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BHAGAVAD-GITA


CAPÍTULO XIII: A Natureza, o Desfrutador e a Consciência

Pérola 67. O CAMPO DAS ATIVIDADES E SUAS INTERAÇÕES (versos 1 a 7)

1-2. Arjuna disse: Ó meu querido Krishna, quero saber sobre a natureza (prakriti), o desfrutador (purusha), o campo (kshetra) e o conhecedor do campo (kshetrajña), e sobre o conhecimento (jñanam) e o objeto do conhecimento (jñeya). A Suprema Personalidade de Deus disse: Este corpo, ó filho de Kunti, chama-se o campo, e quem conhece este corpo chama-se o conhecedor do campo.

3. Ó descendente de Bharata, deves entender que, em todos os corpos, Eu também sou o conhecedor, e compreender este corpo e seu conhecedor chama-se conhecimento. Esta é a Minha opinião.

4. Agora, por favor, ouve enquanto faço uma breve descrição deste campo de atividade e de seus elementos constituintes, e enquanto descrevo quais são suas mudanças, qual a fonte que o origina, quem é este conhecedor do campo de atividades e que influências ele exerce.

5. Em vários escritos védicos, diversos sábios descrevem este conhecimento sobre o campo de atividades. O Vedanta-sutra o apresenta de maneira especial, ao fazer um extenso raciocínio sobre a causa e o efeito.

6-7. Os cinco grandes elementos, o ego falso, a inteligência, o imanifesto, os dez sentidos e a mente, os cinco objetos dos sentidos, o desejo, o ódio, a felicidade, o sofrimento, o agregado, os sintomas vitais e as convicções – todos estes são considerados, em resumo, o campo de atividades e suas interações.

Neste capítulo, o Senhor Krishna faz uma distinção bastante clara entre o corpo, o proprietário do corpo e a Superalma. O corpo material é chamado aqui de kshetra, que significa campo, por que de fato o corpo é o campo das atividades da entidade viva. Ele obtém o seu kshetra, ou corpo material específico, conforme sua capacidade e desejo de assenhorear-se da natureza material. A entidade viva que está habitando temporariamente neste corpo deve compreender que este corpo nada mais é do que uma cobertura temporária da alma. Compreendendo isto ele se torna um kshetrajña, um conhecedor do campo, pois entende que a alma é simplesmente a proprietária temporária dele. Dentro deste kshetra habita um outro ser que é transcendental e é conhecido como Paramatma, ou Superalma, que é o supremo conhecedor. Portanto, verdadeiro conhecimento implica em compreender a alma individual como um elemento eterno, distinto do corpo material temporário, e, ao mesmo tempo, compreender a Superalma que habita todos os diferentes corpos. Esta Superalma será descrita com mais detalhes nos versos seguintes. Ela é a fonte de todo o conhecimento e também a própria meta do conhecimento.

Aqui se define com pormenores o campo de atividades (o qual é composto de vinte e quatro elementos) no qual a entidade viva irá agir. Os cinco grandes elementos são a terra, a água, o fogo, o ar e o éter. Os cinco sentidos para se adquirir conhecimento são os olhos, os ouvidos, o nariz, a língua e a pele. Os cinco sentidos funcionais são a voz, as pernas, as mãos, o ânus e os órgãos genitais e os cinco objetos dos sentidos são o olfato, o paladar, a forma, o tato e o som. Além destes vinte itens existe o ego falso, a inteligência, a mente e os modos da natureza em seu estado imanifesto. Portanto, se alguém faz um estudo analítico mais profundo destes vinte e quatro itens que são mencionados resumidamente aqui no Bhagavad-gita, ele poderá entender perfeitamente bem o campo de atividades.

Pérola 68. O VERDADEIRO CONHECIMENTO (versos 8 a 12)

8-12. Humildade; modéstia; não-violência; tolerância; simplicidade; aproximar-se de um mestre espiritual genuíno; limpeza; firmeza; autocontrole; renúncia ao objeto de gozo dos sentidos; ausência de ego falso; a percepção segundo a qual o nascimento, a morte; a velhice e a doença são condições desfavoráveis; desapego; estar livre do enredamento com os filhos, esposa, lar e o resto; equanimidade diante de acontecimentos agradáveis e desagradáveis; devoção constante e imaculada a Mim; aspirar a viver num lugar solitário; afastar-se da massa geral das pessoas; aceitar a importância da auto-realização; e empreender uma busca filosófica da Verdade Absoluta – declaro que tudo isto é conhecimento, e algo diferentes disto é ignorância.

Depois de explicar o campo de atividades da entidade viva e suas interações, o Senhor declara aqui que, através do conhecimento, pode-se escapar do enredamento produzido pelos vinte e quatro elementos. Este verso menciona, portanto, vinte qualidades que constituem o verdadeiro conhecimento – qualidades estas que podem ser comparadas a diferentes degraus para se chegar a perfeição, ou seja, a compreensão sobre a Verdade Absoluta.

A humildade e a modéstia constituem a base do processo, pois enquanto a pessoa tiver a pretensão absurda de julgar-se Deus, a pessoa nem sequer poderá iniciar-se no cultivo do verdadeiro conhecimento. O abc da filosofia é compreender que somos muito mais do que meros corpos materiais temporários. Por isso, quem tem percepção espiritual de que é uma alma eterna torna-se verdadeiramente humilde e modesta, pois, para tal pessoa, qualquer coisa que se refira ao corpo – quer seja honra ou desonra – é completamente inútil. Portanto, como parte do processo de se obter conhecimento, deve-se perder completamente o anseio pelo falso prazer de ser glorificado pelos outros.

Uma pessoa que age com conhecimento nunca causa sofrimento a ninguém, pois sua relação com tudo e todos é espiritual e bem aventurada. Tendo como meta evidente o cultivo do conhecimento, a pessoa aprende a suportar as dualidades naturais que se apresentam neste mundo e não se abala diante dos impedimentos materiais que se interpõem no caminho do avanço espiritual. A ignorância nos faz imaginar tantos deveres relacionados com este corpo e nos faz buscar garantias falsas neste mundo, mas uma pessoa em conhecimento toma outra atitude. Ela não perde tempo com tais coisas ilusórias. Ela leva uma vida simples e utiliza seu tempo em assuntos transcendentais.

Com foi explicado no Quarto Capítulo, só se pode obter conhecimento perfeito de um mestre espiritual genuíno – um verdadeiro representante da sucessão discipular. Por isso, aceitar o mestre espiritual submissamente é considerado um item essencial na aquisição do verdadeiro conhecimento. Além de estar sempre internamente limpo, devido a meditação, o estudo dos Vedas e ao cantar dos santos nomes, tal discípulo mantém-se sempre limpo e asseado. Sua determinação é resoluta, pois nenhum fator material pode interromper o fluxo de seu cultivo espiritual. Ele está pronto para aceitar qualquer coisa que seja favorável para seu avanço espiritual e, ao mesmo tempo, não hesita em rejeitar as coisas desfavoráveis. Quanto ao gozo dos sentidos, ele aceita aquilo que é suficiente para manter-se saudável e não perde seu tempo vivendo em função da mente e sentidos materiais. Tal pessoa possui grande ímpeto para a vida espiritual, pois tem uma compreensão clara da situação miserável da alma eterna que está se sujeitando uma e outra vez ao ciclo de nascimento, velhice, doença e morte. Sua meta, portanto, é recuperar seu corpo espiritual e retornar à morada suprema de Deus, onde não ocorre nenhuma destas misérias corpóreas. Por isto, tal pessoa é desapegada dos prazeres deste mundo, e mesmo que tenha afeição natural pela família, ele utiliza isto para criar uma atmosfera consciente de Krishna em seu lar e não para gozo pessoal dos sentidos. E se, na verdade, sua família é desfavorável ao seu avanço espiritual, isto fará com que sua afeição e apego desapareçam completamente. Estando fixa no serviço devocional ao Senhor, tal pessoa está sempre em contato com a energia espiritual e, com isto, está sempre internamente feliz. Por isso, ela mantém-se equânime diante dos reveses materiais característicos deste mundo. Ela não se associa com pessoas de mentalidade mundana e, devido a estar fixa no processo de auto-realização, ela evita ambientes conturbados onde exista aglomeração de materialistas barulhentos. Ela não permite que suas práticas espirituais sejam prejudicadas. Agindo desta maneira, portanto, tal pessoa desenvolve cada vez mais sua convicção espiritual e eleva-se certamente a uma plataforma de conhecimento verdadeiro e permanece sempre absorta no serviço devocional amoroso ao Senhor. Devemos concluir que o conhecimento perfeito é propriedade dos devotos imaculados do Senhor. Para outros, ele é sempre inacessível.

Pérola 69. A SUPERALMA ONIPENETRANTE (versos 13 a 18)

13. Passarei agora a explicar o conhecível, conhecendo o qual saborearás o eterno. Brahman, o espírito, que não tem começo e é subordinado a Mim, situa-Se além da causa e do efeito deste mundo material.

14. Em toda a parte estão Suas mãos e pernas, Seus olhos, cabeças e rostos, e Ele tem ouvidos em toda parte. É deste modo que a Superalma existe, penetrando tudo.

15. A Superalma é a fonte que origina todos os sentidos, no entanto, Ele é desprovido de sentidos. Ele é desapegado, embora seja o mantenedor de todos os seres vivos. Ele transcende os modos da natureza, e ao mesmo tempo é o senhor de todos os modos da natureza material.

16. A Verdade Suprema existe fora e dentro de todos os seres vivos móveis e inertes. Porque é sutil, Ele está além do poder visual ou cognoscitivo dos sentidos materiais. Embora longe, longe, Ele também está perto de todos.

17. Embora pareça estar dividido entre todos os seres, a Superalma nunca Se divide. Sua situação é sempre a mesma. Embora Ele seja o mantenedor de toda entidade viva, deve-se compreender que Ele devora e desenvolve tudo.

18. Ela é a fonte de luz em todos os objetos luminosos. Ele está além da escuridão própria da matéria e é imanifesto. Ele é o conhecimento, o objeto do conhecimento e a meta do conhecimento. Ele está situado nos corações de todos.

Embora a entidade viva seja considerada kshetrajña, o conhecedor do campo, deve-se compreender que o principal conhecedor não só do campo, mas de todas as coisas, é o Senhor Supremo, ou a Superalma onipenetrante. A criação, a manutenção e a destruição de tudo estão sempre sob Seu controle, pois Ele é o mantenedor de todas as entidades vivas. Sua refulgência é ilimitada e Ele é a fonte de luz de todos os objetos luminosos, tais como o Sol e a Lua.

Dentro de cada corpo existe uma alma individual situada no coração, e a influência desta alma individual se limita no corpo específico que ela adquiriu. Portanto, a alma individual não pode dizer que suas mãos, pernas, olhos, etc., estão em todos os lugares. Isto significa que ela existe sob condições limitadas e sua posição não é suprema. Esta é a diferença entre a Superalma e a alma individual. A Superalma pode estender Suas cabeças, mãos, olhos, pernas, etc., ilimitadamente. De fato, como se afirma aqui, a potência da Superalma é ilimitada. Embora sempre permaneça em Sua própria morada, Ela pode estar ao mesmo tempo em todos os lugares. O sentidos das entidades vivas são materiais e, dessa maneira, têm um alcance limitada e defeituoso. Mas, o Senhor não possui sentidos materiais limitados. Isto significa que Suas pernas não são como as nossas, e Ele pode viajar para qualquer lugar sem restrição alguma. Por que Sua visão é espiritual e infinita, Ele é capaz de ver tudo: passado, presente e futuro. Tendo ouvidos em todo lugar, Ele sempre ouve as orações feitas pelas almas rendidas. Ao mesmo tempo, onde quer que esteja, Ele pode saborear as oferendas que são feitas com devoção pelos Seus devotos puros, pois Sua boca está em todo lugar. Embora Ele esteja em Sua morada, que é muitíssimo distante de nós, Ele está, ao mesmo tempo, dentro de nós. Na verdade, ninguém está mais próximo que Ele. Certamente, enquanto estivermos contaminados materialmente, não podemos ver nada disso. Mas, quando nossos sentidos forem purificados pelo processo transcendental do serviço devocional, poderemos vê-lO o tempo todo. Devemos admitir, portanto, que existem dois conhecedores do campo – a alma individual e a Superalma, o Supremo conhecedor.

Pérola 70. A ENTIDADE VIVA E A NATUREZA MATERIAL (versos 19 a 22)

19. Assim descrevi sucintamente o campo de atividades (o corpo), o conhecimento e o conhecível. Só Meus devotos podem compreender isto na íntegra e então alcançar Minha natureza.

20. Deve-se entender que a natureza material e as entidades vivas não têm começo. As transformações por que elas passam e os modos da matéria são produtos da natureza material.

21. Está dito que a natureza produz todas as causas e efeitos materiais, ao passo que a entidade viva é a causa dos vários sofrimentos e prazeres deste mundo.

22. Dessa forma, a entidade viva dentro da natureza material segue os caminhos da vida, desfrutando os três modos da natureza. Isto decorre de sua associação com essa natureza material. Assim, ela se encontra com o bem e o mal entre as várias espécies de vida.

Aqui se afirma que somente os devotos podem compreender a diferença entre o corpo, o conhecimento e o objeto do conhecimento. Outros são incapazes de compreender. O verdadeiro conhecimento é chegar a compreender que todos são servos eternos do Senhor. Isto certamente nos levará a praticar sinceramente o serviço devocional, o qual, por sua vez, é o próprio resultado último de todo conhecimento. Quanto mais o devoto puder compreender que Krishna é tudo, mais ele irá atingir o verdadeiro conhecimento, e, como se afirma no Décimo Capítulo, os demais detalhes sobre o conhecimento serão internamente revelados pelo Senhor.

Através do conhecimento transmitido neste capítulo, pode-se compreender que o campo (ou o corpo) é constituído de natureza material, ao passo que a entidade viva, a alma, é energia espiritual pura. Ambos são eternos e fazem parte da energia do Senhor. Antes deste cosmo ser manifestado, tanto a energia material quanto a entidade viva já existiam em seu estado latente. A energia material é considerada inferior, por que não possui vida própria. Ela depende da interação dela com a entidade viva. Porém, como uma energia superior do Senhor, a entidade viva não ganha nada em interagir com a energia material inferior. Ela não precisa entrar em contato com este mundo material, podendo viver uma vida eternamente perfeita na residência do Senhor. No entanto, quando se sente atraída pelo brilho ilusório desta energia material, ela inicia uma árdua luta pela existência e passa a viver sob a influência dos três modos da natureza material, à saber, ignorância, paixão e bondade.

Pérola 71. A PRESENÇA DA SUPERALMA (versos 23 a 31)

23. Contudo, neste corpo há outrem, um desfrutador transcendental, que é o Senhor, o proprietário supremo, que age como o supervisor e permissor e que é conhecido como Superalma.

24. Aquele que compreende esta filosofia que trata da natureza material, da entidade viva e da interação dos modos da natureza com certeza alcançará a liberação. Ele não voltará a nascer aqui, não importa qual seja sua posição atual.

25. Alguns percebem a Superalma dentro de si através da meditação, outros, através do cultivo de conhecimento, e outros, através do trabalho sem desejos fruitivos.

26. E há também aqueles que, embora não sejam versados em conhecimento espiritual, passam a adorar a Pessoa Suprema após ouvirem outros falarem a respeito dEle. Por causa de sua tendência de ouvir as autoridades, eles também transcendem o caminho de nascimentos e mortes.

27. Ó principal dos Bharatas, fica sabendo que tudo o que existe, seja móvel ou inerte, é apenas uma combinação do campo das atividades e do conhecedor do campo.

28. Aquele que vê que a Superalma acompanha a alma individual em todos os corpos, e que compreende que a alma e a Superalma dentro do corpo destrutível jamais são destruídos, vê de verdade.

29. Aquele que vê a Superalma igualmente presente em toda a parte e em cada ser vivo não se degrada por sua mente. Assim, ele se aproxima do destino transcendental.

30. Quem pode ver que todas as atividades são executadas pelo corpo, que é uma criação da natureza material, e vê que o eu nada faz, vê de verdade.

31. Quando um homem sensato deixa de ver diferentes identidades conseqüentes a diferentes corpos materiais e vê como os seres se expandem por toda a parte, ele alcança a concepção Brahman.

A entidade viva é parte integrante eterna do Senhor, de modo que existe um relacionamento íntimo de amizade entre ambos. Mas por que tem a tendência de ignorar este relacionamento com o Senhor e procura agir com independência, a entidade viva é chamada de energia marginal. Isto significa que ela tem a opção de situar-se na energia espiritual ou na energia material. Quando tenta dominar a energia material, a entidade viva sujeita-se a uma luta incansável e fica presa às condições indesejáveis dos modos da natureza material. Portanto, devido à Sua misericórdia, o Senhor deseja salvá-la desta situação artificial e, para levá-la de volta à energia espiritual, Ele permanece situado em seu coração como a Superalma dando-lhe internamente valiosas instruções e externamente aparece neste mundo para transmitir o conhecimento transcendental do Bhagavad-gita. Munida então deste conhecimento, a entidade viva se qualifica para libertar-se da ilusão e ingressar na atmosfera espiritual. Compreendendo estas instruções confidenciais contidas no Bhagavad-gita, ela situa-se em sua posição verdadeira e eterna e adota a consciência de Krishna. Neste caso, a mente aos poucos se desapega do gozo material dos sentidos e se volta para a manifestação do Senhor como a Superalma.

Infelizmente, na sociedade moderna não há educação em assuntos espirituais. De qualquer modo, mesmo se um estudante retardatário se inclinar ao processo de ouvir das autoridades espirituais comentarem acerca do conhecimento transcendental, há toda a possibilidade de fazer um grande avanço. Especialmente nesta atual era de Kali, Sri Chaitanya Mahaprabhu enfatizou a associação com os devotos com o propósito de ouvir sobre o Senhor e cantar o maha-mantra Hare Krishna Hare Krishna Krishna Krishna Hare Hare, Hare Rama Hare Rama Rama Rama Hare Hare. Isto irá nos ajudar a transcender o caminho de nascimentos e mortes.

Pérola 72. OS OLHOS DO CONHECIMENTO (versos 32 a 35)

32. Aqueles com a visão de eternidade podem ver que a alma imperecível é transcendental, eterna e situada além dos modos da natureza. Apesar do contato com o corpo material, ó Arjuna, a alma nada faz nem se enreda.

33. O céu, devido a sua natureza sutil, não se mistura com nada, embora seja onipenetrante. De modo semelhante, a alma situada na visão Brahman não se identifica com o corpo, embora esteja nesse mesmo corpo.

34. Ó filho de Bharata, assim como o Sol ilumina sozinho todo este Universo, do mesmo modo, a entidade viva, sozinha dentro do corpo, ilumina o corpo inteiro através da consciência.

35. Aqueles que com os olhos do conhecimento vêem a diferença entre o corpo e o conhecedor do corpo, e podem também compreender o processo que consiste em libertar-se do cativeiro da natureza material, alcançam a meta suprema.

Como discutimos anteriormente, ao buscar associação espiritual e começar a ouvir sobre o conhecimento transcendental das fontes certas, a pessoa dirige-se ao destino supremo. Para tal pessoa, este Capítulo Treze é bastante valioso, pois, estudando-o com a ajuda de um mestre espiritual, pode-se entender claramente a distinção entre o corpo, o proprietário dele e a Superalma onipresente. Tal conhecimento transcendental é realmente essencial, pois revela o processo de se libertar do cativeiro da natureza material. Portanto, uma pessoa dotada deste conhecimento adquire uma visão de eternidade, compreendendo bem que este corpo é simplesmente energia material e que é a alma que ilumina e dá vida ao corpo, exatamente como o Sol ilumina e dá vida ao Universo. Uma pessoa com visão de eternidade não se identifica com este corpo e permanece dentro dele sem se contaminar com a mentalidade corpórea. Assim como o ar pode entrar na água, no excremento ou em qualquer lugar e não se misturar com nada disso, a entidade viva dotada de olhos do conhecimento, mantém-se sempre à parte das atividades materialistas. Tal pessoa de consciência purificada permanece em sua identidade espiritual e vê com visão de igualdade todos os seres vivos, quer se encontrem em corpos de semideuses, seres humanos ou animais inferiores.

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