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PARTE UM
Quatorze Regras para Iniciação Grupal


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Parte Um
Quatorze Regras para Iniciação Grupal

REGRA TRÊS - O Dual Movendo-se para Frente

Esta Regra dá continuidade ao tema da Regra anterior e, em frases e símbolos sucintos, dá algumas instruções sobre a Ciência da Invocação e Evocação e seu significativo ritual, ou programa, ou roteiro.

Este programa é, na realidade, uma expressão ou formulação humana da Ciência do Som, somente na medida em que, por enquanto, o Som afeta a humanidade e os assuntos humanos. Não esqueçam o que eu ensinei anteriormente sobre a Palavra; lembrem também que o Som é o som ou nota da Própria Vida, corporificando seu impulso dinâmico, seu poder criativo, e sua receptiva sensibilidade a todos os contatos.

REGRA III.

Duplo é o avanço. A Porta é deixada para trás. Esse é um acontecimento do passado. Que o grito de invocação seja emitido partindo do centro profundo da clara luz fria do grupo. Que ele evoque resposta do brilhante centro que se encontra muito à frente. Quando a exigência e a resposta se perderem em um único grande Som, abandonai o deserto, deixai os mares para trás e conhecei que Deus é Fogo.

Esta talvez seja uma das duas regras mais ocultas que o iniciado tem de dominar, seja como indivíduo ou em associação com o seu grupo. O grupo reconhece e trabalha sob a penetrante influência do propósito; como indivíduo, o iniciado trabalha com o plano. A expressão do grupo - até onde ela se estende a qualquer dado momento, no tempo e espaço - está alinhada com a vontade do Uno no Qual vivemos, nos movemos e temos a nossa existência, a Vida de tudo que é. Como indivíduo, o iniciado usa a força atrativa (à qual damos o enganador nome de amor) daquela Vida fundamental para reunir tudo que dará densidade à forma e assim, manifestar a vontade.

O grupo pode ser, e frequentemente é, receptivo ao “centro brilhante", Shamballa, onde o iniciado, sozinho e em sua própria identidade essencial, não consegue assim responder. O indivíduo precisa ser protegido, pelo grupo, das tremendas potências que emanam de Shamballa. Elas precisam ser reduzidas para ele pelo processo de distribuição, de modo que o seu impacto não seja focalizado em qualquer um dos seus centros, ou em todos eles, mas sim compartilhado por todos os membros do grupo. Eis aqui uma pista para a importância do trabalho grupal. Uma de suas principais funções, esotericamente falando, é absorver, repartir, fazer circular, e então, distribuir a energia.

Este processo de proteção e de distribuição constitui uma das funções do grande encontro de toda a Hierarquia, sob a égide dos três Grandes Senhores - o Manu, o Mahachohan e o Cristo - naquele alto e sagrado vale nos Himalaias, onde anualmente - depois da devida preparação - a Hierarquia faz contato com Shamballa e é então estabelecida uma relação entre “o brilhante centro vivo” e “o centro radiante e magnético”, com o fim de que “o centro passivo que aguarda” possa ser estimulado a subir a escada da evolução.

Até mesmo a própria Hierarquia precisa da proteção de todos os seus membros para absorver corretamente as energias entrantes, e depois, sabiamente, distribuir as forças da vontade divina nos três mundos onde reside Sua maior responsabilidade. A aplicação da vontade focalizada de Deus, em suas implicações imediatas, constitui o ponto de tensão de onde Shamballa trabalha para ocasionar o usufruto final do Propósito.

Há uma clara distinção entre Propósito e Vontade; é bastante sutil, porém, bem definida para o iniciado adiantado e, por conseguinte, até nisto se revela a natureza dual da manifestação do nosso planeta e a Expressão do nosso sistema solar. Os Membros do Conselho de Shamballa reconhecem esta distinção e por isso, Eles Próprios dividem-se em dois grupos que, na linguagem antiga, são chamados Registradores do Propósito e Guardiões da Vontade. A Vontade é ativa. O Propósito é passivo, aguardando os resultados da atividade da vontade. Esses dois grupos têm, como reflexos nos círculos hierárquicos, os Nirmanakayas ou os Contemplativos Planetários, e os Guardiães do Plano.

A função dos Registradores do Propósito é manter aberto o canal entre a Terra, o planeta Vênus e o Sol Espiritual Central. A função dos Guardiões da Vontade é relacionar o Conselho, a Hierarquia e a Humanidade, criando assim, um triângulo básico de força entre os três grandes centros da Vida planetária. Isto é a expressão superior (simbólica, se assim quiserem) da estrela de seis pontas, formada de dois triângulos entrelaçados. Encontramos uma réplica deste triângulo fundamental e deste símbolo de energia, com sua afluência e distribuição, na relação existente entre os três centros superiores no ser humano - cabeça, coração e garganta - e os três centros inferiores - plexo solar, centro sacro e centro na base da coluna vertebral.

Vemos também a Ciência da Invocação e Evocação simbolicamente operando segundo linhas evolutivas. A adoração, que é a atitude do místico, deve dar lugar à Invocação, no homem que sabe que é divino. Vemos a revelação simbólica na subida das três energias inferiores e sua resposta evocativa às três superiores, produzindo assim a unidade final no ponto de tensão. Sei que isto é algo de difícil compreensão, porque inclui verdades que ainda não estão ao alcance do discípulo, o que acontecerá à medida que ele avançar no Caminho do Discipulado e se submeter ao necessário treinamento para a iniciação. Também no próximo século, isto será conseguido pela humanidade rapidamente em desenvolvimento, provando assim que a iniciação do momento, eventualmente se torna uma conquista passada. Esta intensificada liberação aparecerá, mais tarde, como o definido resultado da guerra.

A Carta do Atlântico e as Quatro Liberdades, formuladas na tensão produzida pela agonia e tensão mundiais, são os reflexos disto, e corporificam tudo aquilo que o homem comum materialista consegue captar da atual vontade de Shamballa, à medida que ela condiciona os planos da Hierarquia e é impulsionada pelos Registradores do Propósito. Isto é tudo que os dois grupos de Guardiões conseguiram transmitir aos mais destacados intelectos humanos - o primeiro grupo lidando com os membros mais antigos da Hierarquia, e o segundo grupo, com aqueles iniciados e discípulos que estão estreitamente relacionados à humanidade.

Mais uma vez, nos defrontamos com o fato de que a Ciência da Invocação e Evocação - de que trata esta Regra fundamentalmente - é, primordialmente, uma grande e científica atividade, sobre a qual a humanidade moderna pouco ou nada sabe, mas que está relacionada com o poder do pensamento e a construção do pensamento-forma. Somente iniciados do mais elevado grau - como os três Grandes Senhores - têm o direito de invocar, sozinhos e desacompanhados de qualquer meio de proteção, como um grupo, por exemplo, e isto porque Eles Próprios são Membros do Conselho de Shamballa e, individualmente são Registradores do Propósito. O aparecimento anual do Senhor Buda é a demonstração exterior, ou símbolo, do despontar desta Ciência de Invocação e Evocação na consciência da humanidade. A prece é uma fraca, tênue e inadequada expressão dela; a afirmação de divindade com o fim de obter bem-estar material é uma distorção desta verdade. Isto precisa ser lembrado. O verdadeiro significado desta emergente ciência é que, nas etapas iniciais, ela incorpora a semente do conceito da nova religião mundial.

Nas grandes invocações que eu já divulguei, a primeira (“Que as Forças da Luz iluminem a humanidade...”) foi um esforço de minha parte para traduzir em palavras o grito invocativo da humanidade e de todos os homens e mulheres de boa vontade em todo o mundo. Seu sucesso indicou a força dessa boa vontade. A segunda (“Que desçam os Senhores da Libertação...”) na realidade, só pode ser usada com alguma esperança de sucesso, e por aspirantes, discípulos e iniciados, e por isso não se tornou tão popular entre o público em geral, embora, na realidade, seja muito mais poderosa e, potencialmente, eficaz. Era essencial, porém, que tivesse lugar uma fusão dos dois grupos, antes que o grito da humanidade como um todo se tornasse suficientemente poderoso para evocar resposta.

Antes de dar início ao estudo desta Regra III, frase por frase, quero chamar a atenção para a relação entre esta Regra e a anteriormente dada aos solicitantes. O solicitante envia seu brado através do deserto, sobre os oceanos e através dos fogos. Sua personalidade toda, integrada e orientada, está focalizada em um ponto de tensão; então, ele lança seu brado, símbolo de uma expressão muda, e este grito bate à porta que o separa da alma, em primeiro lugar, e da Hierarquia, em segundo lugar. A porta é apenas um símbolo de separação; ela divide um lugar de outra locação, uma esfera de atividade de outra, e um estado de consciência do outro. Ela promove no aspirante um sentido de dualidade. É uma palavra descritiva da atitude mística. Esta atitude abrange os conceitos de aqui e lá, de alma e corpo, de Deus e o homem, de Hierarquia e humanidade. Porém, a Regra III, quando sonorizada para iniciados, demonstra que este entendimento místico finalmente se perde; o sentido de separação desaparece, e o portal é deixado para trás.

1. Dual é o avanço. O portal é deixada para trás. Esse é um acontecimento do passado.

O primeiro ponto que deve ser notado é que nós temos aqui a definição de um iniciado. Ele é aquele que, em sua natureza dupla - alma e personalidade - avança. Seu ponto de tensão não é mais o da personalidade. Ele mesclou e fundiu em si mesmo dois aspectos divinos, os quais agora constituem uma unidade integrada. Esta fusão produz seu próprio ponto de tensão. O iniciado atravessou o portal. Surge novamente um ponto de tensão no qual a Palavra soa em resposta ao grito invocativo do novo iniciado. A Palavra retorna para ele: Aceito como um grupo. Então, ele - com o grupo do qual ele é agora uma parte reconhecida - avança. Para o iniciado, como dissemos antes, o passado é deixado para trás: “Que não haja lembranças”; o presente corporifica um ponto de tensão; o futuro indica um avançar a partir do ponto de tensão como resultado de sua ação efetiva. A porta cerra-se atrás do iniciado, o qual é agora um membro aceito pelo seu grupo e, como diz o Velho Comentário, “ao fechar-se, seu som informa ao mundo que observa que o iniciado entrou em um lugar sagrado e que, para alcançá-lo no sentido real, eles também precisam cruzar aquele portal.”

Isto expressa a ideia da auto-iniciação individual, à qual todos precisam ser submetidos, e indica também a solidão do iniciado á medida que avança. Ele ainda não compreende tudo que, como um todo, seu grupo conhece; ele próprio não é compreendido por aqueles no outro lado da porta. Durante algum tempo, ele pressentira o grupo com o qual está agora filiado e percebe cada vez mais sua impessoalidade espiritual, a qual lhe parece quase uma forma de alheamento que, de modo algum, o alimenta com aqueles elementos que são da natureza da personalidade; por conseguinte, ele sofre. Aqueles deixados para trás como parte de sua antiga vida de modo algum compreendem sua básica - ainda que não desenvolvida - impessoalidade. Esta atitude, quando percebida, evoca nele certo ressentimento e crítica que ele compreende não ser correto, mas que, nesta etapa, ele não consegue evitar, enquanto aqueles que ele critica se esforçam em derrubá-lo, ou pelo menos, fazê-lo sentir-se desdenhado e embaraçado.

Nas primeiras etapas, ele se refugia daqueles que foram deixados para trás afastando-se ele próprio e por desnecessário e obstrutivo silêncio. Ele aprende a penetrar na consciência de seu novo grupo por meio de um árduo esforço para desenvolver a capacidade que eles têm de impessoalidade espiritual. Ele sabe que isto é algo que ele precisa atingir e - quando ele o atinge - descobre que essa impessoalidade não se baseia em indiferença ou em preocupação, como ele havia pensado, mas sim, em uma profunda compreensão, em um foco dinâmico sobre o serviço mundial, sobre um senso de proporção e sobre uma neutralidade que tornam possível a verdadeira ajuda. Assim, a porta e o passado são deixados para trás. Paulo tentou expressar esta ideia quando disse, “Esquecendo as coisas que ficaram para trás, avançai em direção ao prêmio de vosso alto chamamento em Cristo”. Chamo a atenção para a palavra “chamamento".

2. Que o grito de invocação seja emitido a partir do centro profundo da clara luz fria do grupo.

Não estamos tratando agora da luz na cabeça ou da luz da alma à medida que ela é percebida pela personalidade harmonizada e alinhada. Essa luz é também deixada para trás, e o iniciado torna-se consciente da luz do Ashram e da luz todo-inclusiva da Hierarquia. Esses são dois aspectos da luz da alma que foram revelados pela luz na cabeça. Essa luz da alma da qual o iniciado se tornara consciente desde o primeiro momento de contato com a alma, e a intervalos rapidamente decrescentes, é criada pela fusão da luz da alma com a luz da própria substância, e é a consequência, inevitável e automática, da purificação dos três veículos e da meditação criativa.

Está dito nas Escrituras mundiais que “naquela luz, nós veremos a Luz", e é a esta Luz que agora me refiro - uma luz é somente percebida quando a porta se fecha atrás do iniciado. Essa luz é, em si mesma, composta da luz de budi e da luz de atma e estas são - interpretando esotericamente estes termos sânscritos - a luz da razão pura, que é a sublimação do intelecto, e a luz da vontade espiritual, que é a revelação do desdobramento do propósito. A primeira está focalizada no Ashram, e a segunda, na Hierarquia como um todo, e ambas são a expressão da atividade da Tríade Espiritual.

Vejamos se posso tornar mais claro este assunto. Temos, portanto três grandes luzes, todas elas focalizadas no plano mental, porque, acima desse plano, o simbolismo da luz não é usado. A divindade é conhecida como vida, no que diz respeito à Mônada, e sua expressão, a Tríade Espiritual. Todas as luzes, portanto, são finalmente focalizadas no plano mental:

1. A luz fundida da alma e personalidade.

2. A luz do grupo egoico, o qual - quando forma um grupo reconhecido na consciência do iniciado iluminado - é chamado um Ashram, personificando a luz de budi, ou razão pura.

3. A luz da Hierarquia, como um centro de radiação no corpo planetário, e personificando a luz que a compreensão do plano produz, e que resulta da identificação - nos níveis mentais - com a vontade espiritual.

Todos estes três aspectos de luz podem ser descritos como:

1. A luz que é lançada para cima. Esta é a luz menor, sob o ângulo da Mônada.
2. A luz que a Tríade Espiritual reflete sobre o plano mental.
3. A luz focalizada que é produzida pelo encontro das duas luzes, a superior e a inferior.

Estas são as correspondências superiores do aparecimento da luz na cabeça, quando a luz da personalidade e a luz da alma fazem contato.

Acima do plano mental, o impulso iniciador, ou ênfase, está no aspecto vida, na energia dinâmica e na causa da manifestação, e este incentivo para progredir não está baseado na revelação, a qual é sempre inerente, ou relacionada, ao significado da luz. Luz e revelação são causa e efeito. A próxima revelação, pela qual todos os homens esperam, e que virá quando o ajustamento mundial tiver alcançado um ponto já determinado, está relacionada à comunicação à consciência humana do significado e propósito da vida; isto terá lugar sob a forma de uma série de graduais eventos espirituais. Não posso, e não devo, falar mais claramente sobre estas verdades, mesmo que as palavras necessárias estivessem disponíveis para expressar aquilo que ainda não é, por enquanto, sequer indistintamente percebido pelos discípulos do primeiro e segundo graus de iniciação.

O que virá através dessa série de acontecimentos espirituais e sua inevitável reação sobre o corpo todo da humanidade não está de forma alguma relacionado à consciência, à revelação ou à luz. Em algum momento ainda muito distante, chegará à humanidade um período de compreensão, que se constituirá, ao mesmo tempo, em um ponto de crise e um ponto de tensão. Esta compreensão resumirá, em uma consciência condicionadora efetiva, tudo aquilo que a qualidade da sensibilidade transmitiu à humanidade através das eras. É a consumação da atividade da consciência crística, e é o estado a que se refere o que é dito a respeito do Cristo: “Ele verá o trabalho de sua alma e ficará satisfeito”. Quando da crise dessa revelação, em seu mais agudo ponto de tensão, a humanidade a uma só voz dirá: “Vede! Todas as coisas tornaram-se novas". Esta é a apoteose da visão e o prelúdio de um desdobramento na consciência da massa da humanidade de certos poderes e capacidades dos quais a raça hoje está totalmente inconsciente.

A revelação imediata à nossa frente será apenas o primeiro passo em direção àquele ponto distante, e seu significado não será aparente para a geração atual, ou mesmo a próxima; porém, será lenta mas gradualmente apreciada à medida que a nova religião mundial, com sua ênfase sobre a invocação de energias e a evocação da “vida mais abundante” for desenvolvida e produzir seu inevitável efeito. Os estudantes deveriam ter em mente que o impacto das energias sobre as formas produz resultados que dependem da qualidade das formas que recebem a impressão. Esta é uma declaração de lei ocultista.

Um dos propósitos que estão por trás do atual holocausto (Segunda Guerra Mundial) foi a necessidade da destruição de formas inadequadas. Esta destruição poderia ter sido provocada por um ato de Deus, como uma grande catástrofe natural ou uma epidemia mundial, e essa fora a intenção original. A humanidade foi, porém, varrida pelas forças que carregavam em si mesmas, as sementes da destruição, e havia aquele algo na humanidade que respondia a essas forças. Por conseguinte, foi permitido à Lei de Destruição trabalhar através da própria humanidade, e os homens estão agora destruindo as formas através das quais grandes massas de homens estão funcionando. Visto sob o ângulo evolutivo, isto é tanto bom quanto mau. É, não obstante, um fato que não pode ser contestado, e o problema, portanto, com que se deparam os Guardiões da Vontade, trabalhando através dos Guardiões do Plano, é extrair o bem do mal que o homem forjou, e assim ajustar acontecimentos a termos maiores.

Esse é um dos objetivos da Hierarquia nesta época (escrito em abril de 1943) em que ela se prepara para participação nas Luas Cheias de maio e junho. Poderão as forças se organizarem e as energias distribuírem-se de tal modo que a plena medida do bem possa ser evocada da humanidade pela invocação emitida por Shamballa? Poderá esta evocação de um novo ciclo de contato espiritual e de liberação ser provocada pela invocação dos homens e mulheres de boa vontade? Poderão a vontade-para-o-bem das Forças espirituais e a boa vontade da humanidade juntar-se e produzirem as necessárias condições em que a nova ordem mundial possa funcionar? Estas são importantes questões que a Hierarquia está tentando resolver.

É preciso ser lembrado que a Ciência da Invocação e Evocação é um esforço recíproco. A humanidade não poderia ser invocativa se não fosse pelo fato de que a Hierarquia Espiritual (e neste termo eu incluo tanto Shamballa quanto a Hierarquia planetária) está evocando o espírito do homem. O clamor invocativo da humanidade é evocado pela invocação ou Som das hierarquias espirituais. A responsabilidade do homem, porém, é invocar agora os Senhores da Liberação e o Espírito da Paz. São esses os Seres que têm o poder para erguer a humanidade, assim que a raça dos homens tenha assumido a atitude correta. Eles correspondem ao grupo, no terceiro grau da Maçonaria, que eleva o Mestre. Sua resposta ao clamor da humanidade depende em grande parte, embora não totalmente, da qualidade desse clamor.

Talvez, eu pudesse tornar mais claro para vocês o problema da invocação, se eu sugerisse que as palavras, “emitidas a partir do profundo centro de fria luz clara do grupo", têm um significado tanto para o iniciado individual como para os discípulos e todos os Ashrams. O uso das palavras, “clara luz fria", é profundamente simbólico. A claridade dessa luz indica a função da alma, quando sua grande luz capacita o iniciado a ver a luz. O frio dessa luz refere-se à luz da substância, que não pode ser aquecida pelo ardor do desejo ou o calor da paixão, mas que, agora e finalmente, responde apenas à luz da alma. É, pois, fria para tudo aquilo que limita e retarda, e este estado de consciência da personalidade tem que ser percebido no próprio centro do ser do homem. Lá, a clara luz da alma e a luz fria da personalidade são unificadas no mais profundo ponto consciente da natureza do discípulo, no ponto extremo da abstração para a qual, todos os exercícios de concentração e os processos de meditação, constituíram a preparação científica. Então, através da tensão produzida, o apelo invocativo pode ser emitido com poder e eficácia. O mesmo se aplica ao grupo de discípulos ou a qualquer grupo de aspirantes verdadeiros e altruístas. Poderá ocorrer um momento na vida do grupo, quando a fusão da fria luz das personalidades envolvidas, e a clara luz de suas almas funcione de tal maneira que o clamor invocativo unificado evocará uma resposta. Esse clamor será sempre relacionado ao serviço impessoal do grupo - um serviço que, sob a inspiração do Plano, eles estão procurando prestar à humanidade.

À proporção que continuamos nosso estudo da Regra III, eu próprio me surpreendo com a propriedade de suas palavras em relação às verdades que estão, lentamente, tomando forma a consciência da humanidade. Verdades - que são novas para os mais avançados pensadores, e apenas indistintamente sentidas pelos mais avançados esoteristas - estão pairando sobre o horizonte da mente humana. O terreno está sendo preparado para o plantio desta nova semente e o palco está preparado para a entrada de novos Atores no grande drama do desdobramento da revelação da Deidade.

Alguns grandes conceitos já foram firmemente absorvidos pelo homem. Certas grandes esperanças estão tomando forma e se tornarão o modelo de vida do homem. Certas grandes especulações tornar-se-ão teorias experimentais e, mais tarde, ficarão provadas como fatos. Por trás de tudo isto, estão acontecendo duas coisas. Primeira: os homens estão sendo estimulados e elevados àquele ponto de tensão necessária que, como resultado de uma crise, deve preceder um grande passo à frente no Caminho da Evolução. Segunda: está em andamento um processo de reorientação que, finalmente, permitirá, à massa dos homens apresentar uma frente unida sobre assuntos até aqui considerados como as vagas visões de inteligentes e otimistas sonhadores. Uma grande movimentação está ocorrendo. O mundo dos homens agita-se em resposta ao influxo da energia espiritual - uma energia que a própria humanidade evocou, sem o saber, com o seu apelo inaudível. Pela primeira vez na sua História, a humanidade se tornou espiritualmente invocativa.

Consideremos, agora, a natureza daquilo que está sendo evocado para obtermos uma visão da relação existente entre os três grandes centros planetários: o centro humano, o centro hierárquico e Shamballa. Cada um deles é evocativo para aquele que funciona em velocidade menor, se é que posso usar termos tão pouco apropriados, e é invocativo em relação ao que está acima dele, mais uma vez usando palavras extremamente inadequadas. Nada é superior ou inferior e nada é maior ou menor em nosso universo de realidade. Existe somente a interpenetração de substâncias que, são todas elas, basicamente expressões de matéria, e sua vitalização e organização em formas de expressão do desconhecido Real. A esta Realidade essencial, chamamos espírito ou vida.

Como resultado da interação dos dois, a humanidade aparece eventualmente no tempo e espaço. A humanidade é o resultado de todas as formas subumanas de expressão e experiência, e da atividade de Seres super-humanos. Estes Seres super-humanos são o produto de sistemas evolutivos passados e constituem em Si Mesmos a soma total do Divino Sacrifício enquanto se focaliza em nossa vida planetária. Tendo atravessado todas as fases anteriores da existência, e aperfeiçoado o aspecto consciência em Si Mesmos através das experiências humanas, Eles transcenderam tudo que os homens podem saber e todos os estados de consciência com que estes estão ou poderão estar familiarizados no futuro, e estão agora expressando uma fase da divindade da qual os homens nada sabem. Esses Seres VIVEM. Eles são a própria energia, e em Sua totalidade, Eles formam “o centro brilhante que se encontra muito à frente".

3. Que ele evoque resposta do centro brilhante que se encontra muito à frente.

A este centro, damos o nome de Shamballa, em que as letras que o compõem são numericamente; S.H.A.M.B.A.L.L.A. ou 1.8.1.4.2.1.3.3.1. Esta palavra iguala o número 24, que por sua vez, iguala o 6. Chamo a atenção para o fato de que a palavra contém nove letras, e como sabem, nove é o número da iniciação. A meta de todo o processo iniciatório é levar a humanidade à compreensão de, e identificação com, a vontade ou propósito da Deidade. O número 6 é o número da forma ou manifestação, que é o meio através do qual esta compreensão chega e a consciência é desenvolvida a fim de que possa tornar-se o fundamento do processo mais elevado que é instituído na terceira iniciação.

Essa iniciação está estreitamente relacionada com o terceiro grande centro, Shamballa; é o terceiro, sob o ângulo da percepção e entendimento do homem, porém, a primeira sob o ângulo da Própria Deidade. Por outro lado, 6 sendo o número do sexto raio, é por isso, o número do idealismo e daquela força impulsionadora que leva a humanidade a avançar no caminho em resposta à visão e para cima em direção à luz. É, na realidade, devoção a uma meta não vista, sempre adiante, e um firme conhecimento do objetivo. Como todas as outras qualidades divinas, ele tem sua contraparte material, e essa é a razão pela qual 666 é considerado o número da Besta, ou do materialismo, o número da dominância dos três mundos anterior ao processo de reorientação e de expressão do idealismo desenvolvido e do propósito. O terceiro aspecto expressa-se através do materialismo puro, daí os três seis. Em um velho livro sobre números, o iniciado é definido como “aquele que vivenciou e expressou o 6 e tornou-se o 6 aperfeiçoado - o instrumento e expressão do espírito.”

O número 24 é de profundo interesse, pois expressa o 12 duplo - o zodíaco maior e menor. Assim como o número 6 expressa oespaço, o 24 expressa o tempo, e é a chave para o grande ciclo de manifestação. É a pista para todo o aparecimento cíclico ou encarnação. Seus dois dígitos definem o método de evolução. O 2 iguala a qualidade de amor-sabedoria, trabalhando sob a Lei de Atração e levando o homem de um ponto de consecução a outro. O 4 indica a técnica do conflito e de alcançar a harmonia através desse conflito. O 4 é também o número da hierarquia humana, e o 2 é o número da hierarquia espiritual. Tecnicamente falando, até a terceira iniciação, o iniciado está “ocupado com o relacionamento do 2 e do 4; estes .quando colocados lado a lado, indicam relação; e quando colocados um acima do outro, o iniciado passa do 4 para o 2”. É desnecessário comentar que muito mais poderia ser dito sobre estes números, porém o que foi citado é suficiente para mostrar a natureza satisfatória da numerologia esotérica - não a numerologia como entendida hoje.

Quero que observem que os sons que compõem a palavra Shamballa são predominantemente da linha da vontade ou poder ou da energia do primeiro raio. Das nove letras, seis são da linha do primeiro raio de força, 1.1.1.3.3.1. - espírito e matéria, vontade e inteligência. Duas delas estão na segunda linha de força, 4 e 2. O número 8 inaugura sempre um novo ciclo, seguindo-se após o número 7, que é o da relativa perfeição. É o número da consciência crística. Assim como 7 é o número do homem, 8 é o número da Hierarquia, e 9 é o número de iniciação ou de Shamballa. Não se esqueçam que, sob o ponto de vista da Hierarquia, a terceira iniciação é considerada a primeira grande iniciação.

Estes comentários preliminares destinam-se a transmitir alguma informação esotérica para aqueles que se conscientizam de que o número oferece a pista para a forma e o propósito da vida que a forma encobre. Na terceira grande iniciação, a terceira iniciação planetária que é, de fato, a primeira iniciação solar, o discípulo liberado, pela primeira vez - invoca sozinho e sem assistência - o mais elevado centro espiritual no nosso planeta, Shamballa. Isto ele realiza porque, pela primeira vez, conscientemente e com entendimento, ele registra o aspecto vida - que trouxe sua alma à ação por intermédio da forma - e vibra para a Mônada. Este registro permite-lhe contatar “o centro brilhante que se encontra muito à frente”, mesclar sua vontade individual com a vontade divina, e cooperar com o aspecto propósito da manifestação. Ele aprendeu a funcionar através da forma; ele tornou-se consciente, como alma, da forma divina em seus muitos aspectos e diferenciações; ele agora dá início ao caminho do desdobramento superior, cujo primeiro passo é o contato com Shamballa, envolvendo a fusão da sua vontade pessoal com a vontade espiritual e a vontade de Deus.

Na terceira iniciação, ele posta-se diante do Iniciador Único, o Senhor do Mundo, e “vê brilhar a Sua estrela” e, citando o Velho Comentário,

“...ouve o som que parte daquele ponto de poder onde a substância e a vida exterior se encontraram, onde o espírito emite o brado que traz a forma ao encontro da necessidade maior; onde a energia irrompe e se mistura à força e, com essa fusão, tem início a música dentro da esfera de fusão e do ser assim criado.”

“O homem somente ouve o som distante e não sabe para o quê ele serve. O discípulo ouve o som e vê a forma que ele cria. Aquele que se posta, pela terceira vez, no topo da montanha, ouve a clara nota e reconhece-a como sendo sua, nossa, vossa e - contudo - a nota que ninguém emitiu.”

4. Quando a exigência e a resposta se perderem em um único grande Som, abandonai o deserto, deixai os mares para trás e conhecei que Deus é Fogo.

Isto significa muito mais do que possa parecer. Superficialmente, pode significar que quando o iniciado ouve o Som, ele abandona a vida deserta da encarnação física, a vida emocional do plano astral, agitado e instável como o mar, e funciona no plano da mente, cujo símbolo é o fogo. Esse é o mais elementar e óbvio significado, porém, como esta seção doUm Tratado sobre os Sete Raios está escrita para Aqueles que têm entendimento de iniciados, é óbvio que essa interpretação não é satisfatória. O significado é forçosamente mais amplo e profundo. As palavras “abandonai o deserto” aplicam-se à vida inteira da Mônada encarnada nos três mundos do esforço e empreendimento humanos. “Deixai os mares para trás” refere-se ao afastamento do iniciado de toda a experiência sensual, porque, como já disse antes, o estado de consciência ou percepção é ultrapassado quando são recebidas as iniciações superiores, e seu lugar preenchido por um estado de ser para o qual não temos outra palavra, ainda que insatisfatória, se não “identificação”. Este estado de ser - identificação - é algo muito diferente da consciência como vocês a compreendem. A frase, “Deixai os mares para trás”, significa portanto - se uma forma tão enganadora de palavras pode ser justificável - que o iniciado deixa para trás a própria consciência, e os cinco mundos de expressão da vida são transcendidos. Na terceira iniciação, o iniciado entende o que se quer dizer quando nos referimos Àquele em Quem vivemos, nos movemos e temos a nossa existência (observe esta expressão) como Fogo. Eu abordei este tema de forma minuciosa em Um Tratado sobre o Fogo Cósmico - um livro que escapa à compreensão de todos que não tenham a consciência do iniciado. Fogo é a soma total de tudo que destrói a forma, produz completa pureza naquilo que não é ele próprio, gera o calor que está por trás de todo o crescimento, e é a própria vitalidade.

Esta compreensão do iniciado é produzida pela súbita apreciação ou apreensão do som, pelo despertar do ouvido interno quanto ao significado da Voz, assim como o discípulo, na etapa anterior, despertou para o significado da visão. Esta é a razão porque, na terceira iniciação, o iniciado vê a estrela e ouve o som. Nas duas primeiras iniciações, ele vê a luz e ouve a Palavra; porém agora isto é algo diferente e é a correspondência superior da experiência anterior. É óbvio que nada mais posso dizer sobre o assunto.

Contudo, é essencial que comece a chegar ao público algum conhecimento sobre o mais alto centro espiritual ao qual (como dá a entender a Bíblia) o Próprio Cristo estava atento. Frequentemente lemos no Novo Testamento que “o Pai falou com Ele”, que “e Ele ouviu uma voz", e que o selo da afirmação (como ocultamente chamado) foi dado a Ele. Somente o Pai, o Logos planetário, o Senhor do Mundo, enuncia o som afirmativo final. Quando este som ocorre, ele não se refere às iniciações primeiras mas sim somente às finais.

Há cinco óbvias crises de iniciação no que concerne ao Mestre Jesus à medida que passo a passo ele encenou ou recebeu as cinco iniciações. Porém, por trás desse óbvio ensinamento prático, perpassa uma corrente ou fio de revelação superior. Esta revelação diz respeito ás realizações do Cristo nele encarnado, à medida que registrava a Voz que é ouvida na terceira, quinta, sexta e sétima iniciações. A história bíblica nos dá as cinco iniciações do Mestre Jesus, começando com a primeira e terminando na quinta. Mas, também mostra as iniciações do Cristo, começando com a segunda e terminando com a sétima. Esta última é deixada incompleta, e a Voz não é registrada, porque na Ressurreição e Ascensão não é mencionado ouvir-se o som afirmativo. Esse som será ouvido quando o Cristo completar Seu trabalho, quando de Sua segunda vinda. Então, a grande sétima iniciação, que é uma iniciação dual (amor-sabedoria em plena manifestação motivada pelo poder e vontade), será consumada, e o Buda e o Cristo, juntos, passarão diante do Senhor do Mundo, juntos verão a glória do Senhor, e juntos, passarão para o serviço superior, cuja natureza e calibre desconhecemos.

Em relação a isto, é preciso lembrar que são três as energias focalizadas em Shamballa, a sede do fogo:

1. A Energia de Purificação. Este é o poder, inerente ao universo manifestado, que, de forma gradual e incessante, adapta o aspecto substância ao espiritual por meio de um processo que chamamos purificação, quando se trata da humanidade. Esse processo envolve a eliminação de tudo que impede a plena expressão da inerente capacidade latente da divindade. Isto torna inevitável que - etapa após etapa, ciclo após ciclo, vida após vida, e plano após plano - sejam deixadas para trás todas as tendências na natureza da forma que encobrem ou escondem a glória de Deus. De tal modo o pensamento humano adulterou este conceito, que a purificação ficou relacionada aos fenômenos físicos, à vida no plano físico e a um idealismo egoístico, largamente baseado na ideia do cuidado sanitário da substância. Um celibato forçado e rígido vegetarianismo são exemplos disto, e estas disciplinas físicas tomaram o lugar da beleza emocional da clareza mental, e da iluminação intuicional, levando o pensamento do aspirante a focalizar-se para baixo, para a matéria, e não para fora dela e em direção à luz.

2. A Energia de Destruição. Esta é uma destruição que remove as formas que estão aprisionando a vida interna espiritual, e ocultando a Luz interna da alma. Esta energia é, portanto, um dos principais aspectos da natureza purificadora da Vida divina, e esta é a razão porque apresentei a purificação antes da destruição. Ela é o aspecto destruidor da própria vida, assim como há um agente destrutivo na própria matéria. Ao falarmos do aspecto destruidor da Divindade e dos agentes responsáveis por seu aparecimento, devemos levar em conta duas coisas:

a. A atividade destrutiva é trazida á ação pela vontade Daqueles Que constituem o conselho em Shamballa e Que são responsáveis por alinhar as formas em todos os reinos sub-humanos com o propósito evolutivo. De acordo com a lei cíclica, esta energia destruidora entra em ação e destrói as formas de vida que impedem a expressão divina.

b. Entra também em atividade pelas determinações essas que - sob a Lei do Carma - fazem do homem o dono de seu próprio destino, levando-o a iniciar aquelas causas que são responsáveis pelos cíclicos acontecimentos e consequências nos assuntos humanos.

Naturalmente, há uma estreita relação entre o primeiro Raio da Vontade ou poder, as energias concentradas em Shamballa e a Lei do Carma, particularmente em sua potência planetária e em relação à humanidade avançada. Será óbvio, pois, que quanto mais rapidamente o aspirante individual se aproximar da terceira iniciação, tanto mais rápida e diretamente o carma individual será resolvido. A relação monádica, ao se estabelecer, libera o aspecto destrutivo de energia básica, e todas as engendrações são assim destruídas. Isso é válido também para a humanidade como um todo. Dois fatores precipitaram, subjetiva e espiritualmente essa crise mundial: O crescimento e desenvolvimento da família humana e, como já lhes disse, o influxo da força de Shamballa neste particular momento, tanto como resultado da lei cármica como da planejada decisão do Grande Conselho.

3. A Energia de Organização. Esta é a energia que pôs em movimento a atividade das grandes Vidas do Raio e deu início à motivação e impulso daquilo que produziu a manifestação. Desse modo foram as sete qualidades dos raios trazidas à expressão. A relação de espírito e matéria produziu este processo ordenado, o qual, por sua vez, ciclicamente e segundo a lei, cria o mundo manifestado como campo para o desenvolvimento da alma, e como uma área onde o propósito divino é realizado por meio do plano. Novamente faço notar a distinção que existe entre propósito e plano. Este é o aspecto emanando de Shamballa e também inerente à forma, tal como os outros dois aspectos - que, finalmente, através do correto uso da mente, relaciona a vontade humana ao planejamento organizado de sua vida separada e individual nos três mundos, e que, por fim, relaciona essa vontade com a Vontade de Deus, e para essa Vontade se reorienta.

Estas três energias são sutilmente simbolizadas para nós na vida do Cristo quando incorporado no Mestre Jesus há dois mil anos.

O aspecto purificador da força monádica está indicado no episódio do batismo. O aspecto destruidor expressa-se na hora da Crucificação, quando é rasgado o véu do Templo de cima abaixo. O episódio que indica a energia da organização e da relação da vontade espiritual do Cristo com o propósito e a vontade do Pai aparece quando no Jardim de Gethsemane Ele diz, “Faça-se a Tua vontade e não a minha”. Este episódio final está estreitamente relacionado com a vontade conscientemente expressa do Cristo Menino, quando, no Templo, Ele compreendeu que Ele teria que tratar dos assuntos de Seu Pai e que a Sua vontade era cumprir a vontade e o propósito do Pai, a Mônada e o Uno do qual a Mônada é a expressão.

São estas três energias que precipitaram a crise mundial, e é importante reconhecermos a real natureza das forças de Shamballa à medida que elas incidem sobre a nossa vida planetária e atuam sobre o destino humano. A grande energia de purificação está regenerando a humanidade, e os fogos espalhados por toda parte são a característica desta guerra (1914-1945) e seu visível sinal. Grande mal está sendo queimado através da revelação do apavorante caráter desse mal, e através disto está sendo realizada a unidade. A humanidade tem visto o mal em todas as terras e sabe que ele tem sido provocado pelos homens. Os homens viram e essa visão jamais será esquecida, e o horror assim causado ajudará a fortalecer a vontade dos homens para o melhoramento. A energia da destruição tem seu lado de beleza quando só valores espirituais são percebidos. Aquilo que tão grosseiramente aprisionou o espírito humano está desaparecendo; o rochoso túmulo da humanidade está quebrando-se e liberando os homens para uma vida de ressurreição. Não se esqueçam que, no interlúdio entre a experiência no túmulo e o aparecimento em forma viva diante dos discípulos, o Mestre Jesus desceu ao inferno (falando figurativamente), levando a libertação àqueles que lá se encontravam. Haverá um interlúdio entre a escuridão da guerra e sua funesta história do passado, e o aparecimento de uma civilização viva e cultura baseada nos valores espirituais e inteligentemente desenvolvendo o propósito divino. Para isto está agora o palco sendo preparado.

A Crucificação e a experiência do túmulo levam finalmente à ressurreição e à vida. A destruição apavora, mas é somente a destruição do lado forma da manifestação neste particular ciclo, e (um ponto que eu lhes peço que não esqueçam) é a destruição de muito do mal planetário, focalizado por eons na humanidade e como um todo e trazido à superfície e precipitado para uma violenta atividade por um grupo de homens maus que tinham isso como destino. Esse destino foi o resultado de sua própria deliberada escolha, e de prolongados ciclos de puramente egoísmo material.

Peço a todos os aspirantes e discípulos que ponderem sobre o propósito destruidor de Deus - um propósito que é motivado pelo amor, guiado por um julgamento equilibrado no que diz respeito à forma, e que aquece e ilumina a vida e seus resultantes valores espirituais.

Há uma energia inerente destrutiva na própria matéria e uma energia de muito grande potência. É com essa energia que as Forças do Eixo estão trabalhando. A energia destruidora, emanando do “centro brilhante", Shamballa, é algo muito diferente, e eu lhes peço que tenham isso presente. O poder destruidor do espírito não é o mesmo que o da matéria. Um ser humano destrói seguidamente sua própria forma através do mal que ele faz e pelo foco material de seus desejos. Viver uma vida de vícios alimentará a doença, como é bem sabido.

O discípulo pode também destruir sua natureza da forma através do serviço impessoal e da devoção a uma causa. Em ambos os casos a forma é destruída, mas o impulso motivador é diferente e a energia de destruição vem de fontes diferentes. A morte de um Mestre Jesus de um Pai Damião, e a de um Hitler ou de um assassino, não são o resultado das mesmas essenciais energias.

Quando o estrondo da batalha e a fumaça e fogo do bombardeio e os cruéis efeitos sobre os corpos humanos se tenham desvanecido no passado, tornar-se-á claro ao aspirante com entendimento que grande parte do mal foi destruído em todos os campos da atividade humana - no campo das teologias, no campo da política, e no campo da egoística competição econômica. Caberá à humanidade, então, precipitar e estabilizar o bem que aparecerá, algo que os homens aprenderão a fazer pela utilização da terceira energia de Shamballa - a energia de organização. O novo mundo será construído sobre as ruínas do velho. A nova estrutura se erguerá. Homens de boa vontade em toda parte, sob a direção do Novo Grupo de Servidores do Mundo, organizar-se-ão em batalhões de vida, e sua principal tarefa será o desenvolvimento de corretas relações humanas, através da educação das massas. Isto significa o desenvolvimento paralelo de uma opinião pública esclarecida, que é (esotericamente falando) a resposta correta ao som que transmite a vontade de Deus aos ouvidos daqueles que estão atentos. A humanidade então, de fato sairá do deserto, deixará os mares para trás e saberá que Deus é Fogo.

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