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Livros de Alice Bailey

Psicologia Esotéria - Volume I
Volume I
Volume II


Volume I
Seção II - Capítulo 2 - Os Raios e os Reinos da Natureza
1.O Reino Mineral
2.O Reino Vegetal
3.O Reino Animal

Os Raios e os Reinos da Natureza

Observações Preliminares

Ao iniciar a consideração da relação entre os raios e os sete reinos, estarei focalizando os sete reinos do arco evolucionário ascendente e não os sete reinos, como podem ser enumerados no arco descendente ou involucionário. Este último (de acordo com a literatura teosófica) inclui três reinos - nebulosos, relativamente informes e não expressos - e mais os quatro reinos, tais como enumerados pela ciência moderna. Do arco involucionário não trataremos, pois é quase impossível à mente finita do leitor comum compreendê-lo. Embora estes três reinos involucionários existam e embora no Ocidente se tenha posto no papel o pouco que se sabe a esse respeito, falta qualquer real compreensão das verdades aí implicadas. Isso é inevitável, pois a compreensão dessas verdades jaz escondida na capacidade de "reaver" o passado e vê-lo como um todo.

Os reinos que consideraremos em relação aos raios podem ser enumerados nos seguintes termos:

1. Reino Mineral VII
2. Reino Vegetal VI
3. Reino Animal V
4. Reino dos Homens IV
5. Reino das Almas III
6. Reino das Vidas Planetárias II
7. Reino das Vidas Solares I

Esses reinos podem ser considerados como diferenciações da Vida Una, sob o ponto de vista da:

1 - Aparência fenomênica, manifestação objetiva, ou a exteriorização do Logos Solar.

2 - Consciência ou sensibilidade à expressão da qualidade, por meio da aparência fenomênica.

Determinados raios, como é de se esperar, são mais diretamente responsáveis do que outros pela qualificação deste ou daquele reino em particular. Seu efeito é predominante, supremo na determinação do reino. O efeito dos outros raios é secundário, porém não ausente. Jamais nos devemos esquecer de que, na íntima inter-relação de forças em nosso sistema solar, nem uma sequer das sete possíveis forças deixa de se fazer sentir. Todas elas atuam, qualificam e motivam, porém uma outra terá um efeito mais vital do que as demais. A tabulação que segue mostra o principal efeito dos sete raios de que estamos tratando:

Reino Raio Expressão
1 Mineral VII. Organização Cerimonial Radioatividade
I. Vontade ou Poder O Reservatório básico do Poder
2 Vegetal II. Amor-Sabedoria Magnetismo
IV. Beleza ou Harmonia Uniformidade de cor
VI. Devoção Idealista Tendência Ascendente
3 Animal III. Adaptabilidade Instinto
VI. Devoção Domesticidade
4 Humano IV. Harmonia através do Conflito Experiência. Crescimento
V. Conhecimento Concreto Intelecto
5 Egoico ou das Almas V. Conhecimento Concreto Personalidade
II. Amor-Sabedoria Intuição
6 Vidas VI. Devoção a Ideias O Plano
III. Inteligência Ativa Trabalho criativo
7 Vidas Planetárias Solares I. Vontade ou Poder Mente Universa
VII. Magia Cerimonial Ritual Sintético

Devem notar uma interessante diferença nesta tabulação: o fato de que o reino vegetal é a expressão de três raios, enquanto que os demais reinos são a expressão de dois. Por meio desses três raios, o reino vegetal foi trazido à sua atual condição de suprema beleza e seu desenvolvido simbolismo de cor. O reino vegetal é a capital contribuição da Terra para o plano solar geral. Cada um dos planetas contribui com uma quota, singular e especializada, para o cômputo geral dos resultados evolucionários e o singular resultado do nosso sistema planetário em particular é o reino vegetal. Outros planetas contribuem com formas e aparências que são suas oferendas específicas. E desnecessário enumerá-las aqui, porque nossa linguagem não possui termos equivalentes e onde não há equivalência na linguagem, não há, para a humanidade, equivalência de consciência. A Terra, portanto, contribui com o reino vegetal e isso é possível, porque esse é o único reino no qual três raios conseguiram aglutinar-se, fundir-se e mesclar-se. São também os três raios que envolvem uma grande linha de forças, 2-4-6. Quando fizermos uma análise mais detalhada dos raios e seus efeitos sobre cada reino da Natureza, veremos por que foi produzida uma tão singular contribuição. Seu sucesso é demonstrado na uniformidade na produção do verde no mundo da cor, em toda a extensão do planeta.

Notarão, também, que o reino mineral e o reino das vidas solares (o primeiro e o sétimo reinos) são o resultado da atividade do primeiro e do sétimo raios. Há aqui um estreito entrelaçamento numero lógico. Esses dois reinos estão, respectivamente, no ponto de máxima rarefação e máxima densidade e são produzidos pela vontade e habilidade organizacional da Deidade Solar. Eles representam o plano nebuloso e o plano concretizado. No caso do sétimo ou mais elevado reino (contando de baixo para cima) o aspecto da Vontade predomina e é o mais poderoso, enquanto que, no caso do reino mineral, o aspecto da organização é o de maior importância. Isso era de se esperar, pois a energia da Vontade é o primeiro efeito da atividade iniciadora divina, enquanto que o mais denso aspecto da organização cerimonial é a contraparte do impulso inicial, sua concretização, se assim me posso expressar. Os demais reinos da Natureza, como se vê na tabulação apresentada, não são relacionados dessa maneira.

Será valioso analisarmos nossa tabulação com certo cuidado para alcançarmos uma compreensão um pouco mais clara sobre o efeito e a influência dos sete raios.

Enquanto a verdadeira natureza do átomo e sua organização interna permanecerem como assunto de investigação, especulação e teoria, o leitor deve considerar o que aqui tenho a dizer sobre o mais denso de todos os reinos, como simbólico e pictoricamente verdadeiro, porém não literalmente. Assim como o centro na base da coluna vertebral é o último a ser levado à plena atividade funcional e é a tal incitado somente quando o centro da cabeça está desperto e ativo, do mesmo modo o mais inferior dos reinos só será corretamente compreendido, quando os sete reinos vibrarem em uníssono. Até que tal momento chegue, esse reino e sua vida permanecerão um enigma, exceto para o iniciado de alto grau. O máximo que posso fazer é apresentar sugestões que estimulem a atividade da mente abstrata e despertem interesse bastante, para que o trabalho de análise e estudo tenha prosseguimento. Todavia, é preciso compreender que não podemos chegar a conclusões.

Dois raios são de importância capital na Vida de Deus, à medida que Ele os derrama através da substância básica do nosso planeta. No trabalho do sétimo raio, temos a substância terrestre, o material sólido da nossa vida planetária, organizada nas várias formas minerais. Essas formas minerais, por sua vez, contêm, de modo latente, os elementos nutrientes e vitalizantes, dos quais outras formas retiram sua sustentação. É preciso lembrar que cada reino da Natureza depende do reino que o precede e do qual tira a sua vida no sentido do tempo, durante o ciclo evolucionário. Cada reino é um reservatório de força e de vitalidade para o reino seguinte que emerge sob o Plano divino.

O reino vegetal, por exemplo, extrai sua força vital de três fontes: do Sol, da água e da terra. No processo construtivo, o conteúdo mineral proveniente das duas últimas fontes é o de capital importância. A real estrutura de todas as formas é produzida pela estrutura dos produtos minerais que gradualmente constroem o corpo etérico e que tomam formato sob um impulso ou desejo vital etérico. É a qualidade magnética do corpo etérico que atrai para si os minerais necessários para a forma do esqueleto.

O reino animal, por sua vez, tira sua sustentação principalmente do Sol, da água e do reino vegetal. O conteúdo mineral exigido para a estrutura do esqueleto é, portanto, oferecido numa forma mais adiantada e sublimada, sendo extraído da oferta do reino vegetal em lugar da oferta do reino mineral. Cada reino se oferece em sacrifício ao reino que o segue na sequência evolucionária. A Lei do Sacrifício determina a natureza de cada reino. Portanto, podemos considerar cada reino como um laboratório onde são preparadas aquelas formas de nutrientes necessárias para a construção de estruturas cada vez mais refinadas.

O reino humano segue o mesmo procedimento e extrai sua vida (sob o ponto de vista da forma) tanto do reino animal quanto do Sol, da água e do mundo vegetal. Nas primeiras etapas do desenvolvimento humano, o alimento animal foi, portanto, não só carmicamente, como em essência, o alimento correto para o homem e para o homem não evoluído e do ponto de vista da forma animal, tal alimento ainda é correto e apropriado. Isto levanta a questão inteira do vegetarianismo e sobre isso falarei, quando tratarmos do quarto reino. A situação não é absolutamente como muitos pensam ou como apresentada pelos pensadores modernos e o fato de se comer carne - numa determinada etapa do desenvolvimento humano - não conduz a mal algum.

O reino das almas extrai sua vitalidade e sustentação da grande escola experimental da existência humana e, no entrelaçamento e inter-relação destes quatro organismos divinos, é que o mundo da forma vive, move-se e tem a sua existência. Há certos paralelos e determinadas correspondências no organismo humano que são interessantes e que podem ser apresentadas da seguinte maneira:

Reino humano Cérebro
Órgãos vocais
Os dois centros da cabeça.
Reino animal Estômago
Fígado
O plexo solar.
Reino vegetal Coração
Pulmões
Centro do coração.
Centro da garganta.
Reino mineral Órgãos de Reprodução Centro sacro.
Base da Espinha.

Vê-se aqui a relação dos sete centros com os vários reinos da Natureza e o simbolismo da forma humana pode ser notado. Podem-se constatar as seguintes relações nos sete reinos como um todo:

1- Reino mineral base da coluna suprarrenais
2- Reino vegetal centro do coração timo
3- Reino animal plexo solar pâncreas
4- Reino humano centro sacro gônadas
5- Reino egoico centro da garganta tireoide
6- Reino planetário centro ajna hipófise
7- Reino solar centro da cabeça epífise

Será valioso o estudo destas correspondências, se o estudante se lembrar de que essas correspondências são estudadas na primeira iniciação e que elas diferem, quando se alcançam as subsequentes expansões de consciência.

Vê-se melhor a influência organizadora do sétimo raio na extraordinária e geometricamente perfeita estrutura dos elementos, quando revelada pelo microscópio e pelo estudo do átomo. Como este tratado é escrito para o leitor sem treinamento acadêmico ou científico, é bastante dizer que o reino mineral é o resultado de um "ritual de ritmo", como o são todas as formas básicas sobre as quais as miríades de estruturas em manifestação são edificadas. O sistema de números demonstra-se, na plenitude de sua beleza, nesse reino e não há forma alguma ou relação cronológica que não possa ser descoberta em forma diminuta, nesse reino fundamental, quando observado pela microscópica visão oculta. Dois fatores determinam as estruturas encontradas no reino mineral:

1 - O sétimo grande impulso ou a vontade para organizar.
2 - O ímpeto para criar ou o ritmo inicial que leva o Logos solar a tomar forma.

O trabalho do sétimo Senhor e do primeiro Senhor é essencialmente o trabalho do arquiteto e do mago e Seus esforços revelam-se à perfeição no mundo mineral. Todavia, este mundo não pode ser compreendido em sua potência total e mágica revelação, enquanto o olho interno da verdadeira visão não estiver desenvolvido e as formas que subjazem ao trabalho criativo, nos outros reinos da Natureza, não forem reconhecidas em seu real valor. Os segredos de transmutação são os verdadeiros segredos desse reino em particular e as duas palavras que expressam o processo e o segredo são: condensação e transmutação. Cada reino tem suas palavras-chave, que podem ser traduzidas, embora muito inadequadamente, da seguinte maneira:

Reino Processo Segredo Objetivo
1- Mineral Condensação Transmutação Radiação
2- Vegetal Conformação Transformação Magnetização
3- Animal Concretização Transfusão Experimentação
4- Humano Adaptação Translação Transfiguração
5- Egoico Exteriorização Manifestação Realização

Um quadro geral do intento criativo começa a delinear-se, à medida que refletimos sobre o significado destas palavras. Os objetivos e processos dos dois reinos superiores são demasiadamente avançados para serem apreendidos pelo estudante comum, assim como constituem dois dos segredos de iniciação mais elevada.

Como este tratado destina-se a ser uma tentativa prática para elucidar a nova psicologia e como seu objetivo é aumentar no homem a compreensão de si mesmo, não pretendo ir além do que transmitir algumas ideias sobre os raios e sua relação com os três reinos sub-humanos da Natureza. Em todas as obras esotéricas, é necessário mostrar a síntese e a continuidade de todo o processo de evolução, pois somente quando o homem avalia sua posição, a meio do caminho entre os três reinos superiores e os três inferiores é que se revela o verdadeiro significado da contribuição do quarto reino no esquema da evolução. Já apresentei várias tabulações sobre as correspondências e influências dos raios, as quais justificam um estudo cuidadoso. Por exemplo, é evidente que, se o sétimo raio está agora em manifestação e que se seu efeito sobre os reinos inferiores começa a ser sentido, então, a humanidade tem que estar preparada, pois tais mudanças são inevitáveis.

Deixado à sua própria sorte e sem assistência, o homem acabaria, finalmente, descobrindo por si mesmo os acontecimentos designados; mas levaria muito tempo e somente, em retrospecto, emergiriam as linhas gerais do processo evolutivo da imensa quantidade de detalhes nos quais esses acontecimentos se perdem no imediato presente e primeiro plano. Com a disposição de estudar as verdades que, de tempos a tempos, são enviadas pelos centros ocultistas do mundo e com a presteza em agir, de acordo com as hipóteses sugeridas, é que o homem aumentará sua capacidade de ver a vida globalmente e, portanto, será capaz de cooperar (com poder e inteligência) na consecução do Plano.

Tratei, acima, do Processo, do Segredo e do Propósito. Para correta compreensão, darei agora uma sinopse da informação relativa a cada reino em particular.

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1. REINO MINERAL

Influência O sétimo raio da organização e o primeiro raio da vontade são os fatores dominantes.
Resultados Os resultados evolucionários são radiação e potência - potência estática - que subjaz ao resto do esquema natural.
Processo Condensação.
Segredo Transmutação. "Um Tratado sobre o Fogo Cósmico" dá a seguinte definição: "Transmutação é a passagem de um estado de ser para
outro por meio da ação do fogo".
Propósito Demonstrar a radioatividade da vida.
Divisões Metais inferiores, metais nobres, pedras preciosas.
Meio objetivo Fogo. O fogo e o fator iniciador nesse reino.
Meio subjetivo Som.
Qualidade Densidade extrema. Inércia. Brilho.

Os estudantes devem lembrar-se de que não estamos tratando dos elementos e átomos ao estudarmos este reino. Esses são a substância da qual todas as formas minerais são feitas. Estamos, isso sim, tratando das formas minerais manifestadas no mundo concreto. A constituição interna e a formação geométrica dos minerais não são objeto de nosso estudo. Este não é um tratado científico, no sentido comum, mas um estudo sobre a qualidade e a consciência no que estas afetam o aspecto forma. Muito, se não quase tudo, do que a ciência exotérica postula a respeito do reino mineral pode ser aceito, para uso ordinário, como fato relativo. Mas dois pontos têm que ser considerados. São eles:

1 - O aspecto da consciência no mundo mineral.
2 - A transmutação das formas pelo fogo nesse reino, o que leva a uma radiação final.

O melhor exemplo da iniciação do mineral pelo fogo pode ser visto na grande transição e transformação, alotropicamente produzidas, do estágio de carbono para o de um diamante perfeito. Um estágio qualitativo posterior pode ser visto na radiação ou emissão de raios, como no caso do rádio.

Deve-se ter em mente que há três etapas nos processos evolutivos do reino mineral, as quais (embora, do ponto de vista da ciência moderna, aparentemente dissociadas umas das outras) são, todavia, essencial e subjetivamente, partes de extraordinário processo interno. Essas etapas são as correspondências, no reino mineral, às etapas da consciência animal, da autoconsciência e da radiante consciência grupal da alma. Há uma quarta etapa de potência ou da organizada força expressa, porém, isso está longe e é a analogia entre esse reino e a vida da Mônada, tal como se expressa na consciência solar dos iniciados de elevado grau.

Do mesmo modo que a ciência descobriu noventa e dois elementos, o que torna a lista dos possíveis elementos relativamente completa, assim também a ciência virá, por fim, criar tabelas progressivas, que mostrarão os três estágios do ciclo de vida de cada mineral; estágios que, partindo do estágio mineral, tal como o do carbono, passam através do estágio do cristal, da pedra semipreciosa e da pedra preciosa, até o da substância radioativa. Na demarcação desse desenvolvimento. é impossível para o homem, por enquanto, ver as relações, uma vez que o período de duração de cada ciclo é tão imensamente vasto, a ação do fogo durante esses ciclos tão incrivelmente variada, o reconhecimento dos estágios intermediários tão difícil, que qualquer coisa que eu dissesse, serviria apenas para alimentar a incredulidade. Mas duas premissas básicas podem ser apresentadas:

1 - Que as muitas substâncias minerais enquadram-se naturalmente em sete grupos principais, que correspondem às sete subdivisões dos raios de influência: o da organização e o raio do poder.

2 - Que somente naqueles ciclos mundiais, quando o sétimo raio está em manifestação e, por conseguinte, supremamente poderoso, ocorrem certas transformações ocultas nesses sete grupos. Essas transformações correspondem, na evolução mineral, às sete iniciações do homem.

Nessas ocasiões, há um aumento na atividade de radiação. Isso pode ser notado agora com a descoberta da substância radioativa, pois o raio entrante aumenta sua potência a cada década. Certa quantidade de radiação é básica e fundamental em qualquer ciclo mundial. Porém, quando o sétimo raio entra, há uma intensificação dessa radiação e novas substâncias aparecem e entram em novas atividades. Essa intensificação torna todo o reino mineral mais radioativo do que era antes, até que essa radiação intensificada se torne, por sua vez, básica e fundamental. Quando o sétimo raio se afasta ciclicamente de manifestação, certa dose de inércia se estabelece no reino, embora tudo que seja possível de radiação prossiga em sua atividade. Dessa maneira, a radiação do mundo mineral aumenta inexoravelmente, enquanto os ciclos vão e vêm e há, necessariamente, um efeito paralelo nos três reinos superiores. As pessoas, hoje, não fazem ideia do efeito que essa radiação terá (devida ao raio que se aproxima) não apenas sobre o mundo mineral circundante, mas também sobre o reino vegetal (que tem suas raízes no reino mineral), assim como, em menor grau, sobre os homens e os animais. O poder dos raios cósmicos que estão entrando, provocou mais fácil reconhecimento da radioatividade com a qual a ciência moderna agora se ocupa. Foram três discípulos do sétimo raio que "interpretaram" esses raios para o homem. Refiro-me ao casal Curie e a Millikan. Sendo eles próprios do sétimo raio, possuíam o necessário equipamento psíquico e responsividade que lhes permitiu, intuitivamente, reconhecer sua própria vibração de raio no reino mineral.

O sétimo raio é o raio da organização e ritual e esta é uma qualidade básica e necessária para a construção das formas. Os processos encontrados no reino mineral são profundamente geométricos. O primeiro raio é o do poder ou vontade dinâmica e - simbolicamente falando - quando formas perfeitas, veículos organizados e poder dinâmico estiverem relacionados e unificados, então, teremos uma plena expressão, no ponto da mais profunda e densa concretização, da mente de Deus na forma, com uma radiação que será dinamicamente efetiva.

Mais uma vez, falando simbolicamente (e que mais é possível fazer ao tratar com um mecanismo ainda tão inadequado quanto a mente e o cérebro do aspirante comum?), o reino mineral marca o ponto de condensação máxima. Essa é produzida pela ação do fogo e pela pressão da "ideia divina". Esotericamente falando, temos, no reino mineral, o Plano divino oculto na geometria do cristal e a radiosa beleza de Deus armazenada na cor de uma pedra preciosa. Em miniatura e no ponto inferior extremo de manifestação, encontramos os conceitos divinos se elaborando. A meta do conceito universal revela-se, quando a joia irradia sua beleza e quando o rádio emite seus raios: destrutivos e construtivos. Se vocês pudessem realmente entender a história de um cristal, vocês penetrariam na glória de Deus. Se pudessem penetrar na consciência atrativa e repulsiva de um pedaço de ferro ou chumbo, teriam sido revelada a seus olhos a história completa da evolução. Se pudessem estudar os processos ocultos em andamento sob a influência do fogo, penetrariam no segredo da iniciação. Quando chegar o dia em que a história do reino mineral possa ser compreendida pelo vidente iluminado, ele, então, verá o longo caminho que o diamante percorreu e, por analogia, a longa estrada que todos os filhos de Deus percorrem, governados pelas mesmas leis e expandindo a mesma consciência.

O sétimo raio, quando se manifesta no sétimo plano (como é agora o caso), é peculiarmente potente e seu efeito sobre o reino mineral, por consequência, faz-se sentir dinamicamente. Se é verdade que há apenas uma única substância e um espírito; que "matéria é espírito no ponto mais baixo de sua atividade cíclica" e espírito é matéria no seu ponto mais alto, então, o raio da ordem cerimonial ou ritual nada mais é do que uma expressão de seu polo oposto: o primeiro raio da vontade ou poder. É a expressão de uma mesma potência sob outro aspecto. Isso, portanto, significa que:

1 - O poder ou vontade de Deus se expressa através dos processos sistematizados e organizados do sétimo raio. A faculdade geométrica da Mente Universal encontra sua máxima perfeição material no plano físico ou sétimo plano, ao trabalhar por meio do sétimo raio. Assim, o reino mineral nasceu como sua maior expressão. Contém esse reino, em solução, todas as forças e os elementos químicos e minerais de que necessitam as formas nos outros reinos materiais.

2 - O reino mineral é, pois, a mais concreta expressão da unidade dual do poder e da ordem. Constitui esse reino, "as fundações" da estrutura física ordenada ou o universo de nosso planeta.

3 - A adaptabilidade rítmica e ritualística do sétimo raio, mais a vontade dinâmica do raio do poder, são necessárias, em conjunto, para a plena realização do Plano, tal como se encontra na mente de Deus.

Essa é a razão pela qual, nesse atual período de transição, o Senhor do sétimo raio está assumindo o controle dos assuntos e da execução ordenada do Plano, para finalmente restabelecer a estabilidade no planeta e dar às influências aquarianas entrantes um campo estável e ampliado no qual trabalhar. Isso será elaborado mais tarde, quando estudarmos os signos zodiacais e sua relação com os raios.

Agora abordaremos os dois pontos seguintes - condensação e seu segredo oculto, a transmutação.

Do ponto de vista da matéria exterior, o reino mineral marca a expressão mais densa da vida de Deus na substância e sua característica mais destacada, embora raramente reconhecida, é o poder, aprisionado e não expresso. Falando em símbolos, um vulcão em erupção é uma suave expressão desse poder. Do ponto de vista da substância esotérica, os quatro éteres são infinitamente mais densos e "substanciais". Isso já foi dito pela ciência moderna, ao postular o éter hipotético. Este quinto reino (contado, ocultamente, do reino egoico para baixo) é um reflexo desses quatro éteres e o ponto de sua mais densa concreção. Assim como eles "subjazem" ou formam a base do mundo manifestado e consideramos que eles constituem "a verdadeira forma", também o reino mineral é o reino fundamental nos três mundos, segundo a Lei de Correspondência. É, num sentido bastante peculiar, "substância etérica precipitada" e é uma condensação ou exteriorização dos planos etéricos. Essa solidificação ou precipitação - que resulta na produção da matéria objetiva densa ou sólida - é o resultado tangível da interação das energias e qualidades do primeiro e sétimo raios. A unificação da vontade e o ritmo regular dos dois produziram esta Terra e o conteúdo em fusão do planeta, considerando-se a terra como a crosta.

Ao girar da grande roda, ciclo após ciclo, esses dois raios entram em atividade e, no intervalo entre seus ciclos objetivos, os outros raios dominam e participam da grande obra. O resultado nesta interação de potências psíquicas manifestar-se-á na transmutação final da substância da Terra e na sua fusão novamente de volta àquilo do qual ela é a condensação objetiva. Mais uma vez, a linguagem falha em fornecer os termos necessários. Eles ainda são inexistentes. Menciono isso como uma indicação da dificuldade do nosso tema. A substância etérica intangível foi condensada para formar o mundo objetivo tangível. Este - segundo o plano de evolução - tem que novamente ser transmutado até sua condição original, acrescido do ritmo ordenado e das tendências e qualidades elaboradas na consciência de seus átomos e elementos por meio da experiência da exteriorização. Essa resolução pode ser observada na radiação e nas substâncias radioativas: Estaremos acompanhando o processo de transmutação. Os agentes de fusão são o fogo, o calor intenso e a pressão. Esses três agentes já conseguiram produzir as divisões do reino mineral em três partes: os metais inferiores, como são chamados, os metais nobres (como a prata, o ouro e a platina) e as pedras semipreciosas e os cristais. As pedras preciosas são a síntese dos outros três - uma das sínteses básicas da evolução. A esse respeito, algumas correspondências entre o reino mineral e os ciclos evolutivos humanos podem ser observadas:

1 - Metais inferiores - plano físico. Consciência densa. A primeira iniciação.

2 - Metais nobres - plano astral. Autoconsciência. A segunda iniciação.

3 - Pedras semipreciosas - plano mental. Consciência radiante. A terceira iniciação.

4 - Pedras preciosas - consciência egoica e realização espiritual. A quarta iniciação.

As correspondências do fogo, calor e pressão na evolução do ser humano são autoevidentes e seu trabalho pode ser visto paralelamente ao do reino mineral.

O reino mineral é astrologicamente governado por Touro e há uma relação simbólica entre o "olho na cabeça do Touro, o terceiro olho, a luz na cabeça e o diamante. A consciência do Buda é chamada o "olho-diamante".

Temos sido técnicos e muita coisa foi dita que parece não ter relação com o desenvolvimento psicológico do homem. Mas, para entender os raios e sua importância na vida como um todo, é necessário que o homem assimile o fato de que ele é apenas uma pequena fração desse todo. O homem tem suas raízes nos três reinos; todos contribuíram para o seu equipamento; ele é o macrocosmo de um microcosmo inferior; ele é o elo que une os três reinos inferiores aos três superiores. Tenhamos em mente que o sinal do desdobramento espiritual do homem está na sua habilidade em incluir na sua consciência não apenas os chamados valores espirituais e o poder de reagir ao contato da alma, mas também incluir os valores materiais e reagir divinamente às potências que, ocultas aos seus olhos, jazem sob a custódia de outras formas de vida divina, que se encontram nos três reinos sub-humanos.

Diante da urgência da presente situação mundial, caberia perguntar: Qual a necessidade de estudar os raios e reinos da Natureza? Qual o benefício em especular sobre assuntos cuja verdade é, por ora, impossível de ser apreendida pelo estudante comum? Tais perguntas são inteligentes e pertinentes e merecem uma resposta inteligente. Responderei com outra pergunta: Que indicação tem o suposto servidor de que seu equipamento mental o torna de alguma serventia, na presente crise mundial?

Uma das primeiras coisas que qualquer instrutor da raça tem que fazer é ampliar o equipamento mental do suposto servidor. O trabalho é frequentemente prejudicado pelas oferendas devocionais do aspirante emocional. O Plano tem, com frequência, sua fruição retardada pelos esforços intempestivos e mal dimensionados do extremado seguidor do Grande Senhor. Acima de tudo, o trabalho é prejudicado pelas reações da personalidade dos líderes dos grupos dedicados ao esoterismo. Todas as reações da personalidade são, na maioria dos casos, baseadas em algum tipo de emoção. Ambição pessoal, desejo (às vezes, inconsciente) de ser a autoridade suprema num determinado grupo, receio de intrusos e de terminologias (que expressam verdades idênticas), ciúme de outros líderes, aliado a uma sincera, porém nebulosa e enganadora interpretação da verdade, tudo isto gera grande detrimento à causa da Hierarquia. E vê-se isso em toda parte! A raiz do problema está no corpo de desejos, sentimentos e emoções e no indevido apego à forma e às coisas externas. Esses fatores impedem aquela clarividência que leva à ação sábia e cooperativa. Se o equipamento mental e a apreensão mental puderem ser estimulados, então, será possível realizar um trabalho real e, então, os grupos (que formam o Grupo Uno) poderão tornar-se verdadeiramente úteis. Tendo isso em mira, pode ser proveitoso oferecer material por meio do qual o corpo mental dos estudantes possa crescer e por meio do qual eles encontrem o apoio e os meios para desenvolvimento. Poucas são as pessoas que conseguem deduzir do seu próprio interior os pensamentos e ideias que as levariam à compreensão da verdade; portanto, aqueles que, como nós, somos responsáveis pelo ensino da raça, temos que, forçosamente, prover o que é necessário. Também, ao assim fazer, estamos trabalhando para a futura geração de investigadores, sabendo perfeitamente que o ensinamento avançado de hoje e as novas ideias que influenciam os pioneiros da humanidade, tornam-se a inspiração do público pensante na geração seguinte e, no devido tempo, a teologia resultante. As crenças e conhecimentos dos esoteristas de hoje (dos verdadeiros esoteristas espirituais e não dos assim chamados grupos esotéricos) são dissolvidos nas fórmulas de fé de seus sucessores e acabam por se identificar com as crenças e organizações religiosas.

A compreensão mental do raio do ensino e o estudo dos raios em relação à evolução da Natureza são de grande importância mental e espiritual, porém, de pouco valor prático no quotidiano, exceto pelo fato de desviar a polarização do estudante do plano emocional para o mental e, assim, produzir o alinhamento e estabilização.

Vamos, agora, considerar os raios e o reino vegetal. É-nos difícil apreender o significado da consciência e da atividade do reino mineral, devido à enorme distância que o separa do nosso. Fica difícil, realmente, entender, com a nossa consciência visual, o fato de que, por exemplo, nossas unhas e dentes e estrutura óssea têm uma consciência e uma percepção inteligente que é a mesma em espécie - embora em grau diferente - que a do olho ou de um nervo sensorial. Mas assim é. Ao abordarmos as formas de vida que se assemelham ao tecido vivo de nossos corpos, nossa apreciação da semelhança e de idênticas possibilidades aumenta a cada passo. É somente demonstrando por analogia que assimilamos a verdade esotérica, o que pode lançar alguma luz, se compreendermos que há formas de vida e de consciência mais elevadas no cosmo, as quais encontram tanta dificuldade em lançar sua consciência sobre as formas animais da humanidade quanto nós encontraríamos em projetar nossa consciência num arado de ferro. Mas, mais uma vez, assim é.

Mostraremos, agora, uma tabulação das ideias e informações de que dispomos:

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2. O REINO VEGETAL

Influência O segundo Raio do Amor-Sabedoria, trabalhando para um intenso aumento de sensibilidade. O quarto Raio da Harmonia e Beleza, trabalhando para a harmonização geral deste reino em todo o planeta. O sexto Raio da Devoção ou (como foi expresso simbolicamente em "A Sabedoria Antiga") "o impulso para consagrar a vida ao Sol, o doador dessa vida" ou ainda "o impulso para volver o olho do coração do Sol".
Resultados Esses se produzem no segundo reino, sob a forma de magnetismo, perfume, colorido e crescimento na direção da luz. Recomendo cuidadoso estudo sobre essas palavras, pois é nesse reino que primeiramente vemos a glória que se estende à frente da humanidade.
a) Radiação magnética. A fusão das metas do mineral e do vegetal.
b) O perfume da perfeição.
c) a glória da alma humana. O radiante augoeides.
d) Aspiração que conduz à inspiração final.
Processo Conformação ou o poder "conformar-se" ao modelo estabelecido nos céus,
a de produzir embaixo o que é encontrado em cima. Isso é feito neste reino
com maior maleabilidade do que no reino mineral, onde o processo de
condensação avança às cegas.
Segredo Transformação. Aqueles processos alquímicos ocultos que permitem aos
vegetais, neste reino, extrair sua sustentação do Sol e do solo e transformar
isso em forma e cor.
Propósito Magnetismo. Aquela fonte de beleza, graça e poder atrativo que atrai para
si as formas superiores de vida, levando as formas animais a consumi-la como
alimento e as entidades pensantes a extrair dela inspiração, consolo e
satisfação mental.
Divisões Árvores e arbustos. Plantas frutíferas. Grama e as formas menores de vegetação que não se incluem nas outras duas categorias. Um grupo encontrado sob a denominação geral de vegetação marinha.
Meio objetivo Água.
Meio subjetivo Tato.
Qualidade Rajas ou atividade.

Não é minha intenção apresentar, neste Tratado, aquilo que o leitor pode descobrir nos textos acadêmicos de nossas Universidades. Meu trabalho não é o de equiparar a informação encontrada nos ensinamentos exotéricos e teologias de nossas modernas ciências. Eu procuro indicar a síntese que subjaz ao todo e destacar a continuidade de consciência que pode ser observada pelo esoterista. Desse modo, a parte pode ser vista integrada ao todo, de um modo diferente da que é vista, quando se considera apenas a forma. É com o mundo das causas a nossa primordial preocupação: e mesmo quando consideramos e estudamos aquilo que incluímos sob o título de "resultados", é quando esses se mostram como causas iniciadas, que melhor compreendemos sua significância. É, ao percebermos a potência de radiação do reino mineral, que podemos começar a investigar a base da escada evolucionária e a apreender os primeiros passos dados pela vida de Deus, por meio das formas manifestadas.

Se, ao fim deste livro, o estudante tiver alcançado alguma compreensão do significado destas palavras simbólicas - Radiação, Magnetismo, Experimento, Transmutação e Realização - e conseguir compreender que elas incorporam o propósito e o objetivo de cada um dos cinco reinos da Natureza dos quais estamos basicamente tratando, ver-se-á, então, a emergente realidade da consciência e compreender-se-á a predominância da síntese.

a) Vida - Radiância - Magnetismo

Está dito nos aforismos de Ioga de Patanjali, que "Quando dominamos a vida que nos sujeita, aparece a radiância" e, nessas palavras, encontra-se a chave para a relação existente entre os reinos mineral e humano. Em outras palavras, pelo controle consciente da natureza mineral estática, tal como ela se expressa no homem, surge finalmente sua atividade radiante. Assim, "a centelha se transforma em chama". (Patanjali: III 40, Luz da Alma). Descobriremos que, nos aforismos, muitas correlações úteis podem ser feitas, particularmente quando consideramos qualquer um dos vários quíntuplos encontrados em manifestação com tanta frequência. Esse livro é um tratado básico para o treinamento iniciático. Tomemos, como ilustração disso as palavras encontradas no Livro Ill. 44 e notemos a luz que é lançada sobre o ciclo evolutivo e sobre o desenvolvimento simbólico dos cinco reinos da Natureza:

"A meditação dirigida sobre as cinco formas que cada elemento toma, produz a mestria sobre cada elemento. Essas cinco formas são: a natureza grosseira, a forma elementar, a qualidade, a difusibilidade e o propósito básico".

Temos aqui, portanto, uma analogia a considerar:

1. A natureza grosseira o reino mineral
2. A forma elemental o reino vegetal
3. A qualidade o reino animal
4. A difusibilidade o reino humano
5. O propósito básico o reino das almas

Notemos também a correlação de ideias que encontramos, ao estudar as seguintes palavras:

"Pela meditação dirigida sobre a relação entre o corpo e akasha, obtém-se a ascensão para fora da matéria (os três mundos) e o poder de viajar no espaço". (Luz da Alma, p. 338). Patanjali: III.42

Aqui, torna-se claro quão valioso é o ensinamento desse aforismo, se pensarmos com atenção no aspecto consciência e como, numa escala mais ampla do que a simplesmente humana, as relações se tornam claras:

1- O corpo reino mineral densa prisão da vida
2- O akasha reino vegetal a fluida vida consciente
3- Ascensão para fora da matéria reino animal a meta evolutiva da relação entre corpo e akasha
4- Poder para viajar no espaço reino humano a meta da consciência humana através da realização das três acima

É das relações internas que me ocupo, neste Tratado, dos desejados resultados externos produzidos pelas influências internas dos raios. É o objetivo da consciência em desenvolvimento que eu procuro tornar claro. A ciência pode, com habilidade e discernimento, lidar com evolução da forma. Esforçar-me-ei em preparar o terreno para a ciência vindoura, (da qual a psicologia moderna é um começo experimental), a qual tratará tão facilmente da evolução da consciência quanto a ciência moderna se ocupa das expressões de vida na forma. Somente quando essa nova ciência alcançar o ponto de desenvolvimento no qual se encontra agora a ciência material, será possível considerar a evolução da vida, através da consciência na forma. Fiz aqui uma afirmação sintética e básica que precisa ser compreendida. Aqueles cuja consciência se esteja expandindo para além do âmbito humano, até o egoico, seguirão meu raciocínio com certa facilidade.

Uma pergunta muito apropriada pode ser aqui feita: Que determina qual o raio que deve governar ou predominantemente influir sobre algum reino ou todos os reinos da Natureza? Lembremo-nos de que cada reino, visto como um todo, é uma entidade e que (sob o aspecto da forma) a soma total de todas as formas constitui o corpo de manifestação dessa entidade. Em última análise, também, o agregado de influências autoiniciadas ou a radiação magnética desse reino em particular, é uma expressão da qualidade básica ou qualidades dessa entidade a aura da personalidade da entidade. Dois raios governam cada reino da Natureza, à exceção do reino vegetal, onde três raios indicam a natureza da vida nesse reino. Possivelmente os estudantes acharão útil considerar esse problema sob o ângulo da analogia e dar-se conta de que são (tal como qualquer outro ser humano) governados ou impelidos por dois raios: o raio da personalidade e o raio egoico.

Depois da terceira iniciação, o discípulo tem, em si, três raios ativos, pois o raio da Mônada começa, então, a fazer sentir sua presença. Encontra-se uma condição análoga em todos os reinos da Natureza. Dois raios são dominantes em cada reino, porém, no reino vegetal, três controlam, porque esse reino está mais evoluído (ao longo de suas linhas peculiares) do que qualquer outro. O que pode ser considerado como o raio monádico da Vida desse reino está em atividade. Esse assunto todo não pode ser considerado do ponto de vista da consciência humana, como também os padrões de desenvolvimento e da percepção humanos não podem ser considerados como tendo um lugar proeminente nesta evolução da vida divina. Esta entidade vivente tem um objetivo diferente do objetivo daquela Vida que traz à existência o quarto reino da Natureza. Não obstante, três influências logoicas básicas, três alentos principais ou três vibrações de raios são responsáveis pela vida, qualidade e aparência deste reino. O assunto todo é por demais intrincado para ser realmente compreendido e seria melhor para o leitor simplesmente aceitar, com certa reserva, as afirmações que faço e entender que, quando ele próprio for um membro da grande legião dos iniciados da sabedoria, aquilo que atualmente lhe parece inexplicável, pode tornar-se claro e, quando, inserido no seu devido lugar no esquema das coisas, não parecerá, assim, tão extraordinário ou peculiar.

b) Os Cinco Segredos dos Reinos na Natureza

Há um segredo referente a cada um dos reinos da Natureza. Esses segredos dizem respeito à relação entre a evolução humana e o todo e são revelados ao iniciado nas cinco iniciações. A cada iniciação um dos cinco segredos é explicado ao iniciado e eles são chamados pelos cinco nomes seguintes, numa tentativa que faço para interpretar, simbolicamente, o antigo nome ou signo.

As formas simbólicas nas quais esses cinco segredos estão ocultos e, desse modo, apresentadas à inteligência do iniciado, são as seguintes:

1- O segredo mineral Um diamante, branco-azulado.
2- O segredo vegetal Um cubo de sândalo no coração do lótus.
3- O segredo animal Um ramo de cipreste, sobre uma urna funerária.
4- O segredo humano Um cordão dourado torcido com sete nós.
5- O segredo egoico Um botão de lótus fechado, com sete raios azuis.

Seja como for, algumas das sete influências logoicas são, na época atual, dominantes nos cinco reinos; em quatro casos, dois raios governam; três raios governam, no caso do reino vegetal. É preciso não esquecer que esses raios relacionam-se uns com os outros e que, no grande entrelaçamento das forças planetárias e solares, cada reino está sob a influência de todos os raios, porém, com certos raios sempre no comando e certos outros dominando ciclicamente. Os raios determinam a qualidade da vida em manifestação e indicam o tipo da aparência.

Resumindo nossa consideração sobre as três divisões do reino vegetal, pode dizer-se que:

Raio VI determina o tipo, família, aparência, força, tamanho e natureza das árvores do nosso planeta.
Raio II é a influência beneficente, expressando-se por meio de cereais e flores.
Raio IV é a qualidade da vida, expressando-se por meio das gramíneas e formas menores da vida vegetal - aquelas vidas que fornecem o "tapete verde sobre o qual dançam os anjos".

Um importante acontecimento simbólico foi consumado ao final da Era de Peixes, que é o período de influência do sexto raio. Foi a devastação generalizada das florestas do mundo. Em toda a parte, foram sacrificadas às necessidades do homem. Assim, foram submetidas à influência do fogo aquelas formas vegetais que estavam prontas para a iniciação. O mais importante meio de desenvolvimento desse reino tem sido a água e esse novo desenvolvimento, essa reunião do fogo e da água neste reino, foi o fato subjetivo que deu nascimento à era do vapor. Os vastos incêndios nas florestas, que atualmente tanto ameaçam várias partes do mundo, estão também relacionados a essa "iniciação pelo fogo" de um reino, até então, controlado e direcionado em seu crescimento pelo elemento água.

De modo similar, a entrada do sétimo raio deu início a um importantíssimo acontecimento no reino mineral. A isso já me referi em livro anterior. Pelo efeito do som e do fogo, o reino mineral também foi iniciado e, na Grande Guerra, nas fábricas onde metais são transmutados em artefatos para uso do homem, o mundo dos minerais e a entidade que lhe dá existência, estão passando por uma grande iniciação. Isso foi possível devido ao raio da personalidade da entidade, manifestando-se por meio deste reino, submetendo-se ao fogo iniciático. Isso está sendo dito, é claro, de modo simbólico - o único modo pelo qual qualquer aspecto da verdade planetária pode ser apreendido pelo homem. É um fato interessante, embora de pouca importância que, em todas as iniciações dos reinos da Natureza, o Logos planetário de um determinado raio sempre atua como o Iniciador. Esse raio muda ciclicamente. Nas principais iniciações dessa época, por exemplo, no que diz respeito à humanidade, não só o primeiro Iniciador, o Cristo, está oficiando Sua função, não só o Ancião dos Dias, a corporificação do nosso Logos planetário, está participando (ativamente ou por trás das cortinas), mas também, por trás de Ambos, está agora o Senhor do quinto Raio do Conhecimento e Compreensão.

Devemos assinalar aqui, um ponto interessante. É sabido, esotericamente, que o reino vegetal é o transmissor e transformador do fluído prânico vital para as demais formas de vida no nosso planeta. Essa é sua função divina e exclusiva. Esse fluído prânico, na sua forma de luz astral, reflete o divino akasha. O segundo plano, portanto, reflete-se no plano astral. Aqueles que procuram ler os registros akáshicos ou que se dedicam a trabalhar no plano astral sem incorrer em riscos, para estudar corretamente o reflexo dos eventos na luz astral têm que ser, forçosamente e sem exceção, rigorosamente vegetarianos. É esse antigo conhecimento da época atlante que leva os vegetarianos a insistir sobre a necessidade de uma dieta vegetariana e que dá força e verdade a essa injunção. É a desobediência a essa sábia regra a causadora das errôneas interpretações dos registros astral e akáshico, feitas por muitos dos sensitivos existentes e que tem levado à irracional e incorreta leitura de vidas passadas. Somente aqueles que tenham sido rigorosamente vegetarianos por dez anos, podem trabalhar naquilo que se pode chamar o "aspecto registro da luz astral". Quando tais pessoas acrescentam aos seus corpos astral e físico purificados, a luz da razão e iluminação de sua mente focalizada (o que é muito raro), aí então, tornam-se intérpretes fiéis dos fenômenos astrais. Sua ligação com o reino vegetal torna-se, então, muito estreita e indestrutível e o elo ou as cadeias que os ligam, irão conduzi-los, através da porta até a cena de suas investigações. Porém, a menos que a dieta vegetariana tenha como objetivo esse campo de serviço, os argumentos para que essa dieta seja seguida são fúteis e sem real importância. Do ponto de vista das verdades eternas, o que o homem come ou veste tem uma conotação muito diferente daquela do fanático uni-direcionado. Quero novamente repetir que todo este problema de tirar a vida (seja no reino vegetal ou animal) é muito mais amplo do que sabemos e deve ser abordado por um ângulo diferente (não só em grau, como em espécie) daquele de tirar a vida de um membro da família humana. Os três aspectos da divindade se encontram no homem e com o destino de um divino filho de Deus, ninguém deve interferir. Quando o problema são os dois aspectos da divindade, como nos reinos sub-humanos, a atitude pode ser outra e a verdade que emerge é diferente daquela em que creem as mentes pequenas.

A influência dos três raios, mesclados, no reino vegetal, sendo também os três raios de números pares, 2 - 4 - 6, produziu uma perfeição quádrupla neste reino, sem paralelo em qualquer outro. Os raios são responsáveis por esse resultado e seu efeito pode ser visto na análise que segue:

Raio II O resultado desta influência, derramando-se através do reino, foi o de produzir seu magnetismo, sua atração.
Raio IV Este raio da luta e conflito tem como objetivo trazer harmonia entre a forma e a vida e produziu a síntese e harmonia da cor na natureza. Ao dizermos "cor na natureza", automaticamente, pensamos no reino vegetal e na harmonia alcançada na vegetação.
Raio VI O nascimento em direção à luz é o efeito da influência deste raio, aliado à tendência normal para evoluir, inerente a todas as formas vivas. Isso trouxe as sementes latentes do reino vegetal, inerente ao solo, à superfície. Isso constitui a energia da exteriorização.

O efeito conjunto desses três raios, trabalhando em uníssono, foi produzir o quarto resultado, o perfume das flores, encontrado nas unidades mais elevadas do reino vegetal. Esse perfume pode ser mortal ou vitalizante e pode deleitar ou repelir. Ele atrai e constitui parte do aroma desse reino que é percebido na aura planetária, embora não percebido, no todo, pela humanidade. Você isola um perfume; contudo, o perfume do reino inteiro é um fenômeno bastante familiar ao iniciado.

Seria interessante que os estudantes traçassem analogias semelhantes nos outros reinos da Natureza, lembrando-se, porém, de que esse reino está, esotericamente, à frente dos demais, pois há três raios participando em sua perfeição. Devemos dizer que, no fim, três raios afetarão cada um dos outros três reinos.

Durante o período da próxima sub-raça, o segundo raio começará a derramar seu poder no reino animal, gradualmente estimulando a mente instintiva do animal, até que ela vibre em resposta ao raio da inteligência, do conhecimento. Isso provocará uma organização do cérebro animal, com a transferência do poder do plexo solar para o centro da cabeça e, consequentemente, uma mudança na polarização animal e uma atividade aumentada do cérebro na cabeça.

Próximo ao final desta ronda, o raio monádico das pessoas adiantadas será tão potente que haverá uma pronunciada efusão do primeiro raio, com sua estimulação da vontade individual. Vocês terão, portanto, no desenvolvimento do aspecto vontade da humanidade, os seguintes estágios, que são de importância psicológica:

1- Instinto.
2- Aspiração emocional.
3- Intelecto.
4- Focalização mental.
5- Propósito egoico.
6- Vontade espiritual.
7- Divina Intenção.

Esses estágios estão latentes em todos nós e estão relacionados com os sete princípios do homem. Eles se expressarão na humanidade adiantada como "aspectos da psique" e, portanto, psicologicamente, nas últimas etapas do desenvolvimento humano. Esses aspectos devem merecer o maior interesse por parte dos investigadores e educadores, os quais devem procurar desenvolvê-los na criança e no adolescente. Eles se apresentam, hoje, como estágios demarcados no desenvolvimento de todos os discípulos e iniciados. Eles indicam a posição ao longo do Caminho.

Daí, sua utilidade prática.

No reino das almas, o quarto raio completará o trabalho das próximas duas rondas, porém, esse período está tão distante, que não nos precisamos preocupar com ele.

No reino vegetal, o trabalho do segundo raio do Amor-Sabedoria é visto, simbolicamente, em uma de suas mais importantes consumações. A atratividade, no sentido de beleza, de cor, de forma, de distribuição e de perfume, pode ser vista ilimitadamente e se tivessem vocês "olhos de ver" a realidade, a síntese da vida lhes seria revelada em toda a sua glória. Mas, assim como o último dos cinco sentidos a fazer-se presente no homem, o sentido do olfato é ainda pouco compreendido (e suas implicações não entendidas) enquanto sua relação com a mente analítica e discriminativa não é valorizada cientificamente, assim também a "atratividade" (esotericamente falando) do reino vegetal permanece irreconhecida. Ela é a roupagem radiante do planeta e é revelada pelo Sol; é a expressão alcançada da vida da forma deste reino da Natureza e é o efeito da manifestação dos três aspectos divinos em atividade deste "peculiar" filho da divindade, ao cumprir seu destino na forma e por meio da matéria.

Todo o problema do magnetismo está intimamente ligado ao problema do sexo. No estudo oculto da disseminação da semente da vida e dos germes do reino vegetal e na compreensão do papel aí desempenhado por esses miraculosamente desenvolvidos organismos - as formigas e as abelhas - e, depois, na investigação do trabalho dos construtores etéricos - os elfos e as fadas - por aquelas pessoas de visão despertada, será lançada uma nova luz sobre o sexo e a função que este desempenha na inter-relação das vidas e na criação das formas. Esse aspecto dessa profundamente esotérica verdade não pode ser tratado aqui, pois é o efeito da atividade de vidas solares do nosso sistema solar, com as quais não nos podemos envolver. É impossível tratar do assunto de forma a torná-lo de algum valor construtivo para o leitor comum. Tudo que não for de valor esotérico imediato para esta época de urgência mundial, será relegado para mais tarde.

c - Os Planetas e os Reinos

No reino vegetal, a influência de Vênus é predominante, por mais extraordinário que isto possa parecer aos estudantes. Juntos, Vênus e Júpiter influenciam poderosamente este mundo de formas.

É interessante notar que todos os planetas têm estreita relação com todos os reinos, porém essa relação não deve ser confundida com os raios planetários ou com o fato de que alguns dos planetas são considerados "planetas sagrados" e outros não. Uso aqui as palavras "influência planetária" no mesmo sentido em que o astrólogo as usa, pois ele também não trata dos raios básicos planetários. Podemos, pois, dizer que são as seguintes as relações planetárias neste ciclo:

1. Reino mineral Plutão e Vulcano
2. Reino vegetal Vênus e Júpiter
3. Reino animal Lua e Marte
4. Reino humano Mercúrio e Saturno
5. Reino das almas Netuno e Urano
6. Síntese desses cinco O Sol

Há outras influências planetárias que se fazem sentir e forças ocultas também agem sobre a vida planetária, porém as citadas são as influências principais e as que produzem os resultados desejados nos reinos da Natureza, segundo o Plano. É preciso lembrar que essas são as influências cíclicas dominantes nessa época e que elas mudam de ciclo para ciclo. Por exemplo, um discípulo que está no caminho é fortemente influenciado por Mercúrio e Saturno, porém, quando começa seu treinamento para a primeira iniciação, tem que lutar com as influências de Plutão e Vulcano; o treinamento para a segunda iniciação trá-lo sob as influências de Netuno, com Vênus e Júpiter lutando pelo controle. O elo com o reino vegetal torna-se, então, forte e, daí, resulta o frequente reconhecimento de "perfumes astrais" que o discípulo pode perceber. Antes da primeira iniciação, terá sido rompido dentro dele o mundo estático mineral.

Na terceira iniciação, Lua e Marte lutam para assumir ascendência e, aí, tem o discípulo seu campo de batalha. Eis por que, na grande Transfiguração, o corpo é "transfigurado" como indicação de triunfo.

Na quarta iniciação, Mercúrio e Saturno agem como os grandes trasladadores e trazem o discípulo até a porta da realização.

Na última iniciação, é a atividade de Urano e o fluxo entrante da força de Júpiter que causam a reorganização, a qual resulta na emancipação final.

A vastidão e a complexidade do assunto tornam-se, assim, aparentes. Nota-se outra vasta influência no aparecimento da cor no reino vegetal e o problema das influências do raio torna-se ainda mais complicado. Na cor básica, verde, temos indicação da potência de Saturno. Esotericamente falando, o reino vegetal está num adiantado estágio do caminho do discipulado, por isso, Saturno e Marte estão ativos. Observa-se a influência deste último planeta na prevalência das cores vermelha, rosa, amarela e laranja nas flores atuais.

Novamente será interessante para os leitores notarem mentalmente a relação entre o crescimento e o idealismo do sexto raio. Poderiam, assim, conhecer a parte desempenhada pelo Raio da Devoção no desencadeamento do impulso para evoluir. É o crescimento na direção de um ideal ou de um protótipo divino ou arquétipo. É aqui que o segredo deste reino se revela. O segredo está oculto na palavra "transfiguração", pois os raios 2 - 4 - 6 são os grandes transformadores. A chave desse segredo encontra-se nos processos de assimilação e nas forças construtivas que transmutam os minerais assimilados, a unidade absorvida, o alimento no ar e a oferenda do reino dos insetos depositada nos corpos manifestados, as cores radiosas, as auras magnéticas e os refinados perfumes deste reino. Muitos desses aspectos têm sido objeto de investigação dos cientistas modernos, porém, enquanto eles não reconhecerem o fato da influência dos raios e o papel que eles desempenham na produção desses fatores, não descobrirão o verdadeiro segredo das transformações observadas.

Será, portanto, evidente para o leitor cuidadoso que, na relação entre os raios e os reinos da Natureza e na similaridade dos raios encontrados em atividade nos vastamente diversificados reinos, será encontrado o ponto de contato ou porta de entrada, por onde cada reino se interliga.

Por exemplo, os reinos humano e vegetal têm seu ponto ou entrada de influência (usando as palavras no sentido esotérico) através do quarto raio, o qual influencia as formas em ambos os reinos. A relação entre o reino vegetal e o reino das almas é estabelecida pelo segundo raio. O segundo raio está começando a fazer sentir sua presença no reino mineral, o que explica o trabalho do homem com esse reino e a facilidade em utilizar, materialmente, suas formas. Talvez eu devesse dizer, malbaratar. Como já foi dito, dentro em breve, o quinto raio fará sentir seu poder no reino animal e, então, uma relação ainda mais estreita será estabelecida entre os homens e os animais.

Por outro lado, os raios em encarnação a qualquer tempo estabelecerão relações entre os reinos, aumentando a interação de forças e o intercâmbio de energias e, assim, produzindo novos efeitos, novas formas de vida e novas maravilhas no mundo dos fenômenos. O homem também tem razões para pensar que as influências do seu raio (o raio predominante no seu próprio reino) serão de suma importância e mais potentes, o que não se verifica nesta época.

É impossível um estudo cuidadoso e uma real análise do efeito e trabalho dos raios em relação ao reino animal. Contudo, é preciso lembrar que as raízes da psicologia humana jazem escondidas nessa expressão de Deus. A humanidade é a expressão de dois aspectos da alma - alma animal e alma divina - e essas duas, mescladas e fundidas no homem, constituem a alma humana. É esse fato o causador dos problemas específicos do homem e são esses os dois fatores que o envolvem na longa luta que resulta na libertação da alma divina, por meio da sublimação da alma animal. Nessas palavras, há muito material para reflexão: "Os dois serão um". Esse trabalho começa no reino animal e constitui seu "segredo", daí, o uso da palavra "transfusão" a ele associado. A individualização foi o primeiro resultado desse processo secreto. O efeito de sua consumação final é visto nos cinco estágios do processo iniciático, que conduz à eventual transfiguração e libertação. Todavia, todo o trabalho é um grande desdobrar da revelação da alma de Deus e é somente quando divorciamos a humanidade desse processo de revelação que encontramos os segredos, os problemas, as dificuldades e os mistérios insolúveis. Uma consciência, uma percepção, uma sensibilidade ao contato cada vez mais vasto e mais inclusivo está gradualmente em desenvolvimento e essa é a consciência de Deus, a percepção do Logos solar e a sensibilidade do cósmico Filho de Deus.

A forma pela qual aquela Vida Se expressa, o aparelho sensível de resposta pelo qual aquela Consciência opera são de importância secundária e sua natureza é a de um mecanismo automático. E com o mecanismo, contudo, que nos temos identificado até agora e temos esquecido que esse mecanismo não passa de uma expressão de um aspecto da consciência e que ele indica, em cada instante, o ponto de evolução da entidade que lhe dá a forma. Repetindo: os dois fatores mais importantes, durante a manifestação, são a consciência em desenvolvimento e a vida em manifestação. Tendo isso em mente, observar-se-á como cada etapa no caminho pode ser vista inteira como um reino da Natureza. Cada um desses reinos leva o aspecto consciência a um estágio maior de perfeição e demonstra uma maior resposta e sensibilidade às condições ambientais, internas e externas, do que o reino precedente. Cada um manifesta uma revelação mais ampla da glória interior e escondida. Contudo, quando uma unidade de vida está imersa na forma e quando a consciência se identifica (no tempo e espaço) com qualquer forma em particular, não lhe é possível conscientizar sua divindade ou expressá-la conscientemente. Sua psicologia é a do parcial e do particular e não a do universal e do todo. Quanto maior e mais estreita a identificação com o aspecto forma, maior é a unidade inferior e a síntese; porém, ao mesmo tempo, maior é a escuridão e, simbolicamente falando, mais densa a prisão.

Assim é a consciência nos reinos inferiores ou sub-humanos da Natureza. Quanto mais a unidade de vida se identifica com "aquele que é consciente", maiores e mais elevadas, embora diferentes, serão a unidade e a síntese. Assim, também, é a consciência dos três reinos superiores, os sobre-humanos. A tragédia, o problema e a glória do homem é que ele pode identificar-se com ambos os aspectos - a forma e a vida e sua psicologia é tal, que durante o período em que ele faz parte do reino humano, seu reino, sua consciência flutua entre esses pares de opostos. Ele pode identificar-se com as formas sub-humanas, o que ele invariavelmente faz nos primeiros estágios. Ele pode identificar-se com o aspecto vida e isso ele faz nos estágios finais. No estágio intermediário do homem comum, ele fica violentamente dividido entre ambos, sendo ele próprio o campo de batalha.

Com essa consciência, incidente sobre uma percepção desses pares de opostos, relaciona-se todo o problema da dor e do sofrimento, como os entendemos hoje. O animal sofre, porém, seu sofrimento é inteiramente físico e de sensação. O homem sofre, porém, seu sofrimento é físico, sensorial e também mental; este último devido ao desenvolvimento, no homem, de certos aspectos da mente inferior: antecipação, memória, imaginação, o poder de visualização, o remorso e o inerente impulso de alcançar a divindade, o que traz consigo um sentimento de perda e de fracasso. Os sofrimentos do Próprio Deus (aos quais as escrituras mundiais se referem tão frequente e misteriosamente) estão divorciados da sensação e são mentais e intuitivos. Porém, sobre esse mistério, não nos precisamos aprofundar. Os sofrimentos da humanidade são primordialmente de ordem pessoal; os de Deus, são eminentemente impessoais e relacionados com o todo. Toquei nesse assunto, porque queria apresentar um quadro da síntese do desenvolvimento desde o incipiente até o que é sentido, do que é sentido até o que é mentalmente percebido e do que é mentalmente percebido, até o que é "divinamente apreciado", segundo a terminologia oculta. Apresento-lhes quadros, porém, são quadros de um todo. E preciso pensar em "todos" e tentar não encaixar cada detalhe no todo, porém, ter em mente que o que pode parecer uma contradição pode ser apenas um fragmento de detalhe temporário, para o qual vocês - por enquanto - não veem lugar ou explicação.

No reino animal, observa-se a primeira leve indicação de pesar e dor, embora nos animais mais desenvolvidos e nos animais domésticos, esses dois processos educativos estejam ainda mais claramente indicados. O trabalho do homem com os animais é potente em resultados e levará finalmente a reabrir-se a porta para o reino humano. Parte do trabalho já realizado pelo homem ultrapassou a expectativa divina e pode assegurar uma aceleração do Plano.

Vamos agora tabular nossas observações a respeito deste reino e dos raios, como o fizemos sobre os outros dois reinos:

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3. O REINO ANIMAL

Influência O terceiro Raio da Influência Ativa ou Adaptabilidade é potente neste reino e expressar-se-á, cada vez mais, com o correr do tempo, até produzir no mundo animal aquela reação à vida e ao meio circundante que pode melhor ser descrita como "focalização animai". Então, nesse ponto e ciclicamente, o sexto Raio da Devoção ou Idealismo pode fazer sentir sua pressão como um impulso para um objetivo e, assim, produzir uma relação com o homem, que faz dele a meta desejada. Isso pode ser observado nos animais mansos, nos animais treinados e nos animais domésticos.
Resultados .No único caso em que encontramos o terceiro Raio, produzindo a emergência do instinto que, por sua vez, cria e usa esse maravilhoso aparelho de resposta a que chamamos sistema nervoso, o cérebro e os cinco sentidos que os subjazem e que são responsáveis por eles como um todo. Notemos que, ampla como possamos considerar, a diferença entre o homem e os animais, essa é realmente uma relação, muito mais estreita do que a existente entre o animal e o vegetal. No caso do sexto raio, temos o aparecimento do poder de ser domesticado e treinado, o poder de amar, de servir e de emergir do rebanho para o grupo. Essa última frase paradoxal é digna de reflexão.
Processo Este é chamado concretização. Neste reino, encontramos, pela primeira vez, um corpo etérico verdadeiramente organizado, aquilo que os esoteristas chamam de 'nervos e centros sensoriais". As plantas também têm nervos, porém, eles nada possuem que se assemelhe à complexidade de relação e de plexos como a encontrada no ser humano e no animal. Esses dois reinos compartilham do mesmo grupamento geral de nervos, de centros de força e canais, com uma espinha dorsal e um cérebro. Essa organização de um aparelho sensível de resposta constitui, na realidade, a densificação do corpo sutil etérico.
Segredo Este é chamado transfusão, palavra bastante inadequada para expressar a mescla inicial, no animal, dos fatores psicológicos que conduzem ao processo de individualização. É um processo de doação de vida, de integração inteligente e de desenvolvimento psicológico, para fazer frente a uma emergência.
Propósito Este é chamado experimentação. Aqui, deparamo-nos com um grande mistério, um mistério peculiar ao nosso planeta. Em muitos livros esotéricos está dito e sugerido que houve um engano ou grave erro, por parte do Próprio Deus, do nosso Logos planetário e que esse erro envolveu nosso planeta e tudo que ele contém, em visível desgraça, caos e sofrimento. Por que não dizer que não houve erro, mas simplesmente um grande experimento, cujo sucesso ou fracasso não é ainda possível julgar? O objetivo do experimento pode ser apresentado assim: O intento do Logos planetário é criar uma condição psicológica cuja melhor descrição seria a da "lucidez divina". O trabalho da psique e a meta da verdadeira psicologia é ver a vida com clareza, como ela é e com tudo que ela envolve. Isso não se refere a condições e circunstâncias ambientais, mas à Vida. Esse processo foi iniciado no reino animal e será consumado no reino humano. Esses dois reinos são descritos no Velho Comentário como “os dois olhos da Deidade, ambos cegos a princípio, mas que verão, mais tarde, embora o olho direito veja mais claramente do que
o esquerdo". A primeira leve indicação dessa tendência de procurar a luz manifesta-se na faculdade das plantas de voltar-se para o Sol, que é praticamente inexistente no reino mineral.
Divisões Primeira, os animais superiores e os domésticos, como o cão, o cavalo e o elefante. Segunda, os animais chamados selvagens, como o leão, o tigre e outros animais carnívoros e selvagens. Terceira, a grande massa de animais menores que não parecem atender a qualquer necessidade em particular ou propósito em especial, tais como as incontáveis vidas encontradas nas nossas florestas, selvas e campinas do planeta. Exemplos dessas vidas, no Ocidente, são as lebres e outros roedores. Essa é uma especificação vasta e geral sem qualquer peso científico; porém, abrange, adequadamente, as divisões cármicas e a configuração geral em que esses grupamentos de vidas se encaixam neste reino.
Meio objetivo Fogo e água - desejo feroz e mente incipiente - simbolizados no poder animal de comer e beber.
Meio subjetivo Olfato ou faro - a descoberta instintiva daquilo que é necessário, desde a atividade de buscar alimento e o uso do poder de farejar para tal, até a identificação, pelo cheiro, do dono ou amigo amado.
Qualidade .Tamas ou Inércia - porém, nesse caso, trata-se da natureza tamásica da mente e não da matéria, como normalmente se entende. Chitta ou a substância da mente pode ser igualmente tamásica.

Os dois problemas de imediata importância para a humanidade em relação ao reino animal são:

O problema das relações e responsabilidades humanas.
O problema da individualização do animal.

A - Relações entre o Homem e o Animal

Somente poucos dados podem, por enquanto, ser fornecidos e esses devem seguir a linha dos informes disponíveis relacionados com o trabalho dos raios em atividade em ambos os reinos. Os dois problemas, particularmente o segundo, são de grande complexidade e exigiriam muitos volumes para serem propriamente elucidados. Uma perfeita exegese ainda não é possível nem poderia o homem entendê-la.

O primeiro ponto a ser enfatizado sobre a responsabilidade humana em relação aos animais é que o mundo animal incorpora dois aspectos divinos e que dois raios principais estão envolvidos na sua expressão ou manifestação. Esses dois aspectos também se encontram no homem e é, neste particular, que é comum ao homem e ao animal, que residem o trabalho e a responsabilidade do homem e, por meio desses dois aspectos da energia divina, ele se conscientizará de sua tarefa e a cumprirá até o fim. A mesma atividade divina e a mesma e inata inteligência divina encontram-se no aspecto forma dos dois reinos, pois ambas são inerentes à matéria mesma. Mas esse terceiro raio da Inteligência Divina atua de forma mais potente e tem influência mais poderosa no reino animal do que no homem. Essa informação não havia sido divulgada até agora.

O segundo raio, é claro, está presente no aspecto de construção da forma e revela-se no instinto de juntar-se em rebanho e é a base do relacionamento sexual entre os corpos animais. Encontra-se também desempenhando função semelhante entre os seres humanos e, ao longo dessas duas linhas de energia, serão encontrados os pontos de contato e a oportunidade para assumir responsabilidade. Contudo, devemos notar que, em última análise, os animais têm mais a oferecer aos homens do que estes aos animais, no que diz respeito a esses poderes e funções em particular. Na família humana, encontra-se em funcionamento outro aspecto divino, que é o da vontade, do propósito direcionado, do objetivo planificado e do inteligente plano ou desígnio. Essas qualidades são inerentes ao homem e constituem um aspecto da mente divina que, de modo geral, não é encontrado no animal. Contudo, à proporção que o reino animal sofrer progressivamente a influência humana e a contínua inclinação à domesticidade se fizer sentir, veremos a emergência de algum objetivo determinado e um meio que leva a esse fim está no amor e atenção que o animal devota ao dono.

Nessa ilustração, está expressa parte da responsabilidade do homem para com o reino animal. Os animais domésticos terão que ser treinados para participar na ação da vontade aplicada. Isso o homem parece ainda interpretar como a vontade do animal de amar seu dono, porém, é algo mais profundo e mais fundamental do que satisfazer o amor do homem em ser amado. O real e inteligente treinamento dos animais selvagens e sua adaptação às condições de vida ordenada são parte do processo divino de integração do Plano e de produzir uma expressão ordenada e harmoniosa do propósito divino. É por meio do poder do pensamento que o homem eventualmente transporá a lacuna existente entre ele e o reino animal, o que tem que ser feito pelo pensamento humano, direcionado e controlado, por sua vez, direcionando e controlando a consciência animal. Isso não é feito pela evocação do amor, do medo ou dor.

Deve ser feito por um processo puramente mental e uma estimulação mental particular.

A relação entre os animais e o homem, em todas as longas eras passadas, tem sido meramente física. Os animais atacavam os homens nos dias em que o homem-animal se encontrava pouco distanciado deles. Esquecemos com frequência que houve uma etapa no desenvolvimento humano, quando o homem-animal e as formas existentes de vida animal viviam numa relação muito mais estreita do que hoje. Nessa época, apenas o fato da individualização os separava. Era, contudo, uma individualização tão pouco consciente, que a diferença entre o animal desprovido de mente (assim chamado) e a humanidade infante mal se discernia. Nesses longínquos éons, muita coisa transpareceu que se perdeu no escuro silêncio do passado. O mundo animal era, então, muito mais potente que o humano; os homens eram indefesos diante dos ataques dos animais e a devastação provocada por estes entre os primitivos homens-animais por volta da metade do período Lemuriano foi terrível. Pequenos grupos nômades de seres humanos eram totalmente dizimados, geração após geração, pela poderosa vida animal da época e, embora o instinto levasse o homem- animal a tomar certas precauções, não deixava de ser um instinto pouco distante do instinto encontrado nos seus inimigos. Foi somente com o passar de muitos milênios e quando a inteligência e inventiva humanas se fizeram conhecer, que a humanidade se tornou mais poderosa do que os animais e, por sua vez, devastou o reino animal. Até duzentos anos atrás, o número de vidas humanas exigidas pelo mundo animal nas florestas dos continentes ocidentais, na África, nas terras primevas da Austrália e nas ilhas dos mares tropicais, foi incalculável. Esse fato é com frequência esquecido no sentimentalismo momentâneo, porém, nele jaz a raiz da crueldade dos homens para com os animais. Isso é apenas a ação inevitável do carma do reino animal. A questão tem que ser vista numa perspectiva maior do que a que tem sido usada e os verdadeiros valores históricos precisam ser melhor compreendidos, antes que o homem possa decidir, de modo inteligente, o que constitui seu problema de responsabilidade e como este pode ser abordado e resolvido.

Nos dias de Atlântida, a relação meramente física foi temperada por uma relação astral ou emocional, quando os animais foram incorporados à órbita da vida humana e foram amansados e cuidados e apareceram, pela primeira vez, os animais domésticos. Uma nova era teve início, onde determinados animais evocaram a afeição de certos humanos e uma nova influência passou a agir sobre esse terceiro reino da Natureza. Isso teve início durante um ciclo em que o segundo e o sexto raios estavam simultaneamente em atividade e seus ciclos máximo e mínimo coincidiam. Essa é uma ocorrência rara e quando tal acontece, os guardiões da raça aproveitam a oportunidade para produzir maiores resultados ou para iniciar novas medidas que possam, com maior rapidez, desenvolver o Plano divino. Para contrabalançar o medo encontrado na humanidade em geral (no que se referia ao mundo animal), ofereceu-se aos guardiões da raça a oportunidade de aproximar homens e animais numa relação mais estreita e porque, naquele ciclo, o amor e a devoção estavam sendo derramados sobre todas as formas e através delas, muito do medo existente foi efetivamente contrabalançado. Desde então, o número de animais domésticos tem aumentado progressivamente. A relação entre os dois reinos é agora dual - física e emocional.

Essa relação tem sido acrescida, nos últimos duzentos anos, de uma terceira: a da mente. O poder mental da humanidade será, em última instância, o fator controlador e, por meio dele, os três reinos sub-humanos passarão para o controle do homem. Isso vem acontecendo muito rapidamente no reino mineral e no reino vegetal. Ainda não foi conseguido no que diz respeito ao reino animal, porém o processo avança com rapidez. Não haverá muito progresso durante o próximo ciclo do sétimo raio, embora uma vez que a lei, a ordem e o ritmo tenham sido impostas ao planeta e o caos dê lugar à organização, as áreas do planeta onde os animais ainda dominam serão progressivamente diminuídas e certas espécies serão extintas, a menos que sejam preservadas em reservas.

B. Individualização

É óbvio que o efeito da inter-relação existente entre animais e homens provocará nos primeiros aquele passo à frente que é chamado individualização. Este acontecimento é a consumação do processo de transfusão e indica o aparecimento dos três aspectos divinos numa unidade de vida na forma. Nasce um filho de Deus, um Senhor de Vontade dedicada e dirigida e o terceiro princípio divino, a energia do propósito, funde-se com as outras duas e produz uma total reorganização no interior da forma animal. Segundo os esoteristas, há muito, salientaram, a individualização é o grande experimento planetário e, quando foi instituída, suplantou o método anterior, empregado na Lua, onde o desejo de progredir e ascender (chamado aspiração, no que concerne ao homem) era o método empregado. Isso significa realmente que, quando a vida em evolução dentro da forma alcançava um certo grau de sensibilidade e percepção e o impulso interior se tornava bastante forte, a própria vida forçava o contato com outra torrente de expressão divina, com a manifestação de outro raio principal. Essa união de várias atividades provocava o aparecimento de um novo ser em manifestação. Essa é a verdade básica que está por trás das ideias divulgadas agora e classificada sob o termo geral de "evolução emergente". Ela governa ainda muitos departamentos da Natureza e costumava governar o aparecimento de seres humanos sobre o planeta. O impulso e o desenvolvimento vêm do interior do próprio organismo e são o resultado do crescimento, de uma busca e de uma expansão.

Mas o método, usualmente empregado nessa época, tem o caráter de um grande experimento do segundo raio. Isso envolve uma atividade de fora para dentro, de cima para baixo, de um ângulo superior ou divino, se é que tais palavras relativamente sem sentido possam servir para descrever o processo. O impulso, nesse caso, não se origina das duas expressões inferiores ou fusões anteriores das energias divinas. É o aspecto superior da divindade que toma a iniciativa e que, por meio da estimulação aplicada de fora para dentro, provoca uma resposta que provém da vida na forma. Daí, porque o processo tem realmente o caráter de uma iniciação.

Os animais que se individualizam são, em todos os casos atualmente, os animais domésticos, como o cavalo, o cão, o elefante e o gato. Esses quatro grupos de animais estão atualmente no "processo de transfusão", como se diz ocultamente e, uma a uma, as unidades de vida são preparadas e conduzidas à porta desse peculiar processo iniciático a que nós denominamos - à falta de um termo melhor - individualização. Nessa condição, eles aguardam que soe a palavra que lhes dará permissão para transpor essa porta a qual os leva

"... ao caminho triplo que os conduz à estrada dual; após palmilhá-la, eles finalmente chegam à porta dourada. Essa última porta os conduz ao Caminho, o único e uno, após o que desaparecem na Luz”. Velho Comentário

Os fatores que determinam a individualização são muitos e alguns deles podem ser, assim, enumerados:

1 - A resposta da natureza instintiva animal à atmosfera mental do ser (ou seres) humano que o cerca.

2 - O amor e interesse das pessoas às quais o animal está ligado por laços de afeição ou de serviço.

3 - Os impulsos do raio em atividade num dado momento, e que são, entre outros:

a) O raio do próprio animal. Os elefantes são do primeiro raio; os cães são expressões do segundo; o gato é uma manifestação de vida do terceiro raio e o cavalo, do sexto. Os animais de outros raios ainda não estão prontos para a individualização.

b) o raio da pessoa ou pessoas com quem o animal está associado.

c) O raio ou raios de um determinado ciclo periódico.

Eu poderia dar-lhes as técnicas com as quais os guardiães das raças e dos reinos operam, quando procuram realizar a individualização, porém, a que propósito e de que uso serviria tal informação? Cada raio afeta, de modo diferente dos demais raios, a unidade encontrada sobre ele, em momentos críticos como a individualização; cada raio encontra seu ponto de contato primário, por meio, de um ou outro centro nos corpos etéricos de animais e homens. E preciso lembrar que, no animal, há quatro centros em funcionamento e três em estado latente. O processo seguido é que cada raio trabalha ou derrama sua energia, através de algum centro no corpo etérico daquela Entidade Que dá forma à totalidade de um reino da Natureza e, então, através desse mesmo centro, galvaniza a unidade que se está individualizando à atividade necessária. Futuramente, quando o efeito dos raios, psicologicamente falando, for melhor compreendido e os centros, com suas vibrações dos sete raios, tiverem sido estudados em maior profundidade, ver-se-á que, através de um determinado centro e, segundo a vibração de um determinado raio, formas de vida e centros de consciência podem ser contatadas e conhecidas. Isso se aplica a todas as formas em qualquer dos reinos, sub ou sobre-humanos.

Uma das primeiras maneiras pela qual o homem começa a aprender essa verdade é pela descoberta daquela vibração - emanada de um determinado Mestre - a qual produz uma reação nele próprio e que, por sua vez, provoca uma resposta. Desse modo, ele é capaz de descobrir em qual raio se encontra sua própria alma e para qual grupo ele deve ser atraído. Isso é muito importante para o aspirante e deveria ser considerado mais cuidadosamente do que tem sido ate agora, pois, dessa forma, o aspirante determina a natureza e qualidade do tipo de sua alma e qual o centro por meio do qual ele (ocultamente falando) percorre o Caminho. Do mesmo modo, ele descobre a que grupo de formas e vidas ele está ligado, ao qual ele deve servir e pelo qual pode ser servido.

A relação entre os raios e os centros, nos aspirantes em geral, pode ser assim classificada:

1- Centro da Cabeça - Raio da Vontade ou Poder. Primeiro Raio.

2- Centro Ajna - Raio do Conhecimento Concreto. Quinto Raio.

3- Centro da Garganta - Raio da Inteligência Ativa. Terceiro Raio.

4- Centro do Coração - Raio do Amor-Sabedoria. Segundo Raio.

5- Plexo Solar - Raio da Devoção. Sexto Raio.

6- Centro Sacro - Raio da Magia Cerimonial. Sétimo Raio.

7- Base da Espinha - Raio da Harmonia. Quarto Raio.

Esses raios e seus centros correspondentes exigem um estudo muitíssimo cuidadoso. Eles são abrangentes e reveladores. Note-se, por exemplo, que atualmente o sétimo raio governa e se expressa por meio do centro sacro, aquele que controla a vida sexual e a construção de formas de expressão. Portanto, ele agora entra em atividade e derrama-se por meio desse particular centro com o fim de organizar e produzir a aparência dessas novas formas por meio das quais a vida no novo ciclo (astrológica, periódica e ciclicamente compreendido) poderá expressar-se. Assim, foi necessário controlar a vida sexual por meio desse tipo de energia para produzir as mudanças requeridas e, por isso, também um dos grandes resultados da influência do sétimo raio entrante foi o aumento do interesse mental no sexo. Um estudo sobre a influência dos raios no atual período histórico e sua relação com os centros, também revelará a exatidão e as sugestivas proposições da tabulação dada acima.

A relação entre o homem e os animais é, como vimos, física, emocional e progressivamente mental. Cada raça de homens, por sua vez, trabalhando sob as influências dos raios, produz efeitos definidos nos três reinos sub-humanos. Por intermédio da humanidade, quando o grande experimento da individualização foi iniciado, as energias ou influências dos raios, vindas dos reinos sobre-humanos foram focalizadas e a grande função da humanidade começou, ou seja: transmitir ciclicamente as forças dos raios. Embora a estrela de seis pontas seja, nesta época, o símbolo do trabalho criativo (considerando o trabalho no seu todo), o triângulo apontando para baixo, equilibrado em um triângulo que aponta para cima, algum dia representará um quadro mais verdadeiro da função criativa e preservadora do quarto reino.

C. Os Cinco Pontos de Contatos

Há cinco pontos de contato por onde o mundo material pode ser ocultamente "elevado" à vida e poder, assim como há sempre cinco centros em nosso planeta, por meio dos quais vida e energia são derramadas no mundo natural. Refiro-me aqui a certos centros que estão ativos, no que diz respeito à vida física e material do planeta. Há também, como lhes disse, numa obra sobre os desenvolvimentos durante os próximos três anos, cinco centros por meio dos quais está fluindo uma nova e energizante força espiritual, centros esses que são os correspondentes planetários aos cinco sentidos do homem, tanto subjetivos como objetivos. Porém, encontramos os raios fluindo através da humanidade como um todo e através das cinco raças de homens (sendo a presente raça ariana a terceira e duas vindouras). Esse particular aspecto da energia dos raios é que estimula o aspecto consciência e que despertará e elevará a consciência oculta em todas as formas materiais, tanto no homem como nos três reinos sub-humanos. Esses cinco pontos, com suas cinco influências "elevadoras", começando com a primeira das cinco raças inteiramente humanas e omitindo as duas raças intangíveis anteriores que não são estritamente humanas, são:

1- Raça Lemuriana quinto raio A vinda dos Filhos do Fogo.
2- Raça Atlante sexto raio A devoção dos Senhores do Amor.
3- Raça Ariana terceiro raio A atividade dos Senhores da Mente.
4- Próxima Raça quarto raio A visão das Unidades da Luz.
5- Última Raça primeiro raio A vontade dos Senhores do Sacrifício.

As duas raças anteriores foram governadas pelo segundo e sétimo raios, respectivamente e encarnam a atividade de construtor da forma e a energia construtiva de organizador mágico. O leitor deve ter em mente, ao estudar esses ciclos dos grandes raios, que eles cobrem períodos inconcebivelmente longos e que produzem dois efeitos que precisam ser considerados.

Em primeiro lugar, as energias dos raios - cinco em número - atuam sobre o próprio reino humano e, no transcurso das idades, elevam o homem dos mortos à vida; erguem-no do fundo da escura prisão da matéria para a luz do dia. Essas são as cinco forças doadoras de vida que levam ao céu a consciência humana, enquanto a forma se torna subalterna,

Em segundo lugar, as energias dos raios, dessa vez trabalhando por meio do reino humano, também elevam, após grande esforço, os reinos sub-humanos da Natureza à vida e compreensão consciente.

Por meio dos cinco pontos de contato espiritual, em cada um dos três reinos, a vida é trazida à própria natureza. Por isso, "a criação inteira geme e moureja em sofrimento até agora". Encontra-se contido aqui o segredo da ressurreição, isso no sentido planetário - uma ressurreição que cada filho de Deus também desempenha individualmente em sua conquista espiritual. Esse é o grande segredo maçônico e o mistério central do sublime terceiro grau da Maçonaria. Em sentido oculto, algumas vezes, referem-se a isso como "a relação da morte com as cinco energias doadoras de vida vistas a trabalhar sobre o terceiro dia da revelação" ou, falando ainda mais simbolicamente:

"Na câmara da morte, a luz azul da aurora deixa ver o grupo de trabalhadores que procura erguer os mortos. Todos os esforços resultam nulos até que os trabalhadores mesclem as cinco grandes forças do Senhor da Magia. Quando assim trabalham como uma perfeita unidade, o trabalho se realiza; eles fundem a força doadora da vida; os mortos são erguidos e o trabalho de construção pode prosseguir. O templo pode ser glorificado e a Palavra pronunciada dentro de uma câmara de força doadora de vida e não de morte. Através da morte, para a vida, da luta na escuridão, para a construção na luz! Tal é o Plano. Assim, nós entramos na vida que é a morte; passamos pela porta cujos dois pilares se erguem para sempre como símbolo da força e verdade divinas; assim, rapidamente entramos na tumba e morremos. Assim, somos erguidos novamente por uma Palavra divina, por um símbolo quíntuplo e - lançando-nos à frente - vivemos".

A seguir, em relação à humanidade, diz o Velho Comentário:

"Os Senhores do grande quinto raio da mente nos puseram no caminho. Os Senhores do grande raio forçaram-nos a sofrer por essa razão e, ainda assim, a amá-la também e pela nossa profunda devoção, a aprender. Os Senhores do terceiro grande raio nos trazem, por meio da mente, até essa pira funerária, ao estágio em que morremos e, contudo, de novo nos erguemos. Na terceira câmara, no terceiro dia de escuridão, o Mestre desaparece. Morre; nossos olhos não o veem. Porém, os cinco grandes Senhores unem suas forças. Em sublime companheirismo, trabalham para erguer os mortos. Só assim pode ser pronunciada a Palavra que traz os mortos à vida. Tal é o trabalho do homem para Deus, de Deus para o homem".

D. Manifestação Cíclica

1 - Um ciclo solar, como o atual, no qual o segundo Raio de Amor-Sabedoria é predominante e todos os demais são subsidiários a ele.

2 - Um ciclo planetário, como os que já estudamos ao falar das raças - cinco, enumeradas anteriormente e seus cinco raios governantes.

3 - Em ciclos relacionados aos doze signos do zodíaco. Esses são em número de dois:

a) os relacionados com uma volta zodiacal completa - cerca de 25.000 anos.
b) os relacionados com cada um dos doze signos e que entram e saem de manifestação a cada 2.100 anos aproximadamente.

4 - Aqueles ciclos em que certos raios estão no poder durante um período de evolução racial, como os cinco principais períodos raciais a que já nos referimos.

5 - Os ciclos menos importantes de entrada e saída de manifestação, como mencionado anteriormente neste Tratado.

6 - Ciclos de atividade dos raios que são determinados por seus números.

O primeiro raio, por exemplo, governa todos os ciclos de um milhão de anos, cem mil anos, mil anos, cem anos e um ano. O sétimo raio controla ciclos tais como os de sete mil anos e sete milhões de anos. O intercâmbio e interação desses ciclos dos raios são tão grandes e tão intrincados que, caso me alongasse em explicações, só tornaria o assunto mais confuso. Contudo, lembremo-nos de que os sete raios estão sempre e ininterruptamente, em funcionamento simultâneo, porém, que, ciclicamente e sob o plano diretor das Mentes (que estão incorporadas pelos raios), algumas dessas influências e forças são mais predominantes num dado momento do que em outro e certas linhas de atividade e certos resultados dessa atividade são melhor demonstrados sob a influência de um raio do que de nutro. Essas influências fluem através de todas as formas em todos os reinos; produzem efeitos específicos, definidas e diferentes formas de vida, peculiares tipos de realização e particulares expressões da consciência na forma e que são, para aquele determinado período, o produto do plano unificado e concebido pelas forças construtoras, trabalhando em completa harmonia, embora temporariamente sob a direção de algum dos componentes. Eles se empenham na atividade construtiva; eles atravessam aquele determinado ciclo; depois, eles deixam aquela atividade ou morrem para ela e são, então, "elevados ao céu" até o momento de reiniciar o seu ciclo. Esse processo ocorre constantemente, repetindo-se o drama do nascimento, morte e ressurreição.

É nessa atividade dos raios que se encontra o verdadeiro significado da Lei do Renascimento, ele se acha por trás do processo de encarnação e reencarnação. Não me alongarei sobre esse ponto. Direi apenas que as ideias e ensinamentos humanos sobre a reencarnação são pueris e imprecisos. Muitos reajustamentos terão que ser feitos, grande reorganização de ideias será necessária, antes que uma verdadeira compreensão desta lei cíclica básica seja possível.

O aparecimento cíclico, portanto, governa, quer os raios, quer os reinos da Natureza e as formas nele contidas. Determina a atividade do Próprio Deus. Raças encarnam, desaparecem e reencarnam e, assim também, todas as vidas na forma. A reencarnação ou atividade cíclica jaz por trás de toda atividade fenomênica e da aparência.

É um aspecto da vida pulsante da Deidade. É o inalar e exalar do processo da existência e manifestação divinas. É o que jaz por trás da ciência da afinidade química, da relação dos polos opostos, da relação conjugal, seja a de homens e mulheres ou a da alma e sua expressão, a personalidade. É a causa do relacionamento sexual no mundo, que trabalha sob a grande Lei de Atração e Repulsão. Como estamos considerando o trabalho de um reino com outro e a relação entre grupos de vidas positivos e negativos, (como os do quarto reino da Natureza com o terceiro), seria, talvez conveniente, falarmos brevemente sobre o assunto do sexo; que é para ser, mais profunda e amplamente considerado e mais sabiamente compreendido, pela influência do sétimo raio que se aproxima.

Pouco mais tenho a acrescentar a esse ensinamento sobre o reino animal e os raios, pois - como dissera antes - seria de pouca valia. O trabalho do homem é erguer os mortos para a vida, trazer a fraternidade à expressão no plano físico e transmitir energia divina a um expectante mundo de formas. Enquanto os raios fazem a sua parte pela humanidade, trazendo o homem à manifestação como ele é em essência e realidade, o trabalho da humanidade com o reino animal e os demais reinos prosseguirá, firme e inevitavelmente. Mal sabendo como ou por que, a humanidade fará sua parte no trabalho de construção. O trabalho criativo continuará em andamento e o Plano materializar-se-á. O trabalho do homem em relação ao reino animal é estimular o instinto até que a individualização se torne possível. Seu trabalho para o reino vegetal é fomentar a faculdade de produzir aroma e adaptar a vida das plantas aos múltiplos usos de homens e animais. A tarefa do homem com o reino mineral é trabalhar alquimicamente e por meio da magia. Não posso tratar aqui desse processo de transmutação e subsequente revelação.

E. O Problema do Sexo

Afirmei que o sétimo raio entrante atua através do centro sacro planetário e, a seguir, através do centro sacro de cada ser humano. Assim sendo, podemos procurar pelos desenvolvimentos antecipados nessa função humana que designamos por função sexual. Veremos, como consequência, mudanças na atitude do homem em relação a este dificílimo problema. Ao falar sobre sexo e descrever, em linhas gerais, o que é possível neste momento, procuro ser o mais simples possível e expressar meus pensamentos de tal modo, que algo construtivo possa resultar e que possa tocar uma corda cujo som ressoe com clareza na atual cacofonia de sons discordantes, pontos de vista conflitantes e ideias diversas.

Obviamente esse é um assunto de difícil abordagem. Mas por que é tão difícil? Em última análise, veremos que a dificuldade baseia-se em preconceitos na mente dos homens e na sua convicção de que o seu ponto de vista pessoal é forçosamente o correto, porque eles próprios vivem e agem de acordo com esse ponto de vista, o que para eles é o bastante; baseia-se no fato de que o sexo é um impulso fundamental e primevo, um dos instintos básicos e, consequentemente, o fator dominante do lado animal da natureza do homem; baseia-se na excessiva intimidade do assunto - intimidade que foi transmutada em um segredo indecente durante os períodos em que a raça sucumbiu a um excessivo puritanismo e prostituiu uma função natural, tornando-a um mistério lascivo. Essa intimidade ligada ao sexo fez com que ele se tornasse um episódio não mencionável, um tópico a ser evitado por pessoas decentes, em vez de ser considerado um processo instintivo e natural - tão instintivo e necessário, como as funções de comer e beber. É, contudo, uma função que não foi reduzida a um ritmo na vida diária e olhada como função e ser satisfeita somente quando surge a necessidade e o direito exige. Aqui, reside a grande distinção e se oferece uma pista para o problema.

Além disso, a dificuldade do problema pode ser localizada na grande variedade de atitudes com que os homens encaram o assunto. Essas atitudes vão, desde a incontrolada promiscuidade a uma monogamia que trouxe uma cruel imposição e repressão para as mulheres e desenfreada licenciosidade para os homens. Como consequência dessas dificuldades e geradas por essas atitudes errôneas, a legalidade ou ilegalidade, a permissividade e a repressão provocaram pontos de infecção (se assim os posso chamar) em nossa civilização. Devido a elas, encontramos uma moralidade frouxa, baseada em desnorteamento, em áreas de "luz vermelha" que nada mais são do que um compromisso infeliz com tendências viciosas e desejos insatisfeitos; cortes de divórcio que devastam a vida da família e, com o tempo, minam a vida nacional (da qual cada núcleo familiar deveria ser parte sadia) e o firme crescimento de doenças, como resultado da promiscuidade prevalente e de muitas relações ilícitas. Há também um fator psicológico, de real importância, a ser considerado. É a militância expressa por muitos grupos de pessoas que estão procurando impor suas próprias ideias sobre o problema e suas peculiares soluções.

Por trás de todos esses resultados de uma secular atitude errônea em relação à função sexual, encontram-se dois principais malefícios, ou melhor, dois efeitos principais das ações do homem, mental e físico, ambos de terrível significância. Há, primeiramente, o desenvolvimento na consciência do homem, daqueles complexos, psicoses, rupturas e inibições psicológicas que tão gravemente têm minado a saúde e a serenidade de centenas de milhares de homens. Em segundo lugar, há a ameaça à vida da própria humanidade, já que ela está incorporada na célula familiar e na vida familiar. Por um lado, temos promiscuidade e abuso nas relações sexuais, do que resulta (e sempre resultou) em superpopulação e superprodução de seres humanos. Por outro lado, temos uma esterilidade forçada que - embora seja em muitos aspectos o menor dos dois males - é finalmente perigosa. Essa esterilidade está aumentando rapidamente. Conduz finalmente a condições físicas indesejáveis. Não obstante, nesta época, é o menor dos dois males. De passagem, dois pontos devem ser considerados aqui. Devido ao primeiro desses dois males e, como resultado da superprodução de seres humanos, conseguiu-se criar uma situação econômica de natureza tão séria e drástica, que a própria paz e estabilidade do mundo estão ameaçadas; motivado pelo segundo, poderíamos ter gradual desaparecimento da própria humanidade, caso a esterilidade forçada se transformasse em prática geral. Isso levaria à consequente dominação do mundo animal e imenso aumento de vida animal e nós sofreríamos um período de retrocesso e não de progresso.

Tratando do assunto sobre sexo, terei que generalizar e as exceções às regras apresentadas e às classificações sugeridas serão muitas, é claro. Estou tratando do assunto como um todo e meu tópico é, pois, a ameaça da atitude atual, a necessidade de uma maior compreensão e a importância de uma reorganização das ideias dos homens sobre esse assunto vital. A atitude do selvagem sem reflexão diante da vida sexual e a atitude de um iniciado mental e espiritualmente orientado diante do mesmo assunto, podem parecer tão vastamente dessemelhantes, que na superfície talvez pareça não haver um só ponto em comum; contudo, basicamente, as duas atitudes estão mais próximas uma da outra, assim como mais próximas da realidade do que a atitude da maioria dos homens hoje. Um é controlado pelo ritmo de sua natureza animal e sabe tanto do lado maligno e da vil promiscuidade do homem civilizado quanto o animal em seu estado selvagem; o outro vive de modo controlado, governado pelo poder da mente e animado pelo desejo do bem à humanidade. Entre esses dois extremos que se aproximam, temos os muitos pontos de vista, as muitas ideias dessemelhantes, os inúmeros costumes, os muitos tipos de relações (legítimas e ilegítimas), as muitas reações animais e psicológicas, as muitas formas de casamento e as muitas perversões de um processo natural que distingue o homem moderno, em todas as partes do mundo. Essas, por sua vez, variam nas diferentes civilizações e sob a influência de condições climáticas diversas.

É, pois, óbvio - ou não é? - que não faz parte do meu serviço para os leitores deste livro entrar em uma análise detalhada dos costumes conjugais, passados e presentes. Não é minha tarefa alongar-me em detalhes sobre os erros, as más consequências, as variadas perversões e sádicas crueldades derivados do mau uso, pelo homem ou por sua companheira, dos processos naturais nem tampouco elucidá-lo sobre sua tola má interpretação da Lei de Atração e Repulsão. Sequer teria propósito útil apresentar, nessa sucinta discussão sobre tão vasto assunto, qualquer das teorias formuladas pelos homens em busca de uma solução. Seu nome é legião. Todas elas apresentam uma parcela de verdade. A maioria evidencia quão profunda é a ignorância do homem e qualquer estudante pode examiná-las, se tiver tempo para ler, inteligência para ver com clareza e sem preconceitos e dinheiro para adquirir a literatura em questão.

Não posso tocar e não o farei, no aspecto médico e fisiológico do vício, seja ele o da promiscuidade ou de um casamento infeliz. Posso melhor servi-los, nesse momento, se lhes apontar as leis que deviam governar a vida do homem, particularmente no que se refere ao sexo e indicar até onde posso e ouso, por que e como as atuais e peculiares condições se originaram. Posso também apresentar certas sugestões que, se devidamente consideradas, ajudarão a libertar a mente desses falsos e ilusórios pontos de vista que impedem o homem de ver a verdade e poderei, assim, ajudá-lo a encontrar o fio dourado de luz que, no devido tempo, o conduzirá à solução.

Uma coisa direi, embora pareça triste. Não há solução imediata para o problema do sexo com o qual atualmente nos defrontamos. Há milênios, o homem tem malbaratado e erroneamente usado uma função de origem divina; prostituiu seu direito inato e, em consequência de sua frouxidão de costumes, licenciosidade e falta de controle, deu início a uma era de doenças mentais e físicas, de atitudes erradas, de relações ilusórias que levarão séculos para serem erradicadas; o homem trouxe, com excessiva rapidez, à encarnação, milhares de seres humanos que ainda não estavam prontos para a experiência dessa encarnação e que precisavam de intervalos mais longos entre os nascimentos durante os quais pudessem assimilar a experiência. Essas almas não desenvolvidas encarnam com rapidez; porém, almas mais velhas necessitam de períodos mais longos para acumular os frutos da experiência. Elas estão, contudo, sujeitas à força atrativa magnética dos que estão vivos no plano físico e são essas almas que podem ser prematuramente trazidas à encarnação. O processo está sob a lei, porém, os não evoluídos progridem sob a lei do grupo, como no caso dos animais, enquanto os mais evoluídos são susceptíveis à atração de unidades humanas e os evoluídos vêm à encarnação sob a Lei do Serviço e pela escolha deliberada de suas almas conscientes.

Dividirei o que foi dito em quatro partes para maior clareza, e rápida referência:

1. Definições do sexo, da virtude e do vício.
2. O sexo na Nova Era.
3. Algumas sugestões para o momento atual.
4. O sexo e a vida do discipulado.

Não falarei aqui da história ou detalhes da evolução racial que forçosamente estão relacionados com o problema do sexo, porém de implicações demasiadamente vastas para o meu propósito imediato. Como já disse, não tratarei dos aspectos fisiológicos do sexo nem das doenças provocadas pelo mau uso da função; tampouco tratarei da esterilidade, exceto no que isso afetar nossa consideração sobre o homem moderno. Não posso deter-me nas disputas entre as várias escolas de pensamento, pois não estou escrevendo a partir de um ângulo específico, seja religioso, moral ou partidário. A questão é mais vasta e importante do que quaisquer pontos de vista religiosos ou afirmações moralistas partidas de mentes estreitas. O que é moralidade num país ou numa relação específica pode ser totalmente o reverso em outra. O que é considerado legal numa parte do mundo, é considerado ilegal em outra. O que constitui um problema difícil sob certas condições climáticas, deixa de sê-lo em outras. A poligamia, a promiscuidade e a monogamia têm dominado ciclicamente em diferentes partes do mundo, através dos tempos e encontram-se simultaneamente sobre a Terra atualmente. Cada uma foi ou é, por turnos, correta, leal e apropriada ou errada, ilegal e inadequada. Cada uma dessas formas de interpretação do relacionamento sexual tem sido objeto de ataque ou defesa, de virtuoso horror ou especiosa argumentação; cada uma tem sido o método costumeiro e legítimo, segundo a localidade, a tradição, a educação e a atitude do homem que a pratica. Numa parte do mundo, uma mulher pode ter muitos maridos; em outra, um marido tem, legalmente, direito a quatro mulheres, se assim o desejar e, no harém e na aldeia, essas são as condições encontradas. No Ocidente, o homem tem, legalmente, uma mulher, mas, com sua promiscuidade e as chamadas "aventuras românticas", ele tem tantas mulheres quanto o chefe de uma tribo africana e, atualmente, as mulheres pouco diferem dos homens, em sua atitude.

Enumerei as condições acima sem um único pensamento de crítica em mente, mas simplesmente como fatos, com o intuito de despertar o leitor para a realidade de uma condição mundial que é, provavelmente, bastante diversa do que ele julgara. Não escrevo para os especialistas, mas para o estudante inteligente comum que precisa ter um quadro das condições mundiais existentes.

É uma verdade divina que a inclinação dos pensamentos e desejos do homem é para uma monogamia estabelecida, porém, até agora, isso jamais foi universalmente alcançado. Se olharmos esse assunto com coragem e verdade, seremos forçados a concluir que, através dos tempos, os homens jamais foram monógamos. No passado, as mulheres o foram mais do que os homens, porém, menos agora que a ciência moderna está introduzindo novos métodos de proteção contra o risco da gravidez e as dores do parto. Até agora, o ato de ter filhos servira de freio e fora considerado como uma penalidade imposta às relações sexuais, fossem elas legais ou ilegais. Pensem no horror que envolve essas palavras! Mulheres que praticam o comércio do sexo sempre existiram, é claro, refiro-me, aqui, às mulheres no lar.

Acreditar-me-iam se lhes dissesse que a situação mundial, hoje, no que se refere ao sexo, é tão crítica e séria, que não existe um único pensador que tenha vislumbrado uma solução ou encontrado, por mais claro que seja o seu cérebro ou erudita a sua mente, uma saída para o impasse atual? As condições de costumes e práticas, com suas inevitáveis consequências e posição estabelecida, são de molde a confundir as mais límpidas mentes. Os resultados físicos da relação sexual, por si sós, dentro ou fora de uniões legais, produziram não só o mundo cotidiano da vida humana, mas também muito das doenças, insanidade, tendências más e os impulsos pervertidos que, hoje, enchem nossos hospitais, clínicas para neuróticos, sanatórios, prisões e hospícios.

Nossos jovens, especialmente os idealistas e os que pensam com clareza, defrontam- se com uma situação que desafia seus melhores esforços. Eles não sabem o que pensar ou em que acreditar. Eles observam ou participam de lares santificados por uma união legal e, na maioria dos casos, nada encontram a não ser infelicidade, prostituição legalizada, má saúde, a procura de relações ilícitas fora do lar, filhos negligenciados e não desejados, o atrito provocado por parceiros mal escolhidos, divórcio e nem uma só resposta aos seus muitos e inteligentes questionamentos. Observam, depois, a vida daqueles que fugiram à responsabilidade do casamento e, apenas, encontram descontentamento, frequentemente, uma vida sexual secreta, má saúde como resultado da frustração de instintos naturais, condições psicológicas da pior espécie, filhos ilegítimos, perversões sexuais e uma crescente tendência para o que é chamado de homossexualidade. Ficam dominados por total perplexidade e pela impotência para conseguir resposta às suas perguntas. Pedem uma solução e ajuda aos que estão voltados para o mundo material e não obtêm uma resposta clara, uma filosofia sólida ou instrução fundamentada. São-lhes oferecidos conselhos para usar de bom senso, evitar excessos e aquelas condições que lhes prejudicariam a saúde ou lhes acarretaria dificuldades econômicas. Talvez lhes falem de moralidades antigas e os previnam contra os resultados que inevitavelmente seguem, quando as leis da Natureza são infringidas e o corpo físico é prostituído pelo desejo desregrado.

Talvez lhes falem elogiosamente sobre as virtudes de "uma vida reta" e até enfatizem o fato de que eles são filhos de Deus. Até aí tudo bem, correto e útil. Porém, nenhuma real solução é apresentada, nenhuma luz é lançada sobre o problema, nenhum alívio para a confusão dos jovens. Eles talvez se voltem para as pessoas religiosas e procurem um sacerdote ortodoxo. É-lhes dito para serem bons; apontam-lhes o exemplo dos santos; veem-se afogados numa torrente de puritanas injunções, de virtuosas trivialidades e de explicações insatisfatórias, frequentemente baseadas em preconceitos e predileções pessoais. Mas, raramente, algo soa claro e, raramente, é possível fazer algo mais do que citar os mandamentos da grande lei mosaica. "Não farás... isso ou aquilo..." Para a massa dos jovens indagadores da geração atual, o fato de Deus ter dito isso ou aquilo ou da Bíblia ordenar isso, aquilo ou aquilo outro, não satisfaz o seu premente desejo de saber o porquê. A esperança num futuro céu, onde a autodisciplina, o autocontrole e a abstinência sexual receberão sua justa recompensa, parece, por demais remota, para contrabalançar as tentações do mundo que os circunda e os insistentes impulsos que surgem do interior do próprio homem.

Que muitos resistem às "tentações da carne" é real e maravilhosa verdade. Que há, em toda parte, homens e mulheres que atravessam a vida de forma limpa e incontaminada é igualmente um fato maravilhoso. Existem almas adiantadas cuja vida está divorciada da natureza animal e cuja mente controla os atos diários e essas almas são a glória da humanidade. Porém, muitas delas, vivendo num outro mundo de pensamento e interesses, não são tentadas, como o são os filhos dos homens mais voltados para o mundo animal. Há, por sua vez, é claro, aqueles que se refreiam de agir mal por temer os resultados, seja hoje no corpo físico ou, mais tarde, no outro mundo de punição. Porém, qual dessas pessoas, mesmo as mais puras e santas, pode falar com verdadeira sabedoria e compreensão sobre esse problema universal? Qual delas pode ver a saída para a humanidade atual? Qual delas compreende a razão para todo esse sofrimento, pecado e maldade que se formou em torno da relação sexual? Qual delas realmente apreende o verdadeiro significado da vida sexual, seu lugar no grande esquema das coisas e a razão para a relação entre os sexos? Qual delas poderá dizer, com visão real, qual será o próximo passo na evolução, para onde vamos e qual será o desenvolvimento seguinte?

1. Definições de Sexo, Virtude e Vício

Cosmicamente falando, sexo é uma curta palavra usada para expressar a relação existente (durante a manifestação) entre espírito e matéria e entre vida e forma. É, em última análise, uma expressão da Lei de Atração - essa lei básica em que se sustenta a totalidade da vida na forma e é a causa de todas as manifestações fenomênicas. Humana ou fisicamente falando, sexo é a palavra usada para indicar a relação entre homens e mulheres, da qual resulta a reprodução da espécie. Em termos modernos, usado pela maioria irrefletida, sexo é uma palavra que indica a sedutora satisfação de impulsos animais a qualquer preço e sem regulação rítmica. O sexo é, essencialmente, uma expressão de dualidade e de separação de uma unidade em dois aspectos ou metades. Esses dois aspectos podem chamar-se espírito e matéria, macho e fêmea, positivo e negativo; sua natureza é a de uma etapa na escada evolutiva que conduz a uma unidade final ou homo + sexualidade que nenhuma relação tem com a perversão que é, hoje, impropriamente chamada de "homossexualidade". Essa última manifestação desencadeia-se, atualmente, numa concepção mental e moderna do fenômeno, porém, é raríssimo encontrar-se alguém que reúna em si mesmo os dois sexos e que seja - fisiológica e mentalmente - totalmente "autossatisfatória, autossustentadora e autopropagadora". No decorrer dos tempos, aqui e ali, encontramos o verdadeiro homossexual, emergindo como garantia de uma remota conquista racial e evolutiva, quando o ciclo mundial tiver transcorrido e as duas metades separadas novamente se fundirem na sua unidade essencial. Com as expressões usadas acima, não quero me referir a qualquer doutrina de almas gêmeas nem a qualquer outra perversão da realidade, como vulgarmente é hoje entendida. Refiro-me ao divino Hermafrodita, ao verdadeiro homem andrógino e ao ser humano perfeito. Porém, o verdadeiro significado da palavra foi distorcido; aplica-se, em nove casos em dez (ou melhor, em noventa e nove casos em cem) a um tipo de perversão mental, a uma distorcida atitude da mente que, frequentemente, resulta em práticas físicas e reações; que são - em sua manifestação - tão velhas, que sua própria antiguidade desmente a ideia de que essa atitude indique um passo à frente no caminho do progresso. Na realidade, marca um ponto de retrocesso, a volta a um ritmo antigo e o recomeço de práticas ultrapassadas.

Essas perversões são sempre encontradas, quando uma civilização se está desmoronando e a velha ordem dando lugar a uma nova. Por que tem que ser assim? Isso é devido ao fato de que os novos impulsos, penetrando nos velhos e o impacto de novas forças sobre a humanidade, despertam no homem o desejo por aquilo que é, para ele, um novo e inexplorado campo de expressão e por aquilo que é incomum e, frequentemente, anormal. Mentes fracas, então, sucumbem ao impulso ou almas fortes e experimentadoras tornam-se vítimas de sua própria natureza inferior e passam a investigar em direções ilícitas. Temos, pois, sob o impulso dessas novas energias, um definido progresso, em direção a novos e ainda não experimentados reinos espirituais, mas, ao mesmo tempo, um experimento no reino do desejo físico que não é, para a humanidade, a linha do progresso.

Quando o mundo das formas responde, ciclicamente, ao influxo de energias superiores, seu efeito é estimular todas as partes e aspectos da vida da forma e essa estimulação produzirá tanto bons quanto maus resultados. O mal emergirá temporariamente, assim como a virtude duradoura. Se o efeito do impacto dessas energias é produzir reações materiais e se o homem, então, põe ênfase no seu interesse pelo que é material, então, a natureza da forma se torna dominante, não a divina. Se a energia é prostituída para fins materiais, tais como a expressão das relações sexuais no plano físico com objetivos puramente comerciais, então, dai, resulta o mal. Mas, devemos nos lembrar de que a mesma energia divina, quando trabalhando no reino do amor fraternal, por exemplo, só produziria o bem. Ilustrarei esse ponto de dois modos, ambos responsáveis pela presente orgia de expressão sexual e pelo difundido interesse no assunto.

Vivemos hoje num período de história do mundo em que estão ocorrendo três eventos de importância capital, despercebidos e incompreendidos pela maioria das pessoas.

O sétimo Raio da Lei e Ordem está entrando em manifestação; nós estamos passando para um novo signo do zodíaco e a "vinda do Cristo" é iminente. Esses três grandes acontecimentos são a causa de boa parte da sublevação e caos existentes atualmente; ao mesmo tempo, são responsáveis pela dedicação universal às realidades espirituais, reconhecida por todos os verdadeiros servidores e pelo crescimento da compreensão, de movimentos para o bem comum e de tendência à cooperação, de união religiosa e de internacionalismo. São tipos de energia, latentes até então e que estão, agora, tornando-se potentes. A consequente reação mundial é, nas etapas iniciais, material em sua manifestação; nas etapas finais, as qualidades divinas manifestar-se-ão e mudarão a história e a civilização. O interesse hoje demonstrado pelos chamados raios cósmicos indica um reconhecimento cientifico das novas energias do sétimo raio entrante. Esses raios, fluindo através do centro sacro do corpo etérico planetário, exercem forçosamente efeito sobre o centro sacro dos homens, daí, a vida sexual da humanidade estar temporariamente superestimulada e, daí, o excesso de ênfase sobre o sexo. Todavia, daí, origina-se, também, o incisivo estímulo que agora se está expressando mentalmente e que, no futuro, levará o homem a encontrar, pelo pensamento, uma solução para o problema do sexo.

A entrada da Era de Aquário também estimula no homem um espírito de universalidade e uma tendência à fusão. Tal coisa revela-se hoje na inclinação à síntese vista nos negócios, na religião e na política. Produz uma ânsia de união e, entre outras uniões, ao entendimento e tolerância religiosa. Mas essas influências, atuando sobre os corpos sensíveis de homens não evoluídos e excessivamente psíquicos, levam a uma mórbida tendência para uniões, legítimas e ilegítimas; produzem extremada disposição para a atividade sexual em muitas direções e para relacionamentos e fusões que não estão dentro da linha planejada ou evolutiva, que ultrajam as leis da própria Natureza. A energia é algo impessoal e dual em seu efeito - variando este de acordo com o tipo de substância sobre a qual atua.

O sétimo raio entrante expressa o poder para organizar a habilidade para integrar e reunir, em relação sintética, os grandes pares de opostos e, daí, produzir as novas formas de manifestação espiritual. Porém, também, produzirá as novas formas que, do ponto de vista do espírito, podem ser consideradas como material maligno. É o grande impulso que trará, à luz do dia, tudo aquilo que se encontra revestido de matéria e, assim, afinal, conduzirá à revelação do espírito e da glória oculta, quando tudo o que foi revelado da forma material tiver sido purificado e santificado. Era a isso que o Cristo se referia, quando profetizou que, no fim dos tempos, as coisas ocultas seriam desveladas e os segredos proclamados dos telhados.

Por meio desse processo de revelação, tanto na família humana como em qualquer outra parte da Natureza, teremos o desenvolvimento do poder do pensamento. Isso acontecerá pelo desenvolvimento da faculdade de discriminação, que oferecerá opções ao homem e, assim, desenvolverá um senso de valores mais verdadeiros. Falsos e verdadeiros padrões emergirão à consciência do homem e escolhas serão feitas, que lançarão os alicerces da nova ordem, que farão surgir a nova humanidade, com suas novas leis e novas abordagens e, assim, entrar na nova religião de amor e fraternidade e naquele período, onde o grupo e o seu bem-estar serão a nota dominante. Então, separatividade e ódios desaparecerão e o homem ver-se-á fundido numa verdadeira unidade.

Deve-se registrar, também, o terceiro fator dos que estamos considerando: a chamada vinda do Cristo. Em toda parte, encontramos o espírito de expectativa e a demanda de uma manifestação e evento simbólico, denominados por vários nomes, mas, geralmente, designados como advento do Cristo. Esta, como sabemos, pode ser uma vinda física efetiva, como anteriormente aconteceu na Palestina ou pode significar um definido ofuscamento de Seus discípulos e adoradores pelo Grande Senhor da Vida. Isso ensejará uma resposta de todos aqueles que, de alguma forma, estão espiritualmente despertos. Ou ainda, a vinda pode apresentar-se como um colossal influxo do princípio crístico, da vida e o amor crístico, agindo por meio da família humana. Talvez as três possibilidades possam ser encontradas simultaneamente no nosso planeta dentro em breve. Não nos cabe dizer. O que nos cabe é estarmos prontos, é trabalharmos para preparar o mundo para essa significativa série de eventos. O futuro próximo dirá. O que procuro salientar, no entanto, é que esse influxo do espírito de amor do Cristo (quer Ele venha como uma Pessoa em forma corpórea ou através de Sua Presença sentida e compreendida) terá duplo efeito.

Esta é uma afirmação difícil para as pessoas que pensam pouco ou quase não raciocinam logicamente. Tanto os bons como os maus serão estimulados; tanto o desejo material como a aspiração espiritual serão despertados e encorajados. Os fatos provam a veracidade da afirmativa de que um jardim profusamente fertilizado e um pedaço de terra bem cuidado e regado produzem tanto flores quanto ervas daninhas. Portanto, temos aqui duas formas de reação ao mesmo Sol, à mesma água, ao mesmo agente fertilizante e ao mesmo cuidado. A diferença existe nas sementes que se encontram no solo sobre o qual esses fatores agem. O influxo de amor, portanto, estimulará o amor terreno, o desejo terreno e a luxúria animal; encorajará o impulso para possuir no sentido material, com todas as nefastas consequências advinhas dessa atitude e o resultante aumento de reações sexuais e as múltiplas expressões de um mecanismo mal regulado, respondendo a uma força impessoal. Mas, também, trará o crescimento do amor fraternal e fomentará o desenvolvimento e a expressão da consciência grupal, da compreensão universal; produzirá nova e poderosa tendência à fusão, à unificação e à síntese. Tudo isso ocorrerá por intermédio da humanidade e do espírito crístico. Gradualmente, o amor do Cristo se espalhará pela Terra e sua influência tornar-se-á mais forte nos próximos séculos, até o final da Era de Aquário; pelo trabalho do sétimo raio, (que trará os pares de opostos a uma cooperação mais estreita), poderemos procurar pelo "Lázaro, erguendo-se de entre os mortos" e a humanidade, erguendo-se de dentro do túmulo da matéria. A divindade oculta será revelada. Gradualmente, todas as formas serão trazidas à influência do espírito de Cristo e a consumação do amor terá acontecido.

Devido a essas três causas, encontramos, atualmente, em todo o mundo, um profundo interesse pelo sexo, o que conduz, como consequência natural, a duas coisas:

Primeiramente, a uma explosão no mundo todo e, em especial, nos centros de grande população, de relações sexuais, que, entretanto, no momento, não correspondem a um crescimento de população. Deve-se isso ao uso de modernos métodos de controle da natalidade e também à crescente focalização ou polarização mental da humanidade, que leva à esterilidade ou à redução do número de filhos.

Segundo, à reorganização das ideias sobre casamento e o relacionamento sexual. Isso se deve às dificuldades da situação econômica atual; ao difundido interesse em higiene sanitária (que, até então, estivera restrito aos especialistas); à redefinição dos vários costumes referentes ao casamento nas nações do Oriente e do Ocidente, o que levou a um questionamento geral e, também, ao fracasso da máquina judiciária em salvaguardar a unidade familiar e em interpretar de forma satisfatória as relações humanas.

A partir desse interesse e da discussão generalizados, trabalharemos para chegar a uma solução e um objetivo já existentes nos planos mentais puramente abstratos e no mundo das ideias. Mesmo os mais avançados pensadores da raça conseguem apenas pressentir, de modo vago e nebuloso, o que esses ideais ocultos possam ser.

O assunto em pauta não é primordialmente religioso, exceto na medida em que as relações sociais são, basicamente, relações divinas. É fundamental em sua conotação e, quando for resolvido, veremos o estabelecimento da igualdade entre os sexos, o afastamento das barreiras que atualmente existem entre homens e mulheres e a salvaguarda da unidade familiar. Isso envolverá, portanto, a proteção à criança, para que lhe sejam asseguradas as condições essenciais ao seu crescimento físico e à verdadeira educação que leve ao sadio desabrochar emocional e mental, o que lhe dará condições para servir à humanidade, à sua época e ao seu grupo da maneira mais vantajosa possível. Esse ideal tem sempre existido, porém, jamais foi satisfatoriamente alcançado. A solução do problema sexual aliviará o homem de uma inibição e de uma preocupação indevidas, o que deixará sua mente livre para receber o influxo de novas ideias e conceitos. Descobriremos que o vício e a virtude não se referem realmente à habilidade ou inabilidade para agir de acordo com as leis feitas pelo homem; antes, refere-se à atitude do homem para consigo mesmo e sua relação social com Deus e com os outros homens. A virtude é a manifestação, no homem, do espírito de cooperação com seus irmãos, o que exige altruísmo, compreensão e total esquecimento de si mesmo. Vício é a negação dessa atitude. Essas duas palavras, na realidade, significam simplesmente perfeição e imperfeição, de conformidade com o padrão divino de fraternidade ou o fracasso em alcançar esse padrão. Padrões são coisas móveis e mudam, segundo o grau de crescimento do homem em direção à divindade. Variam, também, segundo o destino do homem no que este é afetado por sua época e idade, natureza e meio. Alteram-se também de acordo com o ponto de desenvolvimento evolutivo. O padrão a ser alcançado não é hoje o mesmo que era, há mil anos, como não será o mesmo, daqui a mil anos.

Contudo, somados todos os períodos da história do mundo, nenhum foi tão crítico quanto o período atual, pois - deixando à parte as grandes oportunidades cíclicas já mencionadas - a própria humanidade alcançou uma conquista singular. Pela primeira vez na história, conseguimos expressar um verdadeiro ser humano, o homem como ele é essencialmente. Temos a personalidade, integrada e funcionando como uma unidade e temos a mente e a natureza emocional fundidas e mescladas com o corpo físico, por um lado e, por outro, com a alma. Temos, também, o deslocamento da ênfase na vida física para a vida mental e em número crescente de casos, para a vida espiritual. Há, pois, poucos motivos para uma real preocupação, se o que ficou dito for verdadeiro. Há hoje, em larga escala, uma real "elevação do coração para o Senhor" e um constante volver de olhos para o mundo dos valores espirituais. Daí, a atual sublevação.

Ao lado da nova era que se aproxima, ao lado, portanto, do influxo do espírito do Cristo, com seu poder transformador e força de regeneração e ao lado do retorno cíclico das energias do sétimo raio, encontramos a humanidade numa condição em que a capacidade de resposta às energias espirituais mais profundas e às novas oportunidades é, pela primeira vez, adequada e sintética. Daí, o agravamento do problema. Daí, o grande dia de oportunidade. Daí, a maravilha da aurora que se pode ver raiando no levante.

Gostaria de abordar o problema do sexo por outro ângulo e destacar que ele é um símbolo básico. Um símbolo, como sabemos, é um sinal externo e visível de uma realidade espiritual interna. Qual é esta realidade interna? Primeiro que tudo, a realidade da relação. É a relação existente entre os pares básicos opostos - Pai-Mãe, espírito-matéria, positivo e negativo; entre vida e forma e entre as grandes dualidades que, quando aproximadas, no sentido cósmico, produzem o filho de Deus manifestado, o Cristo cósmico, o universo sensível e consciente. O relato do Evangelho é um símbolo dramático dessa relação e o Cristo histórico é o testemunho de sua verdade e realidade. O Cristo nos assegura a realidade do significado interno e da verdadeira base espiritual de tudo que é e sempre será. A partir da relação de luz e trevas, aquilo que está oculto torna-se visível e podemos ver e conhecer. O Cristo, que é a luz do mundo, revelou essa realidade. Das trevas dos tempos, Deus falou e a Paternidade da Deidade foi revelada.

O drama da criação e a história da revelação - se pudermos ver fielmente e interpretar os fatos com exatidão espiritual - estão descritos para nós na relação existente entre os dois sexos e no seu intercâmbio recíproco. Quando essa relação já não é mais puramente física, mas sim, a união de duas metades separadas em todos os três planos - físico, emocional e mental - teremos, então, encontrado a solução do problema do sexo e a relação conjugal restituída à posição concebida na Mente de Deus. Hoje, ela é apenas o casamento de dois corpos físicos. /Às vezes, é também o casamento da natureza emocional das duas pessoas. Raramente é, ao mesmo tempo, um casamento de mentes. Às vezes, é a união do corpo físico de uma das partes com o corpo físico da outra parte, que se mantém frio, desinteressado e sem envolvimento, porém com o corpo emocional atraído e participante. Às vezes, o corpo mental está envolvido com o corpo físico, porém, o corpo emocional mantém-se à parte. Rara, rarissimamente, é encontrada a fusão, coordenada e cooperativa, de todas as três partes da personalidade dos dois parceiros na união. Quando tal coisa acontece, temos uma verdadeira união, um real casamento e a fusão de dois em um.

Foi nesse ponto que algumas escolas de esoterismo cometeram um triste engano. A falsa ideia cresceu em sua apresentação da verdade de que um matrimônio dessa espécie é essencial para a libertação espiritual e que, sem ele, a alma permanece aprisionada. Ensinam que, por meio da relação conjugal, a unidade com a alma é obtida e que não existe libertação espiritual sem esse matrimônio. A unidade com a alma é uma experiência individual interna, que resulta em tal expansão da consciência, que o individual e específico torna-se uno com o geral e universal. Por trás de errônea interpretação, está, contudo, a verdade.

Quando acontece o verdadeiro casamento e se encontram essas relações sexuais ideais, nos três planos, formam-se corretas condições para prover as almas das formas necessárias para sua encarnação. Filhos de Deus podem encontrar formas para sua manifestação na Terra. De acordo com o objetivo dos contatos conjugais (se é que tão estranha fraseologia pode ser usada nesse caso), assim será o tipo de ser humano atraído à encarnação. Onde os pais são puramente físicos e emocionais, assim será a natureza do filho. Assim é determinado na maioria dos casos. Hoje, temos um mundo de homens que está rapidamente alcançando um alto estágio de desenvolvimento. Por isso, encontramos insatisfação com os aspectos atuais do casamento, o que é um prenúncio para a revelação de certos princípios ocultos que, por fim, regerão a relação entre os sexos e, como consequência, darão a homens e mulheres a oportunidade, por meio do ato criativo, de fornecer os corpos necessários para discípulos e iniciados.

Simbolizado pelo sexo, está também a realidade do próprio amor a expressar-se. O amor, na realidade, indica relação, porém, a palavra "amor" (assim como a palavra "sexo") é usada sem que se atente para o seu real significado. Basicamente, amor e sexo são uma e a mesma coisa, pois ambas expressam o significado da Lei de Atração. Amor é sexo e sexo é amor, porque nas duas palavras está igualmente representada a relação, a interação e a união entre Deus e Seu universo, entre o homem e Deus, entre o homem e sua própria alma e entre homens e mulheres. O motivo e a relação são enfatizados. Porém, impulsionadora dessa relação, é a criação e a manifestação da forma por meio da qual a divindade pode expressar-se e vir à existência. Espírito e matéria encontram-se e o universo manifestado chega à existência. O Amor é eternamente fecundo e a Lei da Atração fértil em resultados. Homem e Deus uniram-se sob a mesma grande Lei e Cristo nasceu - o testemunho da divindade do homem e a demonstração do acontecimento. Cada homem e sua alma também estão tentando unir-se e, quando esse fato se consuma, o Cristo nasce na caverna do coração e vê-se o Cristo na vida diária, com crescente poder. O homem, pois, morre diariamente, para que o Cristo possa ser visto em toda a Sua glória. De todas essas maravilhas, o sexo é o símbolo.

Mais uma vez: no próprio homem, o grande drama do sexo é representado e, por duas vezes, em seu corpo, em sua personalidade, tem lugar o processo de união e da fusão. Vamos fazer aqui uma breve referência a esses dois acontecimentos simbólicos, para o benefício dos estudantes de esoterismo, de modo que a grande história do sexo possa ser compreendida em seu sentido espiritual.

O homem, como sabemos, é a expressão de energias. Essas energias galvanizam o homem físico à atividade por meio de certos centros de força existentes no corpo etérico. Para nosso propósito imediato, podemos dividir esses centros em três abaixo do diafragma e quatro acima. São eles:

I. Abaixo do diafragma:

1 - Base da coluna vertebral
2 - Centro sacro
3 - Plexo solar

II. Acima do diafragma:

1 - Centro do coração
2 - Centro da garganta
3 - Centro entre as sobrancelhas
4 - Centro da cabeça

Sabemos que duas fusões têm que acontecer e, nelas, temos as duas representações do processo simbólico do sexo e dois acontecimentos simbólicos que exteriorizam um evento espiritual e mostram ao homem seu objetivo espiritual e o grande objetivo de Deus no processo evolutivo.

Primeiramente, as energias abaixo do diafragma têm que ser elevadas e mescladas com as que se encontram acima. Não nos cabe falar aqui sobre o processo e as regras para realizá-lo, exceto num caso - a elevação da energia do centro sacro para o centro da garganta ou a transmutação do processo de reprodução e criação físicas no processo criador do artista em qualquer campo de expressão criativa. Por meio da união das energias desses dois centros, chegaremos a uma etapa do nosso desenvolvimento, na qual produziremos os filhos de nossas habilidades e mentes. Onde, em outras palavras, houver verdadeira união de energias superiores e inferiores, teremos a emergência da beleza na forma, o entesouramento de um aspecto da verdade em uma expressão apropriada e, assim, o enriquecimento do mundo. Onde há essa síntese, o artista verdadeiramente criador começa a operar. A garganta, o órgão da Palavra, expressa a vida e manifesta a glória da realidade subjacente. Esse é o simbolismo que se oculta sob o ensinamento da fusão entre as energias superiores e inferiores e, dessa fusão, o sexo, no plano físico, é por seu turno, o símbolo. A humanidade de hoje está se tornando cada vez mais criativa, pois a transfusão das energias prossegue sob novos impulsos. À medida que desenvolvemos no homem o sentido da pureza, à medida que cresce seu senso de responsabilidade e que seu amor à beleza, à cor, às ideias se expande, veremos um rápido aumento no processo da elevação do inferior para unir-se ao superior e, portanto, o embelezamento do Templo do Senhor será tremendamente acelerado.

Na próxima Era de Aquário, isso prosseguirá rapidamente. A maioria das pessoas, hoje, vive abaixo do diafragma e suas energias estão voltadas para fora, para o mundo material e prostituídas para fins materiais. Nos próximos séculos, isso será corrigido; suas energias serão transmutadas e purificadas e os homens começarão a viver acima do diafragma. Expressarão, então, as potências do coração amoroso, da garganta criativa e a divinamente ordenada vontade da cabeça. Dessa relação entre o inferior e o superior, o sexo, no plano físico, é o símbolo.

Mas, na cabeça do próprio homem, encontramos também um maravilhoso acontecimento simbólico. Nesse organismo vivo, é representado o drama por meio do qual o ser puramente humano se mescla à divindade. O grande drama final da mística união entre Deus e o homem e entre a alma e a personalidade é ali representado. De acordo com a filosofia oriental, há, na cabeça do homem, dois grandes centros de energia. Um deles, o centro, entre as sobrancelhas, mescla e funde os cinco tipos de energia que lhe são transmitidos para serem mesclados à sua: a energia dos três centros abaixo do diafragma e a dos centros da garganta e do coração. O outro, o centro da cabeça, é despertado por meio da meditação, do serviço e da aspiração e é, por meio desse centro, que a alma estabelece contato com a personalidade. Esse centro da cabeça é o símbolo do espírito ou aspecto masculino positivo, assim como o centro entre as sobrancelhas é o símbolo da matéria ou aspecto feminino negativo. Relacionados a estes dois vórtices de força, há dois órgãos, no plano físico, a hipófise e a glândula pineal. O primeiro é negativo e o segundo, positivo. Esses dois órgãos são os correspondentes superiores dos órgãos masculino e feminino de reprodução física. À proporção que o homem trabalha com sua personalidade, purificando-a e curvando-a, a serviço da vontade espiritual, ele automaticamente eleva as energias dos centros do corpo para o centro entre as sobrancelhas. Finalmente, a influência de cada um dos dois centros na cabeça aumenta e se torna cada vez maior, até que os campos vibratórios ou magnéticos de cada um estabelecem contato e, instantaneamente, brilha a luz. Pai-espírito e mãe-matéria unem-se, formam a unidade e nasce o Cristo. "A menos que o homem nasça de novo, ele não verá o reino de Deus", disse o Cristo. Esse é o segundo nascimento e, a partir desse momento, a vidência aparece com crescente poder.

Esse é, mais uma vez, o grande drama do sexo, reencenado no homem. Assim, em sua vida pessoal, por três vezes, ele conhece o significado da união, do sexo:

1. No sexo do plano físico ou em sua relação com seu oposto, a mulher, da qual resulta a reprodução da espécie.

2. Na união das energias inferiores com as superiores, da qual resulta o trabalho criativo.

3. Na união, na cabeça, das energias da personalidade com as energias da alma, da qual resulta o nascimento do Cristo.

Grande é a glória do homem e maravilhosas são as funções divinas que ele encarna. Pelo passar dos tempos, a raça foi trazida ao ponto em que o homem está começando a elevar as energias inferiores para os centros superiores e é essa transição a causadora de grande parte dos problemas atuais. Em toda parte, muitos homens estão se tornando criativos no campo político, religioso, científico ou artístico e o impacto de sua energia mental, de seus planos e ideias, faz-se sentir competitivamente. Até que a ideia da fraternidade domine a raça, veremos esses poderes prostituídos para servir a fins e ambições pessoais, o que, em consequência, leva ao desastre, assim como vimos a prostituição do poder do sexo a serviço da satisfação pessoal e do egoísmo e consequente desastroso resultado. Algumas poucas pessoas, porém, estão elevando suas energias e expressando-as em termos do mundo celestial. O Cristo está nascendo, hoje, em muitos seres humanos e, cada vez mais, os filhos de Deus aparecerão em sua verdadeira natureza para assumir a direção da humanidade da Nova Era.

2. O Sexo da Nova Era

É sempre perigoso profetizar, porém, uma previsão, a partir das tendências generalizadas, do momento, é muitas vezes possível.

Durante os próximos duzentos anos, as velhas influências sob as quais temos vivido desaparecerão paulatinamente e novas potências farão sentir sua presença. Sabemos que três coisas caracterizarão a próxima Era de Aquário e elas serão possíveis, graças à influência dos três planetas que governam os três decanatos desse signo. Primeiro, teremos a atividade de Saturno, que produz a divisão dos caminhos e oferece a oportunidade aos homens que disso se possam valer. Teremos, portanto, um período de disciplina e um ciclo em que as escolhas serão feitas e, através por meio dessas decisões discriminatórias, a humanidade tomará posse de seu direito inato. Essa influência já se faz sentir fortemente.

A seguir, no segundo decanato, pela influência de Mercúrio, teremos um influxo de luz, de iluminação mental e espiritual e uma interpretação mais real dos ensinamentos da Loja dos Mensageiros. O trabalho do primeiro decanato capacitará muitos a fazerem as escolhas e esforços que lhes permitirão erguer as energias inferiores para os centros superiores e transferir o foco de sua atenção da área abaixo do diafragma para a área acima. O trabalho do segundo decanato permitirá àqueles que estiverem assim prontos, fundir a personalidade com a alma e, então, como foi destacado anteriormente, luz brilhará e o Cristo nascerá dentro deles.

Durante o terceiro decanato, veremos a lei da Fraternidade inaugurar-se, Vênus controlando pelo amor inteligente; o grupo - não o indivíduo - será a unidade importante e o altruísmo e a cooperação tomarão o lugar da separatividade e da competição.

Em nenhum outro departamento da vida, essas grandes mudanças se mostrarão com maior potência do que na atitude do homem em relação ao sexo e no reajustamento da relação conjugal. Essa nova atitude surgirá, à proporção que o lento desenvolvimento científico da psicologia se complete. Quando o homem vier a entender sua tríplice natureza e à medida que a natureza da consciência e a profundidade de sua própria vida subconsciente sejam realmente melhor entendidas, surgirá, gradual e automaticamente, uma mudança de atitude dos homens em relação às mulheres e das mulheres em relação ao seu destino. Essa necessária mudança não se dará como resultado de medidas legais ou de decisões tomadas pelos representantes dos povos para fazer frente às calamidades do momento; estas mudanças far-se-ão sentir lentamente, como resultado do interesse inteligente das próximas três gerações. Os jovens que agora estão encarnando e os que o farão durante o século seguinte, provarão estar bem equipados para lidar com o problema do sexo, porque eles poderão ver mais claramente do que as gerações mais velha e pensarão em termos mais vastos do que é comum hoje. Eles terão maior consciência grupal e serão menos individualistas e egoístas; estarão mais interessados em ideias novas do que em velhas teologias; estarão mais livres de preconceitos e menos intolerantes do que a massa de pessoas bem-intencionadas hoje.

A psicologia está apenas dando os primeiros passos e somente agora sua função começa a ser entendida; dentro de cem anos, todavia, será a ciência predominante e os mais novos sistemas educacionais, baseados na psicologia científica, terão completamente sobrepujado nossos métodos modernos. A ênfase, no futuro, será sobre o propósito determinante da vida do homem. Isso acontecerá pela compreensão do seu equipamento (e dessa, a psicologia vocacional é o primeiro e ainda vago começo); pelo estudo de seu horóscopo; por meio de um treinamento correto em controle mental, assim como o treinamento da memória para a retenção de informações. Os processos pelos quais ele pode integrar sua personalidade e elevar e purificar suas qualidades serão alvo de cuidadosa atenção, tudo com a finalidade de torná-lo consciente do grupo e útil ao mesmo. Esse é o fator importante. Síntese, pureza física, descentralização e bem-estar do grupo serão a tônica do ensino ministrado. O controle emocional e o reto pensar serão inculcados e, onde estes estiverem presentes, o conhecimento das realidades espirituais será automaticamente adquirido e a vida subordinada ao propósito grupal. As relações recíprocas dos homens serão, então, inteligentemente direcionadas e sua relação com o sexo oposto será guiada não só pelo amor e desejo, como também por uma apreciação intelectual ordenada do verdadeiro significado do casamento. O que foi dito, aplica-se à maioria inteligente, bem-intencionada, cujos padrões terão evoluído com o passar das décadas, de modo que eles possam encarnar os sonhos e ideais dos mais adiantados visionários de hoje. Os irrefletidos, os ociosos e os estúpidos continuarão a existir, porém, a evolução prossegue a passo acelerado e a ordem está em seu caminho.

Que leis serão decretadas para o controle do povo sobre esse difícil assunto do sexo, não sei dizer; que leis regerão o casamento, não faz parte do meu propósito prever; como a legislatura das nações se comportará face ao problema, resta saber. Não estou interessado em especulações.

Mas eu posso estabelecer - e aqui o farei - as premissas básicas que fundamentarão o melhor pensamento do futuro sobre o problema do sexo e do casamento. São três, as premissas, que quando forem integradas ao pensamento do período, formando a base de todos os padrões de vida compatível, então, os detalhes de como, onde e quando se delinearão por si mesmos.

Primeira premissa: A relação dos sexos e sua abordagem da relação conjugal serão feitas como uma parcela da vida grupal e para servir ao bem do grupo; isso não será o resultado de leis reguladoras do matrimônio, mas um resultado da educação em relações grupais, serviço e lei do amor, entendidos de forma prática e não apenas sentimental. Os homens e mulheres reconhecer-se- ão como células num organismo vital e suas atividades e pontos de vista serão coloridos por esse conhecimento. A relação sexual será olhada como um fato da natureza e produto de passados ciclos evolutivos e não como uma teoria e esperança, como é hoje o caso. O que for melhor para o grupo e o que for necessário para promover a eficiência da unidade no grupo, serão os pontos a considerar. Cada vez mais, os homens viverão no mundo do pensamento e da compreensão e não tanto no mundo do desejo descontrolado e do instinto animal; o amor dos homens pelas mulheres e das mulheres pelos homens estará mais verdadeiramente presente do que atualmente, pois será, não puramente emocional, mas também baseado na inteligência. Quando o impulso criativo se voltar do sacro para o centro da garganta, o homem viverá menos potentemente nos seus impulsos sexuais físicos e mais consistentemente na sua expressão criativa. Sua vida, no plano físico, prosseguirá normalmente, porém, é preciso que o homem compreenda que o modo pelo qual ele hoje satisfaz sua natureza sexual é anormal e desregulado e que estamos a caminho da sábia normalidade. A ânsia pelo prazer egoísta e satisfação de um impulso animal, impulso esse correto, quando regulado e devastadoramente errado, quando prostituído somente para o prazer, dará lugar a uma decisão mútua entre os parceiros. A decisão irá de encontro a uma nova necessidade natural de modo regulado, correto e adequado. Hoje, um ou outro parceiro é geralmente sacrificado, seja por indevida abstinência ou por inconveniente libertinagem.

A segunda regra baseia-se no ponto de evolução que, para sua correta efetivação, necessita da verdadeira integração da personalidade. Esta regra pode ser expressa da seguinte maneira: o verdadeiro casamento e a correta relação sexual devem envolver todos os três aspectos da natureza do homem; haverá, ao mesmo tempo, um encontro nos três níveis de consciência - físico, emocional e mental. Um homem e uma mulher, para estarem felizes e realmente casados, tem que ser complemento um do outro, nos três departamentos de sua natureza e terá que haver uma união simultânea dos três. Quão raro é esse o caso e quão difícil de ser encontrado! Não preciso estender-me mais, pois essa verdade é óbvia e tem sido apontada amiúde. Num futuro bastante distante, veremos casamentos que serão baseados no ponto de desenvolvimento da personalidade integrada e só se encontrarão no ritual sagrado do casamento aqueles que houverem alcançado o mesmo ponto no trabalho de transmutação dos centros inferiores para os superiores; será considerado indesejável um casamento em que uma das partes esteja vivendo a vida da personalidade purificada acima do diafragma e a outra, a vida do animal inteligente abaixo do diafragma. Finalmente, uns poucos escolherão seus pares dentre aqueles em quem o Cristo renasceu e que estão expressando a vida do Cristo. Porém, exceto por alguns casos raros e esparsos, esse tempo ainda não é chegado.

O terceiro princípio governante será o desejo de prover os egos encarnantes com corpos saudáveis, bons e limpos. Isso hoje não é possível devido ao nosso mal regulado sistema de coabitação. A maioria das crianças nascidas agora veio à existência acidentalmente ou não eram desejadas, mas mesmo nesses casos, esse desejo é baseado em razões de hereditariedade, bens a serem legados, um antigo nome a perpetuar, uma ambição não realizada a ser satisfeita; contudo, o dia dos nascimentos ordenados e desejados aproxima-se e, quando chegar, tornará possível a mais rápida encarnação de discípulos e iniciados. A correta preparação terá prioridade sobre qualquer satisfação do impulso sexual e as almas serão atraídas para seus pais pela urgência do desejo dos pais, a pureza do seus motivos e a força de seu trabalho preparatório.

Quando esses três motivos forem cuidadosamente estudados e quando homens e mulheres moldarem sua relação no plano físico às suas responsabilidades grupais, à sua união nos três planos simultaneamente e à oferta de oportunidade a almas encarnantes, veremos, então, a restauração do aspecto espiritual do casamento. Veremos a chegada daquela era em que a boa vontade será a principal característica e na qual o propósito egoísta e o instinto animal ficarão para trás.

3. Algumas Sugestões para o Ciclo Atual

Ocupei-me até aqui em descrever uma situação hoje existente e em indicar uma situação ideal futura, mas que ainda não é possível. Isso é valioso, porém, deixa uma lacuna que precisa ser preenchida.

A questão que agora surge pode ser formulada nos seguintes termos: Dada a acuidade de minha descrição das estarrecedoras condições atuais, dada a possibilidade de atingirmos, em remoto futuro, o ideal apresentado, será possível, nesta época, tomar medidas que eventualmente conduzam aos necessários ajustamentos no departamento do sexo? Positivamente sim e minha resposta tem a forma que segue.

Quando certos postulados básicos, em número de quatro, tiverem sido apresentados e mantidos na mente do público, eles finalmente conduzirão a uma educação da opinião pública tal, que as atividades necessárias seguir-se-ão naturalmente. Porém, o primeiro passo é a educação do público e seu domínio das quatro leis essenciais. Qualquer correção das atuais condições será consequência do crescimento de dentro para fora da própria humanidade e não da imposição de regras, de fora para dentro. O treinamento da consciência pública deve, pois, prosseguir incansavelmente e, assim, serão construídos os alicerces de futuras mudanças.

Gostaria de lembrar aqui que as três próximas gerações (nas quais incluo os rapazes e moças da presente geração) trarão à encarnação um grupo de pessoas que estarão bem equipadas para tirar a humanidade do impasse atual. Esse fato, constantemente esquecido, precisa ser lembrado. Em qualquer época da história humana, há sempre aqueles capazes de resolver os problemas que surgem e que são enviados exatamente para esse propósito. Em última análise, esse problema sexual, por difícil que seja acreditar nisso hoje, é temporário e surgiu, a partir de um erro básico, surgiu da prostituição das faculdades doadas por Deus ao homem, que a desviou para fins puramente físicos e egoístas, em vez de consagrá-las aos propósitos divinos. O homem tem sido levado de roldão por sua natureza instintiva animal e só a compreensão mental clara e límpida da real natureza de seu problema terá força suficiente para conduzi-lo, em direção à Nova Era e ao mundo do reto motivo e da reta ação. O homem tem que aprender e apreender no seu âmago o fato de que o propósito primordial do sexo não é a satisfação de apetites, mas sim o de prover corpos físicos, por meio dos quais a vida possa manifestar-se. Ele tem que entender a natureza do simbolismo que subjaz à relação sexual e, assim, apreender e alcançar o escopo das realidades espirituais.

A Lei do Sexo é a lei das relações por meio das quais vida e forma são reunidas para que o propósito divino possa ser visto. É uma lei fundamental da criação e é verdadeira, quer se trate da Vida formadora de um sistema solar, do nascimento de um animal ou do aparecimento de uma planta, a partir de uma semente. "Sexo" é a palavra que usamos para descrever a relação que existe entre a energia a que chamamos "vida" e o agregado de unidades de força, por meio das quais aquela energia se expressa e constrói uma forma. Cobre a atividade que tem lugar, quando os pares de opostos se reúnem e, assim, tornam- se uma unidade e produzem uma terceira realidade. Essa terceira realidade ou resultado é o testemunho de sua relação e outra vida na forma aparece. Temos sempre, pois, relação, unidade e nascimento. Essas três palavras exprimem o verdadeiro significado do sexo.

Mas o homem prostituiu a verdade e o real significado se perdeu. O sexo, agora, significa a satisfação do desejo masculino por prazeres sensuais e o alívio do apetite físico, pela prostituição do aspecto feminino desse desejo e apetite. Essa relação não leva ao resultado pretendido, mas apenas a um momentâneo segundo de satisfação, em que tudo se restringe à natureza animal e ao plano físico. Estou largamente generalizando, mas lembremo-nos de que há exceções a todas as regras. Gostaria também de acrescentar que não se deve pensar que eu considero o aspecto masculino responsável por nosso problema atual, quando digo que o homem usa a mulher para seu prazer. Como poderia dizer tal coisa, quando sei que cada ser humano é ciclicamente homem ou mulher; que os homens de agora foram mulheres e as mulheres foram homens em vidas anteriores? Não há sexo, como nós o entendemos, no que concerne às almas; é somente na vida da forma que o sexo existe. É somente no processo de diferenciação para os propósitos de experimentação que o ser espiritual encarnante ocupa primeiro um corpo masculino e a seguir um feminino, fazendo, assim, a ronda dos aspectos negativo e positivo da vida na forma. A humanidade como um todo é igualmente culpada e todos precisam ser igualmente ativos no processo de criar as corretas condições e de trazer ordem ao caos atual.

Assim sendo, o primeiro postulado a ser difundido e para o qual o público tem que ser educado, é que todas as almas encarnam e reencarnam segundo a Lei do Renascimento. Daí, que cada vida não é apenas uma recapitulação da experiência da vida; mas é, também, um assumir de antigas obrigações, uma retomada de velhos relacionamentos, uma oportunidade para o pagamento de antigas dívidas, uma chance para a restituição e progresso, um despertar de qualidades profundamente implantadas, o redescobrimento de velhos amigos e inimigos, a solução de injustiças revoltantes; a explicação das coisas que condicionam o homem e fazem dele aquilo que ele é. Essa é a lei que agora clama por ser universalmente reconhecida e que, quando compreendida pelas pessoas pensantes, muito contribuirá para solucionar o problema do sexo e do casamento.

Por que será assim? Porque quando essa lei for admitida como um princípio intelectual governante, todos os homens pisarão com mais cuidado no caminho da vida e agirão com maior cautela ao cumprir suas obrigações familiares e grupais. Saberão com absoluta segurança que "aquilo que o homem planta, ele colherá" e que a colheita será aqui e agora e não em algum mítico céu ou inferno; ele terá que fazer, na vida de cada dia na Terra, os ajustamentos que produzirão um céu adequado e um mais que adequado inferno. A difusão da doutrina do renascimento, seu reconhecimento e prova científicos, caminha a passos largos e, durante os próximos dez anos, será objeto de muita atenção.

O segundo postulado básico foi-nos enunciado pelo Cristo, quando nos mandou que "amássemos nossos próximos como a nós mesmos". Até agora, pouca atenção tem sido dada a isso. Temo-nos amado e tentado amar aqueles de quem gostamos. Porém, amar universalmente e porque nosso próximo é uma alma como nós somos, de natureza essencialmente perfeita e um destino infinito, isso tem sido sempre considerado um belo sonho a ser consumado num futuro tão distante e num céu tão longínquo, que nem vale a pena lembrar. Dois mil anos se passaram, desde que a mais grandiosa expressão do amor de Deus andou sobre a Terra e determinou que nos amássemos uns aos outros. Todavia, ainda guerreamos e odiamos, usamos nossos poderes para fins egoístas, nossos corpos e apetites para prazeres materiais e nossos esforços, ao viver, são, entre a grande massa, primordialmente dirigidos para o egoísmo pessoal. Alguma vez, refletiram sobre o que seria o mundo hoje, se o homem tivesse dado ouvidos ao Cristo e procurado obedecer ao Seu comando? Teríamos eliminado muita doença (pois as doenças originadas pelo mau uso da função sexual estão na raiz de vasta porcentagem de nossos males físicos e devastam nossa moderna civilização), teríamos acabado com as guerras, teríamos reduzido ao mínimo o crime e a nossa vida moderna seria uma exemplificação de uma divindade manifestada. Tal não foi, porém, o caso; daí, as condições atuais do nosso mundo.

Mas a nova lei precisa ser e será anunciada, lei essa que pode ser resumida nas seguintes palavras: Que o homem viva de forma tal, que sua vida seja inofensiva. Assim, nenhum malefício ao grupo será causado por seus pensamentos, suas ações ou suas palavras. Essa não é uma inofensividade negativa, mas sim, uma atividade positiva e difícil. Se a paráfrase, em termos práticos, das palavras do Cristo fosse universalmente promulgada e aplicada na prática, veríamos a ordem surgir a partir do caos, o amor pelo grupo sobrepor-se ao egoísmo pessoal, a unidade religiosa tomar o lugar da intolerância fanática e apetites regulados ao invés da licenciosidade.

As duas leis e os dois postulados expostos acima podem soar como trivialidades. Porém, trivialidades são as verdades universais e reconhecidas e uma verdade é um pronunciamento científico. Pautar a vida pela aceitação e reconhecimento dessas duas leis (a Lei do Renascimento e a Lei do Amor) salvaria a humanidade e reconstruiria nossa civilização. Serão elas provavelmente simples demais para despertar um reconhecimento interessado! Todavia, o poder que reside por trás delas é o poder da própria divindade e reconhecê-las é simplesmente uma questão de tempo, pois a evolução levará forçosamente a isso, em algum dia do distante futuro. A antecipação de tal reconhecimento está nas mãos dos discípulos e pensadores da presente era.

A terceira lei básica que subjaz à solução de nossos problemas modernos, incluindo o do sexo, decorre normalmente das duas outras leis. É a Lei da Vida Grupal. Nossas relações grupais precisam ser apreciadas. Não só um homem precisa cumprir amorosamente suas obrigações para com a família e a nação, mas ele deve pensar em termos mais vastos, na própria humanidade e com isso trazer à expressão a Lei da Fraternidade. A fraternidade é uma qualidade grupal. Os jovens que estão chegando agora nascerão equipados com um mais profundo sentido de grupo do que se vê atualmente. Eles resolverão seus problemas, incluindo o do sexo, perguntando a eles próprios, quando uma situação difícil se apresente: Minha ação resultará no bem do grupo? O grupo será ferido ou sofrerá, se eu fizer tal e tal coisa? Isso beneficiará o grupo? Trará progresso, integração e unidade ao grupo? A ação que não estiver à altura das necessidades do grupo será automaticamente descartada. Na decisão de problemas, o indivíduo e a unidade aprenderão, aos poucos, a subordinar o bem pessoal e o prazer pessoal às condições e necessidades do grupo. Vemos, pois, como o problema do sexo também se renderá à solução. A compreensão da Lei do Renascimento, a boa vontade para com todos os homens, desenvolvendo-se em inofensividade e desejo de boa vontade para o grupo, tornar-se-ão gradualmente os fatores determinantes da consciência humana e a nossa civilização ajustar-se-á, a seu tempo, a essas novas condições.

O postulado final que desejo enfatizar é que o cumprimento dessas três leis levará, necessariamente, a um urgente desejo de cumprir a lei do país em que determinada alma se veja encarnada. Sei muito bem que as leis feitas pelos homens são inadequadas e não é preciso repeti-lo aqui. Elas podem ser e são temporárias e insuficientes. Podem ser falhas em seu objetivo e comprovadamente inadequadas, porém, elas são, até certo ponto, a salvaguarda dos homens pequenos e fracos e, por isso, devem ser consideradas como um suporte para aqueles que estão procurando ajudar a humanidade. Essas leis estão sujeitas a mudanças, à proporção que o efeito das três grandes leis se faça sentir, porém, até que sejam alteradas com sabedoria (e isto leva tempo), elas funcionam como freio para a licenciosidade e o egoísmo. Elas criam dificuldades, também. Isto é inegável. Mas as dificuldades por elas causadas não são de natureza tão perniciosa nem tão duradouros os seus efeitos quanto seria o resultado de sua remoção e o subsequente início de um ciclo sem leis. Portanto, o servidor da humanidade coopera com as leis do país onde vive, trabalhando ao mesmo tempo para remover as injustiças que elas podem provocar e para o aperfeiçoamento das imposições legais sobre a humanidade no seu país.

No reconhecimento dessas quatro leis - do Renascimento, do Amor, .do Grupo e da Terra - teremos a salvação da humanidade.

4. O Sexo e o Discipulado

Quero falar um pouco sobre o assunto do sexo na vida do discípulo. Há muita confusão sobre esse assunto na mente dos aspirantes e a injunção quanto ao celibato está assumindo a posição de doutrina religiosa. É-nos frequentemente dito, por pessoas bem intencionadas, mas ilógicas, que, se um homem é um discípulo, ele não pode casar-se e que não existe real conquista espiritual, a menos que o homem seja um celibatário. São duas as raízes dessa teoria:

Primeiro, sempre houve, no Oriente, uma atitude errônea a respeito das mulheres. Segundo, no Ocidente, desde os tempos de Cristo, existe uma tendência a conceber a vida espiritual ligada a monastérios e conventos. Essas duas atitudes dão corpo a duas ideias errôneas e estão na raiz de muitos mal-entendidos e no âmago de muitos malefícios, O homem não é melhor do que a mulher nem esta melhor do que ele. Todavia, muitos milhares de homens veem a mulher como a personificação do mal e a base da tentação. Porém, desde o começo, Deus ordenou que homens e mulheres atendessem às necessidades um do outro e se complementassem. Deus não ordenou que os homens se agrupassem e se mantivessem distantes das mulheres ou as mulheres afastadas dos homens; esses dois sistemas levaram a muitos abusos sexuais e a muito sofrimento.

A crença de que um discípulo necessite de vida celibatária e total abstinência de todas as funções naturais é não só incorreta como indesejável. Isso pode ser provado, reconhecendo-se duas coisas:

A primeira é que, se a divindade é, de fato, uma realidade e expressão da onipotência e da onipresença, assim como da onisciência e se o homem é essencialmente divino, então, não haverá condição alguma possível onde a divindade não seja suprema. Não pode haver esfera da atividade humana onde o homem não possa agir divinamente e onde todas as funções não possam ser iluminadas pela luz da razão pura e divina inteligência. Não lido aqui com o ilusório e tortuoso argumento de que as coisas que normalmente são consideradas erradas pelas pessoas íntegras devem estar certas, devido à inerente divindade do homem. Isso é apenas uma frouxa desculpa para se agir mal. Falo de relações sexuais corretas, permissíveis pela lei espiritual, assim como pelas leis terrenas.

Segundo, uma vida que não circula, até que todas as funções de sua natureza - animal, humana e divina - (e o homem reúne as três em um corpo) sejam exercidas, torna-se frustrada, inibida e anormal. Que nem todos podem casar-se atualmente, é verdade, porém, esse fato não invalida o fato maior de que Deus criou o homem para casar-se. Que nem todos estejam hoje em condições de levar uma vida normal e completa é igualmente consequência das anormais condições econômicas reinantes; mas isso, de forma alguma, invalida o fato de que a condição seja anormal. Mas que o celibato forçado seja indício de profunda espiritualidade e necessário a todo treinamento esotérico e espiritual é igualmente falso, anormal e indesejável. Não há melhor escola de treinamento para um discípulo e um iniciado do que a vida familiar, com os relacionamentos impostos, o alcance para ajustamentos e adaptabilidade, os sacrifícios e serviço exigidos e as oportunidades para a plena expressão de cada parte da natureza humana. Não há maior serviço a ser prestado à humanidade do que oferecer corpos às almas encarnantes e dar atenção e facilidades educacionais a essas almas, dentro do lar. Porém, toda a problemática da vida familiar e nascimento de filhos foi distorcida e erroneamente entendida e está longe o tempo em que casamento e filhos assumirão seu devido lugar como sacramentos e, mais distante ainda, o tempo em que a dor e o sofrimento resultantes de nossos erros e impróprias relações sexuais, terão desaparecido e a beleza e consagração do casamento e da manifestação das almas na forma terão superado o atual e errado agrupamento de ideias.

Portanto, o discípulo e o aspirante no Caminho e o iniciado no seu "Caminho Iluminado" não encontram melhor terreno para seu treinamento do que o relacionamento conjugal, corretamente usado e corretamente compreendido. Trazer a natureza animal à disciplina rítmica, elevar a natureza emocional e instintiva ao altar do sacrifício e a autoabnegação, exigida pela vida da família, são potências de tremenda purificação e desenvolvimento. O celibato que se pede é aquele da natureza superior às solicitações da natureza inferior e a recusa do homem espiritual a ser dominado pela personalidade e apelos da carne. O celibato imposto ao equipamento de muitos discípulos levou a muita prostituição e muitas perversões de funções e faculdades dadas por Deus e mesmo que não se encontre essa infeliz condição, mesmo quando a vida tenha sido saudável e consagrada, encontramos, frequentemente, sofrimento inútil e angustiosa disciplina mental até que rebeldes pensamentos e tendências sejam controlados.

É obviamente verdade que, às vezes, um homem pode ser atraído para uma determinada vida em que se defronte com o problema do celibato e seja forçado a abster- se de qualquer relação física e viver uma vida estritamente celibatária, para demonstrar a si mesmo que pode controlar o lado animal e instintivo de sua natureza. Mas essa condição é, frequentemente, resultado de excessos e licenciosidade numa vida anterior que necessita de medidas severas e condições anormais para compensar e retificar erros passados e dar tempo à natureza animal para que essa se reajuste. Mas, de novo, isso não é indício de desenvolvimento espiritual, antes pelo contrário. Não esquecer que estou tratando aqui de um caso especial de celibato auroimposto e não da presente condição mundial, quando, devido à situação econômica e outras razões, homens e mulheres são forçados a viver uma vida sem plena e natural expressão.

O problema do sexo, em última análise, tem que ser resolvido no lar e sob condições normais e a solução está nas mãos das pessoas evoluídas no mundo e dos discípulos de todos os graus.

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