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Livros de Alice Bailey

Um Tratado Sobre Magia Branca


REGRA UM
Algumas Suposições Básicas
O Caminho do Discípulo

REGRA UM

O anjo Solar se recolhe, não dissipa sua força, mas, em profunda meditação, comunica-se com seu reflexo.

ALGUMAS SUPOSIÇÕES BÁSICAS

Estamos iniciando um curso no qual a inteira tendência será lançar o estudante de volta para si mesmo e, assim, sobre aquele Eu maior que, na maioria dos casos, somente fez sentir sua presença a intervalos raros e altamente emocionais. Quando o ego é conhecido e não somente sentido e quando a conscientização é tanto mental quanto sensorial, então, verdadeiramente, pode o aspirante estar preparado para a iniciação.

Gostaria de destacar que eu estou baseando minhas palavras em certas suposições básicas, as quais para maior clareza, desejo brevemente fixar.

Primeiramente, que o estudante seja sincero em sua aspiração e esteja determinado a seguir adiante, sem se importar com qual possa ser a reação de e sobre o eu inferior. Somente aqueles que podem claramente diferenciar entre os dois aspectos de sua natureza, o eu real e o eu ilusório, podem trabalhar inteligentemente. Isto foi bem expresso nos Aforismos de Ioga de Patanjali.

"A experiência (dos pares de opostos) vem da inabilidade da alma em distinguir o eu pessoal e purusha (ou espírito). As formas objetivas existem para o uso e experiência do homem espiritual. Pela meditação sobre isto surge a percepção intuitiva do homem espiritual". - Livro III, 35.

O aforismo quarenta e oito do mesmo livro faz uma afirmação cobrindo um estágio posterior desta realização discriminativa. Esta qualidade discernidora é animada por uma atitude mental de recolhimento e pela cuidadosa atenção ao método de uma constante revisão da vida.

Em segundo lugar, estou agindo na suposição de que todos já viveram suficientemente e batalharam bastante com as forças dissuasoras da vida, para se terem capacitado a desenvolver um senso de valores razoavelmente verdadeiro. Suponho que se estejam esforçando por viver como aqueles que conhecem algo dos verdadeiros valores eternos da alma. Não deverão ser contidos por quaisquer acontecimentos à personalidade ou pela pressão de tempo ou circunstância, pela idade ou por defeitos físicos. Terão sabiamente apreendido que um avanço entusiástico precipitado e um progresso violento energético têm suas desvantagens e que um empenho firme, regular, persistente, levá-los-á adiante na longa jornada. Jatos espasmódicos de esforço e uma pressão temporária resultam em desapontamento e num pesado sentimento de fracasso. É a tartaruga e não a lebre que chega primeiro à meta, embora ambas a alcancem finalmente.

Em terceiro lugar, suponho que aqueles que se dispuserem seriamente a se beneficiar das instruções deste livro, estarão preparados para cumprir as simples exigências, de ler atentamente o que está escrito, de tentar organizar suas mentes e prender-se ao seu trabalho meditativo. A organização da mente é uma tarefa diária e a aplicação da mente à coisa, à mão, através das obrigações diárias, é a melhor maneira de fazer o estudo e de se tornar os períodos de meditação produtivos e de se aperfeiçoar a vocação do discípulo.

Com estas suposições claramente entendidas, minhas palavras são para aqueles que estão procurando nivelar-se à necessidade existente, de servidores treinados. Observem, eu não digo àqueles que se nivelam. A intenção e o esforço são por nós considerados de importância fundamental e são os dois principais requisitos para todos os discípulos, iniciados e mestres, mais a força da persistência.

Em nossa consideração dessas regras, não estou tão interessado em sua aplicação ao trabalho mágico, mesmo, como em treinar o mago e desenvolvê-lo do ponto de vista do seu próprio caráter. Mais tarde, nós poderemos descer à aplicação do conhecimento à manifestação externa das forças do mundo, mas agora nosso objetivo é um tanto diferente. Eu procuro interessar as mentes e cérebros (e, por isso, o eu inferior) dos estudantes, no eu superior, desta maneira ampliando o seu interesse mental de modo que suficiente impulso seja gerado para capacitá-los a prosseguir.

Também, não se esqueçam de que uma vez a magia da alma seja alcançada pela personalidade, aquela alma firmemente domina e nela se pode confiar para levar adiante o treinamento do homem até a frutificação, desembaraçado (como vocês necessariamente estão) dos pensamentos de tempo e espaço por uma ignorância da carreira passada da alma considerada. Deveria estar sempre presente à mente que, ao lidar com indivíduos, o trabalho requerido tem dois aspectos:

1. Ensiná-los como ligar o eu pessoal inferior com a alma ofuscante, de modo que, no cérebro físico, haja uma firme consciência quanto à realidade daquele fato divino. Este conhecimento torna a realidade até então presumida dos três mundos, fácil de atrair e sustentar e é o primeiro passo, do quarto, para penetrar no quinto reino:

2. Dar instrução tão prática que capacite o estudante a:

a) Compreender sua própria natureza. Isto envolve algum conhecimento do ensinamento do passado quanto à constituição do homem e uma apreciação das interpretações dos investigadores modernos do Oriente e do Ocidente.

b) Controlar as forças de sua própria natureza e aprender algo das forças das quais está cercado.

c) Capacitá-lo a desenvolver seus poderes latentes de modo que ele possa lidar com seus problemas específicos, permanecer sobre seus próprios pés, manejar sua própria vida, resolver suas próprias dificuldades e se tornar tão forte e firme em espírito, que ele force o reconhecimento de seu preparo para ser aceito como um trabalhador no plano da evolução, como um mago branco e como um daquele conjunto de consagrados discípulos a quem nós chamamos a "hierarquia de nosso planeta".

Os estudantes destes assuntos são, por isso, solicitados a expandir o seu conceito daquela hierarquia de almas de modo a que incluam todos os campos exotéricos da vida humana (político, social, econômico e religioso). São solicitados a não estreitar o conceito como tantos fazem, de modo a somente incluir aqueles que criaram suas pequenas organizações particulares, ou aqueles que estão trabalhando puramente no lado subjetivo da vida e no curso do que são reconhecidos pelos conservadores, como as assim chamadas linhas religiosa ou espiritual. Tudo que tende a elevar o status da humanidade em qualquer plano de manifestação é trabalho religioso e tem um objetivo espiritual, pois a matéria é apenas espírito no plano mais baixo e espírito, nos é dito, é apenas a matéria no mais alto. Tudo é espírito e todos os trabalhadores e conhecedores de Deus, nos corpos carnais ou fora deles e trabalhando, em qualquer campo de manifestação divina, tornam-se parte da hierarquia planetária e são unidades integrais naquela grande nuvem de testemunhas que são os "expectadores e observadores". Eles possuem o poder da visão interna ou percepção espiritual, bem como da visão física ou objetiva.

Ao estudar a Regra 1 nós podemos resumi-la de maneira simples e, no entanto, profunda, sob as seguintes palavras:

1. Comunicação Egoica.
2. Meditação Cíclica.
3. Coordenação ou Unificação.

As regras começam em "Um Tratado Sobre o Fogo Cósmico" com um breve sumário do processo e uma afirmação quanto à natureza do mago branco.

Gostaria, nesta primeira consideração de nosso assunto, de enumerar brevemente os fatos dados no comentário, de maneira a demonstrar ao aspirante quanto à consideração e ajuda, se ele souber como ler e ponderar sobre o que ele lê. A breve exegese da Regra 1 dá as seguintes afirmações:

1. O mago branco é alguém que está em contato com sua alma.

2. Ele se acha receptivo e atento ao propósito e ao plano de sua alma.

3. Ele é capaz de receber impressões do reino do espírito e de registrá-las em seu cérebro físico.

4. Afirma-se também que o mago branco:

a) Trabalha de cima para baixo.

b) É o resultado da vibração solar e, por isso, da energia egoica

c) Não é um efeito da vibração do lado forma da vida, estando divorciado da emoção e do impulso mental.

5. O fluxo de energia que desce da alma é o resultado de:

a) Constante recolhimento interno.

b) Comunicação concentrada e dirigida pela alma, com a mente e o cérebro.

c) Firme meditação sobre o plano da evolução.

6. A alma está, portanto, em profunda meditação durante todo o cicio de encarnação física, que é tudo que importa ao estudante aqui.

7. Esta medição é rítmica e cíclica em sua natureza, como tudo o mais no cosmos. A alma respira e disso vive a sua forma.

8. Quando a comunicação entre a alma e seu instrumento é consciente e firme, o homem se torna um mago branco.

9. Por isso, os trabalhadores na magia branca são, invariavelmente, através da própria natureza das coisas, seres humanos avançados, pois aos necessários ciclos de vidas para treinar um mago.

10. A alma domina sua forma por intermédio do sutratma ou fio da vida e (através dele) vitaliza seu instrumento tríplice (mental, emocional e físico) e, assim, estabelece uma comunicação com o cérebro. Através do cérebro, conscientemente controlado, o homem é galvanizado para a atividade inteligente no plano físico.

Esta é uma breve análise da primeira regra para a magia e eu gostaria de sugerir aos estudantes que, no futuro, ao meditarem sobre as regras, façam tal análise eles próprios. Se fizerem isto durante sua apreciação de cada regra, aproximar-se-ão de todo o assunto com maior Interesse e conhecimento. Poupar-se-ão, também, de buscar muitas referências e de ficar voltando-se para trás.

Ver-se-á, de uma apreciação da análise acima, que uma relação muito clara é fornecida e que o estudante é iniciado em seu estudo de magia com uma breve compreensão da situação passada, seu equipamento e o método de aproximação. Compreendamos, desde o início, a simplicidade da ideia destinada a ser transmitida por minhas observações até aqui. Assim como no passado, o instrumento e sua relação com o mundo exterior foi o fato capital na experiência do homem espiritual, agora é possível fazer-se um reajustamento no qual o fato fundamental será o homem espiritual, o anjo solar ou alma. Compreender-se-á também que esta relação (através do lado forma) será com os mundos interiores, assim como com os mundos exteriores. O homem incluiu em sua relação somente o lado forma do campo da evolução humana média.

Ele a tem usado e tem sido dominado por ela. Tem também sofrido por ela e consequentemente em tempo se tem revoltado, através de extrema saciedade, de tudo o que pertence ao mundo material. A insatisfação, o enfado, o desgosto e uma profunda fadiga são características muito frequentes naqueles que estão na iminência do discipulado. Pois o que é um discípulo? É alguém que procura aprender um novo ritmo, entrar num novo campo de experiência e seguir os passos daquela humanidade avançada que o precedeu no caminho, conduzindo-se das trevas para a luz, do irreal para o real. Ele provou as alegrias da vida no mundo da ilusão e aprendeu sua incapacidade em satisfazê-lo ou sustentá-lo. Agora, ele está num estado de transição entre o novo e o velho estados do ser. Ele está vibrando entre a condição da conscientização da alma e a da conscientização da forma. Ele está "vendo duplo".

Sua percepção espiritual cresce lenta e seguramente, à medida que o cérebro se torna capaz de ser iluminado pela alma, através da mente, à medida que a intuição se desenvolve, o raio de conscientização cresce e novos campos do conhecimento se desenvolvem.

O primeiro campo do conhecimento a receber a iluminação poderia ser descrito como compreendendo a totalidade das formas a serem encontradas nos três mundos do esforço humano, etérico, astral e mental. O provável discípulo, através deste processo, se torna consciente de sua natureza inferior e começa a alcançar a extensão de sua prisão e (como Patanjali o coloca) "as modificações da versátil natureza psíquica". Os obstáculos à realização espiritual e as interrupções no progresso lhe são revelados e seu problema se torna específico. Frequentemente, então, ele alcança a posição na qual Arjuna se encontrou, confrontado por inimigos que são aqueles que vivem debaixo de seu próprio teto, confundido quanto ao seu dever e desencorajado, ao procurar equilibrar-se entre os pares de opostos. Sua oração deveria ser então a famosa oração da Índia, emitida pelo coração, compreendida pela cabeça e suplementada por uma ardente vida de serviço à humanidade.

"Revela-nos a verdadeira face do sol espiritual,
Oculto por um disco de dourada luz,
Para que possamos conhecer a verdade e cumprir nosso integral dever Enquanto caminhamos para Teus sagrados pés."

Na medida em que persevera e luta, superpõe-se aos seus problemas e consegue controlar seus desejos e pensamentos, o segundo campo de conhecimento é revelado - conhecimento do ser no corpo espiritual, conhecimento do ego ao se expressar através do corpo causal, o Karana Sarira e a conscientização daquela fonte de energia espiritual "disco de luz dourada" é transpassado; o verdadeiro sol é visto; o caminho é achado e o aspirante luta para avançar para uma luz ainda mais clara.

Quando o conhecimento do ego e a consciência daquilo que ele vê, ouve, conhece e contata se estabiliza, o Mestre é encontrado; seu grupo de discípulos é contatado; o plano para a imediata participação no trabalho que ele deve realizar é compreendido e gradualmente concretizado no plano físico. Assim, a atividade da natureza inferior decresce e o homem, pouco a pouco, entra no contato consciente com seu Mestre e seu grupo. Mas isto acompanha o "acender da lâmpada" - o alinhamento do inferior com o superior e a descida do fluxo de iluminação para o cérebro.

É essencial que estes pontos sejam alcançados e estudados por todos os aspirantes de modo a que possam dar os passos necessários e desenvolver a desejada conscientização. Até que isto seja feito, o Mestre, não importa quão desejoso possa estar, não tem poder e nada pode fazer para admitir um homem em Seu grupo e assim trazê-lo para Sua influência áurica, tornando-o um expoente de Sua consciência. Cada passo do caminho tem que ser conquistado pelo próprio homem e não há nenhum caminho curto ou fácil para se sair das trevas para a luz.

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O CAMINHO DO DISCÍPULO

O mago branco é sempre alguém que, através de consciente alinhamento com seu ego e com seu "anjo", é receptivo aos seus planos e propósitos e, por isso, capaz de receber a impressão superior. Precisamos recordar que, enquanto o mago trabalha de cima para baixo e é o resultado da vibração solar e não dos impulsos, emanando de algum pitri lunar, a descida do fluxo da energia impressionadora do pitri solar é o resultado de seu recolhimento, da interiorização de suas forças, antes de enviá-las concentradamente para sua sombra, homem, e sua firme meditação sobre o propósito e o plano. Pode ser útil para o estudante, se ele aqui recordar que o ego, (bem como o logos) está em profunda meditação durante o ciclo inteiro da encarnação física. Esta meditação é de natureza cíclica, o pitri envolvido, enviando para seu "reflexo" correntes rítmicas de energia, que são identificadas pelo homem com as quais está ligado, como seus "altos impulsos", seus sonhos e aspirações. Por isso, tornar-se-á aparente por que trabalhadores na magia branca são sempre homens espirituais e avançados, pois o "reflexo" raramente responde ao ego ou ao anjo solar, antes que muitos ciclos de encarnação tenham ocorrido. O pitri solar comunica-se com sua "sombra" ou reflexo, através do sutratma que desce através dos corpos até um ponto de entrada no cérebro físico, se assim me posso expressar, mas o homem, por enquanto, não pode focalizar ou ver claramente em nenhuma direção.

Se ele olhar para trás, somente pode ver as névoas e miasmas dos planos da ilusão e não consegue ficar interessado. Se ele olhar para a frente, vê uma luz distante que o atrai, mas tampouco pode ver aquilo que a luz revela. Se olhar em torno, vê apenas formas que mudam e o cinematográfico do lado forma da vida. Se olhar para dentro, vê as sombras provocadas pela luz e se torna consciente de muitos obstáculos que precisam ser contornados, antes que a luz vista, à distância, possa ser aproximada e então penetrar nele. Então, ele pode conhecer-se como a própria luz e caminhar naquela luz e igualmente transmiti-la a outros.

Talvez seja bom lembrar que o estágio do discípulo é, de muitas maneiras, a parte mais difícil da inteira escalada da evolução. O anjo solar está incessantemente em profunda meditação. Os impulsos de energia, emanando dele, estão aumentando o ritmo vibratório e se tornando mais e mais poderosos. A energia está afetando, mais e mais, as formas através das quais a alma está procurando expressão e tentando controlar.

Isto me leva à consideração do sétimo ponto que eu fiz em minha anterior análise da Regra 1. Eu disse, "A meditação da alma é rítmica e cíclica em sua natureza, como é tudo o mais no cosmos. A alma respira e sua forma vive disso". A natureza rítmica da meditação da alma não deve ser desprezada na vida do aspirante. Há um fluxo e refluxo em toda natureza e, nas marés do oceano, nós temos uma formidável representação de uma lei eterna. Enquanto o aspirante se ajusta às marés da vida da alma, ele começa a compreender que há sempre um fluxo para dentro, vitalizador e estimulante, que é seguido por um fluxo para fora, tão certo e tão inevitável quanto as imutáveis leis da força. Este fluxo e refluxo pode ser visto funcionando nos processos de morte e encarnação. Ele pode também ser visto em todo processo das vidas de um homem, pois algumas vidas podem ser vistas parecendo estáticas e sem novidades, lentas e inertes do ângulo da experiência da alma, enquanto que outras são vibrantes, cheias de experiência e crescimento. Isto deveria ser lembrado por todos vocês que são trabalhadores, ao procurarem ajudar a outros a viverem retamente. Estarão eles na vazante, ou estarão sendo submetidos ao fluxo da energia da alma? Estarão passando, através de um período de quietude temporária, preparatório para maior impulso e esforço, de modo que o trabalho a ser feito precisa ser aquele de fortalecer e estabilizar, para capacitá-los a "permanecer como ser espiritual", ou estarão sendo submetidos a um influxo cíclico de forças? Neste caso, o trabalhador precisa procurar ajudar na direção e utilização da energia que (se desviada do rumo) acabará em vidas arruinadas, mas que, quando sabiamente utilizada, produzirá um serviço completo e frutuoso.

Os pensamentos acima podem também ser aplicados, pelo estudante da humanidade, aos grandes ciclos raciais e muito de interessante será descoberto. Novamente e da mais vital importância para nós, estes impulsos cíclicos na vida do discípulo são de uma frequência e velocidade e potência maiores do que na vida do homem comum. Elas se alteram com uma rapidez desconcertante. A experiência da montanha e do vale, do místico, é apenas uma forma de expressar este fluxo e refluxo. Algumas vezes, o discípulo está caminhando à luz do sol e outras, na escuridão; algumas vezes, ele conhece a alegria da plena comunhão e novamente tudo parece aborrecido e estéril; seu serviço é, numa ocasião, uma experiência proveitosa e satisfatória e ele parece capaz de realmente ajudar; em outras vezes, ele sente que nada tem a oferecer e que seu serviço é árido e aparentemente sem resultados. Tudo lhe parece claro alguns dias e ele parece estar sobre o topo da montanha apreciando uma paisagem ensolarada, onde tudo está claro à sua visão. Ele sabe e se sente um filho de Deus. Mais tarde, todavia, as nuvens parecem descer e ele não tem certeza de nada e parece nada saber. Caminha sob a luz do sol e é quase vencido pelo brilho e calor dos raios solares e se pergunta por quanto tempo vão continuar esta desigual experiência e a violenta alternância destes opostos.

Uma vez, contudo, que alcance o fato de que ele está observando o efeito dos impulsos cíclicos e o efeito da meditação da alma sobre sua natureza-forma, o significado se torna mais claro e ele compreende que é aquele aspecto forma que está falhando em sua resposta e reagindo à energia com desigualdade. Aprende então que, uma vez que ele possa viver na consciência da alma e atinja aquela "alta altitude" (se eu posso me expressar assim) à vontade, as flutuações da vida da forma não o atingirão. Ele então percebe o estreito caminho do fio da navalha que conduz do plano da vida física para o reino da alma e descobre que, quando pode trilhá-lo com firmeza, este o conduz do sempre cambiante mundo dos sentidos para a clara luz do dia e para o mundo da realidade.

O lado forma da vida se torna para ele simplesmente um campo para o serviço e não um campo de percepções sensuais. Que o estudante pondere sobre esta última frase. Que ele objetive viver como uma alma. Então os impulsos cíclicos, emanando da alma, ficam conhecidos como sendo impulsos pelos quais ele próprio é responsável e que ele emitiu; ele então identifica em si mesmo a causa iniciadora e não está sujeito aos efeitos.

Olhado por outro ângulo, obtemos dois fatores, a respiração e a forma que a respiração energiza e põe em atividade. Através de cuidadoso estudo, se torna aparente que, por eons de tempo, nós nos temos identificado com nossa forma; temos dado ênfase aos efeitos da atividade imposta, mas não compreendemos a natureza da respiração, nem conhecemos a natureza do Uno que respira. Agora, em nosso trabalho, nos estamos ocupando com aquele Uno Que, respirando ritmicamente, levará a forma para a ação correta e controle correto. Este é nosso objetivo e nossa meta. Uma correta compreensão é necessária, todavia, se quisermos apreciar inteligentemente nossa tarefa e seus efeitos.

Muito mais poderia ser dito nesta regra; mas aqui foi dado o suficiente para a média dos que se aplicam ao discipulado apreciar e ter sobre que apoiar sua ação. Na maioria estamos nessa média, não estamos? Se nós nos considerarmos de outra maneira, divorciar-nos-emos dos demais e nos tornaremos culpados do pecado da separatividade - o único pecado real.

Uma apreciação dos pensamentos acima deve construir, no aspirante, uma compreensão do valor do seu trabalho de meditação, à medida que a ideia de uma resposta cíclica ao impulso da alma permanece por trás das atividades de uma meditação matinal, de uma lembrança do meio-dia ou da revisão da noite. Um fluxo e refluxo ampliado está também indicado nos dois aspectos da lua cheia e da lua nova. Que isto se mantenha presente na mente.

Que haja um pleno e firme jogo de força cíclica do reino do espírito sobre cada um de nós, convocando-nos para o reino da luz, do amor e do serviço e produzindo uma resposta cíclica de cada um! Que haja um constante intercâmbio entre aqueles que ensinam e o discípulo que busca instrução!

Muito trabalho preliminar terá que ser feito. O discípulo no plano físico e o Instrutor interno (seja um dos Grandes ou o "Mestre no Coração") precisam conhecer-se um tanto e acostumarem-se às vibrações recíprocas. Os Mestres nos planos internos têm muito com que lutar, devido à lentidão dos processos mentais dos estudantes nos corpos físicos. Mas fé e confiança ajustarão a vibração correta que finalmente produzirá um trabalho acurado. Falta de fé, de calma, de aplicação e a presença de inquietação emocional são impedimentos. Os que estão no lado interno precisam de muita paciência ao lidar com todos que, por falta de outro e melhor material, precisam ser utilizados. Alguma lesão física pode tornar o corpo físico não-receptivo: alguma preocupação ou aborrecimento pode fazer o corpo astral vibrar num ritmo impossível de receber corretamente o propósito interno; algum preconceito, alguma crítica, algum orgulho podem estar presentes, tornando inútil o veículo mental. Os aspirantes a este difícil trabalho precisam observar-se com infinito cuidado e manter a serenidade interior e paz e uma maleabilidade mental que tenderão a torná-los de alguma utilidade para guardar e guiar a humanidade.

As seguintes regras devem por isso ser dadas:

1. É essencial que deva haver uma tentativa de chegar a uma absoluta pureza de motivação.

2. A capacidade para entrar no silêncio dos lugares superiores seguir-se-á. A tranquilidade da mente depende da lei do ritmo. Se você estiver vibrando em muitas direções e registrando pensamentos de todos os lados, esta lei ficará incapaz de atingi-lo. O equilíbrio e a estabilidade precisam ser restaurados antes que o equilibrium seja alcançado. A lei da vibração e o estudo da substância atômica estarão intimamente entrelaçados. Quando se souber mais acerca desses átomos e de sua ação, reação e interação, então as pessoas controlarão seus corpos cientificamente, sincronizando as leis de vibração e do ritmo. Elas são as mesmas e, no entanto, desiguais. Elas são fases da lei da gravitação. A Terra é, em si mesma, uma entidade, a qual, pela força da vontade, mantém todas as coisas em si mesma. Este é um assunto obscuro, pouco se aprendeu sobre isto, até agora. A inspiração e a expiração da entidade da Terra afetam a vibração potentemente, isto é, a vibração da matéria do plano físico. Há uma conexão também entre isto e a Lua. Aqueles membros da humanidade que estão especialmente sob a influência lunar respondem a esta atração mais do que quaisquer outras e elas são difíceis de serem usadas como transmissores. O silêncio que vem da calma interior é o único a ser cultivado. Os aspirantes devem ser alertados para o fato de que virá o tempo em que eles também formarão parte do grupo de instrutores no lado interno do véu. Se então não tiverem aprendido o silêncio que vem da força e do conhecimento, como irão suportar a aparente falta de comunicação com que se depararão entre eles e os que estão do lado de fora? Aprendam, pois, como se manterem quietos, ou a utilidade ficará embaraçada pela irritabilidade astral quando no outro lado da morte.

3. Lembrem-se de que a falta de calma na vida diária impede os instrutores nos níveis egoicos de os alcançarem. Tentem, portanto, permanecer tranquilos, à medida que a vida se desenrola, trabalhem, tentem, aspirem, esforcem-se e mantenham a calma interior. Retirem-se firmemente para o trabalho interior e assim cultivem uma capacidade de resposta aos planos superiores. Uma perfeita firmeza do equilíbrio interior é o que os Mestres necessitam naqueles que Eles procuram utilizar. É um equilíbrio interior que adere à visão, no entanto, faz seu trabalho exterior no plano físico com uma atenção cerebral física concentrada que não se desvia, de modo algum, pela receptividade interna. Ela envolve uma atividade dual.

4. Aprendam a controlar o pensamento. É necessário proteger o que pensarem. Estes são dias em que a raça, como um todo, está se tornando sensível e telepática e capaz de dar resposta a uma interação mental. Aproxima-se o tempo em que o pensamento tornar-se-á propriedade pública e outros perceberão o que você pensa. O pensamento tem, portanto, que ser cuidadosamente guardado. Aqueles que estão entrando em contato com as verdades superiores e se tornando sensíveis à Mente Universal, precisam proteger alguns de seus conhecimentos da intrusão de outras mentes. Os aspirantes precisam aprender a inibir certos pensamentos e a impedir que certos conhecimentos escapem para a consciência pública, quando em contato com seus semelhantes.

É, naturalmente, de vital interesse apreciar o significado das palavras "não disperse sua força". Há tantas linhas de atividade nas quais o discípulo com a alma inspirada pode lançar-se. Uma certeza quanto às variadas linhas de atividade não é fácil de alcançar e todo aspirante conhece a perplexidade. Ponhamos o problema na forma de uma pergunta, relegando-a ao plano do esforço diário, uma vez que nós ainda não estamos em posição de compreender de que maneira uma alma pode "dispersar suas forças" nos planos superiores.

Qual será o critério pelo qual um homem pode saber qual, dentre as múltiplas linhas de atividade, é a linha reta a usar? Haverá, em outras palavras, algo revelador que capacite um homem a escolher sem errar, a ação correta e seguir o caminho certo? A pergunta não tem relação com uma escolha entre o caminho de esforço espiritual e o caminho do homem do mundo. Refere-se à ação certa ao deparar com uma opção.

Sem dúvida, o homem durante seu progresso enfrenta diferenciações cada vez mais sutis. A grosseira discriminação entre o certo e errado, que ocupa a alma infantil, é seguida por distinções mais finas do certo, ou do mais certo, ou alto, ou mais alto e valores morais ou espirituais a serem enfrentados com a mais meticulosa percepção espiritual. No esforço e habilidade da vida e na constante pressão em cada um daqueles que constituem o seu grupo, a complexidade do problema é muito grande.

Ao solver tais problemas, certas amplas discriminações podem preceder as mais sutis e quando estas decisões tiverem sido tomadas, então as mais sutis pode tomar o lugar delas. A escolha entre a ação egoísta e a ação não egoísta é a mais óbvia para acompanhar a escolha entre o certo e o errado e é facilmente estabelecida pela alma honesta. Uma escolha que envolve discriminação entre o benefício individual e a responsabilidade grupal rapidamente elimina outros fatores e é fácil para o homem que avalia sua justa responsabilidade. Anotem o uso das palavras, "justa responsabilidade". Nós estamos considerando o homem normal, são, e não o fanático mórbido ultraconsciente. Segue-se a distinção entre os fatores expedientes, envolventes, das relações do plano físico dos negócios e das finanças, conduzindo a uma consideração do maior bem para todas as partes em questão. Mas, tendo chegado a certa posição através deste processo eliminatório tríplice, chegam os casos onde a escolha ainda permanece, na qual nem o bom senso nem a razão lógica nem o discernimento parecem ajudar. O desejo é somente fazer a coisa certa; a intenção é agir na forma mais elevada possível e a tomar aquela linha de ação que produza o maior bem do grupo, postas de lado as considerações individuais. Contudo, a luz sobre o caminho que deve ser trilhado, não é vista, a porta pela qual se deveria entrar não é reconhecida e o homem permanece no estado de constante indecisão. Que deve, então, ser feito? Uma das duas coisas:

Primeiro, o aspirante pode seguir sua inclinação e escolher, dentre as linhas possíveis, aquela linha de ação, que lhe pareça a mais sábia e melhor. Isto envolve a crença no funcionamento da lei do Carma e também uma demonstração daquela firme decisão que é a melhor maneira na qual sua personalidade pode aprender a sustentar as decisões de sua própria alma. Isto envolve também a capacidade de prosseguir em função da decisão tomada e, assim, aceitar os resultados sem queixas nem arrependimentos.

Em segundo lugar, ele pode esperar, apoiando-se num sentido interno de direção, sabendo que num determinado momento ele averiguará, através do fechamento de todas as portas, exceto uma, qual o caminho que deverá seguir. Pois há somente uma porta aberta através da qual tal homem pode passar. A intuição é necessária para este reconhecimento. No primeiro caso, podem-se fazer enganos e o homem aprende e se enriquece através deles; no segundo caso, é impossível errar e somente a ação certa pode ocorrer.

É óbvio, por isso, que tudo se constitui numa compreensão do lugar que cada um ocupa na escala da evolução. Somente o homem altamente evoluído pode conhecer os tempos e as estações e pode, adequadamente, discernir a sutil distinção entre uma inclinação psíquica e a intuição.

Ao considerar estas duas formas de decisão final, o homem que deve usar seu bom senso e escolher uma linha de ação baseada no uso da mente concreta, não deve praticar o método superior de esperar que uma porta se abra. Ele está esperando demasiado no lugar onde se encontra. Ele tem que aprender através da decisão correta e do correto uso da mente, a resolver seus problemas. Através deste método ele crescerá, pois as raízes do conhecimento intuitivo estão profundamente assentadas na alma e a alma, por isso, precisa ser contatada, antes que a intuição possa trabalhar. Uma sugestão apenas pode ser aqui dada: a intuição sempre se relaciona com a atividade grupal e não com mesquinhos assuntos pessoais. Se você ainda é um homem centralizado na personalidade, reconheça-o e, com o equipamento disponível, governe suas ações. Se você se conhece agindo como uma alma e está perdido no interesse de outros, não tolhido pelo desejo egoísta, então sua obrigação exata será encontrada, suas responsabilidades amparadas, seu trabalho grupal levado adiante e o caminho desdobrar-se-á perante você, enquanto você faz a coisa seguinte e cumpre seu próximo dever. Do dever, perfeitamente cumprido, emergirão aqueles deveres maiores, a que nós chamamos de o trabalho mundial; do cumprimento das responsabilidades familiares virá aquele fortalecimento de nossos ombros que nos capacitará a carregar aqueles do grupo maior. Qual, então, é o critério?

Para o aspirante de grau elevado, permitam-me repetir, a escolha da ação depende de um apropriado uso da mente inferior, do emprego de um bom senso sadio e do esquecimento do conforto egoísta e da ambição pessoal. Isto conduz ao cumprimento do dever. Para o discípulo haverá a automática e necessária continuação adiante de tudo o acima, mais o uso da intuição que revelará o momento em que as mais amplas responsabilidades do grupo possam ser acertadamente ombreadas e conduzidas simultaneamente com as do grupo menor. Ponderem sobre isto. A intuição não revela a maneira pela qual a ambição pode ser alimentada nem a maneira pela qual o desejo do progresso egoísta pode ser gratificado.

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