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Livros de Alice Bailey

Do Intelecto à Intuição


Capítulo X – A Necessidade do Cuidado na Meditação

"Uma vida limpa, uma mente aberta, um coração puro, um intelecto vivo, uma percepção espiritual sem véu, um sentimento de fraternidade para com seu condiscípulo, uma prontidão para dar e receber conselhos e instrução, ... uma obediência voluntária nos ditames da verdade, ... um suportar corajoso das injustiças pessoais, uma declaração intrépida de princípios, uma defesa valente dos que são injustamente atacados, e um olhar constante para o ideal do progresso e da perfeição humana que a ciência secreta nos descreve; eis a escada dourada por cujos degraus o aprendiz pode subir até o Templo da Sabedoria Divina."
H. P. BLAVATSKI

A Necessidade do Cuidado na Meditação

O trabalho de meditação esquematizado no capítulo anterior constitui um bom exercício de concentração para o principiante e conduzi-lo-á finalmente - se ele possuir persistência - à prática genuína da meditação.

Uma concentração que dure um minuto é difícil de realizar, mas é um verdadeiro passo no caminho para a meditação, que é o ato de concentração prolongada. O esquema ajudará a produzir a condição de uma atenção ativa. Encontram-se muitos esquemas como este, e podem ser relacionados pelos que conhecem as regras e são bons psicólogos, de acordo com as necessidades de diferentes tipos de pessoas. Encontrar-se-ão, ao final do livro, alguns esquemas, mas é óbvio que num livro deste gênero não há lugar para a descrição das práticas mais avançadas e para o trabalho mais intenso. Só quando os estágios precedentes tiverem sido dominados é que se pode avançar com prudência.

Deve-se notar que qualquer processo de pensamento, seguido com uma atenção indesviável, que conduza "para o interior" da forma externa, para a energia ou aspecto vida dessa forma, e que permita ao pensador identificar-se com ela, servirá a um propósito similar a um esquema técnico. Qualquer substantivo, por exemplo, quando compreendido corretamente como o nome de uma coisa e, portanto de uma forma, servirá como pensamento-semente na meditação. A forma será estudada quanto à sua qualidade e propósito e todas elas poderão ser remontadas a uma ideia, e todas as verdadeiras ideias emanam do reino da alma. Se for, portanto assumida a atitude correta e os processos esquematizados no capítulo V forem seguidos, o pensador encontrar-se-á transportado do mundo fenomenal para o mundo das Realidades Divinas. À medida que se ganha prática na concentração, a consideração da forma exterior, da sua qualidade e aspecto pode ser omitida e o ato da concentração, tendo-se tornado, através da persistência e da prática, automático e instantâneo, o estudante pode começar com o aspecto propósito ou ideia subjacente que trouxe à existência a forma exterior. Este conceito foi-nos expresso por Plutarco nas seguintes palavras:

"Uma ideia é um Ser incorpóreo, que não tem subsistência em si mesmo, mas que dá figura e forma à matéria, informe e torna-se a causa da manifestação." (De Placit Philos.)

São palavras significativas e contém muita informação sobre esta antiga técnica de meditação, para o estudante.

O objetivo da meditação, do ângulo da mente, poderia considerar-se como sendo, portanto, atingir o mundo das ideias; do ângulo da alma, é a identificação da alma individual com o mundo originador de todas as ideias. Através do controle mental tornamo-nos conscientes das ideias que estão por detrás da evolução mundial e da manifestação (através da matéria) da forma que elas tomam. Através da meditação, contatamos uma parte do Plano; vemos os modelos do Grande Arquiteto do Universo e é-nos dada oportunidade de participar da sua emergência à existência objetiva através do nosso contato com as ideias que conseguimos contatar na meditação e de uma interpretação correta das mesmas.

E assim notória a necessidade do aspirante possuir uma mente bem treinada e provida, para poder interpretar com exatidão o que vê; é evidente que deve estar apto a formular com clareza os pensamentos com os quais procura vestir as ideias nebulosas, e por sua vez, através deste pensar claro, impressionar o cérebro expectante. Pode ser que seja verdade que "Deus", muitas vezes, desenvolve os Seus planos através da ação dos seres humanos, mas precisa de agentes inteligentes; precisa de homens e mulheres que não sejam mais estúpidos que os escolhidos para participar em seus próprios empreendimentos, pelos líderes da raça. Não é completamente suficiente amar somente a Deus. É um passo na direção certa, mas a devoção, não equilibrada pelo bom senso e argúcia, provoca muitas ações estúpidas, bem como esforços desnecessários. Deus procura os que têm mentes treinadas e altamente desenvolvidas, bem como cérebros finos (para agirem como registradores sensíveis de impressões superiores), a fim de que o trabalho possa ser levado adiante corretamente. Talvez possa ser dito que os santos e os místicos revelaram-nos a natureza da Vida Divina e a qualidade das ideias que governam as Suas atividades no mundo dos fenômenos, e que os conhecedores e intelectuais da humanidade devem, por sua vez, revelar ao mundo o Plano sintético e o Propósito Divino. Assim encontraremos o fio de ouro que nos tirará, do labirinto da nossa condição caótica mundial, para a luz da verdade e da compreensão.

Deve-se lembrar de que vivemos num mundo de energias e de forças. Conhece-se bem a força da opinião pública habitualmente emocional e frequentemente posta em ação por certas ideias básicas, formuladas por pensadores, bons, maus e indiferentes, e que é uma forma de energia, produtora de grandes resultados. O efeito devastador da emoção incontrolada, outra demonstração de força, por exemplo, é também conhecido. A expressão constantemente usada "as forças da natureza" mostra-nos que desde que o homem começou a pensar realmente, conheceu que tudo é energia. Os cientistas dizem-nos que todas as coisas são manifestações de energia. Não há senão energia derramando-se através de nós e nela estamos imersos. Todas as formas são constituídas por átomos e estes são unidades de energia. Portanto, o homem é, ele próprio, energia, formado de unidades energéticas e vivendo num mundo constituído semelhantemente, e trabalhando com energias permanentemente.

A lei fundamental que governa todo o trabalho de meditação é a antiga, formulada pelos videntes da índia séculos atrás, que "a energia segue o pensamento". Do nível das ideias (ou do conhecimento da alma) a energia derrama-se. A "opinião pública" do reino da alma penetra pouco a pouco nas mentes densas dos homens, e todos os atuais movimentos progressistas, de bem estar público e de melhoria grupal, podem ser atribuídos a ela, bem assim os conceitos religiosos e os conhecimentos exteriores das Causas que produzem objetividade. Essas ideias assumem uma forma mental, em primeiro lugar, e alguma mente as apreende e pondera sobre elas, ou as passa para algum grupo de pensadores, e o trabalho de "reflexão" segue adiante. A qualidade do desejo começa então adentrar e há uma reação emocional aos pensamentos que as ideias evocaram e a forma é gradualmente construída. Assim o trabalho prossegue e a energia da alma e da mente e a da natureza do desejo ligam-se com a energia da matéria, e uma forma definida nasce. Qualquer forma, seja a de uma máquina de costura, seja a de uma ordem social ou de um sistema solar, pode ser enunciada como a materialização do pensamento de algum pensador ou grupo de pensadores. E uma forma de trabalho criativo e as mesmas leis do aparecimento na vida governam o processo totalmente, tendo sido todo o trabalho concentrado com energia de uma espécie ou outra. O estudante de meditação deve, portanto lembrar-se que está sempre a trabalhar com energias e que estas variáveis energias terão um efeito preciso nas energias de que ele próprio é composto (se tal expressão é permissível).

Torna-se evidente, portanto, que o homem que está aprendendo a meditar deve esforçar-se por fazer duas coisas:

Primeiro: Aprender a guardar na sua mente e depois interpretar corretamente o que viu e contatou, e mais tarde transmiti-lo correta e precisamente ao cérebro impressionável e atento. Assim, o homem no estado de vigília física torna-se consciente das coisas do Reino de Deus.
Segundo: Deve apreender a natureza das energias que contata e treinar-se a utilizá-las corretamente. Pode-se dar aqui uma ilustração prática e universalmente reconhecida. Somos varridos pelo ódio ou irritação, instintivamente começamos a berrar. Por quê? Porque a natureza emocional tem-nos nas suas garras Aprendendo a controlar a energia da palavra falada, começamos a controlar este tipo particular de energia emocional.

A história completa do trabalho da meditação está condensada nestas duas ideias de interpretação e transmissão exatas da energia e do uso certo da energia. Torna-se também evidente qual o problema com que se confronta o estudante, e por que todos os professores prudentes da técnica da meditação insistem com seus pupilos sobre a necessidade de proceder lenta e cuidadosamente.

É essencial compreendermos que a meditação pode ser muito perigosa e pode por uma pessoa em sérias dificuldades. Pode ser destrutiva ou provocar rupturas; pode fazer mais mal do que bem, e levar uma pessoa à catástrofe se ela entrar no Caminho do Conhecedor sem uma compreensão própria do que está a fazer e aonde ela o levará. Ao mesmo tempo, pode ser, sem dúvida, "o trabalho de salvação" e tirar um homem de todas as suas dificuldades; pode ser construtiva e libertadora e guiar uma pessoa pelos métodos sãos e certos ao longo do caminho que conduz das trevas à luz, da morte à imortalidade e do irreal ao Real.

Talvez seja útil considerarmos mais atentamente estes dois pontos.

Vimos que a necessidade profunda do aspirante é ver se consegue trazer até à consciência física cerebral, com exatidão, os fenômenos do mundo espiritual que tenha chegado a contatar. A probabilidade é, contudo, que haja um espaço de tempo longo, antes que consiga penetrar neste mundo realmente. Portanto, tem de aprender a discriminar entre os campos de percepção que se lhe podem abrir, à medida que se torna mais sensitivo e conheça a natureza do que vê e ouve. Deitemos uma olhadela, por alguns momentos, a alguns dos fenômenos de mente inferior, que os estudantes tão constantemente interpretam erradamente.

Registram, por exemplo, um encontro enlevante com o Cristo ou com alguma Grande Alma, que lhes apareceu quando meditavam, sorrindo-lhes e dizendo: "sede de ânimo elevado. Estais a fazer bons progressos. Sois um trabalhador escolhido e a verdade revelar-se-vos-á", ou algo igualmente fátuo. Rejubilam-se com o acontecimento; registram-no no seu diário e escrevem-me alegremente dizendo que a ocorrência é um dos acontecimentos mais importantes das suas vidas. Pode ser, se a manejarem corretamente, e aprenderem a sua lição. Que aconteceu, realmente? Terá o estudante realmente visto o Cristo? Lembremo-nos aqui do truísmo que "os pensamentos são coisas" e que todos os pensamentos tomam forma. Duas coisas produziram a ocorrência, se é que aconteceu realmente e não é o resultado de uma vívida imaginação superestimulada. O poder da imaginação criativa está apenas começando a ser pressentido, e é possível ver-se justamente o que se quer ver mesmo que nada haja lá. O desejo do aspirante de fazer progressos e o seu esforço incansável, forçaram-no a despertar ou tornar-se consciente no plano psíquico, o plano das imaginações vãs, do desejo e das suas satisfações ilusórias. Nesse reino, contata um pensamento-forma do Cristo ou de algum grande e reverenciado Instrutor. O mundo da ilusão está cheio destes pensamentos- forma, construídos pelos pensamentos amorosos dos seres através das épocas, e o homem, trabalhando através de sua natureza psíquica (a linha de menor resistência para a maioria) entra em contato com tal pensamento-forma, toma-o como real e o imagina dizendo tudo o que quer ouvir. Ele necessita de encorajamento; procura, como muitos, a justificação de fenômenos para o seu esforço; aquieta o cérebro e mergulha gentilmente numa condição negativa e psíquica. Enquanto nesta condição, a sua imaginação começa a funcionar e vê o que quer ver, e ouve as palavras de reconhecimento magnificentes pelas quais anseia. Não lhe ocorre que os Guias da humanidade estão demasiado ocupados com atividades grupais e com a preparação dos pensadores avançados e dos líderes da humanidade, através dos quais Eles podem trabalhar, para perder tempo com as crianças da raça. Estas últimas podem ser entregues, com êxito, a seres menos altamente evoluídos. Nem lhes ocorre que, estando tão avançados e evoluídos para merecerem o privilégio de fazerem tal contato, que o Mestre não desperdiçaria o Seu tempo e o deles com palmadinhas nas costas, e a pronunciar trivialidades ocas em alto som. Aproveitaria, pelo contrário, o breve momento, para apontar alguma fraqueza a eliminar, ou algum trabalho construtivo a ser realizado.

Ainda, alguma "força" - palavra frequentemente usada - ou alguma entidade aparece ao estudante, enquanto medita, e descre-ve-lhe alguma obra grandiosa para cuja realização foi ele escolhido; alguma mensagem mundial, que tem de dar e para a qual o mundo inteiro deve ouvir, ou alguma grande invenção que ele apresentará um dia a um mundo ansioso, se ele continuar a ser bom. Reconhecido, apanha a manta do profeta e com uma crença inabalável na sua capacidade, na habilidade de influenciar milhares, mesmo se ele é relativamente impotente para influenciar os que estão presentemente à sua volta, ele prepara-se para levar a cabo a sua missão divina. Num ano, pediram admissão ao grupo a que estou associada, três "Instrutores Mundiais", que tinham estudado meditação em uma escola qualquer. E fizeram isto, não porque quisessem levar a meditação adiante, mas porque sentiam que nós ficaríamos felizes por eles terem "alimentado" o grupo com alguns das muitas centenas para quem eles foram instrumentos de salvação. Tive de declinar a honra e eles desapareceram, e nada mais se ouviu deles. O mundo ainda espera por eles. Da sua sinceridade não há dúvida, absolutamente. Acreditavam no que diziam. Como também não há qualquer dúvida de estarem alucinados. Todos nós estamos em perigo de ser iludidos da mesma maneira, quando começamos a meditar, se a nossa mente discriminadora não estiver alerta ou se tivermos uma aspiração secreta de proeminência espiritual, ou sofrermos de algum complexo de inferioridade que tem de ser expulso. O fato destas pessoas terem feito talvez um contato real com a alma é outra das causas da sua desilusão. Tiveram um lampejo da onisciência dele e são varridos dos seus pés pela maravilha de visão contatada e do conhecimento Mas superestimam em demasia a sua capacidade; o instrumento da alma é totalmente incapaz de arcar com os requisitos; há aspectos das suas vidas sobre os quais a luz pode não brilhar; há faltas secretas que conhecem, mas não podem quebrar; há o desejo de fama; há ambição. Não são ainda a alma em atividade funcionante. Tiveram apenas a visão duma possibilidade. E o seu esmagamento provém de falha em verem a personalidade tal como ela é.

Contudo, apesar dessa verdade, lembremo-nos sempre que é privilégio do verdadeiro conhecedor, trabalhar em estreita cooperação com os Guias da Humanidade, mas que o método da cooperação não será o que enganará o aspirante. Somente quando começarmos a funcionar como almas, e apenas quando estivermos ocupados com o serviço que nos faz esquecer de nós próprios - um serviço que é autoiniciado, e levado adiante porque a alma está consciente do grupo, e é da natureza da alma servir - faremos tal contacto. O Cristo é o Filho de Deus em plena atividade funcionante; "o Primogênito numa grande família de irmãos". Tem uma consciência de alcance universal e através Dele o amor de Deus derrama-se, e os propósitos divinos estão em atividade para dar seus frutos. Ê o Mestre de todos os Mestres e o Instrutor tanto dos Anjos como dos homens. Quando Ele e Os que Lhe estão associados, encontram um aspirante que está ocupado com o trabalho a ser feito em autodisciplina, fiel e consciencioso em seu esforço, olham para ver se a luz interna nele atingiu o ponto de "brilhar mais". Se encontram alguém que esteja tão ansioso para servir os seus companheiros, que não esteja à procura de contatos fenomenais para ele próprio, nem interessado em receber palmadinhas nas costas, alimentando deste modo o seu orgulho e autossatisfação, então podem revelar-lhe o trabalho que pode fazer na sua própria esfera de influência para avançar o Plano Divino. Mas ele terá de começar de onde está; terá de fazer a sua demonstração primeiro que tudo na sua casa ou emprego; terá de provar-se nas coisas pequenas antes que possa ser encarregado com segurança das grandes. A arrogância burlesca de alguns dos livros que registram os contatos psíquicos dos escritores, quase excede os limites. Certamente, falta-lhes pelo menos um senso de humor.

O ponto que cada estudante de meditação deve sempre conservar na mente, é que todo conhecimento e instruções são enviados para a mente e para o cérebro pela sua própria alma; é a alma que ilumina o seu caminho. Os Instrutores e os Mestres da raça trabalham através das almas. Nunca será demais repeti-lo. Portanto, o primeiro dever de cada aspirante deve ser a realização perfeita da ' meditação, serviço e disciplina, e não contatar alguma Alma elevada. É menos interessante, mas preserva-o da ilusão. Se ele fizer isto, os resultados mais elevados tratarão de si. Portanto, caso lhe surja uma aparição ou uma entidade lhe faça grandiloquentes comentários, ele fará uso do mesmo julgamento que faria nos negócios ou na vida quotidiana caso alguém lhe viesse dizer: "Um grande trabalho está nas suas mãos, você o está fazendo bem. Nós vemos e sabemos, etc. etc... Provavelmente rir-se-ia e continuaria com a atividade ou o dever do momento.

Outro efeito da meditação, muito prevalecente nesta época, é a inundação dos escritos pseudoinspirados que têm surgido com grandes pretensões por toda a parte. Homens e mulheres estão atarefadíssimos a escrever automaticamente, sob o império da inspiração e profeticamente, dando ao público o resultado dos seus exercícios. Estes escritos distinguem-se por certas características uniformes e podem explicar-se de vários modos. Emanam de diferentes fontes interiores. São curiosamente semelhantes; indicam um espírito amoroso de aspiração; não dizem nada de novo, e repetem o que já se disse tantas vezes antes; estão cheios de afirmações e frases que os ligam com os escritos dos místicos ou com o ensinamento cristão; podem conter profecias quanto a acontecimentos futuros (geralmente sombrios e terríveis, e raras vezes, se é que alguma vez, de natureza feliz); trazem muito conforto ao escritor e fazem-no sentir que é uma alma maravilhosa e grande; e são afortunadamente inócuos geralmente. O seu nome é legião e tornam-se excessivamente cansativos depois de termos mourejado através de alguns desses manuscritos. Alguns, poucos, são definitivamente destrutivos. Preveem cataclismos enormes e imediatos e criam o medo no mundo. Uma pessoa é tentada a perguntar, mesmo supondo que as predições sejam verdadeiras, se se ganha alguma coisa em assustar-se o público e se não será mais construtivo apoiar a realização nas pessoas do seu destino imortal do que dizer-lhes que vão ser afogadas num grande maremoto, ou que serão destruídas numa catástrofe que vai varrera sua particular cidade do mapa. Que são estes escritos - bons e inócuos, ou prejudiciais, destrutivos e subversivos da ordem pública? Caem, grosso modo, em duas classes. Primeira, há os escritos das almas sensitivas que podem sintonizar - com a massa das aspirações, anseios e ideias dos místicos de todos os tempos, ou igualmente sintonizar com os medos das eras, os medos raciais e hereditários, ou os medos engendrados pelas condições mundiais que prevalecem na atualidade. Isto eles gravam e escrevem-nos e passam aos amigos. Nesta categoria vêm os escritos dos que são sensitivos de uma maneira mais mental e podem sintonizar telepaticamente com o mundo mental; são responsivos à mente de algum pensador poderoso, ou aos conceitos massificados do mundo religioso; registram, nos níveis mentais, o medo, o ódio e a separatividade das massas. Quer o material que registram seja bom ou mau, quer seja de natureza feliz, o que raramente é, ou infeliz, e quer traga uma vibração de presságio e de medo, é sempre substância psíquica, e de modo algum indica a qualidade reveladora da alma. As profecias nos Livros de Daniel e nas Revelações foram responsáveis pela criação de uma forma de pensamento de medo e de temor que levou a demasiados escritos de natureza psíquica e a exclusividade da religião organizada levou muitos a separarem-se do resto da humanidade e a se considerarem os eleitos do Senhor, com a marca de Cristo na testa, e a assumirem, portanto, a posição de que estão salvos e que o resto do mundo perecerá, a menos que venham a interpretar a verdade e o futuro nos termos exclusivos dos ungidos e seletos.

Segundo: estes escritos podem indicar um processo de autodesenvolvimento e um método pelo qual o místico introvertido torna-se extravertido. O escritor pode estar tocando nos frutos do conhecimento subconsciente que é seu, e que acumulou através de leituras, pensamentos e contatos. Sua mente registrou e armazenou muita coisa de que ele permanece totalmente alheio durante anos e anos. Depois ele começa a meditar e, subitamente, contata as profundezas da sua própria natureza, penetra até as fontes do seu próprio subconsciente e na informação que desceu abaixo do limiar da sua consciência normal. Começa a escrever assiduamente. É um enigma porque considera estes pensamentos como emanações de Cristo ou de algum grande Instrutor. Provavelmente alimenta o seu orgulho - outras vezes, bastante inconscientemente - até sentir que é um canal através do qual o Cristo pode manifestar-se. Não me refiro aqui à massa de escritos automáticos hoje em dia tão populares. Suponho que o estudante de meditação recuse-se a ter qualquer relação com este tipo perigoso de trabalho. Nenhum aspirante verdadeiro, nos seus esforços para tornar-se mestre de si próprio, entregará as rédeas do governo e submeter-se-á ao controle de qualquer entidade encarnada ou desencarnada; nem sujeitará cegamente suas mãos para que qualquer força as use. Os perigos deste tipo de trabalho estão-se tornando demasiado conhecidos e fizeram muitas pessoas aterrissarem nas enfermarias para psicopatias ou necessitarem de serem libertadas de obsessões ou de "ideias fixas", que não há necessidade de me alargar aqui sobre o assunto.

Como distinguir, perguntar-se-á muito oportunamente, os escritos verdadeiramente inspirados do conhecedor verdadeiro, dessa massa literária que inunda as mentes do público presentemente? Primeiro direi que o escrito verdadeiramente inspirado será inteiramente sem autorreferências; ressoará uma nota de amor e será livre de ódios e barreiras raciais, transmitirá um conhecimento real e trará consigo uma nota de autoridade pelo seu apelo à intuição; responderá à lei das correspondências e estará em harmonia com a visão do mundo; acima de tudo, trará a marca da Sabedoria Divina e conduzirá a raça um pouco mais para frente. Quanto aos seus aspectos mecânicos; os escritores deste tipo de ensinamento terão uma compreensão real dos métodos que empregam. Ter-se-ão tornado mestres da técnica do processo; estarão aptos a evitarem a ilusão e a intrusão das personalidades, e terão um conhecimento prático do equipamento com que trabalham. Se estiverem recebendo ensinamentos de entidades desencarnadas, e de grandes Mestres, saberão como recebê-los e saberão, então, tudo que se relacione com o agente que transmite o ensinamento.

Os verdadeiros servidores da raça e os que contataram o mundo da alma através da meditação não têm tempo para superficialidades; estas podem ser deixadas com segurança para os papagaios do mundo; estão muito ocupados em serviço construtivo para se ocuparem em erguerem capas que são apenas um véu para o orgulho; não estão interessados na boa opinião de qualquer pessoa encarnada ou desencarnada, e preocupam-se apenas com a aprovação da própria alma e estão vitalmente interessados no trabalho dos pioneiros do mundo. Nada farão que alimente ódio e separatividade ou que desenvolva o medo. Há inúmeras pessoas no mundo perfeitamente prontas para tal. Atiçarão a chama do amor onde quer que vão. Ensinarão a fraternidade na sua verdadeira inclusividade, e não um sistema que ensine a fraternidade a uns poucos e deixe os restantes de fora. Reconhecerão todos os homens como filhos de Deus e não se colocarão num pedestal de retidão e conhecimento de onde proclamarão a verdade como a veem, nem consagrarão à destruição os que não veem ou que não agem como eles sentem que deveria ser, colocando-os fora da cena; não considerarão uma raça como melhor que qualquer outra, ainda que possam reconhecer o plano evolutivo e o trabalho que cada raça tem para fazer. Em suma, ocupar-se-ão em elevar os caracteres dos homens e não desperdiçarão o seu tempo deitando abaixo personalidades e tratando de efeitos e resultados. Trabalham no mundo das causas e enunciam princípios. O mundo está cheio dos que só deitam abaixo e que alimentam os ódios presentes, e que alargam as divisões entre raças e grupos, entre ricos e pobres. Que o estudante íntegro da meditação lembre-se que quando contata com a sua alma e se torna unificado com a Realidade, entra num estado de consciência grupal que rompe todas as barreiras e não deixa nenhum dos filhos de Deus fora do seu campo de conhecimento.

É possível mencionar outras formas de ilusão, pois o primeiro mundo que o aspirante contata é usualmente o psíquico e este é o mundo da ilusão. Este mundo tem os seus usos e entrar nele é uma experiência muito valiosa desde que se mantenham as regras do amor e da não-auto-referência, e se todos os contatos forem feitos com a mente discriminadora e o senso comum. Muitos são os estudantes a quem falta um senso de humor e que se tomam demasiado a sério. Parecem deixar para trás, ao entrarem num novo campo de fenômenos, o seu bom senso. E útil tomar nota de que se viu e ouviu e depois esquecer até à altura em que começamos a atuar no reino da alma; não estaremos então mais interessados na sua recordação. Devemos também evitar as personalidades e o orgulho, pois não têm lugar na vida da alma, que é governada por princípios e pelo amor para com todos os seres. Não haverá perigo de um estudante de meditação ser despistado ou atrasado, se desenvolveu estas coisas; entrará um dia, inevitavelmente, no mundo do qual se diz: "os olhos nunca viram, nem os ouvidos ouviram as coisas que Deus revelou aos que o amam" dependendo o tempo da sua persistência e paciência.

O segundo tipo de dificuldade que devemos considerar pode ser interpretado em termos de energia.

Os estudantes queixam-se frequentemente de superestimulações e de tal aumento de energia que ficam incapazes de controlá-la. Dizem-nos que quando tentam meditar, têm uma inclinação para chorar, ou para ficarem impropriamente inquietos; têm períodos de intensa atividade em que se surpreendem andando de um lado para outro, a servir, falar, escrever, e trabalhar de tal modo que no fim sofrem uma reação violenta, por vezes ao ponto de chegar a um colapso nervoso. Outros queixam-se de dores de cabeça, de enxaquecas por vezes imediatamente em seguida à meditação, ou de vibrações desconfortáveis na fronte ou na garganta. Como antigamente, tornam-se incapazes de dormir. De fato, estão demasiado estimulados. O sistema nervoso está sendo afetado através dos "nadis" finos e subtis que subjazem aos nervos e a que nos referimos antes. Estes problemas são as perturbações do neófito na ciência da meditação e devem ser tratados com cuidado. Manejados corretamente, desaparecerão rapidamente, mas se forem ignorados poderão ocasionar problemas sérios. O aspirante esforçado e interessado, a esta altura, é ele próprio uma dificuldade, pois está de tal modo ansioso por controlar a técnica da meditação que ignora as regras dadas e conduz-se a si próprio, apesar de tudo o que o instrutor lhe diga, ou dos avisos que receba. Em vez de aderir à fórmula de quinze minutos que lhe é dada, tenta forçar o passo e ir para os trinta minutos; em vez de seguir este esquema que está de tal maneira organizado que leva quinze minutos para ser realizado, tenta manter a concentração tanto tempo quanto pode, e com o máximo do seu esforço, esquecendo-se que está aprendendo a concentrar-se e não a meditar, neste estágio do seu treino. Assim, sofre e tem um esgotamento nervoso, ou uma maldita insônia e o seu instrutor é que recebe a culpa e a ciência é considerada perigosa. Contudo, o culpado é ele próprio.

Quando ocorrem algumas destas complicações primárias, o trabalho de meditação deve ser temporariamente interrompido ou diminuído. Se a condição não for suficientemente seria para impor uma completa interrupção do trabalho deve-se fazer uma observação cuidadosa para onde (no corpo humano) a energia parece ir. A energia é recolhida na meditação, e encontrará o seu caminho para uma parte ou outra do mecanismo.

Nos tipos mentais, ou no caso dos que já têm certa facilidade em "centrarem a consciência" na cabeça, são as células cerebrais as demasiado estimuladas, o que provoca dores de cabeça, falta de sono, uma sensação de estar cheio, ou uma vibração perturbadora entre os olhos, ou no alto da cabeça. Por vezes registra- se uma luz que cega como um relâmpago repentino de luz ou de eletricidade, observado com os olhos fechados num quarto às escuras, ou às claras.

Quando for este o caso, o período de meditação deve ser reduzido de quinze para cinco minutos, ou praticar-se a meditação em dias alternados, até que as células do cérebro se ajustem ao ritmo novo e à crescente estimulação. Não é preciso ficar ansioso, se se usar um julgamento sábio e se estiver presente a obediência aos conselhos do instrutor, mas se o estudante a esta altura começar a fixar a sua meditação ou a alargar o período de tempo, pode provocar uma boa série de problemas. Com o senso comum em ação, a redução de tempo e a prática de um pouco de meditação cada dia, cedo poder-se-á trazer o trabalho de volta ao normal. Tivemos estudantes que sofreram este problema, mas que, pela obediência às regras sugeridas e o uso do senso comum, estão agora a fazer os seus trinta minutos ou uma hora diária.

Nos tipos emocionais, sente-se primeiramente o problema na região do plexo solar. O estudante sente-se inclinado à irritação ou à preocupação; particularmente no caso das mulheres, pode-se encontrar a disposição para chorarem facilmente. Por vezes, há uma tendência para a náusea, pois há uma estreita relação entre a natureza emocional e o estômago, evidenciada na frequência de vômitos em momentos de choque, medo ou emoção intensa. As mesmas regras se aplicam como na primeira série de casos citados: bom senso e um uso lento e cuidadoso do processo da meditação.
Mencionaremos outro resultado da superestimulação: as pessoas sentem que se estão tornando demasiadamente sensitivas. Os sentidos trabalham demasiados e todas as suas reações são mais apuradas. "Absorvem" as condições físicas e psíquicas daqueles com quem vivem; encontram-se escancarados aos pensamentos e ondas de outras pessoas. A cura para isto não é diminuir os período de meditação - que devem ser mantidos conforme programa - mas se tornarem mais mentalmente interessados na vida, no mundo do pensamento, em qualquer assunto que tenda a desenvolver a capacidade mental e assim estabelecer a habilidade de viver na cabeça e não na região emocional. A cura efetuar-se-á por uma atenção focada na vida e em seus problemas e por alguma ocupação mental potente. Ê por esta razão que os instrutores de meditação experimentados fazem paralelamente ao trabalho de meditação algum curso de leitura e estudo, a fim de preservar o equilíbrio dos seus alunos. É sempre necessário um desenvolvimento completo e o crescimento na vida espiritual deve ser acompanhado por uma mente treinada.

Há uma terceira categoria de resultados indesejáveis que não pode ser omitida. Muitos estudantes de meditação queixam-se que a sua vida sexual foi tremendamente estimulada e lhes dá muitos problemas. Sucederam-nos também estes casos. Na investigação descobria-se geralmente que estes estudantes eram pessoas cuja natureza animal era muito forte, que levaram uma vida sexual ativa e mal regulada, ou cujos pensamentos estão muito preocupados com o sexo, mesmo que a vida física esteja controlada. Descobre-se frequentemente um forte complexo mental quanto ao sexo, e pessoas que considerariam errado assumir uma vida sexual anormal, ou praticar perversões, ocupam-se mentalmente com o sexo, ou discutem-no constantemente e deixando que ele ocupe uma parte indevida nas suas vidas de pensamento.

Algumas das pessoas mais valiosas têm também uma convicção estabelecida de que o celibato deve sempre acompanhar a vida do espírito. Será que o verdadeiro celibato ao qual queriam referir-se as antigas escrituras, não dizia respeito à atitude da alma, ou do homem espiritual, para com o mundo, a carne e o diabo, como as nossas Escrituras cristãs o põem? Será que o verdadeiro celibato não se refere a abstermo-nos de todas as aparências do mal? Isto pode envolver num homem a sua abstenção das relações sexuais a fim de demonstrar a si próprio o seu controle sobre a natureza animal; em outros casos, por exemplo, pode implicar refrear as palavras vãs e falatórios sobre a vida alheia. Não há nada de pecaminoso no casamento, e provavelmente é para muitos o modo de escaparem a uma vida mental indevidamente ativa quanto ao sexo. Certamente que é desnecessário acrescentar aqui que o verdadeiro estudante da meditação não deve tolerar na sua vida relações sexuais ilegítimas ou promíscuas. O aspirante à vida do espírito conforma- se não só às leis do reino espiritual, mas também aos costumes legais da sua era e época. Portanto, regulariza a sua vida quotidiana de tal modo que o homem da rua reconhece a moralidade, a correção e a retidão da sua apresentação no mundo. Exima das ajudas mais importantes que podem ser dadas ao mundo neste momento é um lar baseado numa relação verdadeira e feliz entre um homem e uma mulher, assente em confiança mútua, na cooperação e na compreensão; e em que os princípios da vivência espiritual são realçados. É má, é errada, uma relação baseada na atração física e na gratificação da natureza sexual e que tenha por objetivo primário a prostituição da natureza física ao desejo animal. Se o objetivo no nosso esforço é demonstrar Deus imanente na forma, então nenhum nível de consciência é mais intrinsecamente divino que outro, e a divindade pode ser expressa em todas as relações humanas. Se uma pessoa casada não pode atingir a iluminação e conquistar o objetivo, então há algo errado e a divindade não pode expressar-se pelo menos num plano de expressão; para pôr em termos que podem soar a blasfêmia, mas que permitirão perceber a futilidade destes raciocínios: Deus é desfeiteado numa parte do Seu Reino.

Este ponto tem sido realçado porque muita gente e particularmente homens, descobrem, quando começam a meditar, que a natureza animal requer atenção. Descobrem internamente desejos incontrolados, mais os efeitos fisiológicos que lhes causam problemas e desencorajamentos agudos. Uma pessoa pode ter uma alta aspiração e um impulso forte para a vida espiritual e, contudo, ter aspectos da sua natureza ainda incontrolados. A energia que se derrama durante a meditação espalha-se pelo organismo e estimula o aparelho sexual. O ponto fraco é sempre descoberto e estimulado. A cura para esta situação pode resumir-se nas palavras: controle da vida dos pensamentos e transmutação. Devem-se cultivar um interesse e uma intensa preocupação mental em outras direções que não a linha de menor resistência - o sexo. Deve haver um esforço permanente para manter a energia contatada na cabeça e permiti-la trabalhar através de alguma espécie de atividade criativa. O ensino oriental diz-nos que a energia, normalmente dirigida para o funcionamento da vida sexual, tem de ser elevada e transportada para a cabeça e garganta, particularmente esta última, uma vez que ela é, como se diz, o centro do trabalho criativo. Para pô-lo em termos ocidentais isto significa que aprendemos a transmutar a energia utilizada no processo pro criativo ou em pensamentos sexuais e a usá-la no trabalho da escrita criativa, numa obra artística, ou em alguma expressão da atividade grupal. A tendência, nos tempos modernos, de encontrar-se o tipo de pensador concentrado e puramente mental fugindo do casamento e como frequentemente faz, levando uma vida puramente celibatária, pode ser uma demonstração da verdade da posição oriental, isso está causando certa preocupação entre aqueles que observam o decréscimo da natalidade. A transmutação não é certamente a morte de uma atividade ou a cessação do funcionamento de qualquer nível de consciência para a salvação de um superior. É a utilização correta dos vários aspectos da energia onde quer que o Ego sinta que eles devam ser usados para fazer progredirem os fins da evolução e para ajuda ao Plano. A mente, iluminada pela alma, deve ser o fator controlador e quando pensamos corretamente, vivemos corretamente e elevamos todos os nossos pensamentos e energias aos “lugares Celestiais”, resolvemos nossos problemas através do desenvolvimento de uma anormalidade que é grandemente necessária hoje em dia, particularmente entre os aspirantes e os estudantes esotéricos.

Talvez seja bom também referir, antes que o capítulo chegue ao fim, os perigos a que muitos se expõem ao responderem ao apelo de instrutores que dizem aos alunos que “desenvolvam sua mediunidade". São então ensinados a meditar sobre algum centro de energia, comumente o plexo solar, outras vezes o coração e, curiosamente, nunca a cabeça. Meditar num centro baseia-se na lei que a energia segue o pensamento e conduz a uma estimulação direta das características particulares pelas quais estes pontos focais - espalhados através do corpo humano - são responsáveis. Como a maioria das pessoas funcionam principalmente através das energias coletadas que se encontram abaixo do diafragma (as energias sexuais e as emocionais) a sua estimulação é muito perigosa. À vista disto, por que arriscar? Por que não nos prevenirmos pela experiência dos outros? Por que não aprender a funcionar como o homem espiritual, do ponto tantas vezes descrito pelos escritores orientais como "o trono entre as sobrancelhas” e, deste alto lugar, controlar todos os aspectos da natureza interior e guiar a vida diária nos caminhos de Deus?

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