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Livros de Alice Bailey

Um Tratado Sobre Magia Branca


REGRA DOZE
Interlúdios e Ciclos
Os Prisioneiros do Planeta

 REGRA DOZE

A teia pulsa. Ela se contrai e se expande. Que o mago se apodere do ponto do meio do caminho e assim liberte aqueles "prisioneiros do planeta" cuja nota esteja certa e perfeitamente sintonizada com aquilo que precisa ser feito.

INTERLÚDIOS E CICLOS

Chegamos agora às quatro regras que dizem respeito ao plano físico. Sob muitos aspectos sua compreensão é muito mais difícil do que foi o caso nas demais regras, exatamente da mesma maneira que a aplicação prática é muito mais difícil do que fazer teorias. Nós podemos frequentemente pensar com clareza e desejar corretamente, mas a aplicação das ideias subjetivas ao plano físico, conforme a lei e construtivamente, nunca é uma coisa fácil de fazer. É, todavia, precisamente neste ponto que um mago branco começa a realizar seu trabalho e é exatamente aqui que ele se depara com o fracasso e descobre que sua percepção interior da realidade não resulta necessariamente na correta atividade criadora. No Tratado Sobre o Fogo Cósmico encontrar-se-ão certos pontos que merecem consideração e dos quais gostaria de citar umas poucas palavras:

"Poderia ser útil lembrar aqui que no trabalho de criação o mago branco beneficia-se das influências do raio corrente. Quando o quinto, terceiro e sétimo raios estão no poder, seja penetrando, no pleno meridiano, seja se afastando, o trabalho é muito mais fácil do que quando o segundo, o sexto ou o quarto dominam. Atualmente, o sétimo raio, como sabemos, está dominando rapidamente e é uma das forças mais fáceis com as quais o homem tem que trabalhar. Sob este raio será possível construir uma nova estrutura para a civilização rapidamente decadente e erigir o novo templo desejado para o impulso religioso. Sob esta influência o trabalho dos numerosos magos inconscientes será muito facilitado." (Páginas 1021-1022).

É, portanto, aparente que o dia da oportunidade está conosco e que a geração vindoura poderá se assim o desejar, executar o trabalho mágico com muitos dos fatores presentes, que tenderão a produzir resultados satisfatórios. O quinto raio está saindo, mas sua influência ainda pode ser sentida; o terceiro raio está no pleno meridiano e o sétimo raio está rapidamente entrando na atividade correta. Muito ocorrerá, consequentemente para tornar o homem bem sucedido, contanto que ele possa preservar constantemente uma orientação correta, uma pureza de motivo e de vida, um corpo emocional estabilizado e receptivo e aquele alinhamento interno que tornará sua personalidade um verdadeiro veículo para sua alma ou ego.

Uma analogia muito interessante surge ao estudarmos as palavras "A teia pulsa. Ela se contrai e se expande". O pensamento subjacente é o da pulsação, de diástole e sístole, de fluxo e refluxo, de atividade cíclica do dia da oportunidade e da noite da inatividade, da entrada e saída e daqueles numerosos aparecimentos e desaparecimentos que marcam a passagem de todas as vidas em todos os reinos e dimensões. Este ciclo diurno e noturno que é o marco inevitável da existência manifestada, tem que ser reconhecido. Uma das coisas que todo discípulo tem que aprender (reduzindo a verdade aos termos mais simples) é alcançar aquela sabedoria que é baseada num conhecimento de quando trabalhar e quando se conter e numa compreensão daqueles períodos ou interlúdios que são caracterizados pelo falar e pelo silêncio. É aqui que os erros são feitos e aqui que muitos obreiros deixam de fazer o bem.

Esta regra inteira poderia ser dada na seguinte paráfrase que deverá merecer cuidadoso pensamento e que até certo ponto elucidarei.

Deus respira e Sua vida pulsante emana do coração divino e se manifesta como a energia vital de todas as formas. Ela flui, pulsando em seus ciclos, através de toda a natureza. Isto constitui a inalação e a exalação divinas. Entre esta exalação e a inalação vem um período de silêncio e o momento para o trabalho efetivo. Se os discípulos puderem aprender a utilizar estes interlúdios, poderão então libertar os "prisioneiros do planeta", que é o objetivo de todo o trabalho mágico, desenvolvido durante este período mundial.

Nós não precisamos nos preocupar com a maneira pela qual esta Vida Una do sistema solar opera nestes vastos interlúdios de silêncio meditativo, chamado tecnicamente um pralaya. A atividade da Mente Universal e seu propósito abrangente somente podem ser percebidos quando cada filho de Deus entra conscientemente em sua herança divina. O modo de trabalhar pelo qual nossa Vida planetária utiliza os ciclos de silêncio diz respeito somente a Ela própria e deve ser lembrado que cada Logos planetário tem uma pulsação diferente, um interlúdio periódico variável e Seu Próprio particular método de proceder.

O que de fato diz respeito ao estudante destas Instruções, todavia, é como pode ele próprio atingir uma definida atividade construtiva em seu interlúdios. Estes interlúdios, para o propósito de nossa discussão se enquadram em três categorias:

1 - Interlúdios da vida, ou aqueles períodos nos quais o homem espiritual está fora de encarnação e se retirou para a sua consciência egoica. Estes, para os poucos evoluídos, são praticamente não-existentes; eles encarnam e desencarnam com curiosa rapidez. A analogia desta rapidez de atividade no plano físico se observa na intensa correria para lá para cá do homem comum ao se deparar com as exigências da existência e também na dificuldade que ele evidencia em ter paciência e em saber esperar e na conquista da atitude meditativa.

À proporção que ocorre o crescimento, os períodos de retirada da encarnação se prolongam firmemente, até se alcançar o ponto em que os períodos fora da manifestação física excedem grandemente os gastos na expressão exterior. Então o interlúdio domina. Os períodos de saída (exalação) e os de inspiração (inalação) são relativamente breves e - o ponto a ser enfatizado - estes dois períodos são matizados e controlados pelos propósitos da alma, formulados e registrados na mente durante o interlúdio entre as duas mais ativas etapas da experiência. A vida interior, lentamente desenvolvida durante os interlúdios cíclicos, se torna o fator dominante. O homem gradualmente se torna subjetivo em sua atitude e a expressão do plano físico é então basicamente o resultado da vida de pensamento interno e não tanto o resultado da reação às ocorrências do plano físico e à inquietação da natureza do desejo.

2 - O fluxo e refluxo da vida diária durante uma particular encarnação também demonstrarão seus interlúdios e estes o aspirante tem que aprender a reconhecer e a utilizar. Ele tem de registrar a distinção entre a intensa atividade de saída, os períodos de retirada e os interlúdios nos quais a vida exterior parece estática e livre de interesse ativo. Isto ele precisa fazer se quiser aproveitar-se plenamente da oportunidade que a vida de experiência está destinada a lhe fornecer. A vida toda não está concentrada num furioso esforço da correria para o trabalho nem se compreende como uma eterna sesta. Ela tem normalmente seu próprio batimento e vibração rítmicos e sua particular pulsação. Algumas vidas mudam seu ritmo e modo de atividade a cada sete anos; outras alteram-se, cada nove ou onze anos. Ainda outras trabalham sob ciclos mais curtos e têm meses de intenso esforço seguidos por meses de aparente não esforço. Algumas pessoas são tão sensivelmente organizadas que, em meio ao trabalho, acontecimentos e circunstâncias são de tal modo colocados que elas são forçadas a um temporário retiro no qual assimilam as lições aprendidas durante o precedente período de trabalho.

Dois grupos de seres humanos trabalham sem aparentemente nenhum fluxo e refluxo do plano físico, mas manifestam firmemente uma disposição para trabalhar. Estas são as pessoas tão pouco evoluídas e tão baixo (se assim se pudesse expressá-lo) na escala da evolução e tão predominantemente animais que não há reação mental ás circunstâncias ma simplesmente uma resposta ao chamado das necessidades físicas e o uso do tempo para a satisfação do desejo. Isto nunca cessa e, por conseguinte, há pouco que possa ser chamado cíclico em sua expressão. Ele incluem o operário que não pensa e o homem não civilizado. Então há aqueles homens e mulheres que estão na escala oposta, que subiram relativamente alto na escala do progresso. Estes são tão emancipados do puramente físico e estão tão conscientes da natureza do desejo, que aprenderam a preservar uma atividade contínua - baseada na disciplina e no serviço. Eles trabalham conscientemente com os ciclos e compreendem algo de sua natureza. Conhecem a arte divina da abstração de sua consciência na da alma em contemplação e podem controlar e sabiamente guiar seu trabalho no mundo dos homens. Esta é a lição que todos os discípulos estão aprendendo e esta é a elevada realização dos iniciados trabalhadores treinados da raça.

3 - O terceiro tipo de interlúdio, é aquele com o qual nós estamos aqui primariamente ocupados ao considerarmos o trabalho mágico no plano físico, é o interlúdio realizado e utilizado durante o processo da meditação. Com este o estudante precisa familiarizar-se, pois de outro modo ele será incapaz de trabalhar com poder. Este interlúdio ou período de intenso silêncio se diferencia em duas partes:

Há primeiro de tudo o interlúdio ao qual chamamos de contemplação. Lembrar-lhes-ia da definição dada num livro por Evelyn Underhill, que descreve a contemplação como "um interlúdio entre duas atividades". Este período de silêncio se segue à atividade (considerada tão difícil pelo iniciante) de fazer o alinhamento entre a alma-mente-cérebro, de acalmar o corpo emocional e de alcançar aquela concentração e meditação que servirão para focalizar e reorientar a mente para um novo mundo e situá-la dentro da esfera de influência da alma. Ele é análogo ao período de inalação. Neste ciclo, a consciência que sai é recolhida e elevada. Quando o sucesso coroa este esforço, a consciência então se livra do que nós chamamos a personalidade, o aspecto mecanismo, e se torna uma consciência modificada. A alma em seu próprio plano se torna ativa e desta atividade o cérebro e a mente estão conscientes. Do ponto de vista da atividade da personalidade, um interlúdio tem lugar. Há um ponto de espera inspirada. O mecanismo está inteiramente passivo. A mente é mantida firme na luz e a alma neste meio tempo pensa, como é do seu hábito, em uníssono com todas as almas, penetra nas fontes da Mente Universal e formula seu propósito alinhado com o plano universal. Este ciclo da atividade da alma registrada é seguido pelo que poderia ser chamado o processo da exalação. O interlúdio chega a um fim; a mente que espera novamente se torna ativa e na medida em que ela tenha sido corretamente orientada e mantida numa atitude puramente receptiva, ela se torna o intérprete e instrumento da alma, que agora se tornou a "luz de seu rosto na personalidade atenta". Através daquele meio ela pode agora elaborar os planos formulados no interlúdio da contemplação. A natureza emocional é afastada pelo desejo de tornar objetivos os planos com os quais a mente reorientada procura colorir sua experiência e subsequentemente o cérebro recebe a impressão transmitida e a vida no plano físico é então ajustada de modo que aqueles planos possam materializar-se de maneira apropriada. Isto naturalmente delineia um mecanismo, treinado e ajustado e capaz de responder corretamente - uma coisa rara, de fato, de se encontrar. A segunda parte do interlúdio somente se torna possível quando o primeiro interlúdio, ou contemplativo, tiver sido realizado.

O discípulo que está procurando cooperar com a Hierarquia dos Mestres e manifestar esta cooperação pela participação ativa em sua obra no plano físico, tem que aprender a trabalhar não somente através da conscientização contemplativa, mas através de uma utilização científica dos interlúdios, desenvolvida na respiração, entre pontos de inalação e expiração no sentido puramente físico do termo. Esta é a verdadeira ciência e objetivo do pranayama. A consciência cerebral está necessariamente envolvida. O interlúdio entre respirações somente será usado corretamente quando um homem tiver adquirido o poder de acompanhar o interlúdio da contemplação afetando a alma, a mente e o cérebro. Assim como a mente foi mantida na luz e foi receptiva à impressão da alma, também o cérebro tem que ser conservado receptivo à impressão da mente.

Um interlúdio, portanto, (do ponto de vista da alma unificada com a personalidade) tem lugar após o período da inalação da alma, quando a consciência que sai se recolheu internamente, e a outra tem lugar no fecho daquele interlúdio quando a alma novamente se torna expansiva conscientemente para o mundo objetivo; a exalação toma o lugar da inalação e também tem seu interlúdio. O discípulo tem que aprender a utilizar com facilidade estes dois interlúdios da alma - um dos quais produz efeitos na mente e o outro no cérebro.

Há como sempre, uma analogia do plano físico deste processo de inalação e exalação divinos com seus dois interlúdios de silêncio e de pensamento. Permitam-me reiterar as consequências desses interlúdios. No interlúdio superior, o pensamento divino ou abstrato impressiona a alma e é transmitido à mente que aguarda; no outro, a mente, através do pensamento concreto e numa tentativa de corporificar na forma o pensamento divino, impressiona o cérebro e produz a ação através do corpo físico.

Os estudantes do ocultismo que demonstraram sua devoção e sua atitude mental e que (para usar a velha fórmula das escolas de meditação) mantiveram os cinco mandamentos e as cinco regras e alcançaram a atitude correta, podem começar a usar os interlúdios entre os dois aspectos da respiração física para intensa atividade e o uso do poder da vontade para produzir efeitos mágicos. A consciência, focalizada no cérebro e tendo participado do trabalho de contemplação, pode agora prosseguir no trabalho de materializar o plano sobre o plano físico, pela energia focalizada da vontade, usada no silêncio pelo homem consciente. Como pode ser visto, estes interlúdios respiratórios são também em número de dois, depois da inalação e depois da exalação, e quanto mais experimentado o discípulo, mais prolongado será o interlúdio e maior a oportunidade, portanto, para o trabalho mágico focalizado e para a emissão daquelas palavras de poder que farão o propósito divino ser.

Não seria correto nem próprio para mim alongar-me aqui sobre o trabalho do uso desses "pontos do caminho do meio", como são chamados na Regra XII, dos quais o mago toma e emprega no trabalho construtivo. Neles, o mago usa conscientemente a energia, dirigindo-a para onde lhe pareça apropriado; neles, entra conscientemente em contato com aquelas forças e vidas que ele pode empregar e comandar para lhe trazer o que ele necessita para o progresso dos objetivos espirituais e para o trabalho da construção daquelas formas e organismos que poderão ser necessários; neles, o mago prossegue com o trabalho de libertar os "prisioneiros do planeta"; e neles se torna consciente de seus companheiros de trabalho, do grupo de místicos mundiais e da hierarquia de almas.

Em instruções como estas, que deverão ser lidas pelo público em geral, seria muito imprudente dar instruções mais detalhadas. O suficiente ficou sem ser dito para tornar impossível a qualquer um, exceto um estudante profundamente instruído, chegar às necessárias correlações que o capacitem de desenvolver o "trabalho dos interlúdios", unicamente pelo qual o trabalho mágico pode ser feito. Vocês poderiam perguntar: Por que é assim? Por que são tão cuidadosamente guardados os segredos da respiração? Porque a eficácia da magia negra se encontra precisamente aqui. Há um ponto onde tanto a magia branca como a magia negra empregam uma etapa similar no trabalho. Certos homens, com vontades potentes e mentes claras e treinadas, mas animados por propósitos puramente egoístas, aprenderam a usar o mais baixo dos dois interlúdios da alma - aquele que diz respeito à relação da mente e do cérebro. Através de uma intensa aplicação e de um conhecimento da ciência dos centros eles ficaram capacitados para elaborar seus planos egoístas e impor sua vontade e autoridade mental sobre os "prisioneiros do planeta". Assim eles provocaram muito dano. Eles não têm nenhum desejo de participar no interlúdio superior no qual a alma é ativa e a mente responsiva. A atividade intelectual e a capacidade de resposta do cérebro à impressão da mente é tudo que lhes diz respeito. Tanto os magos brancos como os negros, como se vê, empregam o interlúdio inferior e ambos conhecem o significado dos interlúdios da respiração física. Mas o mago branco trabalha do nível da alma para o mundo manifestado e procura desenvolver o plano divino, ao passo que o mago negro trabalha a partir do nível do intelecto ao procurar alcançar seus próprios fins separativos. A diferença não é só a do motivo, mas também do alinhamento e do raio de consciência e de seu campo de expansão. Daí vocês verem porque tão extrema cautela é evidenciada por todos os verdadeiros instrutores, ao se esforçarem por ensinar a natureza do trabalho mágico. Somente os testados e os verdadeiros, somente os altruístas e os puros podem receber as instruções completas. Todos podem receber a informação relacionada com os interlúdios maiores da alma-mente e mente-cérebro. Somente uns poucos podem por enquanto merecer a confiança da informação significativa que diga respeito aos interlúdios menores, desenvolvidos no corpo físico entre os movimentos respiratórios e na consciência cerebral.

Outro ponto poderia ser interessante antes que Eu prossiga falando dos "prisioneiros do planeta" e o trabalho a ser feito com eles.

A humanidade está passando atualmente através de um ciclo de excessiva atividade. Pela primeira vez na história humana esta atividade envolve a humanidade numa grande proporção nos três aspectos inteiros da consciência da personalidade. Os corpos físicos, os estados de consciência emocional e mental estão todos numa condição de potente sublevação. Esta tríplice atividade unificada é aumentada por um ciclo de igualmente intensa atividade planetária, devido à chegada de uma nova era, a passagem do sol para um novo signo do Zodíaco e a preparação consequentemente em andamento para ajustar o homem para trabalhar facilmente com as novas forças e energias atuando sobre ele. No centro da vida humana, o grupo integrante de novos Servidores do Mundo deve deparar-se, portanto, com uma necessidade muito real. O seu trabalho deve fundamentalmente ser o de manter com a alma da humanidade - constituída de todas as almas em seu próprio nível de existência - através de sua própria atividade organizada da alma, uma ligação tão estreita que sempre haja aqueles que possam "trabalhar nos interlúdios" e assim manter o plano em progressão e a visão ante os olhos daqueles que não possam por enquanto entrar, eles próprios, no lugar secreto e elevado. Eles têm que aprender, como já disse muitas vezes, a trabalhar subjetivamente e isto eles precisam fazer para preservar - neste ciclo de atividade e expressão exotérica - o poder, latente em todos, de se retirar para o centro. Eles constituem a porta, falando simbolicamente. Capacidades e poderes podem esgotar-se por falta de uso; o poder da abstração divina e a faculdade de achar o que foi chamado "o caminho dourado que leva para o tanque claro e daí ao Templo do Retiro" não devem ser perdidos. Este é o primeiro trabalho do Grupo de Místicos Mundiais e eles devem manter o caminho aberto e a estrada livre de obstáculos. De outro modo a magia branca poderia temporariamente apagar-se e os propósitos egoístas da natureza da forma assumirem indevido controle. Este terrível acontecimento teve lugar nos dias de Atlântida e o então grupo de trabalhadores teve que se retirar de toda atividade externa e "abstrair os mistérios divinos ocultando-os dos curiosos e dos indignos".

Agora uma nova tentativa está sendo feita para libertar os "prisioneiros do planeta". A Hierarquia, através do Grupo de Servidores do Mundo agora em processo de formação está procurando exteriorizar-se e restaurar os mistérios para a humanidade a quem eles verdadeiramente pertencem. Para que a tentativa seja bem sucedida é bastante necessário que todos vocês que perceberam a visão ou que tenham visto uma parte do plano traçado voltem a se dedicar ao serviço da humanidade, empenhem se no trabalho de ajudar até o limite de sua capacidade (meditem sobre essas palavras e descubram o seu significado) todos os servidores mundiais e deverão sacrificar o seu tempo e dar do seu dinheiro para levar adiante o esforço dos Grandes. Não descansem, acima de tudo, do seu trabalho meditativo; conservem a ligação interna; pensem sobre a verdade o tempo todo. A necessidade e a oportunidade são grandes e todos os possíveis ajudantes estão sendo chamados para a frente de batalha. Todos poderão ser usados de alguma maneira, se a verdadeira natureza do sacrifício for alcançada, se a capacidade na ação for desenvolvida e se o trabalho sem apego for o esforço de cada um e de todos.

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OS PRISIONEIROS DO PLANETA

Tendo lidado com o trabalho do mago em sua própria consciência interior e com a sua necessidade de aprender a importância de conquistar o "ponto do meio do caminho" no seu trabalho de usar os interlúdios, tanto o maior quanto o menor, chegamos agora à consideração do objetivo de todo o seu trabalho, que é se ele é um verdadeiro mago branco. Está claramente afirmado que isto é para libertar "os prisioneiros do planeta". Seria, portanto, proveitoso para nós estudarmos quem são esses prisioneiros e qual é o modo de sua libertação a ser aplicado pelo discípulo em atividade.

Esses prisioneiros do planeta se enquadram em dois grandes grupos, que incluem necessariamente certas subdivisões. Eles constituem, inclusive, todas as formas de vida que nós habitualmente chamamos de subumanas, mas estas palavras devem receber uma conotação mais ampla do que é normalmente o caso. Elas devem ser estendidas para abranger todas as vidas que estão incluídas em formas.

As duas divisões são como se segue:

Primeiro, a substância de todas as formas, ou a multiplicidade de diminutas vidas atômicas, as quais, através do poder do pensamento, são atraídas para o aspecto forma através do qual todas as existências ou todas as almas, minerais, vegetais, animais e o corpo animal do homem, se expressam. Isto descortina um largo horizonte e cobre praticamente o trabalho da criação no plano físico de modo que não podemos nem tocar nele. Sob a Lei da Atração Magnética e devido à atividade impulsiva da Mente Universal no cumprimento dos propósitos do Logos Solar ou do Logos Planetário, estes constituintes da matéria do espaço, esses átomos da substância, são atraídos, manipulados numa maneira rítmica e conservados juntos na forma. Através deste modo de criação, existências vêm à manifestação, participam na experiência de seu particular ciclo, seja ele efêmero, como a vida de uma borboleta, seja relativamente permanente como a vida animada da divindade planetária, e desaparecem. Os dois aspectos referidos, espírito e matéria, são assim trazidos a uma relação íntima e necessariamente exercem um efeito recíproco. A matéria, assim chamada, é energizada ou "elevada", no sentido ocultista do termo por seu contato com o assim chamado espírito. O espírito, por sua vez, torna-se capacitado a elevar sua vibração através de sua experiência na matéria. A aproximação desses dois aspectos divinos resulta na emergência de um terceiro, ao qual nós chamamos a alma, e por intermédio da alma o espírito desenvolve uma sensibilidade e uma percepção consciente e capacidade de responder que permanecem sua possessão permanente quando o divórcio entre os dois tem lugar final e ciclicamente.

Muito sobre isto será encontrado em Um Tratado sobre o Fogo Cósmico e não há necessidade para que Eu o repita aqui. Este segundo tratado pretende ser mais prático e geralmente útil. Ele lida essencialmente com o treino do aspirante de modo que ele possa, por sua vez, agir como um criador consciente e, ao agir, servir aos fins mais elevados da Vida que o envolve. Assim ele ajuda na materialização dos planos de Deus. O treino do aspirante, a indicação a ele de possíveis linhas e direções de evolução e a definição do propósito subjacente é tudo que é prudente comunicar na presente etapa na qual o aspirante comum se encontra. Isto tem sido tentado nestas Instruções e também foi dado algum novo ensinamento relativo ao veículo emocional. No próximo século, quando o equipamento humano estiver melhor desenvolvido e quando um significado mais real da atividade grupal for disponível, será possível fornecer mais informações, mas ainda não é chegado o tempo. Tudo que é possível para mim é tatear naquelas frágeis palavras que de alguma forma revestirão o pensamento. Ao revesti-lo elas o limitam e serei culpado de criar novos prisioneiros que deverão por fim ser libertados. Todos os livros são prisões de ideias e somente quando o falar e escrever forem substituídos pela comunicação telepática e pelo intercâmbio intuitivo, o plano e a técnica de sua expressão serão alcançados de uma maneira mais clara. Eu falo agora por símbolos; Eu manipulo as palavras de maneira a criar certa impressão; construo um pensamento-forma que, quando suficientemente dinâmico, poderá impressionar o cérebro de um agente transmissor, tal como vocês mesmo. Mas ao fazer assim, sei bem quanto precisará ficar sem ser relatado e quanto é raramente possível fazer, mais do que assinalar uma cosmologia, macrocósmica ou microcósmica, que seja suficiente para transmitir um quadro temporário da realidade divina.

Falo para vocês de leis e procuro formulá-las inteligentemente, mas, estou lidando realmente com aqueles impulsos divinos que emanam de um Criador cósmico e se tornam leis ao produzirem efeitos na matéria do espaço, ali não encontrando praticamente nenhuma resistência. Outros divinos impulsos que também se desenvolvem ciclicamente ainda não conduziram uma vibração tão forte e não foram, portanto, tão poderosos quanto à vibração da substância combinada afetada. Estes últimos são aqueles impulsos aos quais nós denominamos de espirituais e que esperamos ver estabelecidos como as leis da nova era e que então substituirão ou crescerão com as presentes leis do universo. Juntos eles introduzirão o novo mundo sintético.

Mas como pode o todo ser compreendido pela parte? Como pode o plano inteiro ser registrado por uma alma que por enquanto não vê senão uma pequenina fração da estrutura? Tenham isto firmemente em mente ao estudar e meditar sobre estas Instruções e lembrem-se de que, na luz do futuro conhecimento da humanidade, tudo que é aqui transmitido é como um livro adiantado da escola primária face aos livros de texto utilizados por um professor universitário. Servirá, todavia, para conduzir o aspirante ao Vestíbulo do Aprendizado até a Câmara da Sabedoria se ele usar as informações dadas.

Aprendam a ser telepáticos e intuitivos. Então estas formas de palavras e estas ideias, revestidas de forma, não serão necessárias. Vocês poderão então permanecer face a face com a verdade nua, e viver e trabalhar no termo das ideias e não no mundo das formas.

Assim nós deixamos a vasta expansão de vidas, cobertas pela expressão sem significado "substância atômica" e passamos a uma apreciação daqueles prisioneiros do planeta com os quais se pode mais facilmente entrar em contato, cujo problema pode ser mais especificamente compreendido e que se situam numa relação mais íntima com o homem. Os homens ainda não estão equipados para compreender a natureza daquelas unidades de energia elétrica que corporificam o que nós chamamos a alma de todas as coisas e que foi chamada a "anima mundi" - a vida e a alma do Uno em quem todas as existências encarnadas vivem e se movem e têm sua existência.

Para fazer isto, será necessário compreender algo da parte que o quarto reino da natureza representa em relação com o todo e o propósito para o qual existe aquele agregado de formas a que nós chamamos a família humana. Nós precisamos estudar isto do ponto de vista da relação do quarto reino com o todo e não do ponto de vista do desenvolvimento individual progressivo do próprio homem e a parte que ele representa como uma unidade humana dentro do círculo-não-se-passa da família humana. Nós usaremos a palavra humanidade e falaremos de sua missão e função no grande esquema e na concretização do plano. Nós inferiremos uma humanidade que é composta de todos os filhos dos homens. Ela inclui de um lado a hierarquia de adeptos que voluntariamente encarnam no plano físico para trabalhar dentro dos limites do reino humano e do outro nós encontramos os tipos não desenvolvidos que são mais animais do que humanos. Entre estes dois extremos nós encontramos os muitos e variados tipos, os desenvolvidos e os não desenvolvidos, os inteligentes e os não inteligentes - todos os que estão cobertos pela palavra homem.

A humanidade constitui um centro de energia dentro do cosmos, capaz de três atividades.

I - Primeiro de tudo, a humanidade é capaz de responder ao influxo de energia espiritual. Esta derrama-se nela vinda do cosmos, e, falando simbolicamente, estas energias são basicamente três em número:

1 - Energia espiritual, como nós inadequadamente a denominamos. Esta emana de Deus, o Pai, e alcança a humanidade a partir do nível do que é tecnicamente chamado o plano monádico, da esfera arquetípica, a mais elevada fonte da qual um homem pode tornar-se consciente. Há poucos de tal modo equipados que possam responder a este tipo de energia. Ela é para a maioria praticamente inexistente. Eu uso as palavras "Deus o Pai" no sentido da Vida Auto-Existente Una, ou o Ser Absoluto.

2 - Energia sensorial - a energia que faz do homem uma alma. É o princípio da percepção, a faculdade da consciência, aquele algo, inerente a matéria (quando trazida à relação com o espírito), que desperta a capacidade de resposta a um campo de contatos exterior e de longo alcance. E aquilo que finalmente desenvolve no homem um reconhecimento do todo, do eu, e que o conduz à autodeterminação e à auto-realização. Quando estas estão desenvolvidas, uma vez que não estão nos reinos subumanos, um homem pode tornar-se consciente do primeiro tipo de energia, mencionada acima. Esta energia da consciência sensorial vem do segundo aspecto da divindade, do coração do sol, assim como a primeira, tecnicamente, mas, falando simbolicamente, emana do sol central espiritual. O paralelo a estes dois tipos de força num ser humano é a energia nervosa operando através do sistema nervoso com o quartel general no cérebro e a energia vital que é sediada no coração.

3 - Energia prânica, ou vitalidade. Esta é aquela força vital, inerente à matéria mesma e na qual todas as formas estão imersas, uma vez que constituem partes funcionantes da forma maior. A esta todas as formas respondem. Este tipo de energia vem do Sol físico e trabalha ativamente nos corpos vitais de toda forma no mundo natural, inclusive na forma física da própria humanidade.

Na terminologia da Sabedoria Eterna, estas três são chamadas o fogo elétrico, o fogo solar e o fogo por fricção e o propósito de uma em relação à outra é resumido para nós nas palavras de A Doutrina Secreta como se segue:

"A matéria é o veículo para a manifestação da Alma nesta plano da existência, e a Alma é o Veículo num plano mais elevado de manifestação do Espírito e estes três são uma Trindade, sintetizada pela Vida que os penetra todos." D. S. I. 80.

A humanidade, sendo o ponto de encontro para todos os três tipos de energia, constitui, portanto um "ponto do meio do caminho", na consciência do Criador. Este "ponto do meio do caminho" tem que ser alcançado pelo agente criador ativo de tal maneira que o aspirante tem que aprender a alcançar seus pontos do meio do caminho na pequenina porção de trabalho mágico e criativo que ele procura desenvolver. A humanidade está destinada a ser o meio no qual certas atividades podem ser instituídas. Ela é na realidade o cérebro da Divindade planetária, suas muitas unidades sendo análogas às células cerebrais no equipamento humano. Assim como o cérebro humano, constituído de um infinito número de células sensoriais capazes de responder, pode ser adequadamente impressionado quando a quietude tenha sido alcançada e pode tornar-se o meio de expressão para os planos e propósitos da alma, transmitindo suas ideias através da mente, assim a Divindade planetária, trabalhando sob a inspiração da Mente Universal, pode impressionar a humanidade com os propósitos de Deus e produzir consequentes efeitos no mundo dos fenômenos.

Os membros da hierarquia representam aqueles que alcançaram a paz e a quietude e podem ser impressionados; os aspirantes e discípulos representam aquelas células cerebrais que estão começando a entrar no ritmo divino mais amplo. Eles estão aprendendo a natureza da capacidade de resposta. A massa dos homens são como os milhões de células cerebrais não utilizadas que os psicólogos e cientistas nos dizem possuirmos, mas que não empregamos. Esta analogia vocês podem estabelecer em maior detalhe para vocês mesmos, mas mesmo superficialmente será aparente para vocês que quando este ponto é alcançado, o propósito para o qual a humanidade existe, o objetivo perante o grupo de místicos e trabalhadores mundiais e o ideal estabelecido ante o aspirante individual são os mesmos que na meditação individual; a conquista daquela atenção focalizada e quietude mental na qual a realidade pode ser contatada, o verdadeiro e o belo podem ser registrados, o propósito divino pode ser lembrado e se torna possível transmitir para a forma fenomênica, no plano físico, a energia necessária pela qual a realização subjetiva pode ser materializada. O aspirante faz isto em conexão com o propósito de sua própria alma se ele for bem sucedido em sua tentativa; o discípulo está aprendendo a fazer isto em relação com o propósito grupal e o iniciado coopera com o propósito planetário. Estes constituem o grupo interno das células cerebrais vitalmente ativas no cérebro planetário, o grupo humano inteiro, e é evidente que quanto mais poderosa a sua vibração unida e quanto mais clara a luz que elas reflitam e transmitam, tanto mais rapidamente a presente massa inerte de células humanas será trazida à atividade. A hierarquia oculta é para a Vida planetária o que a luz na cabeça é para o discípulo comum despertado, somente numa proporção muito mais vasta e com alinhamento interno adequado que os estudantes tais como os que leem estas instruções não podem compreender o verdadeiro significado das palavras. O ponto a ser alcançado é que através da humanidade no plano físico, a natureza da realidade será revelada; o verdadeiro e o belo manifestar-se-ão; o plano divino finalmente concretizar-se-á e aquela energia transmitir-se-á a todas as formas na natureza que permitirão que emirja a realidade espiritual interna.

II - O segundo tipo de atividade do qual o homem é capaz é um intenso desenvolvimento progressivo e espiralado dentro do círculo-não-se-passa humano. Esta frase cobre o modo de desenvolvimento e o procedimento inteiro de desenvolvimento de todas as unidades evolutivas a que nós chamamos homens. Não procuro lidar com isto aqui. A história do crescimento estrutural humano, o campo inteiro do desenvolvimento da consciência humana e a história de todas as raças e povos que viveram ou estão vivendo sobre nosso planeta podem ser tratados sob este título. Ele diz respeito ao uso que a humanidade tem feito de todas as energias disponíveis dentro do mundo natural do qual ela é uma parte, inerente ao próprio quarto reino e vindo a ele também do mundo das realidades espirituais.

III - O terceiro tipo de atividade que deve ocupar a atenção da humanidade, por enquanto pouco compreendido, é que ela deve agir como um centro transmissor de forças espirituais - força da alma e energias espirituais unidas e combinadas - para os prisioneiros do planeta e para as vidas, mantidas em existência, incorporadas nos outros reinos da natureza. Os seres humanos estão aptos a se ocuparem basicamente com suas relações grupais superiores, com sua volta à casa do Pai e com a direção que nós chamamos "para cima" e para fora do mundo fenomênico. Eles estão principalmente ocupados com a descoberta do centro dentro do aspecto forma, ao qual nós chamamos de alma e, tendo-a encontrado, com o trabalho de identificarem-se com aquela alma e assim encontrarem a paz. Isto está certo e alinhado com a intenção divina mas não é tudo do plano para o homem e enquanto isto permanecer o objetivo fundamental, o homem fica perigosamente prestes a cair na armadilha do egoísmo espiritual e na separatividade.

Quando o centro é encontrado por qualquer ser humano e ele se torna uno com a alma e entra em relação com a mesma, então ele automaticamente desloca sua posição na família humana e - novamente falando em símbolos - encontra-se como parte do centro de luz e compreensão ao qual nós chamamos, esotericamente, a hierarquia oculta, a nuvem de testemunhas, os discípulos do Cristo e outros nomes de acordo com a direção das convicções do discípulo. Esta hierarquia está também tentando exteriorizar-se sob a forma do grupo de Servidores do Mundo e quando um homem encontra sua alma e o princípio da unidade lhe é suficientemente revelado, ele também se desloca para este grupo mais exotérico. Nem todos os que encontram o centro se ligam, por enquanto, tanto ao grupo interno como ao externo. Então ele é consagrado para o trabalho mágico, para a salvação das almas, para a libertação dos prisioneiros do planeta. Este é o objetivo para a humanidade como um todo e quando todos os filhos dos homens tiverem atingido o objetivo, esses prisioneiros serão libertados. A razão para isto será que o trabalho mágico será desenvolvido inteligente e perfeitamente e os seres humanos em formação grupal agirão como transmissores de energia espiritual pura, a qual vivificará toda forma em todo reino da natureza.

Considerando o problema dos prisioneiros do planeta e sua libertação final, deve-se lembrar que uma das forças que estão por trás do esquema evolutivo inteiro é a do Princípio da Limitação. Este é o impulso primário que desencadeia o ato da criação e está intimamente ligado com o da vontade e seu reflexo inferior, o desejo. Vontade é desejo, formulado tão claramente e desenvolvido tão poderosamente até um clímax inteligente que o modo de sua materialização é alcançado com tal precisão e energizado com tal intenção que o resultado é inevitável. Mas a vontade pura somente é possível a um pensador coordenado, a entidades verdadeiramente autoconscientes. O desejo é instintivo, ou antes, inerente a todas as formas, pois todas as formas e organismos constituem parte de algum pensador primário e são influenciados pelo poderoso intento daquela força primária.

O princípio da Limitação, por conseguinte, é a expressão da vontade com propósito definido e o desejo formulado de algum Ser pensante e governa consequentemente o processo de aquisição de forma de todas as vidas encarnadas. Este Princípio da Limitação controla o objetivo de uma encarnação, estabelece sua medida e ritmo, determina o raio de sua influência e produz aquela aparência ilusória da realidade à qual nós chamamos de manifestação.

Os "prisioneiros do planeta" se enquadram em duas categorias:

1 - Aquelas vidas que agem sob a influência de um propósito consciente e que "limitam a vida que está neles" por um tempo. Elas conscientemente tomam forma, sabendo o fim desde o início. Estes Seres por sua vez, se enquadram em três grupos principais:

a) O Ser Que é a vida de nosso planeta, o Uno em Quem nós vivemos, nos movemos e temos nossa existência. Este Ser ou totalidade das vidas organizadas, é algumas vezes chamado o Logos planetário, algumas vezes o Ancião dos Dias, algumas vezes Deus, algumas vezes a Vida Una.

b) Aquelas vidas que constituem o Princípio da Limitação num reino da natureza. A vida que, por exemplo, se expressa por intermédio do reino animal é uma entidade inteligente autoconsciente trabalhando com plena percepção de intenção e objetivo e limitando sua esfera de atividade para prover de devida oportunidade e expressão às miríades de vidas que encontram sua vida e existência e sustentação nele. Veem vocês como a lei do sacrifício percorre toda a criação.

c) Os filhos da mente, almas humanas, Anjos solares, os divinos filhos de Deus que em plena autoconsciência perseguem certos fins bem vistos por intermédio da família humana.


2 - Aquelas vidas que estão limitadas na forma porque são autoconscientes mas são partes constituintes inconscientes de uma forma maior. Elas ainda não evoluíram até o ponto de se tornarem entidades autoconscientes.

Poder-se-ia dizer que esta segunda categoria inclui todas as existências, mas a linha de demarcação entre a limitação autoproduzida e a tomada de forma não conscientizada jaz inteiramente no reino da consciência. Algumas vidas são prisioneiras e sabem-no. Outras são prisioneiras e o ignoram. A pista para o sofrimento está bem aqui no reino da mente. A dor e a agonia, a rebelião e a necessidade consciente do aperfeiçoamento e da troca de condições são somente encontrados onde o que nós chamamos de individualidade está presente, onde o complexo do "Eu" está controlando e onde uma entidade autoconsciente está em funcionamento. Há, naturalmente, o equivalente à dor nos reinos abaixo do humano, mas ele entra em outra diferenciação. Não é autorrelacionado. As formas subumanas de vida sofrem o desconforto e estão sujeitas aos estertores da morte, mas não têm nem memória nem previsão e não possuem aquela apreensão mental que os capacitem a relatar o passado e o presente e a antecipar o futuro. Estão isentas da agonia do pressentimento. Sua reação inteira ao que são chamadas condições más é tão diferente daquela da humanidade que difícil para nós a compreendermos. O Velho Comentário descreve estes dois grupos nos seguintes termos:

"Os filhos de Deus, que conhecem e veem e ouvem (e sabendo, sabem que sabem) sofrem a dor da limitação consciente Bem no fundo das profundezas do ser consciente, seu perdido estado de liberdade corrói como um câncer. A dor, a doença, a pobreza e a perda são vistas como tais, e com elas todo filho de Deus se revolta. Ele sabe disso em si mesmo, pois como uma vez estivera antes de ter ficado prisioneiro na forma, ele não conhecia a dor. A doença e a morte, a corrupção e a doença, não o tocavam. A riqueza do universo era sua e ele não conhecia a perda".

 

"As vidas que entram na forma juntamente com vidas autoconscientes, as vidas dos devas que constroem as formas habitadas por todos os filhos de Deus, elas não conhecem nem a dor, nem a perda nem a pobreza. A forma se desfaz, as outras formas se retiram e aquilo que é necessário para nutrir e fortalecer o exterior, falta. Mas faltando também a vontade e o planejado intento, elas não sentem nenhuma agravação nem conhecem qualquer clara revolta".

Uma palavra sobre a dor poderia caber aqui, embora Eu não tenha nada de natureza abstrusa para comunicar a respeito da evolução da hierarquia humana por intermédio da dor. Os devas não sofrem a dor como a humanidade. Seu ritmo é mais firme, se bem que alinhado com a Lei. Eles aprendem através da aplicação ao trabalho de construir e da inclusão na forma daquilo que é construído. Eles crescem à custa da apreciação e do regozijo das formas construídas e do trabalho concluído. Os devas constroem e a humanidade destrói e através da demolição das formas o homem aprende pela insatisfação. Assim se conquista a aquiescência no trabalho dos Construtores maiores. A dor é aquela luta para o alto, através da matéria, que deposita um homem aos Pés do Logos; a dor é seguir-se linha de maior resistência e por ali alcançar-se o cume da montanha; a dor o demolir da forma e o alcançar o fogo interno; a dor é o frio do isolamento conduz ao calor do sol central; a dor é o queimar no forno para finalmente conhecer o frescor da água da vida; a dor é o viajar até o país distante, resultando na recepção na Casa do Pai; a dor é a ilusão da rejeição do Pai, que conduz o filho pródigo diretamente ao coração do Pai; a dor é a cruz da extrema perda, que traz de volta a riqueza da abundância eterna; a dor é o chicote que leva o construtor que luta a alcançar a absoluta perfeição na construção do Templo.

Os usos da dor são muitos e eles conduzem a alma humana da escuridão para a luz, da escravidão para a libertação, da agonia para a paz. Aquela paz, aquela luz e aquela libertação, com a ordenada harmonia do cosmos, são para todos os filhos dos homens.

O problema da limitação está intimamente ligado ao da libertação. Na prisão da forma entram todos os que vivem; alguns entram conscientemente e alguns inconscientemente e a isto nós chamamos nascimento, aparecimento, encarnação, manifestação. Imediatamente entra em atividade outra lei ou aplicação de um princípio ativo ao qual nós chamamos a Lei dos Ciclos. Este é o princípio do aparecimento periódico - uma operação benéfica do amor-sabedoria da divindade inata, pois ela produz aquela sequencia dos estados de consciência à qual nós denominamos Tempo. Este produz, portanto, no campo mundial da percepção, um gradual e lento crescimento em direção à autoexpressão, autoapreciação e autorrealização. A estes princípios, de Limitação e dos Ciclos, se acrescenta outro princípio, o da Expansão. Este provoca o desenvolvimento da consciência de modo que o germe latente da sensibilidade ou da resposta sensitiva ao meio ambiente pode ser fomentado na unidade vivente.

Nós temos, portanto três Princípios:

1 - O Princípio da Limitação.
2 - O Princípio da Manifestação Periódica.
3 - O Princípio da Expansão.

Estes três Princípios juntos constituem os fatores subjacentes à Lei da Evolução, como os homens a chamam. Eles provocam o aprisionamento da Vida em seus vários aspectos ou aparências; eles produzem as formas do ambiente e conduzem as vidas aprisionadas para prisões cada vez mais educativas. Finalmente chega o tempo em que o Princípio da Libertação se torna ativo e uma transição se efetua, de uma prisão que tortura e aperta, para uma que provê condições adequadas para o desenvolvimento seguinte de consciência.

É interessante aqui registrar que a morte é governada pelo Principio da Libertação e não pelo da Limitação. A morte somente é reconhecida como um fator a ser manipulado pelas vidas autoconscientes e somente é mal interpretada pelos seres humanos, que são as mais deslumbradas e iludidas de todas as vidas encarnadas.

O ponto seguinte a ser anotado é que cada reino da natureza age do duas maneiras:

1 - Como o libertador do reino das formas que não alcançou sua particular etapa de percepção consciente.
2 - Como a prisão de vidas que transitaram para ela do nível de consciência imediatamente abaixo do seu.

Deve-se sempre lembrar que cada campo de percepção em seus limites constitui uma prisão e que o objetivo de todo trabalho de libertação é libertar a consciência e expandir seu campo de contatos. Onde há limitações de qualquer espécie, onde um campo de influência é circunscrito onde o raio do contato é limitado, ali vocês têm uma prisão. Ponderem sobre esta afirmação pois ela contém muito de verdade. Onde há uma apreensão de uma visão e de um amplo território não conquistado de contatos então haverá inevitavelmente um sentimento de aprisionamento e de estreitamento. Onde há conscientização de mundos a conquistar, de verdades a serem aprendidas, de conquistas a serem feitas, de desejos a serem satisfeitos, de conhecimentos a serem dominados, ali vocês terão uma sensação lacerante de limitação, estimulando o aspirante a um renovado esforço e conduzindo a entidade vivente pelo caminho da evolução. O instinto, governando os reinos vegetal e animal, se transforma em intelecto na família humana. Mais tarde o intelecto mergulha na intuição e a intuição na iluminação. Quando a consciência super- humana é evocada estas duas - intuição e iluminação - tomam o lugar do instinto e da inteligência.

Iluminação - a que ela conduz? Diretamente ao cume da conquista, ao cumprimento do destino cíclico, à emergência da glória radiante, à sabedoria, ao poder, à consciência de Deus. Estas palavras, todavia, pouco ou nada significam em comparação com a Realidade que somente pode ser sentida por qualquer ser humano quando sua intuição desperta e sua mente é iluminada.

Dominando estes fatos a respeito do aprisionamento como, para ser prático, pode um homem tornar-se um agente libertador para os prisioneiros do planeta? Que pode a humanidade como um todo realizar nesta direção? Que pode o indivíduo fazer?

A tarefa da humanidade se distribui basicamente em três divisões de trabalho... Três grupos de prisioneiros podem ser libertados e encontrarão finalmente o seu caminho para fora da prisão através da instrumentalidade do homem. Os seres humanos já estão trabalhando em todos os três campos.

1 - Prisioneiros na forma humana. Isto envolve o trabalho com os semelhantes.
2 - Prisioneiros no reino animal, e já muito está sendo feito neste campo.
3 - Prisioneiros nas formas do reino vegetal. Um começo foi feito aqui.

Muito trabalho está sendo realizado pelo homem para os homens e, através do esforço científico, religioso e educativo, a consciência humana está firmemente expandindo-se até que um por um dos Filhos de Deus vençam suas limitações para alcançar o mundo das almas. No retrospecto da história, o quadro do prisioneiro emergente, o Homem, pode ser visto em clara delineação. Pouco a pouco ele dominou as limitações planetárias; pouco a pouco ele cresceu da condição de homem das cavernas até a de um Shakespeare, de um Newton, de um Leonardo da Vinci, de um Einstein, de um S. Francisco de Assis, até um Cristo e um Buda. A capacidade do homem para realizar em qualquer campo da expressão humana parece praticamente ilimitada e se os poucos milhares de anos passados viram um crescimento tão estupendo, que veremos nos próximos cinco mil anos? Se o homem pré-histórico, pouco mais do que um animal, cresceu até o gênio, que desenvolvimento não será possível quanto mais e mais da divindade inata fizer sua presença sentida? O super-homem está conosco. Que manifestará o mundo quando toda a humanidade estiver dirigindo-se para uma concreta manifestação dos poderes do super-homem?

A consciência do homem está sendo libertada em várias dimensões e direções. Ela está se expandindo para o mundo das realidades espirituais e começando a abarcar o quinto reino, ou espiritual, o reino das almas. Ela está interpenetrando, através da pesquisa científica, o mundo do esforço super-humano e investigando os múltiplos aspectos da Forma de Deus e das formas que constituem a Forma.

Abordando o trabalho da humanidade em libertar as unidades das quais ela é constituída e em libertar os prisioneiros dos reinos vegetal e animal, quero assinalar duas coisas, ambas de profunda importância:

Primeira, para libertar os "prisioneiros do planeta" que se apresentam sob o título de sub-humanos, o homem tem que trabalhar sob a influência da intuição; ao trabalhar para libertar seus semelhantes ele tem que conhecer o significado da Iluminação.

Quando a verdadeira natureza do Serviço for compreendida, verificar-se-á que ele é um aspecto daquela energia divina que trabalha sempre sob o aspecto destruidor, pois ele destrói as formas para libertar. O Serviço é uma manifestação do Princípio da Libertação e deste princípio, a morte e o serviço constituem dois aspectos. O serviço salva, liberta e libera, em vários níveis, a consciência aprisionada. As mesmas afirmações podem ser feitas da morte. Mas a menos que o serviço possa ser prestado a partir de uma compreensão intuitiva de todos os fatos em causa, inteligentemente interpretados e aplicados num espírito de amor sobre o plano físico, ele fracassará em cumprir sua missão adequadamente.

Quando o fator da iluminação espiritual entra naquele serviço, vocês têm aquelas Luzes transcendentes que iluminaram o caminho da humanidade e agiram como holofotes lançados no grande oceano da consciência, revelando ao homem o Caminho que ele deve e pode percorrer.

Gostaria de assinalar outra coisa. Não dei regras específicas para libertar os prisioneiros do planeta. Não fiz nenhuma classificação das prisões e de seus prisioneiros, nem de métodos de trabalho nem de técnicas de libertação.

Insisto apenas junto a cada um e a todos os que lerem estas Instruções, sobre a necessidade de um renovado esforço para se ajustarem ao serviço por um esforço consciente e deliberado em desenvolver a intuição e alcançar a iluminação. Todo ser humano que alcança o objetivo da luz e da sabedoria automaticamente tem um campo de influência que se estende tanto para cima como para baixo e que se dirige para dentro, para a fonte de luz, como para fora para os "campos de trevas". Quando tiver atingido isso, ele tornar-se-á um centro consciente de vida dando força e será assim sem esforço. Ele estimulará, energizará, e vivificará para novos esforços todas as vidas com as quais ele entrar em contato, sejam elas seus companheiros aspirantes, seja um animal, ou uma flor. Ele agirá como um transmissor de luz nas trevas. Ele desfará o deslumbramento em torno de si e introduzirá a irradiação da realidade.

Quando grandes números de filhos dos homens puderem assim agir, então a família humana entrará no trabalho que lhe é destinado no serviço planetário. Sua missão é agir como uma ponte entre o mundo do espírito e o mundo das formas materiais. Todos os graus da matéria se encontram no homem e todos os estados de consciência lhe são possíveis. A humanidade pode trabalhar em todas as direções e elevar os reinos subumanos até o céu e trazer o céu à terra.

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