nenhum sistema educacional como entendemos o termo. Os reis e sacerdotes intuíam; as massas obedeciam.

Na raça atual uma atitude civilizada diferente está emergindo e se aproxima da consumação. Em cada era alguma ideia atua e se expressa tanto nos ideais raciais como nos nacionais. Sua tendência básica através dos séculos criou nosso mundo moderno e o fez estritamente materialista. Uma nação é hoje considerada civilizada quando está desperta para os valores mentais e, ao mesmo tempo, exige valores materiais; e quando a mente (a mente inferior) - no seu aspecto memória, em seus aspectos discriminatórios e separatistas, em suas funções analisadoras e na habilidade de formular ideias concretas, baseadas na percepção material, no desejo material e em propósitos materiais - está recebendo treinamento que fará uma civilização material, e fez nossa civilização material o que ela é hoje. Com a ênfase se transferindo da sensação-percepção para atitudes mentais em relação a vida, com o desejo de tornar a vida material do habitante de cada nação o fator dominante no pensamento nacional, com o desabrochar da mente consagrado à vida material, e com a ciência decididamente, entregue ao pronunciamento apenas do provável e interessada só com as energias de efeito material, será de admirar que a maior consideração da nossa moderna civilização se situe no campo da vida econômica? Estamos ocupados com condições materiais, com o objetivo de aumentar posses, em melhorar situações mundiais e elaborar físicos de vida, e em substituir o tangível pelo intangível, o concreto pelo espiritual, e os valores físicos pelos valores subjetivos. Entretanto, estes últimos deverão, um dia, vir, à tona.
A afirmativa acima é superficial e de um caráter tão geral que não diz respeito à relativamente pequena minoria dos que entendem estes valores mais amplos e estão trabalhando para produzir seu aparecimento na vida da raça. Estas pessoas são os guardiões dos ideais avançados da atual civilização, mas a energia que elas liberam resulta frequentemente no estabelecimento temporário dos valores mais concretos. Minhas observações são apenas parciais e, assim também, os fatos. Talvez eu exagere; talvez não. De qualquer maneira, permanece o fato de que duas grandes civilizações sobre as quais sabemos algo - a ariana e a atlante - apresentam dois objetivos ou posições extremas, em cuja direção a humanidade dos dois períodos orientou e ainda orienta sua atenção.

A civilização atlante foi decididamente religiosa em suas atitudes; a religião era o lugar comum na vida e a razão de ser de tudo. O mundo depois da morte era o assunto de interesse e de indiscutível, inabalável, crença. As influências sutis emanando dos reinos invisíveis, as forças da natureza e a relação de um homem com elas, através de uma viva sensibilidade, e toda a gama de suas atitudes emocionais constituíam a vida da raça e coloriam tudo o que era, ou pudesse ser, o germe de um pensamento. O resultado de tudo isso, herdado por nós quando a história, como a temos agora, apareceu (do tempo do dilúvio, onde quer que ele possa ter sido), poderá ser expresso por palavras tais como animismo, espiritismo, psiquismo inferior e sensação. O sentido de Deus, o sentido da imortalidade, o sentido das relações interiores sutis o sentido de adoração e a exagerada sensibilidade do homem moderno é nossa herança notável das civilizações que existiram sobre a velha Atlântida.

Por sobre esta estrutura básica, justamente o contrário está hoje sendo imposto, e na reação - normal, justa e reveladora - o homem está lançando uma superestrutura na qual a ênfase cada vez mais, é posta sobre o tangível, o material, o visível, e sobre tudo o que pode ser provado, diagnosticado, analisado e utilizado para a melhoria da vida exterior do homem e sua posição material no planeta. Ambas civilizações foram muito longe - e no balanço do pêndulo retornaremos inevitavelmente à posição do meio ao nobre caminho do meio. Este caminho do meio, utilizando os melhores e mais altos ideais que as duas civilizações anteriores produziram, caracterizará a Era Aquariana vindoura e suas civilizações. Uma tal expressão do material e do imaterial do visível e do não visível, do tangível e do espiritual tem sido sempre a meta e o objetivo daqueles que compreendem o verdadeiro significado da cultura. Em última análise, e para a finalidade do nosso tema a civilização diz respeito à consciência das massas e da raça, enquanto a cultura refere-se ao indivíduo e ao homem espiritual não visível. Por isso, uma civilização que seja a completa expressão da verdadeira cultura jaz distante à frente no desenvolvimento da raça.

Cultura é a aproximação de dois caminhos - sensação e mente; de dois mundos - sensibilidade e pensamento; e das atitudes, de natureza relacionada, que capacitarão um homem a viver como um ser inteligente, subjetivo, em um mundo físico tangível. O homem de cultura relaciona o mundo do significado ao mundo das aparências e os considera mentalmente (reconhecendo-os assim com seu cérebro, indicação de um laço ou uma relação estabelecida como constituindo um mundo com dois aspectos. Ele se movimenta com Igual liberdade em ambos os mundos e com simultaneidade, tanto no que diz respeito à sua consciência como ao seu senso de percepção. Mesmo nos tempos atlantes havia aqueles que compreendiam o significado da cultura como um resultado da civilização.

As massas têm de ser civilizadas como um passo que leve a lhes dar a cultura que fará delas seres humanos verdadeiros e expressivos. Um ser humano terá que ser forçosamente um homem capaz de viver num mundo de realidades externas e ao mesmo tempo capaz de se reconhecer vivendo num mundo interior, como uma mente e uma alma. Dessa maneira ele expressa uma vida subjetiva interior de tal potência que ela controla e domina a vida do plano físico motivando-a e dando-lhe direção segura.Esta atitude do ser humano e a tarefa de trazer esta condição de consciência à plena maturidade, foram consideradas durante séculos como a tarefa da religião organizada, quando e essencial e necessariamente da educação. É verdade que a Igreja nos tempos antigos foi a educadora da época, mas a ênfase era posta na vida interior e subjetiva e como norma, nenhuma tentativa era desenvolvida para infundi; e mesclar as duas - o bem-estar material exterior e a existência espiritual interior. A educação é a tarefa dos pensadores proeminentes da raça e a responsabilidade de todos os governos responsabilidade que, entretanto, raramente reconhecem.

Finalmente, tentaremos ver quais são as ideias básicas (começando com os instintos reconhecidos) que levaram o homem, passo a passo, ao seu esforço atual para a melhoria do mundo, a elevação grupal e a natural autodeterminação com vistas - inconsciente para a maioria - à preparação de um melhor órgão de expressão dentro do organismo vivo, a humanidade.

É, portanto, uma trivialidade e um truísmo afirmar que a humanidade está hoje passando por uma crise de imensas proporções. As causas desta crise devem ser procuradas em muitos fatores. Elas jazem no passado, no crescimento através da evolução de certas tendências básicas no homem; nos enganos do passado, nas oportunidades no presente e na poderosa atividade da Hierarquia do Amor.* O futuro promete muito, desde que o homem possa aprender as lições do presente que lhe foram nitidamente apresentadas- ele tem que as aceitar e entender claramente a natureza de seu problema e da crise com suas muitas ramificações e várias implicações.

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* Um dos três grandes centros através dos quais a Deidade se manifesta: Shamballa, onde a Vontade de Deus é conhecida; a Hierarquia, onde o Amor de Deus domina; a Humanidade, personificando o aspecto Inteligência de Deus.
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O fervilhante tumulto no qual as massas estão agora vivendo e o surgimento de uma ou duas pessoas-chave em cada nação têm uma íntima relação. Essas pessoas-chave fazem suas vozes ouvidas e despertam atenção; suas ideias são seguidas - bem ou mal - com atenção, apreço ou desconfiança.

A lenta e cuidadosa formação do Novo Grupo de Servidores do Mundo é indicativa da crise. Eles estão sendo identificados ou introduzidos na Nova Era e estão presentes às dores do parto da nova civilização e à vinda à manifestação de uma nova raça, de uma nova cultura e de uma nova perspectiva mundial. O trabalho é necessariamente lento e aqueles de vós que estais mergulhados em problemas e em preocupações achais difícil olhar o futuro com segurança ou explicar o presente com clareza.

No campo da educação, a ação unida é essencial. Certamente uma unidade básica de objetivos deveria nortear os sistemas educacionais das nações, mesmo quando a uniformidade de métodos e de técnicas não seja possível. Diferenças de linguagem, de experiências e de cultura existirão e deverão existir sempre; constituem a bela tapeçaria da vida humana através das idades. Mas muito do que até agora impediu as genuínas relações humanas pode e deve ser eliminado.

Será que no ensino da história, por exemplo, teremos, porventura, que reverter aos maus hábitos antigos em que cada nação se glorifica, frequentemente às custas de outras nações, na qual os fatos são sistematicamente alterados, na qual os pontos-chave na história são as varias guerras ao longo das idades - uma história portanto, de agressão, do, surgimento de uma civilização material e egoísta, que tinha o espírito nacionalista e, por isso mesmo, separatista, que fomentou o ódio racial e estimulou orgulhos nacionais? A primeira data histórica geralmente lembrada pelo comum das crianças inglesas é Guilherme, o Conquistador, 1.066. A criança americana se lembra do desembarque dos Pais Pioneiros e a gradual conquista do país aos legítimos habitantes e talvez o Boston Tea Party. Os heróis da história são todos guerreiros - Alexandre, o Grande; Júlio César; Atila, o Huno; Ricardo Coração de Leão, Napoleão, George Washington e muitos outros. A geografia é em grande parte história sob outra forma, mas apresentada de maneira semelhante - uma história de descoberta, de investigação e captura, seguidas, frequentemente, de tratamento perverso e cruel dos habitantes das terras descobertas. Avareza, ambição, crueldade e orgulho são as notas-chave do nosso ensino de história e geografia.

Essas guerras, agressões e roubos que distinguiram cada grande nação, sem exceção, são fatos e não podem ser desmentidos. Seguramente, entretanto, as lições dos males que causaram (culminando com a guerra de 1914-1945) podem ser apontadas e as causas antigas dos preconceitos e aversões atuais demonstradas e sua futilidade enfatizada. Não será possível construir nossa teoria da história sobre as grandes e boas ideias que condicionaram as nações e tornaram-nas o que são, e enfatizar a criatividade que distinguiu-as todas? Não poderemos apresentar mais efetivamente as grandes épocas culturais que - aparecendo subitamente em alguma nação - enriqueceram o mundo todo e deram à humanidade sua literatura, sua arte e sua visão?

A guerra produziu grandes migrações. Exércitos marcharam e lutaram em todas as partes do mundo; povos perseguidos fugiram de uma terra para outra; assistentes sociais foram de país a país, servindo aos soldados, salvando os enfermos, alimentando os famintos e estudando condições. O mundo é hoje muito, muito pequeno e os homens estão descobrindo (às vezes, pela primeira vez em sua vida) que a humanidade é uma só e que todos os homens, não importa a cor de sua pele ou o país onde vivam parecem-se uns aos outros. Hoje estamos todos misturados. Os Estados Unidos são compostos de pessoas de todos os países conhecidos; mais de 50 diferentes raças ou nações compõem a URSS. O Reino Unido é uma Comunidade de Nações, nações independentes unidas num só grupo. A Índia é constituída de uma multiplicidade de povos, religiões e idiomas - daí seu problema. O mundo é, em si mesmo, um grande cadinho, de onde a Humanidade Una está emergindo. Isto requer uma mudança drástica nos nossos métodos de apresentação da história e da geografia. A ciência sempre foi universal. A grande arte e a literatura sempre pertenceram ao mundo. É sobre tais fatos que a educação, a ser dada às crianças do mundo deve basear- se - sobre nossas semelhanças, nossas conquistas da criatividade, nossos idealismos espirituais e nossos pontos comuns. A menos que se o faça, as feridas das nações nunca serão sanadas e as barreiras, que existem há séculos, jamais serão removidas.

Os educadores que enfrentam a presente oportunidade mundial devem fazer com que um alicerce seguro seja lançado para a civilização vindoura; devem assumir que ele seja geral e universal no seu escopo, verdadeiro na sua apresentação e construtivo na sua abordagem. Os passos iniciais que os educadores dos diferentes países derem, determinarão, inevitavelmente a natureza da civilização vindoura. Devem preparar-se para um renascimento de todas as artes e para um novo e livre fluxo do espírito criativo no homem. Deverão pôr ênfase especial nos grandes momentos da história da humanidade em que a divindade do homem flamejou e indicou novos caminhos do pensamento, novas maneiras do planejamento humano e, assim, mudou para todo o sempre a direção dos assuntos humanos. Tais momentos produziram a Magna Carta; deram ênfase, através da Revolução Francesa aos conceitos de liberdade, igualdade e fraternidade; formularam a Carta Americana de Direitos e, nos altos mares de nosso próprio tempo, deram-nos o Pacto do Atlântico e as Quatro Liberdades. Esses são os grandes conceitos que deverão governar a nova era com sua civilização nascente e sua futura cultura. Se às crianças de hoje for ensinado o significado destas cinco grandes declarações e, ao mesmo tempo, a futilidade do ódio e da guerra, haverá esperanças de um mundo melhor, mais feliz e, bem assim, mais seguro.

Duas ideias principais devem ser ensinadas às crianças de todos os países. São elas: o valor do indivíduo e o fato de a humanidade ser uma. Os rapazes e as moças do tempo da guerra aprenderam, de experiência própria, que a vida humana tem pouco valor; os parses fascistas ensinaram que o indivíduo é de nenhum valor exceto quando executa os desígnios de algum ditador - um Mussolini ou um Hitler. Em outros países, algumas pessoas e alguns grupos - através de posição hereditária ou bens materiais - são consideradas importantes e o resto da nação como de pouco valor. Ainda em outros países, o indivíduo se vê com tal importância e no direito de se satisfazer a todo instante, que sua relação com o todo fica inteiramente perdida. Entretanto o valor do indivíduo e a existência daquele todo que chamamos Humanidade estão o mais intimamente ligados. Isto precisa ser enfatizado. Estes dois princípios, quando apropriadamente ensinados e compreendidos, levarão a uma profunda cultura do indivíduo e, assim, ao reconhecimento, por ele, de sua responsabilidade como parte integrante do corpo total da humanidade.

Nas escolas de hoje (escolas elementares ou primárias, ginásios ou escolas secundárias, universidades ou faculdades, usando os termos de uso geral) pode ser vista uma imagem imperfeita e simbólica do objetivo tríplice da nova educação: Civilização, Cultura, Unificação.

As escolas elementares, ou primárias, podem ser consideradas como as guardiãs da civilização; devem preparar a criança para a cidadania, ensinar-lhe seu próprio lugar como uma unidade social e enfatizar suas relações grupais, adequando-a, assim, para viver inteligentemente e evocando a memória racial através dos cursos dados, com a finalidade de estabelecer as bases para suas relações humanas. A leitura, a escrita e a aritmética: a historia elementar (com ênfase na história mundial), a geografia e a poesia serão ensinadas. Devem ser-lhe ensinados certos fatos básicos e importantes da vida, verdades fundamentais, coordenação e controle.

Os ginásios ou escolas secundárias deveriam considerar-se como guardiães da cultura; deveriam enfatizar os valores superiores da história e da literatura e proporcionar alguma compreensão das artes. Deveriam começar a treinar, o rapaz e a moça para aquela futura profissão ou modo de vida que, é óbvio, condicioná-los-ão. A cidadania será ensinada em grandes termos, e os verdadeiros valores do mundo serão destacados e o idealismo cultivado definida e conscientemente. A aplicação prática dos ideais será enfatizada. Deveriam ensinar a juventude do mundo de tal maneira que ela comece a fundir em sua consciência o mundo das aparências e o mundo dos valores e de significados. Ela deveria começar a relacionar os mundos da vida exterior objetiva e a existência interior subjetiva, Escolho minhas palavras com cuidado.

Nossas faculdades e universidades deveriam ser uma extensão superior de tudo que já tem sido feito. Deveriam embelezar e completar a estrutura já erigida, e lidar mais diretamente com o mundo de significados. Problemas internacionais - econômicos, sociais, políticos e religiosos - deveriam ser considerados e o homem e a mulher ainda mais definidamente relacionados com o mundo como um todo. Isto de maneira alguma indica negligência dos problemas ou empreendimentos individuais ou nacionais, mas procura incorporá-los como partes integrais e efetivas num todo, e assim evitar as atitudes separatistas que causaram a ruína do nosso mundo moderno.

A faculdade, ou a universidade, deveria ser, em realidade, a correspondência, no campo da educação, ao mundo da Hierarquia: deveria ser a guardiã desses métodos, técnicas e Sistemas de pensamento e de vida que relacionarão um ser humano ao mundo das almas, ao Reino de Deus, e não somente a outros seres humanos no plano físico; não apenas ao mundo do fenômeno, mas também ao mundo interno dos valores e da qualidade.

Repito novamente, esta adequação de um homem à cidadania no Reino de Deus não é essencialmente uma atividade religiosa, para ser manipulada pelos expoentes das grandes religiões do mundo. Deveria ser a tarefa da educação superior, dando objetividade e significado a tudo que tenha sido feito. Se isto vos parece idealístico e impossível, deixai-me assegurar-vos que, quando a Era de Aquário estiver em plena floração, este será o objetivo certo e reconhecido dos educadores desse tempo.

A sequência seguinte é sugestiva por si mesma ao levarmos em consideração o currículo a ser planejado para a juventude das gerações próximas:

Educação primária Civilização Idades 1 - 14
Educação secundária Cultura Idades 14 - 21
Educação superior Espiritual Idades 21 - 28

São somente nossa ênfase e pressão econômicas materialistas que forçam nossos jovens a trabalhar antes que estejam amadurecidos. Deveria ser lembrado (e isto está sendo mais amplamente reconhecido) que a qualidade das crianças agora vindo à encarnação, está-se tornando seguramente melhor e superior. São, em muitos casos, excepcionalmente inteligentes e o que (em vossa linguagem) chamais seu Q.I. é extraordinariamente alto. Esse será, cada vez mais, o caso, até que os jovens de quatorze anos tenham o equipamento e a inteligência dos notáveis homens e mulheres das universidades da atualidade.

Não me é possível provar a verdade dessas afirmativas, mas um estudo da raça e da criança moderna nos nossos países mais civilizados mostrarão inclinações e tendências que poderão tornar minha posição mais firme na vossa estimativa final. Faríeis bem em estudar cuidadosamente esta distinção entre cultura e civilização.

Colocando esta mesma verdade em outras palavras e reconhecendo como premissa básica as potencialidades essencialmente supernormais do ser humano, poderemos dizer que:

O primeiro esforço da educação para civilizar a criança será treinar e dirigir convenientemente seus instintos.

A segunda obrigação dos educadores será obter sua cultura verdadeira, preparando-a para usar seu intelecto com acerto.

O terceiro dever da educação será evocar e desenvolver a intuição.

Quando estes três estiverem desenvolvidos e funcionando, tereis um ser humano civilizado, cultural e espiritualmente desperto. Um homem será, então, instintivamente correto, intelectualmente seguro e intuitivamente sábio. Sua alma, sua mente e seu cérebro estarão funcionando como devem e numa relação recíproca adequada, obtendo assim, coordenação e alinhamento corretos. Algum dia será feita uma análise da contribuição dos três grandes continentes - Ásia, Europa e América - para este tríplice desabrochar, no que concerne à raça Ariana. A glória da humanidade deve, entretanto, ser lembrada; consiste nisto: cada raça produziu aqueles que expressaram o mais elevado possível no seu tempo e época - homens que se fundiram na triplicidade do instinto, do intelecto e da intuição. Seu número foi relativamente pequeno nos primeiros estágios do desenvolvimento da humanidade, mas o processo de acelerar o desenvolvimento está se acentuando rapidamente, e muitos estão hoje se adequando para a educação superior no verdadeiro sentido da palavra. Muito mais será alcançado quando os educadores do mundo perceberem o processo como um desabrochamento total planejado e, por conseguinte, derem tal atenção ao treinamento do instinto, do intelecto e da intuição da raça, que todos os vinte e oito anos de treinamento serão vistos como um processo dirigido e ordenado e a meta será claramente divisada.

Ficará evidente, então, que aqueles a serem ensinados serão avaliados a partir dos ângulos que abordei:

a) Os capazes de serem convenientemente civilizados. Isto se refere à massa dos homens.

b) Os capazes de serem impulsionados para o mundo da cultura. Isto inclui um bem grande número.

c) Os que podem acrescentar aos bens da civilização e da cultura o equipamento exigido para o processo de funcionarem como almas conscientes, não apenas nos três mundos da vida instintiva e intelectual, mas também no mundo do ser espiritual, bem como em total continuidade de consciência e em completa integração tríplice.

Nem todos podem chegar aos graus superiores e isto deve ser encarecido. A avaliação da capacidade será baseada na compreensão dos tipos de raio (a ciência da psicologia esotérica), na avaliação da condição glandular e do equipamento fisiológico, em certos testes específicos e numa nova forma de astrologia.

Aqui eu faria um simples pedido ao estudante sério. Meditar nas quatro afirmativas seguintes:

1. O antahkarana expressa a qualidade do magnetismo que abre a porta ao centro de ensinamento da Grande Loja Branca.

2. O antahkarana é a força integradora consciente.

3. O antahkarana é o meio da transferência da luz.

4. O antahkarana diz respeito à continuidade de percepção do homem.

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O PROCESSO DE DESENVOLVIMENTO

Gostaria de acrescentar à precedente, mais uma analogia que servirá para aclarar o processo de desenvolvimento em vossas mentes e tornar o tema todo (do ângulo racial) ainda mais claro e definido.

Desenvolvimento racial geral Civilização Caminho da Purificação
Treinamento da Inteligência Cultura Caminho do Discipulado
Produção de Iluminados Iluminação Caminho da Iniciação

Fica-vos patente, portanto, que a meta total do esforço do futuro e do presente é trazer a humanidade ao ponto onde - ocultamente falando - ela entra na luz. Toda a tendência do presente empenho em avançar, que pode ser percebido tão marcantemente na humanidade, é capacitá-la a adquirir conhecimento, transmutá-lo em sabedoria pela ajuda do entendimento e, desse modo, tornar-se completamente iluminada. A iluminação é a meta maior da educação.

É precisamente nesta região do pensamento e do reconhecimento que a distinção entre o trabalho do Buda e o trabalho do Cristo é encontrada. O Buda alcançou a Iluminação e foi o primeiro da nossa humanidade a obtê-la. Graus menores de iluminação têm sido, frequentemente, alcançados por muitos Filhos de Deus anteriormente encarnados. O Cristo, graças à realização do Buda e devido ao Seu próprio ponto na evolução, foi capaz de inaugurar uma nova era e instituir uma nova meta, onde um outro princípio divino pôde vir à manifestação e conquistar reconhecimento geral. Ele inaugurou a era do amor e deu às pessoas uma expressão de um novo aspecto divino, o do amor. No Buda culminou a era do conhecimento. O Cristo iniciou a era do amor. Ambas encarnam e expressam dois grandes princípios divinos. Dessa maneira, pelo trabalho do Buda, a nova educação tornou-se possível. Isto vos mostrará quão vagarosamente avança a evolução. A nova religião tornou-se possível pelo trabalho e a vida do Cristo. Esotericamente falando, as pétalas do conhecimento do lótus egoico humano desabrocharam e o Buda acelerou a rápida ação desse acontecimento. Agora as pétalas do amor do lótus egoico da família humana estão também desabrochando - a rapidez dessa ocorrência sendo o resultado da ação do Cristo. Podeis entender o significado do que vos tento dizer e podeis alcançar o sentido do que vos irei dizer?

Os pontos que venho tentando estabelecer são como segue:

Devido ao fato de as três pétalas do conhecimento do lótus egoico humano estarem já racialmente abertas (e quando uso a palavra racial quero dizer a família humana e não a raça ariana), é possível às pétalas do amor desabrocharem agora. A energia fluindo da série de pétalas exteriores teve um efeito tríplice:

1. Vitalizou o corpo todo da humanidade e produziu a velocidade atual, a civilização inteligente (ou deveria dizer intelectual?) e nossa cultura moderna, onde quer que seja encontrada. O cérebro da humanidade está agora aberto à vitalização, aí a educação em massa.

2. Abriu um canal e assim as pétalas do amor podem vitalizar o corpo astral da humanidade, levando, então, à cooperação geral e ao amor grupal. O coração da humanidade está aberto agora à vitalização, de onde os movimentos filantrópicos, de boa-vontade e bem-estar atuais.

3. Tornará finalmente possível a vitalização do corpo mental pelas pétalas do sacrifício ou da vontade e isto trará percepção do Plano, finalidade dirigida e síntese grupal.

A primeira destas três pétalas do conhecimento abriu-se nos tempos Lemurianos e trouxe uma medida de luz à consciência do plano físico da humanidade. A segunda abriu-se nos tempos atlantes e trouxe luz ao plano astral. E em nossa raça, a ariana, a terceira pétala se abriu e trouxe luz ao conhecimento mental do homem. Assim se completou (nas três raças) a árdua tarefa de vitalizar o mundo tríplice manifestado (físico, astral e mental) e a energia da inteligência tornou-se um poderoso fator dominante. Agora a tarefa de vitalizar o homem com a energia do amor prossegue e progride bastante, e os efeitos (porque emanam do segundo aspecto da divindade) serão conseguidos com grande facilidade e no domínio da percepção consciente. Digo-vos isso para vosso encorajamento.

Através da atividade da energia do conhecimento tendes:

Civilização - Cultura - Iluminação

e no segundo caso tereis:

Cooperação - Compreensão Amorosa - Amor Grupal

Há correspondências mais elevadas para as quais não existem ainda palavras adequadas.

Boa-vontade cooperadora é tudo que se pode, a este tempo, esperar das massas e isto é a sublimação das forças liberadas através da civilização. Compreensão amorosa deveria ser o sinete do grupo culto mais sábio, além da habilidade de correlacionar o mundo do significado ao mundo dos efeitos exteriores. Meditai nesta frase. Amor grupal é, e tem de ser, a característica notável dos Iluminados do mundo, e é a este tempo o poder motivador dos Mestres da Sabedoria, até o momento que discípulos, em número suficiente, sejam expressão desta força em particular.

Quando as pétalas da vontade ou do sacrifício do lótus humano egóico estiverem abertas, aparecerá uma tríade de correspondências mais elevada ainda. Serão conhecidas como:

Participação - Propósito - Precipitação

Por conseguinte, como resultado dos processos evolutivos da humanidade, surgirão as seguintes categorias de forças ou energias, cada qual manifestando certas qualidades definidas e corresponderão à abertura das pétalas do lótus humano.

EDUCAÇÃO E CIÊNCIA
I-PÉTALAS DO CONHECIMENTO Civilização Cultura Iluminação
As Massas dos Homens Os intelectuais Homem Espiritual
Caminho da Purificação Camimnho do Discipulado Caminho da Iniciação
mais
RELIGIÃO E FILOSOFIA
II-PÉTALAS DO AMOR Cooperação Compreensão Amorosa Amor Grupal
Os Intelectuais Aspirantes Mundiais A Hierarquia
mais
GOVERNOS E ORDEM SOCIAL
III-PÉTALAS DA VONTADE E DO SACRIFÍCIO Participação (no Plano) Propósito (Vontade dirigida de todos os Discípulos) Precipitação (do Plano pela Hierarquia)

Podeis perceber pelo quadro que as pétalas do amor estão na verdade, dando sinais de desabrochamento e isto vos esclarecerá sobre a possibilidade de certos acontecimentos esperados. O mundo tem que avançar regular e oportunamente. Acontecimentos prematuros são habitualmente desastrosos.

Tudo isto concerne ao desenvolvimento cultural da raça e está se processando rapidamente, Quando os fatores condicionantes forem melhor compreendidos e seu método e objetivo percebidos, veremos um esforço, por parte dos interessados na educação, para avançar com maior rapidez: isto apressará a conquista de cultura pelas massas, e a obtenção de iluminação pelo grupo mais intelectual.

Há aqui um pormenor que desejo destacar. No futuro, a iluminação será considerada principalmente do ângulo intelectual e chegar-se-á ao assunto mentalmente, e não apenas tão decididamente (como é o caso hoje em dia) do ângulo da religião. A iluminação, o misticismo e a religião têm caminhado de mãos dadas. Uma das maiores contribuições da era presente para o desenvolvimento da humanidade tem sido o crescente reconhecimento de que a espiritualidade não deve ser confundida com a aceitação e o acompanhamento dos preceitos contidos na palavra das Escrituras nem restrita a elas; não pode ser restrita às implicações dadas a essas Escrituras por uma casta sacerdotal ortodoxa, nem as tendências das antigas teologias podem tampouco dominar. Deus pode ser conhecido pelas suas obras e essas obras podem ser mais facilmente apreciadas através das revelações da ciência do que pelos hinos, preces e sermões das igrejas através do mundo todo. Qual será, então, no futuro a tarefa das igrejas? E qual será o objetivo maior da nova religião vindoura? Primeiramente será efetuar a abertura das pétalas do amor, inaugurando assim uma era de verdadeira cooperação, compreensão amorosa e amor grupal. Isto será feito treinando-se o povo e o indivíduo nas regras da Abordagem Correta.

A nova-chave da nova educação é essencialmente a correta interpretação da vida passada e presente e sua relação com o futuro da humanidade; a nota-chave da nova religião deve ser e será a aproximação certa a Deus, transcendente na natureza e imanente no homem, enquanto a nota-chave da nova ciência da política e do governo serão as corretas relações humanas, e para ambas a educação deve preparar a criança.

Os que estiverem trabalhando nestes três grupos precisarão, finalmente, agir na mais estreita cooperação e é para esta compreensão planejada e esta atividade inteligente da humanidade que a nova educação deve preparar. Nos comentários acima, somados aos que já vos dei anteriormente, tendes algumas sugestões que vos procurei dar, em conexão com o desenvolvimento cultural da raça. A verdadeira história da humanidade, que é longa e variada e perdida nas indicações especulativas dos esoteristas (que, quando verdadeiras são raramente suscetíveis de prova) levaram a humanidade a um ponto na evolução onde a luz do conhecimento está permeando decisivamente os lugares trevosos da terra. Os que sabem ler e escrever dispõem agora de uma massa de informações - e o número desses cresce a cada dia - enquanto que os meios de transmissão e de comunicação praticamente anularam o tempo e uniram o mundo inteiro como uma unidade funcional. Um alto nível de conquista cultural está também emergindo em todos os países civilizados. O cidadão comum está de posse de uma vasta quantidade de informações sobre qualquer assunto imaginável. Muito disso é mal digerido e não utilizável, entretanto conduz à elevação geral do processo mental. O produto dos pensamentos dos homens ao escrever e ao falar, corporificando o que é velho, o que é novo e moderno, e o que é superficial e relativamente sem importância, é tão vasto hoje que é impossível registrá-lo, e a duração da vida de um livro é breve. Para coroar tudo, há um esforço definido para trazer os recursos da educação ao alcance de qualquer pessoa no planeta. Isso finalmente acontecerá, e o tipo de educação pretendida completará os seguintes itens, estabelecendo assim o fundamento para o futuro desabrochar da educação superior e melhor:

1. Tornar disponível ao cidadão comum aquilo que veio à luz no passado.

2. Despertar o interesse pelas novas ciências e pelo conhecimento que estão vindo a lume no presente.

3. Desenvolver a memória e o poder para reconhecer o que for apresentado à mente.

4. Relacionar o passado com o presente.

5. Treinar cidadãos nos direitos e na natureza da posse, com atenção para os processos do gozo e do uso correto dos dons materiais e intelectuais da vida, e sua relação com o grupo.

6. Indicar, depois de estudo adequado, a vocação certa.

7. Ensinar os métodos pelos quais a coordenação da Personalidade pode ser alcançada.

Tudo isso porá o homem na arena da vida com uma certa quantidade de conhecimento do que foi descoberto no passado e do que e sua herança intelectual; com uma certa atividade mental, que poderá ser desenvolvida e treinada se o próprio homem o desejar e efetuá-la pela correta manipulação de si mesmo em relação ao seu ambiente; com certos ideais mentais, sonhos e especulações, que podem ser transmutados em bens valiosos se o homem estiver aquinhoado com a persistência, se suas faculdades imaginativas não foram embotadas por um currículo desequilibrado e forçado e se ele tiver a felicidade de ter um professor sábio e alguns amigos compreensivos mais velhos.

Ficar-vos-á claro, também, que a tarefa da nova educação é tomar as massas civilizadas e conduzi-las até o ponto onde possam adquirir cultura; tomar, também, das pessoas de cultura e treiná-las no caminho dos Iluminados. Verificar-se-à, finalmente, que o que é ensinado nas escolas esotéricas será parte do currículo reconhecido, imposto a nova geração, e que o ensinamento dado às pessoas evoluídas, os pensadores do mundo atual, será ajustado às necessidades da juventude da época.

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A NATUREZA DO ESOTERISMO

Os educadores na nova era porão ênfase crescente na abordagem esotérica, e isso será de valia, pois que procurei definir esoterismo em termos da inteligência média geral dos estudantes esotéricos e de seu ponto na evolução. Gostaria de lhes recordar ser o verdadeiro esoterismo algo muito mais profundo (do ângulo da Hierarquia) do que podeis perceber.

Uma das definições mais inadequadas de esoterismo é a de que ele diz respeito ao escondido e oculto e que, mesmo suspeitado, ainda assim permanece desconhecido. A inferência é que ser esoterista é estar entre os que buscam penetrar num certo reino secreto ao qual o estudante comum não é permitido penetrar. Se tudo se resumisse nisso, então todo cientista e todo místico representariam a maneira de acesso do tipo mental e do tipo emocional evoluído ao mundo do esoterismo e das realidades ocultas. Isto, entretanto, não é o certo. O místico nunca é um verdadeiro esoterista, uma vez que ele não está lidando, na sua consciência, com energias e forças, mas com aquele Algo indefinido (chamado Deus, o Cristo, o Bem-Amado) e por isso, na verdade, com aquilo que satisfaz a fome de sua alma. O cientista que está agora tão rapidamente lidando com o mundo das forças e das energias e nela penetrando, é na realidade um verdadeiro esoterista – mesmo que no seu esforço para controlar as energias pesquisadas, negue a fonte destas. Isto é um momento relativamente curto; mais tarde ele reconhecerá a fonte de onde emanam.

A via de acesso básica para todos os que se esforçam para aprender o esoterismo ou instruir estudantes esotéricos, é pôr a ênfase no mundo das energias e reconhecer que por trás dos acontecimentos no mundo dos fenômenos (e com isso quero me referir aos três mundos da evolução humana) existe o mundo das energias; estas são da maior diversidade e complexidade, mas todas se movem e trabalham sob a Lei de Causa e Efeito. É-me desnecessário, portanto, indicar a própria natureza prática desta definição e sua aplicabilidade à vida do aspirante individual, à vida comunitária e aos assuntos mundiais, ou aos níveis imediatos condicionantes das energias espirituais experimentais que estão constantemente procurando produzir impacto ou contato com o mundo dos fenômenos. Isto elas fazem sob direção espiritual, com finalidade de cumprir o Plano. O enunciado acima é fundamental na sua importância; todas as outras definições estão implícitas nela, e é a primeira verdade importante concernente ao esoterismo, que tem de ser aprendida e aplicada por todo aspirante ao mistério e à universalidade daquilo que move os mundos e é a base do processo evolutivo.

A primeira tarefa do esoterista é compreender a natureza das energias que procuram condicioná-lo e se expressam no plano físico por intermédio de seu equipamento ou seu veículo de manifestação. O estudante esotérico tem, portanto, de entender que:

1 – Ele é um agregado de forças, herdadas e condicionadas pelo que ele tem sido, mais uma grande força antagônica que não é um princípio e ao qual chamamos de corpo físico.

2 – Ele é sensível a, e deveria estar cada vez mais consciente de certas energias desconhecidas no presente e sem utilidade para ele; delas ele precisa, finalmente, tornar-se ciente se quiser entrar mais profundamente no mundo das forças ocultas. Haverá energias que, para ele, seriam más, fosse ele operar com elas, e têm de ser distinguidas e rejeitadas; há outras que ele precisa aprender a usar, pois elas se mostrarão benéficas e aumentarão seu conhecimento e, por isso deverão ser consideradas boas. Tenham em mente, entretanto, que as energias em si não são nem más nem boas. A Grande Loja Branca, nossa Hierarquia espiritual, e a Loja Negra, empregam as mesmas energias universais, mas com motivos e objetivos diferentes; ambos são grupos de esoteristas treinados.

O esoterista em treinamento tem, portanto, que:

1 – Tornar-se consciente da natureza das forças que constituem o equipamento de sua personalidade e que ele mesmo, magneticamente, trouxe à expressão nos três mundos. Elas formam uma combinação de forças ativas; ele precisa aprender a diferençar entre a energia estritamente física, que é automática em sua resposta a outras e às energias internas, e aquelas que vêm dos níveis emocional e mental da consciência, focalizando-se através do corpo etérico que, por sua vez, motiva e galvaniza seu veículo físico para certas atividades.

2 – Tornar-se sensível às energias impulsionadoras da alma, emanando dos níveis mentais superiores. Estas procuram controlar as forças do homem tríplice quando um certo ponto determinado na evolução é alcançado.

3 – Reconhecer as energias condicionantes de seu ambiente, considerando-as não como ocorrências ou circunstâncias, mas sim energia em ação. Com isso ele aprende a encontrar seu caminho por detrás da cena dos acontecimentos exteriores, no mundo das energias, buscando contato e qualificação para produção de certas atividades. Assim ele adquire entrada para o mundo de significados. Ocorrências, circunstâncias, acontecimentos e fenômenos físicos de toda espécie são simplesmente símbolos do que está ocorrendo nos mundos internos, e é nestes mundos que o esoterista deve entrar, até onde sua percepção lhe permita; descobrirá uma série de mundos que chamarão por sua penetração científica.

4 – Para a maioria dos aspirantes, a Hierarquia mesma permanece um reino esotérico que exige descobrimento e que aceitará penetração. Estou escolhendo minhas palavras com cuidado a fim de evocar em vocês resposta esotérica.

Além deste ponto da meta destinada à humanidade, não busco ir; para os iniciados e discípulos que ainda não passaram pela Iniciação da Transfiguração, os reinos superiores do conhecimento e o Lugar Secreto do Mais Alto (a Câmara do Conselho de Sanat Kumara) permanecem profundamente esotéricos. É um reino superior de energias – planetárias, extraplanetárias e interplanetárias; com elas os educadores nada têm a ver nem o grupo de professores de uma escola esotérica é chamado a lidar. A tarefa é treinar estudantes no reconhecimento da energia e da força; discriminar entre os vários tipos de energia, tanto em relação a si mesmos como aos assuntos mundiais, e começar a relacionar o que é visto e experimentado com o que é invisível, condicionante e determinante. Esta é a tarefa esotérica.

Há uma tendência entre os estudantes esoteristas, particularmente nos antigos grupos piscianos, a considerar qualquer interesse pelas energias causadoras de acontecimentos mundiais, ou que digam respeito ao governo e à política, como antagonistas ao esforço esotérico e espiritual. Mas, o novo esoterismo, que os grupos mais modernos e mais mentais promoverão, vê todos os eventos e movimentos mundiais e governos nacionais, além de todas as circunstâncias políticas, como expressões de energias a serem encontradas no mundo interior da busca esotérica; por isso mesmo não veem razão forte para excluir um aspecto tão importante dos assuntos humanos de seu raciocínio e do seu pensamento, e da descoberta daquelas novas verdades e técnicas que poderão produzir a nova era das corretas relações humanas. Perguntam eles: Por que omitir a pesquisa política do currículo espiritual? Julgam-na de igual, se não de maior importância do que a atividade das igrejas; os governos condicionam as pessoas e auxiliam na produção de toda civilização em curso, forçando as massas dos homens a certas linhas de pensamento necessárias. As igrejas e os homens em toda parte precisam aprender que nada há no mundo todo dos fenômenos, das forças e das energias, que não possa ser posto sob o controle do que é espiritual. Tudo o que existe é, na realidade, espírito em manifestação. As massas estão, hoje, se tornando mentalmente politizadas, e isto é encarado pelos Mestres como um grande passo avante. Quando as pessoas de mentalidade espiritualizada do mundo incluírem esta área relativamente nova do pensamento humano e sua atividade internacional dentro do campo da sua busca esotérica, um grande progresso terá sido feito.

Permitam-me dar-lhes uma ilustração simples: A guerra é, na verdade, uma grande explosão de energias e forças geradas nos planos internos onde o esoterista deveria estar trabalhando (mas onde é raramente encontrado), e encontrando sua deplorável e catastrófica expressão no plano físico. Isto é indicado hoje pelo constante uso dos termos Forças da Luz e Forças do Mal. Quando as causas internas, esotéricas e predisponentes da guerra forem descobertas através da pesquisa esotérica, então a guerra e as guerras terão fim. Isto está na natureza do verdadeiro trabalho esotérico, mas é desprezado pelos esoteristas dos dias atuais que se consideram espiritualmente superiores a tais assuntos e – na sua torre de marfim – concentram-se em seu próprio desenvolvimento, além de um pouco de filosofia.

Um ponto deve ser aqui estabelecido: O esoterismo não é nenhum caminho de natureza vaga e mística. É uma ciência – essencialmente a ciência da alma de todas as coisas – e tem sua própria terminologia, seus experimentos, suas deduções e suas leis. Quando digo alma refiro-me à consciência animadora encontrada por toda a natureza e naqueles níveis que jazem fora do território geralmente chamado natureza. Os estudantes tendem a esquecer que cada nível de conscientização, do mais elevado ao mais baixo, é um aspecto do plano físico cósmico e é, portanto, (do ângulo do processo evolutivo) de natureza material e (do ângulo ou ponto de vista de certos Observadores divinos) decididamente tangível e formado de substância criativa. O esoterista lida com substância o tempo todo; ele se ocupa com aquela substância vibrante, viva, da qual os mundos são feitos e que – herdada como o foi de um sistema solar anterior – está colorida por acontecimentos passados, e (como já foi dito) “já está afetada pelo carma”. Deveria ser também registrado que assim como o plano físico, tão nosso conhecido, não é considerado como um princípio pelo estudante do esoterismo, da mesma forma o plano físico cósmico (do ponto de vista das vidas cósmicas) da mesma maneira “não é um princípio”. Dou-lhes aqui muito para pensar.

Poderia ser afirmado que o esoterista se ocupa em descobrir e trabalhar com os princípios que energizam cada nível do plano físico cósmico e que são, na realidade, aspectos da energia de vida qualificada que trabalha com e através da substância que não tem princípio. Sua tarefa é desviar o foco de sua atenção do aspecto substância-forma da existência e tornar-se consciente do que tenha sido a origem da produção da forma em qualquer nível específico. É sua tarefa desenvolver em si mesmo a necessária capacidade de resposta e sensibilidade à qualidade da vida que impregna toda forma até que ele eventualmente chegue à qualidade da VIDA UNA que anima o planeta e em Cuja atividade vivemos, nos movemos e temos nosso ser.

Para fazer isto ele precisa, antes de tudo, descobrir a natureza de suas próprias energias qualificadas (e aqui a natureza dos raios governantes entra em cena), que se expressam através dos seus três veículos inferiores de manifestação, e mais tarde através de sua personalidade integrada. Havendo chegado a uma medida deste conhecimento e tendo-se orientado em direção do aspecto da vida qualificada, ele começa a desenvolver o sutil mecanismo interno através do qual pode ser feito o contato com os aspectos mais gerais e universais. Ele aprende a diferençar entre a qualidade ou predisposições cármicas da substância sem princípio, da qual sua forma e todas as formas são feitas, e os princípios que estão buscando expressão através dessas formas e, incidentalmente, a redimi-las, resgatá-las e purificá-las, a fim de que a substância do próximo sistema solar seja de ordem superior à atual e, consequentemente, mais capaz de responder ao aspecto vontade do Logos.

Visto deste ângulo, o esoterismo é a ciência da redenção, e disso todos os Salvadores do Mundo são o eterno símbolo e os expoentes. Foi para redimir a substância e suas formas que o Logos planetário veio à manifestação, e a Hierarquia toda com seu grande Líder, o Cristo (o presente Símbolo mundial), pode ser considerada como uma hierarquia de redentores, peritos na ciência da redenção. Uma vez que tenham dominado essa ciência, Eles poderão passar à ciência da Vida e lidar com as energias que finalmente conterão e usarão a substância e as formas já dotadas de princípio, qualificadas e redimidas. A redenção da substância sem princípio, sua reabilitação criativa e sua integração espiritual é Sua meta; os frutos de Seu labor serão vistos no terceiro e final sistema solar. A atividade Deles produzirá uma grande fusão espiritual e planetária, da qual a fusão da personalidade e da alma (num determinado ponto no caminho da evolução) é o símbolo, no sentido microcósmico. Podem ver com isto a estreita relação entre o trabalho do aspirante individual ou discípulo, conforme ele redime, resgata e purifica seu tríplice corpo de manifestação, e o trabalho do Logos planetário à medida que Ele desempenha tarefa semelhante em conexão com os “três veículos periódicos” através dos quais Ele age: Seu veículo da personalidade, Sua expressão da alma e Seu aspecto monádico.

Através de tudo que tenha dito percebam que me esforço por eliminar a imprecisão da palavra esoterismo e indicar a natureza extremamente científica e prática do empreendimento no qual todos os esoteristas estão engajados.

O estudo esotérico, quando unido à vivência esotérica, revela a seu tempo o mundo do propósito e leva finalmente ao mundo dos significados. O esoterista começa esforçando-se para descobrir a razão por que; luta com o problema dos acontecimentos, eventos, crises e circunstâncias a fim de chegar a compreender o propósito que possam conter para ele; quando chega a alcançar a significação de algum problema específico, usa-a como um convite para penetrar mais profundamente no recém revelado mundo do significado; aprende, então, a incorporar seus pequenos problemas pessoais ao problema do Todo maior, perdendo, assim, a visão do pequeno eu e descobrindo o Eu maior. O verdadeiro ponto de vista esotérico é sempre aquele do Todo maior. Ele descobre o mundo do significado espalhado como uma intrincada rede em todas as atividades e em cada aspecto do mundo dos fenômenos. A teia etérica é o símbolo e o modelo dessa rede; e a teia etérica, encontrada entre os centros ao longo da coluna vertebral do indivíduo, é sua correspondência microcósmica, como uma série de portas de entrada para o mundo maior do significado. Isto, na realidade, diz respeito à verdadeira Ciência dos Centros, à qual tenho me referido frequentemente. São modos de entrada consciente (quando desenvolvidos e em funcionamento) a um mundo de realidades subjetivas e a fases até agora desconhecidas da consciência divina.

Entretanto, o esoterismo não concerne aos centros, como tais, e não é, cientificamente, um esforço para despertar centros, como muitos estudantes pensam. O esoterismo é realmente o treinamento na habilidade de funcionar livremente no mundo do significado; ele não se ocupa com nenhum aspecto da forma mecânica; está inteiramente voltado para o aspecto alma – o aspecto do Salvador, do Redentor e Intérprete – e para o princípio mediador entre a vida e a substância. Este princípio mediador é a alma do aspirante individual ou discípulo (se alguém pode usar tal expressão enganadora); é também a anima mundi do mundo como um todo.

O esoterismo, portanto, envolve uma vida em sintonia com as realidades subjetivas internas; somente é possível quando o estudante está inteligentemente polarizado e mentalmente focalizado; é útil apenas quando o estudante pode se movimentar entre essas realidades internas com habilidade e entendimento. O esoterismo implica também compreensão da relação entre forças e energias, e o poder de usar a energia para o fortalecimento, e portanto, para o uso criativo das forças contatadas; daí sua redenção. O esoterismo usa as forças do terceiro aspecto (o da substância inteligente) como recipientes das energias dos dois aspectos superiores e, assim fazendo, resgata a substância. O esoterismo é a arte de “fazer descer à terra” aquelas energias que emanam das fontes superiores e lá enraizando-as ou ancorando-as. Como ilustração: foi uma atividade esotérica de um grupo mundial de estudantes que resultou na divulgação do ensinamento concernente ao Novo Grupo de Servidores do Mundo, enraizando e fixando na consciência da humanidade, como consequência, o fato da existência e do trabalho deste grupo basicamente subjetivo; assim, o trabalho deste grupo foi focalizado e sua atividade redentora intensificada.

Toda atividade verdadeiramente esotérica produz luz e iluminação; resulta na luz herdada da substância sendo intensificada e qualificada pela luz superior da alma – no caso da humanidade, atuando conscientemente. É possível, por essa razão, definir o esoterismo e sua atividade em termos de luz, mas abstenho-me de o fazer, devido à imprecisão e à aplicação mística até aqui desenvolvida pelos esoteristas nas décadas passadas. Se os esoteristas aceitassem, na sua forma mais simples, o pronunciamento da ciência moderna de que substância e luz são termos sinônimos, e reconhecessem também que a luz que podem fazer vir à substância (a aplicação da energia à força) é igualmente de natureza substancial, uma aproximação muito mais inteligente seria feita. O esoterista de fato lida com a luz em seus três aspectos, mas é preferível, hoje, tentar uma aproximação diferente, até que – através do desenvolvimento, tentativa e experiência – ele conheça estas três diferenciações tríplices num sentido prático e não só teórica e misticamente. Temos de corrigir alguns erros do passado.

Já lhes dei muitas outras definições nos meus vários livros, e algumas eram bem simples; têm significado hoje e terão significação mais abstrusa para vocês mais adiante.

Desafiaria todos os esoteristas a tentarem a abordagem prática que delineei aqui. Pedir-lhes-ia que vivessem vidas redentoras para desabrochar sua sensibilidade mental inata, e trabalhar continuamente com o significado a ser descoberto por detrás de todos os assuntos individuais, comunitários, nacionais e mundiais. Se isto for feito, então a luz subitamente brilhará, e cada vez mais, no seu caminho. Podem tornar-se portadores da luz, sabendo, com isso, que “naquela luz verão a Luz” – e da mesma forma vê-la-ão seus semelhantes.

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