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Livros de Alice Bailey

Miragem: Um Problema Mundial


As Causas da Miragem
1- O Crescimento Individual e Racial da Miragem
2- As Causas Produtoras da Miragem Mundial
3- Os Contrastes entre as Miragens Superiores e Inferiores


SEÇÃO II
AS CAUSAS DA MIRAGEM

1. O Crescimento individual e Racial da Miragem.

Vamos empregar agora a palavra "miragem" para cobrir todos os aspectos daqueles enganos, ilusões, mal entendidos e as más interpretações com que o aspirante se confronta a cada passo de seu caminho até que ele alcance a unidade. Notem a palavra "unidade", pois ela guarda o segredo da libertação da ilusão, como este processo de libertação da miragem é chamado no ocultismo. Será claro para vocês (se estudarem estas instruções com atenção), que a causa da miragem é fundamentalmente baseada no senso de dualidade. Se esta dualidade não existisse, não haveria miragem e esta percepção da natureza dual de toda manifestação jaz na raiz do problema, ou problemas, com os quais a humanidade - no tempo e no espaço - se defronta. Esta percepção passa por vários estágios e constitui o grande problema da entidade consciente. Esta condição é uma dificuldade no reino da própria consciência, e não é realmente inerente na substância ou matéria. O morador do corpo percebe erroneamente: ele interpreta incorretamente aquilo que é percebido, ele segue identificando-se com aquilo que não é ele mesmo; ele transfere a sua consciência para um campo de fenômenos que o engolfa, ilude e aprisiona, até o momento em que ele se torna impaciente e infeliz sentindo que algo está errado. Finalmente, ele reconhece que ele não é aquilo que parece ser, e que o mundo fenomênico das aparências não é idêntico com a realidade tal como ele até então supunha ser. A partir daquele momento ele adquire o senso de dualidade, até reconhecer a condição do "outro", e percebe que o seu senso de dualismo deveria terminar, e que deveria ser empreendido um processo de unificação e uma tentativa para alcançar a unificação. A partir de então, os problemas do homem em evolução começam a ser observados por ele e enfrentados conscientemente, e ele se confronta com um longo período de "libertação da miragem e de entrada naquele mundo onde só a unidade é conhecida". Os estágios daí em diante podem ser descritos da seguinte forma:

Primeiro: O estágio em que o mundo material é conhecido e valorizado. Temporariamente torna-se a meta de toda a atividade e o homem, recusando-se a reconhecer a diferença que existe entre ele e o mundo material e natural, procura identificar-se com ele e encontrar satisfação nas atividades dos prazeres puramente físicos. Este estágio, por sua vez, divide-se em duas partes:

a. Aquela na qual a satisfação é procurada na resposta quase automática aos instintos físicos, ao sexo, comida e calor. Estes adquirem um papel importante na consciência do homem. A natureza animal no homem torna-se o centro da tentativa de produzir algum sentido de unidade. Em virtude do homem interior e sutil ser ainda ''fraco ao impacto" (como é dito esotericamente), uma unificação física ocorre temporariamente, a qual serve para aprofundar a miragem e a retardar o progresso rumo à liberdade.

b. O estágio em que a satisfação e o sentido de unidade é buscado no campo das posses materiais e no estabelecimento de um centro de beleza e conforto na vida no plano físico. Aí o homem se sente em casa, e abstraído de um sentimento de dualismo que, dia a dia, torna-se cada vez mais forte. Este estágio só ocorre muito mais tarde, quando o aspirante está perto de se reorientar para a verdade, e de dar os primeiros passos em direção ao Caminho Probatório. É o correspondente ao final do Caminho Evolutivo relativo ao estágio mencionado anteriormente, mas o homem que o experimenta é uma pessoa muito diferente daquela que agora procura a síntese na materialização da beleza no plano exterior. O homem sutil agora está se tornando dominante.

Segundo: O estágio em que o homem primeiramente se torna ciente da dualidade que pode ser expressa pelas palavras "o homem e as forças". Ele desperta para o fato de que ele e toda a humanidade são vítimas de forças e energias sobre as quais eles não têm controle, e que impelem os homens de um lado para outro. Torna-se ciente, também, de forças e energias dentro dele mesmo, sobre as quais ele também não tem controle e que o forçam a agir de várias maneiras, tornando-o frequentemente a vitima de suas próprias revoltas, de seus próprios atos e das energias direcionadas de forma egoísta. O homem descobre então (inicialmente inconscientemente e depois conscientemente), a dualidade inicial - o corpo físico e o corpo vital ou etérico. Um é o mecanismo de contato com o plano físico, o outro é o mecanismo de contato com as forças interiores, energias e mundos do ser. Este corpo vital controla e galvaniza o corpo físico numa atividade quase automática. Referi-me a esta dualidade numa instrução anterior. Este estágio é de grande dificuldade para o homem, como indivíduo, e para a humanidade como um todo. Os homens ainda são tão ignorantes da "realidade que brilha sob a cobertura que a envolve" - como o Antigo Comentário a chama - que a percepção correta é difícil, e inicialmente praticamente impossível. De forma cega e ignorante os homens têm que conviver com este primeiro par de opostos. É isto que vemos acontecer no mundo atualmente. As massas estão despertando para o entendimento que elas são as vítimas e os expoentes de forças sobre as quais não têm controle nem compreensão. Elas gostariam de assumir o controle sobre estas forças e estão determinadas a fazê-lo sempre que possível. Isto constitui o principal problema hoje no campo econômico, e no campo da vida diária e de governo.

A tensão mundial hoje em dia consiste no fato de que a força física e a energia etérica estão se enfrentando. Não se esqueçam do que disse anteriormente, que a força etérica está intimamente relacionada com a Mônada, ou o alto mais alto aspecto espiritual. É a própria vida à beira da exteriorização. Daí a ênfase atual sobre o espírito da humanidade, sobre o espírito de uma nação e o espírito de um grupo. Tudo isto é o resultado da batalha travada entre os pares de opostos, na arena da vida humana e na atuação do homem comum individual. No entanto, é este conflito - disputado até o ponto da síntese e da união - que produz a reorientação da humanidade e do indivíduo aos valores mais verdadeiros e ao mundo da realidade. É este conflito - disputado com sucesso - que leva o homem, como indivíduo, e as massas, como um todo, ao Caminho da Purificação. Quando ocorre a unificação destas energias no plano físico, temos então a atividade unidirecionada e a determinação de caminhar numa direção específica. Segue-se a resolução (anote esta palavra e o seu uso) da dualidade na unidade.

Esta resolução funciona nos estágios iniciais (no que concerne ao tipo comum de aspirante) como uma unidade astral temporária, e então aparece o devoto unidirecionado. Ele é encontrado em todos os campos - da religião, da ciência, da política ou em qualquer outra área da vida. Sua unidade etérica, produzindo reorientação - com seus resultados de uma clara visão, um entendimento da verdade, e um quadro do caminho imediato a trilhar - serve temporariamente para iludir o homem com um sentimento de conquista espiritual, de segurança, de poder e de destino. Ele segue adiante cegamente, furiosamente e sem escrúpulo, até que de repente ele se confronta com novas condições e reconhece uma nova e bem mais difícil situação. Os pares de opostos do mundo astral o confrontam e ele se torna Arjuna no campo de batalha. Todo o seu sentimento de união, de direção, de satisfação segura e frequentemente complacente, desaparece e ele se perde nas névoas e miragens do plano astral. Esta é a situação de muitos discípulos bem intencionados, atualmente, e é sobre ela que devo trabalhar, momentaneamente, porque este grupo, quando puder trabalhar como grupo, tem como tarefa definida a dissolução de parte da miragem mundial. Um dia (e esperemos que ele venha ocorrer em breve) este grupo e outros similares deverão trabalhar, como grupo, e sob a direção de seu Mestre, rompendo a miragem mundial e permitindo a entrada de alguma luz e iluminação, para que os homens possam então verdadeiramente caminhar com mais firmeza na Senda.

Escolhi, portanto, para participarem deste trabalho diversos aspirantes cuja tendência é sucumbir à miragem, ainda que dois deles tenham menos tendência a isto que os outros. Sua relativa liberdade com relação a isto foi uma das razões porque os escolhi. Estes dois são D.L.A. e D.P.A. Que estes dois mantenham suas vidas livre de qualquer tendência para a miragem, para que possam servir a seus irmãos tal como desejo. Darei indicação de suas tendências nessa direção, em suas instruções pessoais. Os outros membros do grupo inclinam-se facilmente para a miragem, mas isto é uma tristeza para eles. Isto pode, no entanto, ser rapidamente transformado num trunfo. Como pode a miragem do mundo ser dissipada, exceto por aqueles que a reconhecem como ela é, e que se atracaram com ela em suas vidas diárias? Como pode haver sucesso na remoção da miragem do mundo, através da iluminação, a menos que esta iluminação venha daqueles que aprenderam a direcionar o farol da alma para os lugares escuros e para a miragem que os envolvem, como indivíduos, vendo-a então desaparecer? Não percam a coragem com esta "fraqueza ilusória", mas encarem os seus esforços para compreender o problema, e sua habilidade em solucioná-lo em suas próprias vidas, como parte da contribuição que vocês podem dar ao mais estupendo problema do mundo. Solucione a sua miragem vivendo na luz e mantendo sua mente firme nessa luz e aprendendo a enviar esta luz às névoas da miragem do plano astral. Não tentem resolvê-la, como alguns aspirantes fazem frequentemente, pela afirmação, "Agora eu compreendo", enquanto tudo o que eles fazem (e muitos de vocês fazem o mesmo) é reagir a uma trivialidade oculta autoevidente.

Terceiro: Este estágio da miragem é geralmente chamado a Experiência de Arjuna. Atualmente o Arjuna do mundo está enfrentando os pares de opostos, exatamente como faz o discípulo individual, pronto -quando estes pares tiverem sido resolvidos numa unidade - para trilhar o Caminho do Discipulado

Poderíamos indicar que:

1. As massas em todos os países estão lutando com o primeiro par de opostos, o do plano físico. Quando a "resolução" tiver ocorrido, estas massas vão entrar no Caminho da Purificação. Isto está ocorrendo rapidamente. Poderíamos acrescentar que este é um processo longo e lento porque a consciência não é - neste estágio - a conscientização inteligente do homem pensante, mas a consciência cega do homem físico, acrescida das forças da natureza.

2. O cidadão educado comum em todos os países está enfrentando atualmente a experiência de Arjuna, e os pares de opostos no plano astral. Daí o intenso sentimento no mundo; daí também a busca da iluminação, através da educação, através da religião e através de muitos meios de instrução mental, com o consequente crescimento do conhecimento, sabedoria e corretas relações. Estas pessoas normalmente pertencem a dois grupos:

a. Aqueles que estão cientes da necessidade de decisão e discriminação, no pensamento e na escolha, mas que não estão ainda realmente conscientes das implicações e das indicações. Eles são chamados "a fase desorientada da condição de Arjuna", e à miragem racial, nacional e individual, eles acrescentaram a miragem espiritual que intensifica a névoa.

b. Aqueles que saíram desta condição e estão se tornando cientes do seu problema. Eles vêm os pares de opostos, e estão entrando no "estágio de reconhecimento da liberação de Arjuna". Eles veem a Forma de Deus e a Realidade que reside no interior daquela Forma, e estão chegando a decisão de deixar o Guerreiro prosseguir na luta. Eles vão (quando a decisão e escolha correta tiverem sido feitas) "se levantar e lutar", e vão se achar, não mais no Caminho da Purificação, mas no Caminho do Discipulado.

Todos vocês estão familiarizados com este estágio, e aspirantes como os que se encontram neste grupo de estudantes, não precisam de minhas instruções para trilhar o caminho de saída da miragem para a luz. As regras são bem conhecidas: as miragens a que vocês são susceptíveis são igualmente familiares; as miragens às quais a humanidade se inclina são bem conhecidas por vocês. Só falta seguirem o antigo caminho da Raja Ioga introduzindo a mente como um agente dispersor, e assim aprenderem a permanecer na "luz" entre os pares de opostos, e por meio daquela luz, conquistarem a liberdade trilhando o nobre caminho do meio: Às vezes, meus irmãos, sinto que vocês sabem muito teoricamente, mas interiorizaram relativamente pouco. Eu me pergunto se não estou assumindo uma responsabilidade desmesurada ao lhes dar mais instruções. Mas lembro-me que escrevo para outros, bem como para vocês, e que o meu tempo é curto para este serviço particular.

A resolução destas dualidades ocorre quando a alma, o verdadeiro homem espiritual, não mais se identifica com qualquer dos opostos, mas permanece livre neste caminho do meio; o discípulo então vê o "Caminho iluminado em frente", ao longo do qual ele aprende a ir sem ser puxado para os mundos de miragem que se estendem de cada lado. Ele prossegue diretamente para o seu objetivo.

3. O estágio no qual o homem pensante inteligente, seja discípulo ou aspirante bem intencionado, ou um iniciado do primeiro ou segundo graus, tem que aprender a distinguir entre a verdade e as verdades, entre conhecimento e sabedoria, entre realidade e ilusão. Quando este estágio for ultrapassado ocorrerá a terceira iniciação, na qual a personalidade (que tende para maya, miragem e ilusão) fica livre. Outra vez ela experimenta um sentimento de unidade. Isto é devido ao desenvolvimento do sentido da intuição, que coloca na mão do discípulo um instrumento infalível, com o qual discriminar e discernir. Sua percepção se torna acurada, e ele permanece relativamente livre de engano e de identificações e interpretações errôneas.

Vocês devem ter notado, portanto, como a carreira do homem evolui de uma crise de dualidade para uma de relativa unidade, apenas para ter então aquele senso de unificação perturbado por um reconhecimento renovado de uma dualidade superior e mais profunda. Esta dualidade produz temporariamente outra divisão na vida do homem e, portanto, reinicia um penoso processo de união, ou de "cura ocultista", desta quebra na continuidade da conscientização espiritual. Aproveito para lembrar que este senso de paz, ou percepção da ruptura é uma ilusão em si mesma, e da natureza da miragem, e é baseada no sentido ilusório de identificação com aquilo que não é o ego, ou a alma. O problema todo pode ser resolvido, se a mudança de consciência for para afastar-se da identificação com as formas inferiores de experiência, na direção da identificação com o homem real e verdadeiro.

4. De estágio em estágio, o homem progride de um estado de ilusão ou de miragem para outro, de um ponto de oportunidade discriminadora para outra, até que ele desenvolva em si mesmo três capacidades principais:

1. A capacidade de manipular forças.
2. A capacidade de trilhar o caminho do meio entre os pares de opostos.
3. A capacidade de usar a intuição

Estas capacidades ele desenvolveu resolvendo os pares de opostos nos planos físico, astral e mental inferior. Agora ele enfrenta esta resolução máxima equipado com estes poderes. Ele se torna ciente daquelas duas entidades aparentemente opostas (com ambas as quais ele se encontra conscientemente identificado) - o Anjo da Presença e o Morador do Umbral. Atrás do Anjo ele sente vagamente, não outra dualidade, mas uma grande Identidade, uma Unidade viva a qual - na falta de um termo melhor - chamamos a PRESENÇA.

Ele então descobre que a saída neste caso não é o método de manipular força, ou de abandonar ambos os pares de opostos, ou do correto reconhecimento através da intuição, mas que este Morador e este Anjo devem se encontrar; a entidade inferior deve ser "expelida" na "luz", ou "forçada a desaparecer no esplendor". Esta é a tarefa da mais elevada das duas entidades, com a qual o discípulo ou o iniciado, consciente e deliberadamente, se identifica. Trataremos deste processo mais tarde. Este é o problema que o iniciado enfrenta antes de receber as três últimas iniciações.

Devemos ter em mente que nenhum destes três estágios está, na realidade, separado dos outros por claras linhas de demarcação, nem seguem um ao outro em sequencia clara. Eles ocorrem com muita superposição, e frequentemente com uma parcial simultaneidade. Somente quando o discípulo aguarda certas iniciações é que ele acorda para o fato destas distinções. Portanto, podemos dizer que:

1. Na primeira iniciação o discípulo demonstra que ele resolveu as dualidades do plano físico, e que pode impor corretamente a energia etérica (a mais elevada das duas) sobre a energia física.

2. Na segunda iniciação, o iniciado demonstra que ele pode escolher entre os pares de opostos, e prosseguir com firmeza no "caminho do meio".

3. Na terceira iniciação, o iniciado pode empregar a intuição para a percepção correta da verdade, e nesta iniciação ele percebe o primeiro vislumbre do Morador do Umbral e do Anjo da Presença.

4. Na quarta iniciação, o iniciado demonstra sua habilidade em produzir completa união entre os aspectos superior e inferior da alma em manifestação, e vê o Morador do Umbral fundir-se no Anjo da Presença.

5. Na quinta iniciação - e aqui as palavras não são suficientes para expressar a verdade - ele vê o Morador do Umbral, o Anjo, e a Presença fundidos numa síntese divina.

Poderíamos perguntar o que produz esta miragem e ilusão. O assunto é tão vasto (abarcando todo o campo da história planetária) que só posso indicar algumas das causas. Poucas foram susceptíveis de correção, até agora, exceto no caso de indivíduos. Isto quer dizer que quando os indivíduos alcançam o ponto evolutivo em que eles podem se identificar com seu aspecto superior, a alma, e podem então utilizar a energia da alma para compensar, submeter e dominar as forças inferiores da personalidade, então a correção torna-se possível, e ocorre inevitavelmente. Portanto, quando chega a hora em que um grande número de pessoas tornam-se cientes da condição da miragem mundial (descobrindo-a e lidando com ela em suas próprias vidas), teremos então uma abordagem de grupo para o problema. Teremos então um ataque definido sobre a miragem mundial, e quando isto ocorrer - falando esotericamente - "será feita uma abertura que admitirá a luz da orbe solar. As névoas desaparecerão vagarosamente, subjugadas pelo brilho solar, e os peregrinos encontrarão então o CAMINHO iluminado que leva do âmago da névoa, diretamente ao portal da luz".

É com a intenção de descobrir até onde os aspirantes e discípulos do mundo chegaram em sua compreensão para enfrentar este problema, que uma experiência, como a que está sendo levada a cabo nestes grupos, foi executada e permitida.

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2. As Causas Produzindo a Miragem Mundial

As causas produzindo a miragem mundial podem ser divididas em três grupos:

A. Causas planetárias.
B. Causas iniciadas pela própria humanidade.
C. Causas induzidas por qualquer pessoa, individualmente, que são, no entanto, estabelecidas e baseadas nos dois grupos de fatores condicionantes mencionados acima.

a. Causas Planetárias. Estas causas são duas em número, e estão além da sua compreensão finita. Limito-me apenas mencioná-las, pedindo que vocês as aceitem como especulações razoáveis e possivelmente como hipóteses acuradas:

1. Causas inerentes à própria substância. Os átomos de que todas as formas são feitas foram herdados de um universo ou sistema solar anterior e são, portanto, tingidos ou coloridos pelos resultados daquela manifestação criativa. Os efeitos produzidos naquela expressão de existência divina constituem fatores de predisposição ou causas de iniciação neste sistema solar e vida planetária. Estes fatores condicionantes e herdados não podem ser evitados. Eles determinam a natureza do impulso pela vida, a tendência do progresso evolutivo e as tendências inatas que todas as formas possuem, tais como a capacidade para crescer e se desenvolver, para orientar o tipo e para orientar, no espaço e no tempo, o arquétipo ou padrão, e para delinear e determinar a estrutura dos reinos nos quais a ciência divide o mundo natural. Estas são somente algumas das características inatas e inerentes da própria substância, herdadas, e condicionantes de nossa atual manifestação da vida divina.

2. A vida ou manifestação do Logos planetário, "Aquele em Quem vivemos, nos movemos e temos a nossa existência", é determinada por Sua Própria Natureza. Para nós, aquela grande Vida corporifica a perfeição e as qualidades que O distinguem são aquelas para as quais dirigimos mais altas aspirações. Mas, do ângulo Daquelas Vidas Que estão mais adiantadas que Ele no caminho cósmico (falo simbolicamente em termos da experiência humana), Ele está entre os "Deuses imperfeitos" Estas imperfeições, dificultando o desenvolvimento ou a expressão perfeita da energia divina, quando postas em conjunção com as qualidades herdadas e tendenciosas das substâncias pelas quais Ele deve expressar Sua vida, Seu propósito e intenções, produzem as "sementes de morte e decadência" que caracterizam a nossa evolução planetária nos quatro reinos da natureza. Elas criam obstáculos, obstruções e dificuldades, com as quais a alma em todas as formas criadas ainda devem lutar, ganhando força e compreensão neste processo, e final liberação.

Estas têm sido as duas principais causas planetárias. Elas não podem impedir definitivamente a alma de se emancipar, mas podem e certamente dificultam e atrasam. Não faz sentido para os homens especularem sobre estas hipóteses com seu atual equipamento e tipo de cérebro inadequado. Nada seria conseguido e vocês não ganhariam nada com isto.

b. Causas Iniciadas Pela Própria Humanidade. Lentamente, passo a passo a humanidade criou e intensificou aquela condição de miragem na consciência, a que chamamos de plano astral. Toda miragem é produzida pelo encontro de uma ou mais correntes de energia, que produzem o redemoinho temporário de energias e, do ângulo do homem - o observador e participante - produz uma condição de treva, um estado de confusão que torna a escolha clara e a correta discriminação difíceis e, nos estágios iniciais, impossível. Ela cria uma aura que atualmente é de tal natureza geral e tão envolvente, que todas as pessoas, falando figurativamente, estão imersas nela. Esta aura, na infância da humanidade, só envolvia as pessoas mais avançadas. Para que compreendam o que quero dizer com isto, chamo a sua atenção para o fato que as pessoas com muito pouca inteligência, aqueles que estão entre os tipos humanos mais baixos, e aqueles que são pouco mais que animais ativos, governados primordialmente pelos instintos, são aptos a lidar de forma muito simples e sem rodeios, com os fatos da existência com os quais eles se defrontam, e que para eles são de suprema ou única importância - os fatos da fome, do nascimento e da morte, da autoproteção e perpetuação. Existe pouca miragem real em suas reações à vida e ao viver, e sua simplicidade, como a da criança, os salva e protege de muitos males sutis. Suas emoções não são sutis e suas mentes não despertaram. Mas, com o desenvolvimento da humanidade, os níveis mais elevados da consciência racial tornaram-se mais sutis, o fator da mente lentamente tornou-se mais ativo e então a miragem e a ilusão desenvolveram-se muito rapidamente.

As primeiras indicações da miragem apareceram quando os discípulos e aspirantes do mundo Lemuriano (cujo problema era a correta compreensão, funcionamento e controle do corpo físico) começaram a se diferenciar entre eles próprios, como seres autoconscientes, e as forças físicas e vitais. Aquilo imediatamente provocou uma tremenda atividade no centro laríngeo, que é o aspecto superior do centro sacro (o centro do sexo), e assim levou à miragem inicial e ao primeiro reconhecimento definitivo e consideração do impulso sexual, da atração sexual, e - para o iniciado daquele período - da necessária transmutação do sexo. Isto ocorreu paralelamente com a primeira Ioga, ou o culto do corpo físico, com o objetivo de seu controle pela alma, e a fusão consequente do consciente e do subconsciente.

As primeiras nuvens e névoas de miragem puderam ser vistas acumulando-se então ao redor dos aspirantes daquele tempo, ainda que a ilusão não estivesse presente. O primeiro reconhecimento do plano das emoções, do plano astral, foi evocado na consciência dos grupos em preparação para a primeira iniciação, que era a mais alta iniciação possível naquela época. A razão para este lento emergir da consciência astral no aspirante polarizado fisicamente daquela época, foi devido ao fato que um dos segredos da iniciação consiste na correta compreensão e uso da consciência, de que é ciente e capaz de funcionar, num plano acima daquele em que a humanidade, como um todo, está vivendo a qualquer momento. Portando, nos tempos lemurianos, o homem centrado fisicamente que estava à beira da admissão ao Caminho, estava ciente:

1. Da dualidade física onde sua consciência estava acostumada a funcionar normalmente, e do conflito entre o corpo físico per se e o corpo vital.

2. Da consciência superior levemente sentida, que era distinguida pela qualidade e sensibilidade. Isto era tudo o que ele podia contatar naquele plano muito familiar atualmente, o plano astral.

3. Do sentido crescente de autoidentidade, que era a alma, ou o ego, despertando, o Mestre que iria levá-lo para fora da consciência puramente física até o próximo estágio divino, a consciência astral. Não se esqueçam, pela familiaridade e cansaço do conflito, da divindade de cada passo do desenvolvimento.

Portanto, será óbvio para vocês, se o exposto acima for um fato verdadeiro, que a miragem surgiu do reconhecimento destes fatores na consciência, e foi o resultado das reações do homem às complexidades de sua própria constituição e da energia de sua própria alma.

Com o passar do tempo, toda a família humana tornou-se ciente do novo dualismo emergente existindo entre a constituição física e o plano astral, acrescido da atividade do centro dentro de si mesmo, que naquele estágio apareceu como consciência, e inata - e naquela época destituída de razão - compreensão de um impulso para uma vida superior ou uma tendência para uma atividade inferior. Esta consciência nebulosa tornou-se finalmente aquilo que chamamos a Voz da Consciência. Quando isto ocorreu, a complexidade e a dificuldade da vida foi grandemente aumentada e a miragem amplamente estabelecida na Terra. Foi aquilo que envolveu e superenfatizou o inferior às expensas do superior, e serviu para desviar a atenção do aspirante para longe da realidade. Gostaria de enfatizar, mais uma vez, que naquele estágio inicial, a miragem só era evocada e reconhecida pelas pessoas e evoluídas da época.

Eventualmente a raça lemuriana cedeu lugar, lentamente, à raça atlante. Durante os milhões de anos em que esta raça floresceu na Terra, houve um número de pessoas com a consciência lemuriana florescendo ao mesmo tempo, da mesma forma como atualmente nesta moderna raça Ariana, existem muitos milhões de pessoas que expressam a consciência atlante, e estão polarizados nos seus corpos astrais, vítimas da emoção e da miragem consequente.

Na raça atlante, a dualidade física foi então resolvida, e o corpo físico e o corpo etérico constituíram uma unidade, o que na pessoa saudável ainda ocorre. O senso de dualidade mudou então para um crescente reconhecimento do conflito no campo da qualidade e no campo do que atualmente chamamos de "pares de opostos" - bem e mal, dor e prazer, certo e errado, e a multiplicidade de opostos com os quais o aspirante se defronta hoje em dia.

Cada uma destas histórias raciais indica o estabelecimento de um senso de união temporário nos estágios iniciais, quando a divisão anterior havia cicatrizado e a dualidade inicial tinha sido resolvida numa unidade. Aparece, então, um reconhecimento crescente de um novo campo de escolha, baseado na emergência de valores superiores e, finalmente, um período de conflito na consciência do indivíduo e da humanidade como um todo, à medida que é feita a tentativa de resolver esta dualidade superior com a qual o homem ou a humanidade se confronta.

Esta resolução ocorre quando um aspecto superior da consciência é levemente visualizado, e os homens se tornam conscientes de si mesmos como seres mentais. Existe então uma demanda crescente para que aquela natureza mental seja desenvolvida e utilizada no esforço de solucionar o problema nesta categoria de opostos no plano astral.

Ao mesmo tempo o senso de autoidentidade ou a consciência do "Eu Sou", cresce constantemente, e o iniciado da época enfrenta o esforço de se livrar do emaranhado dos sentidos no plano astral, da densa miragem na qual sua percepção sensorial o lançou, e para estabelecer a sua liberdade pelo completo controle do seu corpo astral. Isto ele consegue finalmente, desenvolvendo o poder de passar entre os pares de opostos sem ser afetado por nenhum, e deixando-os então para traz. Ele consegue isto usando a mente como um distribuidor de luz que revela o "caminho do meio" e que dissipa a miragem com seu brilho e esplendor.

Esta miragem vem aumentando e se intensificando constantemente à medida que um número maior de pessoas consegue resolver a ruptura física inicial, e se tornam centradas na consciência astral. Atualmente, a magnitude desta miragem e o sucesso do processo evolucionário são tais, que a humanidade como um todo está vagando nas névoas e miasmas do mundo da consciência dos sentidos. Quando uso a palavra "sentido", não me refiro ao aparelho sensorial do sistema nervoso físico, mas à conscientização do sentido do Ego que está atualmente tão imersa na miragem, que a maioria dos homens está inteiramente identificada com o mundo de sentimento, de qualidade, de relações sentimentais e de reações emocionais, com o seu gostar e não gostar, e sua autocomiseração dominante. A autocomiseração é uma das principais miragens do homem avançado e sensível. São as pessoas desenvolvidas que mais contribuem para a miragem mundial. A principal miragem é a reação do aspirante à verdade, à realidade, quando pela primeira vez vem a saber o que existe além do plano astral. Ele interpreta tudo o que sente e vê ali, em termos de miragem, de compreensão emocional, de um fanatismo sentimental. Ele se esquece que a verdade jaz muito além do mundo dos sentimentos, não afetada por ele, e só pode ser sentida na sua pureza quando o sentimento é transcendido e transmutado. A segunda maior miragem é a autocomiseração.

O mundo atualmente está dividido em três grupos, todos os quais estão sujeitos a algumas fases da miragem:

1. Aqueles que são atlantes em sua consciência e são, portanto, completamente fascinados por:

a. Aquilo que é material e é desejável.

b. Aquilo que eles sentem em todos os relacionamentos.

c. Aquilo que eles acreditam ser ideal, ser verdadeiro ou justo, baseado em suas reações aos pensadores da atualidade, mas que eles próprios não compreendem mentalmente.

d. Aquilo que eles demandam de beleza e de conforto emocional.

e. Aquilo que lhes traz conforto espiritual no campo da religião e do desejo religioso. Notem a expressão.

2. Aqueles que são mais definitivamente arianos em sua consciência. Isto quer dizer que o fator mental está despertando e, portanto, constitui uma dificuldade, e que às ilusões do plano mental são agora acrescentadas as miragens do plano astral. Estas ilusões são de natureza teórica e intelectual.

3. Um grupo de pessoas que estão saindo da miragem e da ilusão, e que são sensíveis à Voz do Silêncio, e às demandas da alma.

A complexidade do problema psicológico moderno está no fato de que nossa raça - e época - vê a síntese de todas as miragens e o aparecimento das ilusões do plano mental. Atualmente existem aspirantes em todos os estágios de desenvolvimento, e encontramos multidões recapitulando os diferentes passos do caminho evolucionário, com a mais baixa camada da raça humana definitivamente Lemuriana em suas consciências, apesar de relativamente pouco numerosos.

A ilusão está crescendo rapidamente à medida que o poder mental da humanidade se desenvolve, porque a ilusão significa sucumbir aos poderosos pensamentos-forma que os pensadores da época e da idade imediatamente precedente formularam, e que no momento da sua criação constituíam a esperança da humanidade. Eles encarnavam então as ideias novas e emergentes, por meio das quais a humanidade estava fadada a progredir. Estas formas quando velhas e cristalizadas, tornam-se uma ameaça e um obstáculo à expansão da vida. A compreensão dos problemas da ilusão só virá daqui a alguns séculos, quando a humanidade houver abandonado a miragem, quando houverem poucas pessoas de mentalidade atlante no planeta, e quando não houver mais ninguém com a consciência lemuriana. No entanto, com o prosseguimento da evolução, as coisas estão muito aceleradas, e a era em que a humanidade será predominantemente distinguida pela consciência Ariana não está tão longe como se poderia imaginar. Não falo em termos da raça ariana, como é geralmente entendida atualmente, nem em suas implicações Nórdicas.

Raça Dualidade Problema Método Objetivo
Lemuriana Força Física versus
Energia Vital
Maya Controle astral
Hatha Ioga:
Aspirantes
Laya loga:
Discípulos
1ª. Iniciação
Inspiração
Atlante Os Pares de Opostos
Qualidades Sensibilidade
Miragem Controle mental
Bhakti Ioga:
Aspirantes
Raja Ioga:
Discípulos
2ª. Iniciação
Iluminação
Ariana Morador do Umbral
Anjo da Presença
Ilusão Controle da alma
Raja Ioga:
Aspirantes
Agni Ioga:
Discípulos
3ª. Iniciação
Intuição

c. Causas Iniciadas Pelo Indivíduo. Se vocês estudaram todo o material acima com o devido cuidado, entenderão que o homem individual já encarna em desvantagem pela miragem existente, de uma origem muito antiga , e absolutamente além do seu poder de controle, neste estágio. Ela é muito poderosa. Uso o termo "desvantagem" na falta de um melhor. Gostaria, no entanto, de indicar que o verdadeiro significado da situação ocorre pelo fato de que estas condições oferecem a oportunidade para o homem evocar a compreensão e ponto de vista da alma, porque elas oferecem os meios pelos quais se ganha experiência. Esta experiência levará a alma a assumir, finalmente, o controle do mecanismo, a personalidade, e dando assim para a alma um campo definido de serviço. Os veículos através dos quais a alma está procurando experiência e expressão são normal e naturalmente sujeitos às miragens do mundo e às miragens da humanidade, bem como à ilusão. Quando a alma, nos estágios iniciais da experiência, cai nas garras de maya, da miragem e eventualmente da ilusão, a razão é que a alma está se identificando com aquelas formas, e portanto com a miragem circundante, e assim fracassando em alcançar a identificação consigo mesma. Com a continuação da evolução, a natureza do problema torna-se aparente para a alma em encarnação, e um processo é instituído então, pelo qual a alma se liberta dos resultados da identificação errônea. Cada alma encarnada que consegue libertar sua consciência do mundo da ilusão e da miragem está definitivamente servindo à humanidade e ajudando a libertar a humanidade deste antigo e poderoso cativeiro.

Mas deve-se ter em mente que quando um homem se aproxima do estágio de consciência em que tanto o corpo astral como o corpo mental estão ativos e em funcionamento, ele próprio se torna produtor de miragem. Ele luta com forças internas e no mundo que vive, e a crescente potência de energia da alma entrante (que entra em conflito com as forças da personalidade) gradualmente produz à sua volta um campo de miragem e um cerco de ilusão que põe em plena atuação essa terceira categoria de miragem.

Estas miragens dependem da expressão das diferentes forças que constituem a natureza inferior do homem, da qual ele está se tornando rapidamente consciente, e que passam através de estágios de emergência ao reconhecimento, do poder da expressão e da violência no conflito, até que a alma batalhadora sente-se - como o fez Arjuna - entre as duas forças opostas (força da personalidade e energia da alma) e se pergunte:

1. O que é correto, isto ou aquilo?

2. Como eu posso distinguir onde se encontra o meu dever ou a minha responsabilidade?

3. Como posso escapar desta situação confusa?

4. Como posso exercitar o controle do Guerreiro para que os dois grupos de forças que amo possam ser resolvidas numa unidade?

5. Como posso achar uma saída para este impasse?

6. Por que devo ferir aquilo que amo e por meio do qual me expressei por tanto tempo?

7. Como posso tornar-me consciente daquela iluminação mental que vai revelar o "caminho do meio" entre os pares de opostos?

8. Como posso ver Deus? Ou pelo menos, a forma de Deus?

Muitas perguntas do gênero surgem na mente do aspirante. Elas indicam dilema, confusão, um entendimento da miragem existente, um estágio de ilusão e uma condição de impotência. Contra o discípulo estão lutando todas as forças de sua própria natureza e também aquelas da humanidade como um todo, e do estado planetário. Ele se sente incapaz, inerte, fraco e sem esperança. Ele nem mesmo pode ver uma saída. Só um fato permanece claro, e este é o fato da Alma, da Identidade imortal, o Guerreiro por trás dos bastidores, o Cocheiro, Krishna, o Cristo interno.

O Bhagavad Gita pode ser lido inteiramente do ponto de vista do combate do guerreiro com a miragem, e os estudantes deveriam ser aconselhados a estuda-lo.

As miragens individuais de que o discípulo se torna ciente são consequentemente de cinco tipos de forças. Estas, quando ativadas simultaneamente, produzem aquelas miragens que são estritamente iniciadas e produzidas pelo próprio homem. Elas são:

1. As forças da sua própria natureza física densa e do seu corpo vital que mais tarde, funcionando através da natureza física densa, produzem a condição de maya ou de energia sem controle.

2. As forças da natureza astral, baseadas no desejo e na sensibilidade. Estas, neste estágio, caem em dois grupos que chamamos de pares de opostos. Seu poder está se acentuando neste período da história do indivíduo, porque o discípulo está polarizado, na maioria dos casos, no seu corpo astral e está, portanto, sujeito às miragens produzidas pela interação dos opostos, além da condição de maya, referida anteriormente.

3. As forças da natureza mental inferior de "chitta" ou a matéria mental de que se compõe o corpo mental. Esta é colorida pela atividade passada, como é a substância que compõe todos os veículos. Isto acrescenta o estado de ilusão a maya e à miragem.

4. O raio da personalidade emerge então, e intensifica todos estes três aspectos de expressão da força, produzindo afinal seu trabalho sintético. Temos então o aparecimento do que é chamado "a condição de miragem tríplice", na forma de uma miragem principal.

5. Enquanto isto, o raio ou energia da alma está constantemente aumentando a sua potência rítmica e procurando impor seu propósito e vontade sobre a personalidade. É a relação unida e a interação entre estas duas que - quando é alcançado um ponto de equilíbrio - leva o homem ao Caminho Probatório, ao Caminho do Discipulado e até o portal da iniciação. Aguardando diante do Portal, ele reconhece a dualidade final à espera de resolução. O Morador do Umbral e o Anjo da PRESENÇA.

A natureza destas miragens difere com diferentes pessoas, porque a qualidade do raio determina o tipo de miragem ou de ilusão que ele vai criar com mais facilidade. Os discípulos têm que aprender a diferenciar entre:

1. As miragens ou miragem já existentes em seu ambiente, para as quais ele será facilmente atraído, ou que ele facilmente atrairá, porque elas constituem a linha de menor resistência.

2. A miragem que ele cria à medida que ele abraça a vida por meio de um equipamento particular, que é colorido pelas experiências de encarnações passadas e pela qualidade do raio sob a qual ele veio à existência.

Este assunto é tão intrincado que de nada adiantará entrar em detalhes particulares. Posso indicar as principais miragens (e sob este termo incluo as várias ilusões e maya) às quais os tipos de raios predispõem o homem. Se então aplicá-las aos três veículos de manifestação, bem como a personalidade e à alma, vocês verão como o problema e complicado. No entanto, lembre-se disto, meu irmão:

A questão é segura e determinada, pois, neste sistema solar, o triunfo da alma e seu domínio e controle final é uma conclusão certa, não importando o tamanho da miragem e quão dura a luta. Portanto, a consideração (pelo aspirante) da influência do seu raio é um dos primeiros passos em direção ao entendimento da natureza do seu problema e o método de libertação. A psicologia do futuro vai chamar atenção para a descoberta dos dois raios que governam a alma e a personalidade. Tendo feito isto através do estudo do tipo físico, das reações emocionais e tendências mentais, a atenção será então dirigida à descoberta dos raios que governam os veículos especializados. Quando estes cinco raios (egoico, personalidade, físico, astral e mental) tiverem sido aproximadamente discernidos, então os seguintes fatores deverão ser considerados:

1. A natureza, qualidade e estabilidade do sistema glandular.

2. O ponto alcançado na evolução. Isto será feito por um estudo cuidadoso dos centros, das glândulas e suas relações mútuas.

3. O reconhecimento dos pontos de divisão ou de ruptura que existem na personalidade. Estes podem ser:

a. Entre os corpos etérico e físico, resultando numa falta de vitalidade, fraqueza física, obsessão e muitas formas de dificuldade.

b. No corpo astral sensível, levando a um grande número de problemas e dificuldades psicológicas, baseadas na extrema sensibilidade, reação à miragem no ambiente, tendências inatas à miragem no equipamento ou resultando da sensibilidade às miragens de outras pessoas.

c. No corpo mental, impondo ilusões mentais de muitos tipos, tais como o controle pelos pensamentos-forma autogerados, sensibilidade aos pensamentos-forma de qualquer escola existente no mundo, na nação ou no ambiente as ideias fixas, senso do dramático ou da importância ou uma fixação fanática a grupos de ideias herdadas do passado, ou reações mentais de uma natureza puramente pessoal.

d. Entre qualquer destes grupos de forças que chamamos de corpos:

Entre os corpos etérico e astral.
Entre os corpos astral e mental.

Existe, por exemplo, uma correspondência definida entre a condição de negatividade à vida no plano físico, que é o resultado de uma falta de integração entre os corpos físico e etérico, e aquela falta de interesse e aquele fracasso ao enfrentar a vida no plano físico, que o pensador nos níveis abstratos evidencia tão frequentemente. Ambos os grupos não conseguem fazer uma manifestação definitiva e decisiva no plano físico, ambos fracassam em lidar com os problemas da vida no plano físico de uma forma clara e satisfatória, ambos não são positivos fisicamente, mas as causas produzindo estas condições relativamente similares são totalmente diferentes - ainda que semelhantes em seus efeitos.

4. A compreensão do Caminho da Vida para um indivíduo, pelo estudo de suas indicações astrológicas. É necessário, neste particular, encarar o signo do sol no qual o homem nasce, como indicativo das tendências de sua personalidade, encarnando as características que ele herdou do passado, mas interpretar o signo ascendente como trazendo as indicações da forma que a alma do homem quer que ele caminhe.

Muitos outros fatores merecem atenção cuidadosa. O problema do individuo é complicado por certas tendências herdadas da natureza da família, da nação e da raça. Estas afetam poderosamente o corpo físico em ambos os seus aspectos, produzindo miragens de muitos tipos. Ele também é afetado por certas ideias herdadas, que são a encarnação de pensamentos-forma de enfoques para a verdade da família, nação e humanidade. Estes produzem ilusões poderosas às quais o homem individual facilmente sucumbe. Existem também forças fluindo do signo sob o qual o sol pode estar passando, tais como as condições encontradas atualmente no mundo, devido ao fato que o nosso sol está passando para um novo signo do zodíaco. Portanto, novas e poderosas energias estão afetando a humanidade, produzindo efeitos em todos os três corpos. Elas estão evocando miragens na natureza emocional e ilusões na natureza mental. Aqueles que são facilmente sujeitos à miragem tornam-se conscientes agora de um dualismo enfático. O assunto, como você está vendo, é vasto, e esta ciência das influências psicológicas e os resultados de seu impacto no mecanismo humano ainda está na sua infância. Indiquei, no entanto, o suficiente para despertar o interesse e para iniciar pesquisas neste novo campo de atividade psicológica.

Retomando à consideração das muitas miragens que são produzidas e relacionadas aos diferentes tipos de raios:

RAIO I

A miragem da força física.
A miragem do magnetismo pessoal.
A miragem da autocentralização e poder pessoal.
A miragem "daquele no centro".
A miragem da ambição pessoal egoísta.
A miragem de governo, de ditadura e de extenso controle.
A miragem do complexo de Messias no campo político.
A miragem do destino egoísta, da cobrança do direito divino dos reis.
A miragem da destruição.
A miragem do isolamento, da solidão, do afastamento.
A miragem da vontade superimposta - sobre outros e sobre grupos.

RAIO II

A miragem do amor de ser amado.
A miragem da popularidade.
A miragem da sabedoria pessoal.
A miragem da responsabilidade egoísta.
A miragem da compreensão tão completa que nega a reta ação.
A miragem da autopiedade, uma miragem básica deste raio.
A miragem do complexo de Messias, no mundo da religião e da necessidade mundial.
A miragem do medo, baseada na excessiva sensibilidade.
A miragem do autossacrifício.
A miragem do altruísmo egoísta.
A miragem da autossatisfação.
A miragem do serviço egoísta.

RAIO III

A miragem de estar ocupado.
A miragem de cooperação com o Plano de uma forma individual e não grupal.
A miragem da maquinação ativa.
A miragem do trabalho criativo - sem motivo real.
A miragem das boas intenções, que são basicamente egoístas.
A miragem da "aranha no centro".
A miragem de "Deus na máquina".
A miragem de manipulação tortuosa e contínua.
A miragem da autoimportância, do ponto de vista do conhecimento, da eficiência.

RAIO IV

A miragem da harmonia, dirigida ao conforto e satisfação pessoal.
A miragem da guerra.
A miragem do conflito, com o objetivo de impor a retidão e a paz.
A miragem da percepção artística vaga.
A miragem da percepção psíquica em vez de intuitiva.
A miragem da percepção musical.
A miragem dos pares de opostos, no sentido superior.

RAIO V

A miragem da materialidade, ou ênfase excessiva da forma.
A miragem do intelecto.
A miragem do conhecimento e da definição.
A miragem da segurança, baseada num ponto de vista estreito.
A miragem da forma que esconde a realidade.
A miragem da organização.
A miragem do exterior que esconde o interior.

RAIO VI

A miragem da devoção.
A miragem da fixação em formas ou pessoas.
A miragem do idealismo.
A miragem de lealdade, de credos.
A miragem de resposta emocional.
A miragem de sentimentalidade.
A miragem de interferência.
A miragem dos pares de opostos inferiores
A miragem dos Salvadores e Instrutores Mundiais.
A miragem da visão estreita.
A miragem do fanatismo.

RAIOVII

A miragem do trabalho mágico.
A miragem da relação dos opostos.
A miragem dos poderes subterrâneos.
A miragem daquilo que agrega.
A miragem do corpo físico.
A miragem do misterioso e secreto.
A miragem da magia sexual.
A miragem da manifestação das forças emergentes.

Enumerei aqui muitas miragens. Mas seus títulos são inumeráveis e não cobri exaustivamente todas as possibilidades relacionadas ao campo da miragem.

Um dos grupos com o qual trabalhei tinha certas características e dificuldades, e seria de utilidade se fossem mencionadas aqui.

Este grupo tinha uma história curiosa com relação a outros grupos, porque seus membros mudaram muitas vezes. De cada vez, a pessoa que deixava o grupo tinha participado dele por direito cármico ou velha relação comigo ou com os membros do grupo e tinha, portanto, ganho a oportunidade de participar nesta atividade. Todas às vezes elas falharam e sempre por razões de personalidade. Faltava nelas a compreensão grupal e por estarem definitivamente ocupadas consigo próprias. Não tinham a visão nova e abrangente. Portanto, elas se eliminavam desta atividade inicial da nova era. Estou explicando isto, porque é útil aos discípulos apreenderem o fato, que as relações cármicas não podem ser ignoradas, e que a oportunidade do grupo deve ser oferecida, mesmo que isto retarde o funcionamento do serviço grupal.

Diversos membros do grupo ainda estavam lutando com a miragem, requerendo mais tempo para eles se ajustarem ao seu reconhecimento. A principal tarefa deste grupo era de dissipar parte da miragem universal por uma meditação unida indicada. Alguns dos membros do grupo também estavam enfrentando ou tinham importantes ajustes em suas vidas, e levou algum tempo para o ritmo subjetivo necessário ser estabelecido. Mas todos eles trabalharam com compreensão, perseverança e entusiasmo, e eventualmente o trabalho de grupo foi iniciado.

Seria útil para vocês levarem em consideração as seguintes perguntas:

1. Qual é o método pelo qual as ideias são desenvolvidas, do momento em que são impressas na mente de algum intuitivo? Falando de forma geral, elas passam pelos seguintes estágios, como já indicamos seguidamente:

a. A ideia......baseada na percepção intuitiva.

b. O ideal......baseado na formulação e distribuição mental.

c. O ídolo......baseado na tendência à concretização da manifestação física.

2. Que miragens vocês acham que são particularmente dominantes no mundo atual, e por que?

3. Tenho falado seguidamente do trabalho que este grupo e alguns outros devem fazer para a dissipação da miragem mundial. Vocês têm alguma ideia de como isto deveria ser feito, e o que será exigido de vocês?

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3. Os Contrastes entre as Miragens Superiores e Inferiores.

Na parte anterior desta seção, consideramos (breve e apressadamente) algumas das causas da densa miragem que envolve a humanidade. Desta consideração emergiu claramente que esta miragem é muito antiga, poderosamente organizada, e é a característica dominante do plano astral, como foi o fato das três principais causas de predisposição subsidiárias:

1. As miragens induzidas pela vida planetária e inerentes à própria substância.

2. Aquelas miragens que são iniciadas pela humanidade, como um todo, e intensificadas por um passado de eras eônicas.

3. Miragem engendrada pelo próprio indivíduo, seja no passado, pela participação no mundo da miragem, seja iniciada nesta vida.

A todas essas cada ser humano tende, e por muitas vidas provou-se uma vítima impotente daquilo que mais tarde ele descobre ser errôneo, falso e enganador. Ele aprende, então, que não precisa cair supinamente sob o domínio do passado - astral, emocional e enganador - mas que ele está adequadamente equipado para enfrentá-lo, se ao menos ele soubesse disso, e que existem métodos e técnicas que lhe permitem emergir como conquistador da ilusão, o dissipador da miragem e o mestre de maya. Esta é a revelação inicial, e é quando ele compreende a implicação disto e se decide a dominar a condição indesejável, que chega eventualmente ao reconhecimento de uma dualidade essencial. Por enquanto, isto não é um caso de ilusão. Ele descobre o relacionamento entre ele mesmo como personalidade, o verdadeiro Morador do Umbral, e o Anjo da PRESENÇA - montando guarda ao portal da iniciação. Isto marca um momento crítico na vida do discípulo, porque indica o momento em que ele pode começar a trilhar o Caminho da Iniciação, se ele desejar e tiver a fortaleza requerida.

Em última análise, a subjugação parcial da miragem e escape da completa confusão da ilusão são indicações, para a Hierarquia que observa, que o homem está pronto para o processo de iniciação. Até que ele não mais esteja completamente enganado, e que esteja algo livre mentalmente, não lhe é possível confrontar-se com o Anjo à espera, e passar pelo portal. Gostaria de alerta-los sobre este particular: após passar pelo portal da iniciação, o discípulo retorna de cada vez para assumir de novo suas tarefas nos três mundos de atividade: lá ele representa outra vez os procedimentos anteriores - brevemente e com compreensão - após o que ele prossegue no aprendizado do essencial para a próxima lição de iniciação. Estou colocando aqui uma grande quantidade de informações, em forma muito condensada, mas isto é tudo o que é possível neste ensejo.

Por muito tempo, o senso de dualismo penetra no ser do discípulo fazendo com que sua vida pareça ser um conflito sem fim entre os pares de opostos. A batalha dos contrários está ocorrendo conscientemente na vida do discípulo. Ele alterna entre as experiências do passado e uma lembrança da experiência da iniciação pela qual ele passou, com ênfase, em primeiro lugar, nas experiências anteriores; mais tarde, na experiência final, que está colorindo tão profundamente a sua vida interior. Ele tem momentos prolongados em que ele é o discípulo confuso lutando com a miragem e breves momentos em que ele é o iniciado triunfante. Ele descobre em si as fontes da miragem e da ilusão, e a atração de maya, até que chega o momento quando, outra vez, ele se apresenta diante do portal e confronta-se com as principais dualidades em seu pequeno cosmos particular - o Morador e o Anjo. Inicialmente ele teme o Anjo e se apavora com a luz que flui da postura do Anjo, porque ela mostra a viva realidade da natureza do Guardião, que é ele mesmo. Ele sente, como nunca antes, a tarefa formidável diante de si, e o verdadeiro significado do empreendimento a que ele se comprometeu. Aos poucos, duas coisas emergem com incrível clareza em sua mente:

1. O significado de sua própria natureza, com seu dualismo essencial.
2. O reconhecimento do relacionamento entre os pares de opostos com que ele, como discípulo, tem que trabalhar.

Uma vez apreendida a relação da principal dualidade inferior (a da personalidade e da alma), ele então está preparado para seguir em frente para a realidade superior, a do Self integrado (personalidade e alma) e sua relação com a PRESENÇA. Nesta afirmação está expressa em poucas palavras concisas, o resultado das três primeiras iniciações e das duas últimas. Pense a este respeito.

Será de muita utilidade, acredito, se eu relatar para seu benefício às várias características contrastantes do homem inteligente e do discípulo, usando a palavra "discípulo" para englobar todos os estágios do desenvolvimento, desde o discípulo aceito até o de Mestre. Não existe nada a não ser a Hierarquia, que é um termo denotando um progresso constante de um estado de ser e de consciência inferior, para um superior. Este é, em cada caso, o estado de consciência de algum Ser, limitado, confinado e controlado pela substância. Você observará que eu disse "substância" e não ''forma'', porque na realidade é a substância que controla o espírito por um longo, muito longo ciclo de expressão; não é a matéria que controla, porque a matéria grosseira é sempre controlada pelas forças que são esotericamente tidas como de natureza etérica e, portanto, como substância e não forma. Lembre-se sempre disto, porque nisto está a indicação para a verdadeira compreensão da natureza inferior.

Vamos estudar, portanto, os contrastes básicos essenciais que o discípulo deve apreender intuitivamente, e com os quais deve se familiarizar. Vamos dividir a nossa apresentação em quatro partes, lidando resumidamente, mas espero que de forma útil, com cada uma:

a. O contraste entre a Ilusão e seu oposto a Intuição
b. O contraste entre a Miragem e seu oposto a Iluminação
c. O contraste entre Maya e seu oposto a Inspiração
d. O contraste entre o Morador do Umbral e seu oposto O Anjo da PRESENÇA

Você compreenderá que isto é um assunto extenso e trata do maior problema do discípulo. Consulte o que já disse a respeito destes quatro aspectos da miragem, estudando com cuidado os vários quadros e tabelas que lhe foram apresentados periodicamente.

a. O Contraste entre Ilusão e Intuição.

Escolhi este como o primeiro contraste a abordar porque deveria constituir-se (ainda que provavelmente não seja) a principal miragem dos membros deste grupo. Infelizmente a miragem emocional ainda domina, e para a maior parte de vocês o segundo contraste, aquele entre miragem e iluminação, pode ser o mais útil e o mais construtivo.

Ilusão é o poder de algum pensamento-forma mental, de algum ideal, e de algum conceito - sentido, apreendido e interpretado em forma mental - para dominar os processos mentais do indivíduo ou da humanidade, e consequentemente produzir a limitação da expressão do indivíduo ou grupo. Estas ideias e conceitos podem ser de três tipos, como você deveria saber:

1. Elas podem ser ideias herdadas, como no caso daqueles que acham tão difícil se ajustarem à nova visão da vida mundial e da ordem social, tal como expressas nas novas ideologias. Eles são poderosamente condicionados pela sua casta, sua tradição e seu ambiente.

2. Elas podem ser as ideias mais modernas que são, em última análise, a reação do pensamento moderno às condições e situações do mundo, e a estas muitos outros aspirantes sentem-se muito inclinados, e com razão, especialmente se vivem no vórtice de força que chamamos de Europa moderna. Estas ideias modernas são transformadas, atualmente, em correntes importantes e ideologias dominantes, e a estas cada pessoa inteligente deve inevitavelmente reagir, ainda que se esqueçam que esta reação é baseada na tradição ou na predisposição nacional ou internacional.

3. Elas podem ser as ideias mais novas, vagamente sentidas, que têm em si o poder de condicionar o futuro, e levar a moderna geração para a luz, para fora da escuridão. Nenhum de vocês sentiu ainda estas novas ideias, ainda que em momentos de meditação profunda e realização espiritual vocês possam, vaga e brevemente, reagir a elas. Aquela reação pode ser real na medida em que condicione, definitivamente, seu serviço ao próximo. Vocês podem reagir corretamente, e fazer isso cada vez mais, se preservarem a integridade de sua alma, e não forem superados pela batalha e a febre do seu ambiente, dentro do seu campo de serviço escolhido.

Uma ilusão mental talvez possa ser descrita como uma ideia encarnada numa forma ideal, que não permita espaço ou escopo para nenhuma outra forma de ideal. Ela impede, portanto, uma habilidade de contatar ideias. O homem é amarrado ao mundo de ideais e de idealismo. Daí ele não pode escapar. Esta ilusão mental cerceia, limita e aprisiona o homem. Uma boa ideia pode, consequentemente, tornar-se uma ilusão com grande facilidade, e significar um fator condicionante desastroso na vida do homem que a registra.

Vocês bem poderiam perguntar aqui se a própria Hierarquia não é condicionada por uma ideia, sendo, portanto, vítima de uma ilusão geral e abarcante. Excluindo o fato de que os Dirigentes da Hierarquia e os Guardiães do Plano jamais terão permissão para se tornarem tais até que estejam livres do incentivo da ilusão, devo lembrar-lhes que todas as ideias fluem para a consciência planetária através do canal dos sete raios. Portanto, a Hierarquia está inteiramente aberta, de qualquer maneira, aos sete grandes grupos de ideias que são a IDÉIA de Deus, em qualquer período de tempo, expressa em sete grandes formas - todas elas igualmente corretas, e servindo às necessidades sétuplas da humanidade. Cada uma destas sete formulações da ideia de Deus tem sua contribuição específica a dar; cada uma é uma ideia verdadeira que tem o seu papel a desempenhar no serviço ao homem ou ao planeta; e cada uma está tão inter-relacionada com as outras seis expressões da mesma ideia divina, funcionando como ideais no plano mental, que não pode haver um estreitamento para uma ideia, com suas ramificações, como acontece entre os homens. Ao menos existe sensibilidade a sete grupos de ideias e seus ideais resultantes e -se não fosse mais que isto - a Hierarquia é, até o momento, fluida e maleável. Mas é muito mais que isto, porque aos membros da Hierarquia, a ideia e seus efeitos não são interpretadas somente em termos de pensamentos-forma humanos e de idealismo humano, mas elas devem também ser contatadas e estudadas em sua relação com a Mente de Deus e com os reinos planetários. Estas ideias advêm e emanam do plano búdico, que é raramente aberto à consciência do discípulo comum, e certamente não está aberto para o contato do idealista comum. Quero alertá-los para o fato de que poucos idealistas estão pessoalmente em contato com a ideia que fez nascer o idealismo. Eles estão em contato somente com a interpretação humana da ideia, como formulada por algum discípulo ou intuitivo - o que é uma coisa muito diferente.

Uma ilusão pode, portanto, ser definida como a consequência de uma ideia (traduzida em ideal) sendo encarada como a apresentação integral, como a história completa ou solução, e como sendo separada e visualizada independentemente de todas outras ideias - tanto de natureza religiosa como completamente não relacionada à religião, aparentemente. Nesta frase encontra-se a história da separação e da inabilidade do homem em relacionar reciprocamente as várias implicações de uma ideia divina. Quando visualizada e apreendida por um enfoque estreito e separativo, ocorre necessariamente uma distorção da verdade e o discípulo ou aspirante inevitavelmente se compromete com um aspecto parcial da realidade ou do Plano e não com a verdade na medida em que ela pode ser revelada, ou com o Plano, como os Membros da Hierarquia o conhecem. Esta ilusão evoca no discípulo ou idealista, uma reação emocional que imediatamente alimenta o desejo, e consequentemente transfere do plano mental para o plano astral; um desejo é, assim, evocado por um ideal parcial e inadequado, e a ideia não pode alcançar sua plena expressão porque seu expoente só vê este ideal parcial como sendo a verdade completa, e não pode, portanto, entender suas implicações sociais, planetárias e cósmicas.
Onde existe um real entendimento da totalidade da ideia (realmente uma coisa muito rara), não pode haver ilusão. A ideia é tão mais ampla do que o idealista, que a humildade o salva da limitação. Onde existe ilusão (o que é usual e comum) e uma vaga reação interpretativa a uma ideia, encontramos fanáticos aparecendo, vagos idealistas, executores sádicos da ideia como entendida, homens e mulheres unidirecionados e estreitos, procurando expressar a SUA interpretação da ideia de Deus, e visionários limitados e paralisados. Tal visão ilusória da realidade e tal apresentação visionária da ideia têm sido tanto o orgulho como a maldição do mundo. Este é um dos fatores que levam o nosso mundo moderno à sua triste condição, e é por este mau uso da faculdade divina de tocar uma ideia e transformá-la num ideal, que o mundo atualmente está sofrendo, - provavelmente inevitavelmente. A imposição destas ideias interpretadas humana e mentalmente na forma de ideologias limitadas teve efeitos dolorosos sobre a humanidade. Os homens precisam aprender a penetrar até a verdadeira ideia que se esconde por traz do seu ideal, e a interpretá-la acuradamente e a luz de sua alma, além de empregar aqueles métodos que tem a garantia e a sanção do AMOR. Por exemplo, não é uma ilusão que a ideia que encontra expressão na declaração que "todos os homens são iguais", seja um fato que deva ser enfatizado. Isto foi encampado pelas pessoas de inclinação democrática. É, na verdade, uma declaração de fato, mas quando uma provisão não é feita para as ideias igualmente importantes da evolução, dos atributos raciais e das características nacionais e religiosas, então a ideia básica recebe somente uma aplicação limitada. Daí os sistemas ideológicos compulsórios de nossos tempos modernos e da atualidade, e o rápido crescimento das ilusões ideológicas que são, no entanto, baseadas numa ideia verdadeira - todas, sem exceção. Também não é ilusão que o desenvolvimento da consciência do Cristo seja o objetivo da família humana, mas quando isto é interpretado em termos de religião autoritária e por aqueles em quem a consciência do Cristo ainda não está desenvolvida, ela se torna simplesmente um conceito bonito e frequentemente um incentivo sádico, entrando imediatamente no mundo da ilusão.

Cito estas duas ilustrações, entre muitas outras possíveis, para que vocês possam entender como as ilusões aparecem, como elas se desenvolvem e como eventualmente devem finalmente desaparecer; assim vocês poderão ter algum padrão de comparação com o qual entender o valor relativo do verdadeiro e do falso, do imediatamente temporal e da eternidade básica do real.

Portanto, será óbvio para vocês que os níveis inferiores ou concretos do plano mental terão adquirido ou acumulado - ao longo do tempo - um grande número de ideias que foram formuladas como ideais, revestidas em matéria mental, nutridas pela vitalidade daqueles que reconheceram o máximo da verdade da ideia que eles eram capazes de expressar, e que deram a estes ideais a ênfase da sua faculdade de elaborar pensamentos-forma e sua atenção direta, que necessariamente implica a energização do ideal formulado limitado, porque - como vocês sabem - a energia segue o pensamento.

Estas formas de pensamento tornam-se objetivos para os quais a realidade subjetiva, o homem, se encaminha e com os quais ele se identifica por um longo período de tempo, nelas se projeta, desta forma vitalizando-as e dando-lhes vida e persistência. Elas se tornam parte dele; elas condicionam suas reações e atividades; elas alimentam sua natureza de desejo e, consequentemente, assumem enorme importância, criando uma barreira (de densidade variável, de acordo com a extensão da identificação) entre o homem encarnado e a realidade que é o seu verdadeiro Ser.

Não é necessário que eu desenvolva estes pensamentos-forma dominantes, e os aspectos da ilusão intelectual e mental. Não quero que vocês pensem, por um momento sequer, que a ideia encarnada, que chamamos um ideal, seja em si mesma uma ilusão. Ela só se torna ilusão quando é considerada como um fim em si mesma, em vez de ser o que ela essencialmente é, um meio para um fim. Um ideal, corretamente entendido e usado, fornece uma ajuda temporária para a consecução da realidade imediata e iminente, que é o objetivo a atingir pelo homem ou pela humanidade, a qualquer momento. A ideia atualmente diante da humanidade é o restabelecimento (numa volta mais alta da espiral) daquele relacionamento espiritual que caracterizava a humanidade na sua infância, em sua condição primitiva. Então, sob a sábia liderança e a atitude paternalista da Hierarquia e dos sacerdotes iniciados da época, os homens sabiam que constituíam uma família - uma família de irmãos - e alcançaram isto por um sentimento e uma percepção sensual desenvolvida. Atualmente, sob o nome de FRATERNIDADE, a mesma ideia está procurando uma forma MENTAL e o estabelecimento de um relacionamento espiritual renovado (a ideia) através do treinamento em relações humanas corretas (o ideal). Este é o objetivo imediato da humanidade.

Este resultado será inevitavelmente alcançado por meio do ciclo da necessidade, pelo qual estamos passando agora, e a ideia vagamente sentida - como resultado da necessidade imperativa - imporá seu ritmo na humanidade, e assim forçará o entendimento do verdadeiro Ser em todos os homens. Se um estudo atento for feito da fundação básica de todas ideologias, sem exceção alguma, será descoberto que esta ideia de relacionamentos integrais (frequentemente distorcidos na apresentação e escondidos por métodos errados), de objetivos espirituais e de atividade fraterna positiva e definitiva, está por traz de cada forma exterior. Usei a situação existente como uma ilustração da ideia tomando forma como o ideal e, veja meu irmão, frequentemente tornando-se o ídolo e o objetivo fanático mal entendido e super enfatizado das massas, sob a direção de algum idealista assumido. Um ideal é uma expressão temporária de uma ideia básica; a intenção não é de tornar-se permanente, mas simplesmente de servir a uma necessidade e indicar uma forma de sair do passado para um futuro mais adequado. Todos os ideais atuais, expressando-se através das ideologias correntes, servirão ao seu propósito e finalmente desaparecerão, como tudo mais desapareceu na história da humanidade, dando lugar afinal, a um relacionamento espiritual reconhecido, a uma comunidade subjetiva, como uma fraternidade definida e expressa. Estes produzirão, quando suficientemente desenvolvidos e compreendidos, uma forma de controle e orientação, e uma espécie de governo que não é possível, nem para os pensadores avançados atuais, de imaginar.

Quando os ideais e conceitos mentais e pensamentos-forma formulados dominarem a mente de um indivíduo, uma raça ou a humanidade em geral, às expensas de toda perspectiva ou visão e ao bloqueio do real, então eles constituirão uma ilusão enquanto controlarem a mente e o método de vida. Eles impedem a livre interação da intuição, com o seu poder real de revelar o futuro imediato; frequentemente excluem em sua expressão o princípio básico do sistema solar, o Amor, pelo controle imposto de algum princípio secundário e temporário; podem portanto, constituir uma "ameaçadora nuvem escura de chuva", que serve para esconder da vista a "nuvem de coisas cognoscíveis" (à qual Patanjali se refere no seu livro final) - aquela nuvem de sabedoria que paira sobre o plano mental inferior, e que pode ser alcançada e usada pelos estudantes e aspirantes, através da interação livre da intuição.

Vamos agora considerar a intuição, que é o oposto da ilusão, lembrando que a ilusão aprisiona o homem no plano mental cercando-o inteiramente com pensamentos-forma feitos pelo homem, impedindo o escape para os reinos superiores de consciência ou para aquele serviço amoroso que deve ser prestado nos mundos inferiores do esforço consciente, manifestado.

O ponto principal que gostaria de enfatizar, é que, a intuição é a fonte ou o concessionário da revelação. Através da intuição, uma compreensão progressiva das expressões de Deus no mundo, e em favor da humanidade, é revelada; através da intuição, a transcendência e imanência de Deus são sequencialmente entendidas, e o homem pode entrar naquele conhecimento puro, naquela razão inspirada, que vão possibilitá-lo a compreender, não somente os processos da natureza em suas cinco expressões divinas, mas também as causas subjacentes destes processos, comprovando serem eles efeitos e não acontecimentos iniciadores; através da intuição o homem chega à experiência do reino de Deus, e descobre a natureza, os tipos de vidas e fenômenos e as características dos Filhos de Deus como Eles chegam à manifestação. Através da intuição, alguns dos planos e propósitos funcionando nos mundos criados da manifestação chegam à sua atenção, e lhe é mostrado de que forma ele e o resto da humanidade podem cooperar e adiantar o propósito divino; através da intuição, as leis da vida espiritual, que são as leis que governam o Próprio Deus, condicionando Shamballa, e guiando a Hierarquia, são levadas progressivamente à sua atenção, à medida que ele se demonstra capaz de apreciá-las e trabalhar com elas.

Quatro tipos de pessoas são sujeitas à revelação pelo despertar da intuição:

1. Aqueles na linha dos salvadores do mundo. Estes alcançam e sentem o plano divino, e estão comprometidos com o serviço e com o trabalho para a salvação da humanidade. Eles se encontram expressando graus diferentes e variados de entendimento, indo desde o homem que procura revelar a divindade em sua própria vida e para o seu pequeno círculo imediato (por meio das mudanças e efeitos ocorridos em sua vida pessoal), até aqueles grandes Intuitivos e Salvadores do mundo, tais como o Cristo. O primeiro é motivado, provavelmente, por alguma crise intuitiva que o remodelou inteiramente, dando-lhe um novo senso de valores; o último pode, à vontade, ascender ao mundo da percepção e valores intuitivos, e ali descobrir a vontade de Deus e uma ampla visão do Plano. Estes grandes Representantes da Deidade têm livre acesso à Cidade Sagrada (Shamballa) e à Nova Jerusalém (a Hierarquia). Eles são, portanto, únicos em seus contatos, e houve poucos Deles até agora.

2. Aqueles que estão na linha dos profetas. Estes atingem o Plano em momentos de alta intuição, e sabem o que vai ocorrer no futuro imediato. Não me refiro aqui aos profetas hebreus, tão conhecidos no Ocidente, mas a todos que veem claramente o que deveria ser feito para tirar a humanidade da escuridão para a luz, partindo da situação como ela é, e vendo o futuro da consumação divina. Eles têm uma visão clara em suas mentes, daquilo que é possível realizar, e o poder de indicar isto aos povos de sua época. Eles englobam necessariamente todo o leque, desde aqueles que têm uma visão relativamente clara do quadro e dos objetivos cósmicos, até aqueles que simplesmente veem o próximo passo para a humanidade ou a nação. Isaias e Ezequiel são os dois únicos dos profetas hebreus que tinham visão verdadeiramente profética e cósmica. Os outros eram homens simples, mas inteligentes, que a partir da análise e dedução avaliaram o futuro imediato e indicaram possibilidades imediatas. Eles não tinham revelação intuitiva direta. No Novo Testamento, João, o discípulo amado, teve o privilégio de obter uma imagem cósmica e uma verdadeira visão profética que ele encarnou no Apocalipse, mas ele é o único que conseguiu porque amou tão profundamente, tão sabiamente e tão inclusivamente. Sua intuição foi evocada através da profundidade e intensidade de seu amor - como foi em seu Mestre, o Cristo.

3 - Aqueles que são os verdadeiros sacerdotes. Eles são sacerdotes por vocação espiritual e não por escolha. É a incompreensão da província e dos deveres de um sacerdote que levou todas as Igrejas (no Oriente e no Ocidente) à sua desastrosa posição autoritária. O amor de Deus, e o verdadeiro incentivo espiritual que reconhece Deus imanente em toda a natureza e expressando peculiarmente essa divindade no homem, está faltando na maior parte do sacerdócio em todas as religiões do mundo. O amor não é o guia, o indicador e o intérprete. Daí o dogmatismo do teólogo, suas ridículas e profundas garantias de interpretação correta, e sua crueldade muitas vezes, encoberta por sua pretensão de princípios corretos e boas intenções. Mas o verdadeiro sacerdote existe e é encontrado em todas as religiões. Ele é amigo e irmão de todos e, porque ama profundamente, a sabedoria é dele e (se for do tipo mental e treinado) sua intuição é despertada e a revelação é sua recompensa. Pondere sobre isso. O verdadeiro sacerdote é raro e não se encontra apenas nas chamadas "ordens sagradas".

4 - Aqueles que são os místicos práticos ou ocultistas. Estes, em virtude de uma vida disciplinada, uma aspiração ardente e um intelecto treinado, conseguiram evocar a intuição e estão, portanto, pessoalmente em contato com a verdadeira fonte da sabedoria divina. Isso é sua função interpretar e formular em sistemas temporários de conhecimento. Existem muitos assim, trabalhando pacientemente hoje no mundo, não reconhecidos e não procurados pelos irracionais. A necessidade deles hoje é "reunir-se" nesta hora de necessidade do mundo e assim deixar sua voz ser ouvida claramente. Essas pessoas estão resolvendo o senso de dualidade em uma unidade conhecida, e sua preocupação com a realidade e seu profundo amor pela humanidade liberaram a intuição. Quando essa liberação ocorre, nenhuma barreira é sentida e o verdadeiro conhecimento como resultado da sabedoria revelada é o dom que essas pessoas têm, para dar à sua raça e tempo.

Esses são os quatro grupos que estão trocando a ilusão pela intuição. Esta é a resolução inicial dos pares de opostos, pois não há tal resolução sem o auxílio do intelecto, porque o intelecto - através da análise, discriminação e raciocínio correto - indica o que deve ser feito.

b. O Contraste entre Miragem e Iluminação

Um dos símbolos mais adequados pelos quais se pode obter alguma imagem da natureza da miragem é retratar o plano astral em três de seus níveis (o segundo, terceiro e quarto, contando de cima para baixo) como uma terra envolta em uma névoa espessa de densidades variadas. A luz comum do homem comum, semelhante aos faróis de um carro e seu brilho autossuficiente, serve apenas para intensificar o problema e não consegue penetrar nas brumas e na neblina. Ele simplesmente o coloca em relevo para que sua densidade e seus efeitos de dissuasão se tornem mais aparentes. A condição de neblina é revelada - mas isso é tudo. Assim é no plano astral em relação à miragem; a luz que está no homem, autoinduzida e autogerada, nunca consegue penetrar ou dissipar a escuridão e as nebulosas condições miasmáticas. A única luz que pode dissipar as névoas da miragem e livrar a vida de seus efeitos nocivos é a da alma, que - como um puro raio dissipador - possui a curiosa e única qualidade da revelação, da dissipação imediata e da iluminação. A revelação concedida é diferente daquela da intuição, pois é a revelação daquilo que a miragem vela e oculta, que é uma revelação exclusiva do plano astral e condicionada por suas leis. Esta utilização particular da luz da alma toma a forma de uma concentração focalizada da luz (emanando da alma, através da mente) sobre o estado de miragem – particular ou específico, ou geral e mundial – de modo que a natureza da miragem seja revelada, sua qualidade e base são descobertas, e seu poder é encerrado por um período constante e prolongado de concentração que é dado para dissipar a situação.

Em nossa próxima secção vamos tratar em detalhe da técnica deste uso científico da luz e portanto, não vou abordar este tema aqui. Só abordarei o tanto que for necessário para permitir que vocês, como um grupo, comecem o trabalho há muito esperado, com relação ao problema de dispersar a miragem mundial atual - ao menos em alguns de seus aspectos. Não estou definindo a miragem, neste ensejo, ou dando a vocês exemplos de suas atividades, como fiz no caso da ilusão e de seu contraste correspondente, a intuição, porque esgotamos o assunto na sessão imediatamente precedente, e vocês só precisam voltar àquela secção para ler tudo o que poderia apresentar-lhes aqui.

Vou, no entanto, definir brevemente a iluminação, alertando para terem em mente que não estamos tratando aqui da iluminação que revela a Realidade, ou a natureza da alma, ou que torna o reino das almas claro para a sua visão, mas daquela forma de iluminação que é enviada pela alma ao mundo do plano astral. Isto envolve o uso consciente da luz, primeiramente como uma lanterna girando no horizonte astral e localizando a miragem que está causando o problema, e em segundo lugar, como uma distribuição focalizada de luz, voltada intencionalmente sobre aquela área do plano astral, onde se propõe fazer algum esforço para dissipar o nevoeiro e as brumas ali concentrados.

Algumas premissas básicas são, portanto, requeridas e estas poderiam ser apresentadas como segue:

1. A qualidade e principal característica da alma é a luz. Portanto, se aquela luz é para ser usada e aquela qualidade expressa pelo discípulo e operador, ele deve, antes de mais nada, alcançar um contato reconhecido com a alma através da meditação.

2. A qualidade do plano astral - sua principal característica - é a miragem. É o campo onde a grande batalha dos pares de opostos deve ser travada, pois eles são a expressão do antigo desejo, de um lado - fascinante, enganador e falso - e de outro, elevada aspiração espiritual por aquilo que é real e verdadeiro. Devemos lembrar que o desejo astral, emoções egoístas e erradas e reações astrais aos fatos da vida diária não são naturais da alma, e constituem eventualmente uma condição que serve para revelar com sucesso a verdadeira natureza do homem espiritual.

3. Uma relação deve então ser estabelecida entre a alma e o plano astral, via corpo astral do discípulo. Este corpo astral deve ser encarado por ele como o único instrumento com que sua alma pode contatar aquele nível de expressão - mesmo sendo temporário e impermanente. O discípulo deve, portanto, estabelecer contato com a alma e fazer isto conscientemente e com a ênfase necessária e assim levar a luz da alma ao seu próprio corpo astral, aprender a focalizá-lo no centro do plexo solar e, neste nível de realização, prosseguir trabalhando no plano astral na árdua tarefa de dispersar a miragem.

4. Quando esta linha de contato estiver estabelecida e a alma, o corpo astral e o plano astral tiverem sido então intimamente relacionados, o discípulo deve levar a luz focalizada do plexo solar (onde foi temporariamente localizada) para o centro do coração. Ele deve mantê-la firmemente ali, e trabalhar consistentemente e com perseverança, daquele centro mais elevado. Aproveito para apresentar, neste particular, a tradução de uma antiga instrução para os discípulos, que pode ser encontrada nos Arquivos da Hierarquia e que se refere a este processo particular. Estou apresentando para vocês uma breve e de certa forma inadequada tradução desta antiga escrita simbólica:

"O discípulo fica de pé, e de costas para o nevoeiro da miragem, olha para Oriente de onde a luz deve brilhar. Em seu coração ele junta toda a luz disponível, e desta posição de poder a luz jorra do meio de suas omoplatas."

5. O discípulo deve abandonar todo senso de tensão ou de esforço e deve aprender a trabalhar com pura fé e amor. Quanto menos ele sentir e se preocupar com seus próprios sentimentos ou senso de realização, ou de não realização, o mais provável será que o trabalho prossiga de forma efetiva, e a miragem será lentamente dissipada. Não há pressa para este trabalho. Aquilo que é muito antigo pode ser imediatamente dispersado, não importa quão boa seja a intenção ou quão perfeita a compreensão da técnica necessária.

Que fique bem claro para vocês que há elementos de perigo neste trabalho. A menos que os membros do grupo sejam muito atentos, e que cultivem o hábito da observação cuidadosa, eles podem sofrer um estímulo excessivo no plexo solar, até o momento em que tenham dominado o processo de transferir rapidamente a luz da alma, focalizada no plexo solar, e a luz inata do corpo astral, que se encontra localizada também naquele plexo, para o centro cardíaco entre as omoplatas. Assim sendo, quero prevenir cada um de vocês para prosseguir com a máximo cuidado, e lembro que se algum de vocês sofrer de.qualquer distúrbio do plexo solar, ou verificar em si próprio algum aumento de instabilidade emocional, que não fique excessivamente perturbado. Sugiro que encarem o fenômeno da perturbação simplesmente como uma dificuldade temporária, incidental ao serviço que estão procurando prestar. Se vocês prestarem uma atenção inteligente ao assunto, e nada mais, recusando-se a ficar aflito ou perturbado, nada de mal resultará.

Com relação ao trabalho grupal, antecipado segundo estas linhas, prossigam com sua meditação grupal como indicado em outro lugar (Discipulado na Nova Era, Volume I, página 61), e então - quando vocês tiverem chegado ao Estágio III na meditação grupal - vocês vão trabalhar juntos da seguinte forma:

1. Tendo se conectado com todos os seus irmãos de grupo, então conscientemente executem todas as sugestões dadas simbolicamente nas antigas escrituras, que traduzi acima para vocês:

a. Faça a conexão consciente com sua alma, entendendo que esta conexão é uma realidade.

b. A seguir leve a luz da alma, através do poder da imaginação criativa, diretamente para o seu corpo astral, e de lá para o centro do plexo solar - que é a linha de menor resistência.

c. A seguir transfira a luz da alma e a luz inata do corpo astral, do centro do plexo solar para o centro cardíaco, por um ato definido de vontade.

2. Então, imagine-se de costas para o mundo da miragem e com o olho de sua mente focalizado na alma, cuja natureza é AMOR.

3. Deixe transcorrer alguns minutos, então posicione-se de forma a se estabilizar para o trabalho, e de forma definitiva e consciente, focalize a luz disponível, de todas as fontes, para dentro do centro cardíaco. Imagine aquele centro entre as omoplatas como um sol radiante. Chamo a atenção, neste particular, que isto é, no indivíduo, a correspondência microcósmica ao "coração do Sol", que é sempre dirigido pelo Sol central espiritual", localizado na cabeça. Tenha esta imagem claramente na sua consciência, porque ela envolve a dual, ainda que sintética, atividade da cabeça e do coração.

4. Veja então um feixe de pura luz branca, largo e brilhante, vertendo do centro cardíaco entre as omoplatas, em direção àquela miragem localizada com a qual você, como um grupo, está lidando. Vou indicar agora, qual é esta área localizada.

5. Quando isto estiver claramente definido em sua mente, e inspirado pelo seu desejo e força, e quando você tiver todo o quadro simbólico claramente visualizado, veja então o seu feixe particular de luz fundindo-se com os feixes de luz que os seus irmãos de grupo estão projetando. Então uma grande inundação de luz dirigida, originando-se de diversos aspirantes treinados (e vocês estão treinados, meus irmãos?) vai precipitar-se para aquela área de miragem com a qual você está procurando lidar.

6. Faça isto por cinco minutos com atenção e então faça como indicado no estágio IV do seu esquema de meditação.

Ao definir iluminação como a antítese da miragem, é óbvio que meus comentários devem ser necessariamente limitados a alguns aspectos da iluminação, e só vão ser de interesse para aquelas formas direcionadas de trabalho e aquelas apresentações do problema que têm a ver com o uso da luz no plano astral, e em particular em relação ao trabalho que vocês se comprometeram a fazer. Existem muitas outras definições possíveis, porque o uso da alma é como um imenso farol cujos raios podem ser apontados para muitas direções e focalizados em muitos níveis. No entanto, só estamos interessados aqui com seu uso especializado.

Iluminação e luz do conhecimento podem ser consideradas como termos sinônimos, e muitas miragens podem ser dissipadas e dispersadas quando submetidas ao poder da mente informada, porque a mente é essencialmente a domadora da emoção, pela apresentação dos fatos. O problema é induzir o indivíduo, o grupo ou a nação que está agindo sob a influência da miragem, a chamar o poder mental e submetê-lo a um escrutínio calmo e frio. A miragem e a emoção andam de mãos juntas, e o sentimento normalmente é tão forte com relação à miragem, que é impossível trazer a luz do conhecimento com facilidade e eficácia.

Iluminação e percepção da verdade são também sinônimos, mas deve ser lembrado que a verdade, neste caso, não é verdade nos planos abstratos, mas verdade concreta e cognoscível - verdade que pode ser formulada e expressa em formas e termos concretos. Onde a luz da verdade é recolhida, a miragem desaparece automaticamente, mesmo que só temporariamente. Por outro lado, a dificuldade ocorre porque poucas pessoas têm a coragem de enfrentar a verdade, porque isto implica em abandonar eventualmente a miragem querida, e a habilidade de reconhecer o erro e de admitir falhas, e isto o falso orgulho da mente não vai permitir. Posso garantir, mais uma vez, que a humildade é um dos fatores mais potentes em liberar o poder iluminador da mente, pois ela reflete e transmite a luz da alma. A determinação de enfrentar a vida real e o duro reconhecimento da verdade - de forma fria, calma e desapaixonada - vai facilitar grandemente o recolhimento de uma enxurrada de iluminação suficiente para dispersar a miragem.

Como estamos lidando com o problema da miragem e da iluminação, poderia ser útil aqui se eu apresentasse a miragem particular que gostaria de pedir ao seu grupo para ajudar a dispersar. Refiro-me aqui à miragem da separatividade. O trabalho segundo esta linha terá implicações muito práticas e salutares, porque nenhum de vocês (como você vai descobrir) será capaz de atuar efetivamente nesta área, se você tiver qualquer sentimento de separatividade; esta reação separativa pode se expressar como ódio, como uma forte antipatia ou uma crítica aberta - talvez, em alguns casos, todos os três. Existem forças que pessoalmente você pode encarar como separatividade, ou como a causa da separação. Lembre-se que os pontos de vista favoritos e as crenças mais caras daqueles a quem você está mentalmente oposto (frequentemente sob a desculpa de uma obediência fiel ao que você considera como sendo princípios corretos), são igualmente corretos para aqueles que os esposam; eles acham que sua visão é errônea, e eles a encaram como separatista em seu efeito, e como a base do problema. Eles são, em seu lugar, tão sinceros como você é, e tão ansiosos em alcançar a atitude correta como você se julga ser. Isto é algo frequentemente esquecido, e eu gostaria de lembrar-lhe isso. Poderia ilustrar este fato, lembrando que o ódio ou a antipatia (se ódio é uma palavra demasiado forte) que qualquer um de vocês pode sentir pelas atividades do Governo alemão e pela linha que eles adotaram contra o povo judeu, poderia ser voltada, com quase a mesma justificativa, contra os próprios judeus. Estes últimos sempre foram separatistas, encarando a si mesmo como "os escolhidos do Senhor", e nunca se mostraram assimiláveis em nenhuma nação. O mesmo pode ser dito dos alemães, e eles evocam de muitas pessoas a mesma reação que eles sentem pelos judeus, porém sem a perseguição física. Nenhuma das duas atitudes, como você bem sabe, é justificável do ângulo da alma; elas são igualmente erradas, e este é um ponto de vista que os judeus e os antissemitas devem finalmente compreender, e pela compreensão, terminar esta situação.

Menciono isto porque vou pedir que você lide com esta miragem antiga e de âmbito mundial - a miragem do ódio aos judeus. Neste grupo existem aqueles que são, ao menos em seus pensamentos, violentamente contra os alemães, existem outros que são definitivamente, ainda que de maneira inteligente, antissemitas. Pediria que ambos estes grupos reconhecessem o problema que enfrentam. É um problema que é tão antigo e profundamente enraizado na consciência da humanidade, que se tornou muito maior do que o indivíduo pode possivelmente imaginar; o ponto de vista individual é, consequentemente, tão limitado, que a utilidade construtiva é notavelmente diminuída. No final de contas, meus irmãos, o ponto de vista do "mais fraco" não é necessariamente o único, ou necessariamente sempre aquele correto. Tanto os alemães como os judeus merecem nosso amor impessoal, especialmente por serem ambos culpados (se posso usar este termo) dos mesmos erros e faltas básicas. Os alemães são fortemente conscientes da raça; os judeus também são. Os alemães são separatistas em sua atitude para com o mundo; os judeus também. Os alemães insistem atualmente em pureza racial, algo que os judeus insistem há séculos. Uma pequena minoria de alemães é anticristã; o mesmo ocorre com uma pequena minoria de judeus, Poderia amontoar estas semelhanças, mas aquilo que foi mencionado já é suficiente. Portanto, a sua antipatia por um grupo não é mais justificável do que a recusa em reconhecer qualquer justificativa das atividades e atitudes do outro. O semelhante frequentemente repudia e afasta-se do semelhante. Da mesma forma que uma parte substancial dos ingleses são romanos, assim também muitos alemães são judeus reencarnados. Daí a semelhança de seus pontos de vista. Esta é uma briga de família, e não existe nada mais horrível do que isto.

Peço que vocês acolham os alemães e os judeus em sua meditação grupal, e deixem fluir seu amor de grupo sobre ambas estas divisões de seus irmãos da família humana. Esforcem-se para que antes de iniciarem sua meditação, vocês se livrem - emoções e mente - de quaisquer antagonismos latentes, de qualquer ódio, de quaisquer ideias pré-concebidas de certo e errado, mas que vocês simplesmente se amparem no amor de suas almas, lembrando que, tanto os judeus como os alemães são almas, como vocês são, idênticas às suas em sua origem, objetivo e experiência de vida.

À medida que você deixa fluir a pura luz branca (de acordo com a instrução do Estágio III), certifique-se que ela flui através de você com pureza e claridade, como uma corrente. Visualize-a então dividindo-se em duas correntes ou proporções iguais - um fluxo indo para os judeus e o outro para os alemães.

A qualidade do seu amor será mais importante do que a meticulosidade da sua análise ou a perfeição da sua técnica.

c. O Contraste entre Maya e Inspiração

Entremos agora definitivamente no campo da substância material. Isto é essencialmente, e de uma forma peculiar, o campo da força. Maya é predominantemente (para o indivíduo) o agregado de forças que controlam seus sete centros de força, às expensas, enfatizo este ponto, da energia controladora da alma. Portanto, verão que a maior parte da humanidade, até que o homem entre no Caminho Probatório, está sob o controle de maya, porque o homem sucumbe a maya quando ele é controlado por qualquer outra força ou forças que não aquelas energias que vêm diretamente da alma, condicionando e controlando as forças menores da personalidade, como com elas afinal e inevitavelmente deverá e irá ocorrer.

Quando o homem está sob o controle de forças físicas, astrais e mentais, ele está convencido, naquele momento, que elas são para ele, forças certas. É aí que aparece o problema de maya. Estas forças, no entanto, quando controlam o homem, determinam-no numa atitude separatista e produzem um efeito que alimenta e estimula a personalidade, e não atrai a energia da alma, a verdadeira Individualidade. Esta análise deverá ser iluminadora para vocês. Se os homens e mulheres submetessem suas vidas a um mais atento escrutínio pelo verdadeiro homem espiritual interno, e pudessem então determinar que combinação de energias condiciona a atividade de sua vida, eles não continuariam a funcionar - como o fazem atualmente - de forma tão cega, inadequada e ineficaz.

E por esta razão que o estudo e compreensão dos motivos é de tanto valor e importância, porque este estudo determina intelectualmente (se corretamente investigado), que fator ou fatores inspiram a vida diária. Esta é uma declaração que merece uma atenção cuidadosa. Pergunto-lhes: Qual é o seu principal motivo atuante? Porque, seja lá qual for, ele condiciona e determina sua tendência de vida predominante.

Muita gente, especialmente as massas não inteligentes, são exclusivamente inspiradas pelo desejo - material, físico e temporário. Desejo animal para a satisfação dos apetites animais, desejo material por posses e pelas luxurias da existência, o desejo ardente por "coisas", por conforto e segurança - econômica, social e religiosa - controlam a maioria. O homem está sob a influência da mais densa forma de maya, e as forças de sua natureza são concentradas no centro sacro. Outros são motivados por alguma forma de aspiração ou ambição - aspiração por algum paraíso material (e a maior parte das religiões pinta o paraíso desta maneira), ambição por poder, desejo de satisfazer os apetites emocionais ou estéticos, e pela posse de realidades mais sutis, e o desejo ardente por conforto emocional, por estabilidade mental e segurança, que os desejos superiores vão ser gratificados. Tudo isto é maya em sua forma emocional, e não é a mesma coisa que a miragem. No caso da miragem, as forças da natureza do homem estão centralizadas no plexo solar. No caso de maya, elas estão centralizadas no centro sacro. A miragem é sutil e emocional. Maya é tangível e etérica.

Tais são as forças de maya que ativam, motivam e energizam a vida do homem comum. Sob suas influências ele é impotente, porque elas inspiram todo o seu pensamento, toda a sua aspiração e seu desejo, e toda a sua atividade no plano físico. Seu problema tem dois aspectos:

1. Pôr todos os seus centros sob a inspiração da alma.

2. Transferir ou transmutar as forças dos centros inferiores, que controlam a personalidade, em energias dos centros acima do diafragma, que respondem automaticamente à inspiração da alma.

É neste pensamento que consiste o poder e o valor simbólico dos exercícios de respiração. O motivo é o controle da alma, e mesmo que os métodos utilizados sejam (muitas vezes), definitivamente indesejáveis, no entanto a tendência ao desenvolvimento da vida do pensamento resultará inevitavelmente ser determinante e condicionante. Os métodos usados podem não salvar o corpo físico despreparado de certos males e resultados desastrosos, no entanto, a longo prazo, e em última análise, eles podem condicionar a experiência futura (provavelmente em outra vida) de tal maneira que o aspirante se tornará mais capaz de funcionar como uma alma, do que seria de outra forma.

Antes de encerrar esta instrução particular sobre a miragem, gostaria de chamar a atenção do grupo para as afirmações ocultistas que dei a D.L.R. antes dele sair do grupo. Elas têm uma relação definida com o trabalho do grupo e gostaria de dar a elas uma atenção e estudo especial. O Velho Comentário, ao falar do trabalho daqueles cujo dharma é dissipar a miragem mundial, usa as seguintes frases iluminadoras:

"Eles chegam e permanecem. Do âmago de formas rodopiantes - algumas de rara beleza e outras de horror e desespero - eles permanecem. Eles não olham para aqui ou para lá mas, com seus rostos voltados para a luz, eles permanecem. Assim, através de suas mentes a pura luz flui para dissipar os nevoeiros".

"Eles chegam e descansam. Eles param suas tarefas exteriores, com uma pausa para fazer um trabalho diferente. Dentro de seus corações há descanso. Eles não correm daqui para lá, mas constituem um ponto de paz e descanso. Aquilo que na superfície vela e esconde o real começa a desaparecer, e do coração em descanso projeta-se um raio de força dissipadora fundindo-se com a luz brilhante, e então as névoas da criação do homem desaparecem".

"Eles chegam e observam. Eles possuem o poder da visão; da mesma forma eles também possuem a direção correta da força necessária. Eles veem a miragem do mundo, e vendo, eles notam por traz dela todo o verdadeiro, o belo e o real. Portanto, através do olho de Budi chega o poder para repelir as miragens envolventes e obscurecedoras daquele mundo enganador".

"Eles permanecem, eles descansam, e eles observam. Tais são suas vidas, e talo serviço que eles prestam às almas dos homens".

Recomendo que pensem cuidadosamente sobre estas linhas. Elas lhes transmitem, não só o campo de seu serviço de grupo, mas também a atitude desejável da vida pessoal de cada membro do grupo.

Gostaria também, neste ensejo, de tratar de um fator de grande importância neste trabalho, e de repetir meu alerta anterior:

Lembrem-se que o esforço para se livrarem da irritação ou daquilo que é chamado em Agni Ioga de "imperil" (uma palavra peculiar porém satisfatória, meus irmãos), é particularmente essencial para este grupo. A irritação prevalece de forma acentuada nestes dias de tensão nervosa, e ela definitivamente é um perigo ao progresso e retarda os passos do discípulo no Caminho. Ela pode produzir uma perigosa tensão no grupo, caso esteja presente em qualquer um de vocês, e esta tensão induzida do grupo pode interferir com a livre atuação do poder e da luz que vocês devem usar, mesmo quando os outros membros do grupo permanecem inconscientes da fonte emanadora. A irritação gera definitivamente um veneno que se localiza na região do estômago e do plexo solar. A irritação é uma doença, se posso usar esta palavra, do centro do plexo solar, e ela é definitivamente contagiosa de uma forma quase alarmante. Portanto, meus irmãos, cuidem-se com atenção e lembrem-se que na medida que vocês puderem viver na cabeça e no coração, vocês terminarão com a doença do imperil e ajudarão na transferência das forças do plexo solar para o centro cardíaco.

d. O Contraste entre o Morador e seu Oposto, o Anjo da Presença.

A totalidade do assunto sobre o Morador e sua relação com o Anjo (uma forma simbólica de lidar com um grande relacionamento e possibilidade, e um grande fato em manifestação), somente agora pode ser considerada. Somente quando o homem é uma personalidade integrada, o problema do Morador aparece verdadeiramente e somente quando a mente está alerta e a inteligência organizada (como está se tornando o caso atualmente, numa escala razoavelmente grande), torna-se possível para o homem sentir-inteligentemente e não só misticamente - o Anjo e, portanto, intuir a PRESENÇA. Somente então toda a questão de dificuldades, que o Morador engloba, e as limitações que ele cria ao contato e realização espiritual, assumem proporções importantes. Somente então elas podem ser consideradas de forma útil, dando-se os passos para induzir a ação correta. Somente quando há fusão adequada na humanidade como um todo, é que o grande Morador do Umbral humano aparece como uma entidade integrada, ou o Morador, num sentido nacional ou racial aparece, espalhando e vitalizando a miragem nacional, racial e planetária, promovendo e alimentando a miragem individual e tornando todo o problema transparentemente aparente. Somente então, as relações entre a alma da humanidade e as forças geradas pela sua antiga e poderosa personalidade podem assumir proporções que requerem uma atividade drástica e uma cooperação inteligente.

Esta hora chegou, e nos dois livros Problemas da Humanidade e O Reaparecimento do Cristo, e também nas mensagens de Wesak e da Lua Cheia de Junho, tratei desta situação prática e urgente que é, em si mesma, a garantia do progresso humano em direção ao seu objetivo, bem como a declaração de suas principais dificuldades à realização espiritual. As sessões com que nos ocuparemos a seguir são de importância capital para todos em treinamento para iniciação. Disse "em treinamento", meus irmãos, não disse que vocês seriam iniciados nesta vida. Eu mesmo não sei se vocês serão ou não, a questão está em suas mãos e em seu destino planejado - planejado por suas almas. Seu problema é essencialmente o de aprender a lidar com o Morador do Umbral, e de certificar-se dos procedimentos e processos pelos quais a gloriosa atividade de fusão pode ocorrer. Através desta fusão o Morador

"desaparece e não mais é visto, ainda que continue funcionando no plano exterior, como agente do Anjo; a luz absorve o Morador e na escuridão - radiante, ainda que magnética - esta antiga forma de vida se dissolve, apesar de ainda guardar a sua forma; ela descansa e trabalha, mas já não é ela mesma".

Tais são as declarações paradoxais do Velho Comentário.

Defini anteriormente para vocês, da forma mais simples possível, a natureza do Morador. Gostaria, no entanto, de estender-me sobre um ou dois pontos, e dar uma ou duas novas sugestões que - para facilitar a clareza e para seu entendimento mais rápido - vamos apresentar como segue:

1. O Morador do Umbral é, essencialmente, a personalidade; ele é uma unidade integrada, composta de forças físicas, energia vital, forças astrais e energias mentais, constituindo a totalidade da natureza inferior.

2. O Morador toma forma quando ocorre uma reorientação na vida do homem, conscientemente e sob a impressão da alma; a totalidade da personalidade, teoricamente, é então direcionada para a libertação no serviço. O problema é tornar a teoria e a aspiração, realidades da experiência.

3. Por um grande período de tempo as forças da personalidade não se constituem num Morador. O homem não está no limiar da divindade; ele não está conscientemente alerta quanto ao Anjo. Suas forças são inarticuladas; ele trabalha inconscientemente em seu ambiente, vítima de circunstâncias e aparentemente de sua própria natureza, sob a atração e o impulso do desejo de atividade no plano físico, e de existência. Quando, no entanto, a vida do homem é governada do plano mental, junto com o desejo ou a ambição, e ele é controlado, ao menos em larga medida, pela influência mental, então o Morador começa a tomar forma como uma força unificada.

4. Os estágios em que o Morador do Umbral é reconhecido, sujeito a uma disciplina discriminadora, e finalmente controlado, são principalmente três:

a. O estágio em que a personalidade domina e governa a vida, ambições e metas das atividades do homem. O Morador controla, então.

b. O estágio de uma crescente divisão na consciência do discípulo. O Morador, ou a personalidade, é então impelido em duas direções: uma, para as atividades da ambição pessoal e desejos nos três mundos; a outra, na qual o esforço é feito pelo Morador (note esta afirmação), para tomar uma atitude no limiar da divindade, e antes do Portal da Iniciação.

c. O estágio em que o Morador conscientemente procura a cooperação da alma e, ainda que se constituindo essencialmente uma barreira ao progresso espiritual, é cada vez mais influenciado pela alma do que por sua natureza inferior.

5. Quando o estágio final é alcançado (e muitos o estão alcançando atualmente), o discípulo aspira com maior ou menor sucesso, a estabilizar o Morador (pelo aprendizado de "manter a mente firme na luz", e assim controlando a natureza inferior). Desta forma, o estado de mudança fluida constante do Morador é gradualmente superado; sua orientação para a realidade e para longe da Grande Ilusão torna-se efetiva, e o Anjo e o Morador são levados a um entendimento íntimo.

6. Nos estágios iniciais de esforço e de tentativas de controle, o Morador é positivo e a Alma é negativa, em seus efeitos nos três mundos de atividade humana. Ocorre então um período de oscilação, que leva a uma vida de equilíbrio, em que nenhum aspecto parece dominar; a partir de então o equilíbrio muda e a personalidade torna-se gradualmente negativa e a alma ou psique torna-se dominante e positiva.

7. As influências astrológicas podem afetar poderosamente estas situações e - falando-se de forma geral e dentro de certos limites esotéricos - nota-se que:

a. Leão controla o Morador positivo.
b. Gêmeos controla o processo de oscilação.
c. Sagitário controla o Guardião negativo.

Poderíamos acrescentar que os três signos - Escorpião, Sagitário e Capricórnio - levam finalmente à fusão do Morador com o Anjo.

8. O raio da alma controla e condiciona a atividade do Anjo e seu tipo de influência sobre o Morador. Ele afeta o carma, os períodos de tempo e as estações.

9. O raio da personalidade controla o Morador em todos os estágios iniciais, até o momento em que o raio da alma começa firmemente a produzir um efeito crescente. Este raio da personalidade é, como vocês sabem, uma combinação de três energias, que produzem a quarta ou o raio da personalidade, por meio de seus inter-relacionamentos por um longo período de tempo.

10. Portanto, os cinco tipos de energia que indiquei como sendo de importância em suas vidas, quando lhes dei indicações sobre a natureza de seus cinco raios controladores, governam também a relação entre o Morador e o Anjo, tanto no indivíduo como na humanidade como um todo. Estes cinco raios são os raios do corpo físico, o do corpo astral, o raio da mente, o raio da personalidade e o raio da alma.

11. Os raios que governam a humanidade, e que condicionam a humanidade e os problemas mundiais atuais, são como segue:

a. Raio da Alma a humanidade deve expressar amor.
b. Raio da personalidade desenvolvendo inteligência para transmutação em amor-sabedoria.
c. Raio da mente realização científica.
d. Raio astral desenvolvimento idealista.
e. Raio físico organização. Negócios.

O raio da alma controla pelo período de toda uma vida. Os raios da personalidade indicados anteriormente, são para a Era Pisciana, que está agora terminando; porém eles condicionaram a humanidade definitiva e irrevogavelmente.

Vocês notarão também que o primeiro Raio da Vontade ou Poder não foi incluído, como também não foi o quarto Raio da Harmonia através do Conflito. Este quarto raio está sempre ativo, pois ele controla de uma maneira muito peculiar a quarta Hierarquia criativa, e pode ser considerado como formando o raio básico da personalidade da quarta Hierarquia criativa. Aquele indicado acima é um raio da personalidade transitório e passageiro de uma encarnação secundária.

12. Na Era de Aquário que está chegando rapidamente, o Morador vai apresentar forças da personalidade ligeiramente diferentes:

a. Raio da personalidade básico e determinante.
b. Raio da mente o efeito criativo.
c. Raio astral incentivos condicionantes.
d. Raio físico raio emergente.

13. Cada grande ciclo do zodíaco tem a natureza de uma encarnação da família humana, e cada grande raça é um acontecimento algo similar; este último, no entanto, é mais importante no que concerne à compreensão e à consciência humana. A analogia é com as poucas encarnações importantes na vida da alma, contrastando com as muitas encarnações sem importância ocorrendo em rápida sucessão. Das encarnações importantes existem três que se destacam: a lemuriana, a atlante e a ariana.

14. Cada raça produziu seu tipo específico de Morador do Umbral, que era confrontado ao término do ciclo espiritual (não o físico que caminha para a cristalização), quando a maturidade era atingida e alguma iniciação se tornava possível para sua humanidade avançada.

15. Quando uma encarnação racial e um ciclo do zodíaco estão sincronizados (o que nem sempre é o caso), então ocorre uma importante e significativa localização da atenção do Morador no Anjo, e vice-versa. Isto está ocorrendo atualmente, ao término da era de Peixes, e quando a raça Ariana alcançou a maturidade e um ponto relativamente alto de desenvolvimento. O Discipulado é sinal de maturidade, e é com o desenvolvimento maduro que o Morador se encontra. A raça ariana está pronta para o discipulado.

16. O desenvolvimento da sensibilidade no indivíduo e na raça indica a iminência do reconhecimento do Anjo, de ambos os ângulos de visão e da proximidade da oportunidade. Esta oportunidade para fusão nunca foi tão verdadeira como agora.

17. As linhas de demarcação que existem entre as áreas de influência reconhecidas, entre o Morador e o Anjo, são mais claras do que nunca na história da humanidade. O homem sabe a diferença entre o certo e o errado e deve escolher o caminho que ele vai tomar. Na crise racial dos Atlantes (que também foi uma crise humana completa), cuja história foi perpetuada para nós no Bhagavad Gita, Arjuna - símbolo do discípulo de então e do discípulo do mundo - estava completamente confuso. Isto não é tão verdadeiro agora. Os discípulos do mundo e o discípulo mundial vêm as questões atuais de forma relativamente clara. A conveniência triunfará, ou o Morador será sacrificado com amor e compreensão ao Anjo? Este é o maior problema.

Solicito, meu irmão, que faça duas coisas: estude as ideias acima em relação à crise mundial atual, e em relação ao seu próprio problema da alma-personalidade.

A humanidade avançada permanece, como o Morador, no limiar da divindade. O Anjo aguarda expectante - absorvido na PRESENÇA pronto porém para absorver o Morador. A humanidade avançou em consciência até os limites do mundo de valores espirituais e do reino da Luz e de Deus. O "Anjo veio à Terra" na expectativa de reconhecimento - um acontecimento que o advento de Cristo há dois mil anos foi o símbolo e o precursor. Esta é a situação no que concerne a todos os aspirantes avançados. Ela pode ser a sua. É também a situação que concerne à humanidade como um todo, bem como à Hierarquia que se aproxima. A consciência da humanidade, do ponto de vista superior e espiritual, funciona atualmente através do firmemente crescente número de servidores do mundo, aspirantes mundiais e discípulos mundiais e seu nome é Legião.

A humanidade atualmente é o Morador, enquanto a Hierarquia das Almas é o Anjo, e por trás fica a PRESENÇA da Própria Divindade, intuída pela Hierarquia e levemente sentida pela humanidade, mas fornecendo desta maneira aquela síntese tríplice.que é a manifestação divina na forma.

Todas estas três têm emanações poderosas (ainda que a emanação da PRESENÇA, via Shamballa, tenha sido sabiamente retida desde o aparecimento da humanidade). Todas elas têm auras, se vocês quiserem chamá-las assim, e nos três mundos atuais a do Morador é ainda a mais poderosa, da mesma forma como na vida do aspirante, sua personalidade seja, por enquanto, o fator de predisposição dominante. É esta poderosa emanação humana, que constitui a principal miragem na vida da humanidade, e do discípulo individual. É uma síntese da miragem, fundida e misturada pelo raio da personalidade mas, sendo precipitada pelo efeito da influência firme do raio da alma. E a sombra ou distorção da realidade agora sentida pela primeira vez em larga escala pela humanidade e posta em relevo pela luz que brilha do Anjo, o transmissor de energia da PRESENÇA.

E assim elas permanecem - a Humanidade e a Hierarquia. E assim você permanece, meu irmão, personalidade e alma, livre para prosseguir rumo à luz, se você assim determinar, ou para permanecer estático e sem progresso, sem aprender nada, e sem ir a lugar algum; você é igualmente livre para voltar a se identificar com o Morador, negando portanto a influência do Anjo, recusando a oportunidade iminente, e postergando - até um ciclo bem posterior - a sua escolha determinante. Isto é verdadeiro para você e para a Humanidade como um todo. O terceiro raio materialista da humanidade irá dominar a situação atual, ou a sua alma de amor vai demonstrar ser o fator mais poderoso, apoderando-se da personalidade e de seus pequenos interesses, levando-a a discriminar corretamente e a reconhecer os valores verdadeiros, e assim estabelecendo a era de controle da alma ou da Hierarquia? Só o tempo poderá responder.

Por hoje basta. Estou ansioso para que estas poucas ideias essenciais sejam aprendidas por todos vocês, antes de iniciarmos a Secção III. Estou ansioso também para que a instrução geral do grupo, que vocês receberam recentemente, ocupe a maior parte do seu tempo, interesse e atenção. Ajustes internos do grupo, e relações de grupo mais firmemente estabelecidas são urgentemente necessárias, e peço-lhes para trabalharem neste particular. Devo lembrar também que - como em tudo mais na manifestação - existe uma personalidade do grupo e uma alma do grupo; vocês devem aprender a distinguir claramente entre as duas, e usar toda a sua influência, desejo e pressão, no lado do Anjo do Grupo. Desta forma poderia ocorrer aquele estupendo reconhecimento para o qual toda a iniciação prepara o postulante - a revelação da PRESENÇA.

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