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Os Raios e as Iniciações

Parte Dois B


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Os Raios e as Iniciações
Índice Geral das Matérias


Parte Dois B
A Ciência do Antahkarana
A Ciência do Antahkarana
Construindo o Antahkarana
A Natureza do Antahkarana
A Ponte entre os três Aspectos da Mente
A Ponte como o Agente de Alinhamento

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A Ciência do Antahkarana

Ao entrarmos na consideração da "Vida dual do processo iniciatório", quero chamar-lhes a atenção para a fraseologia usada, e particularmente, para a sua significação em referência ao processo iniciatório. Como veremos, isto não trata do esforço do discípulo para viver, simultaneamente, a vida do mundo espiritual e a vida prática do serviço no plano físico, mas lida inteiramente com a preparação do discípulo para a iniciação, e portanto, com sua vida mental e atitudes.

Esta declaração pode ser considerada como dizendo respeito, primariamente, aos dois grandes aspectos de sua vida mental, e não à vida de relação entre alma e personalidade. É correto, consequentemente, ver uma dualidade existindo na consciência do discípulo, e ambos os aspectos existindo lado a lado:

1 - A vida de percepção na qual ele expressa a atitude da alma, a percepção da alma e a consciência da alma por intermédio da personalidade no plano físico. Isto ele aprende a registrar e expressar conscientemente.

2 - A intensamente privada e puramente subjetiva vida na qual ele - a personalidade impregnada pela alma - orientado no plano mental, conduz a uma crescente harmonia:

a. Sua mente concreta inferior e a mente abstrata superior.
b. Ele próprio e o Mestre de seu grupo de raio, desenvolvendo assim a consciência ashrâmica.
c. Ele próprio e a Hierarquia como um todo, tornando-se cada vez mais consciente da síntese espiritual subjacente aos Ashrams unidos. Conscientemente e firmemente, ele se aproxima do Centro radiante deste Ashram solar, o Próprio Cristo, o primeiro Iniciador.

Esta vida interior, com seus três objetivos lentamente revelados, diz respeito essencialmente à vida de preparação para a iniciação.

Não há iniciação para o discípulo até que ele tenha, conscientemente, começado a construir o antahkarana, trazendo assim a Tríade Espiritual e a mente como o aspecto superior nos três mundos a um estreito relacionamento; mais tarde, ele traz seu cérebro físico à posição de um agente registrador no plano físico, assim demonstrando novamente um definido alinhamento e um canal direto vindo da Tríade Espiritual diretamente através do cérebro, via o antahkarana, que fez a ligação entre a mente superior e a inferior.

Isto envolve muito trabalho, grande capacidade interpretativa e grande poder de visualização. Estou escolhendo as palavras com cuidado. Esta visualização não está, necessariamente, ligada à forma e à representação mental concreta; ela está ligada à sensibilidade pictórica e simbólica que expressa, interpretativamente, a compreensão espiritual, comunicada pela intuição que está despertando - o agente da Tríade Espiritual. O significado disto torna-se claro à medida que o trabalho prossegue. É difícil para o homem que está começando o trabalho de construção do antahkarana entender o significado de visualização quando esta está relacionada com a crescente sensibilidade de resposta àquilo que o grupo ashrâmico lhe transmite; com sua emergente visão do Plano divino como ele existe na realidade; e com aquilo que lhe é confiado como o efeito ou o resultado de cada sucessiva iniciação. Eu prefiro a palavra "efeito" à palavra "resultado", isto porque o iniciado trabalha cada vez mais conscientemente com a Lei de Causa e Efeito em outros planos que não o físico. Nós usamos a palavra "resultado" para exprimir as consequências dessa grande Lei cósmica quando elas se demonstram nos três mundos da evolução humana.

É em conexão com este esforço que ele descobre o valor, os usos e o propósito da imaginação criativa. Esta imaginação criativa é tudo que, eventualmente, lhe resta de ativa e intensamente poderosa vida astral que ele tem vivido durante tantas vidas. À medida que a evolução prossegue, seu corpo astral torna-se um mecanismo de transformação, o desejo sendo transformado em aspiração, e a própria aspiração sendo transformada numa crescente e expressiva faculdade intuitiva. A realidade deste processo é demonstrada pela emergência daquela qualidade básica sempre inerente ao próprio desejo: a qualidade imaginativa da alma, implementando o desejo e, firmemente, tornando-se uma faculdade criativa superior, à medida que o desejo muda para estados cada vez mais elevados e conduz a realizações sempre mais elevadas. Esta faculdade, eventualmente, invoca as energias da mente, e esta, aliada à imaginação, torna-se, com o tempo, um grande agente invocativo e criativo. É assim que a Tríade Espiritual é trazida à harmonia com a personalidade tripla.

Já lhes disse em obras anteriores que, basicamente, o plano astral não existe como parte do Plano divino. Ele é, fundamentalmente, o produto da miragem, de kama-manas - uma miragem que a própria humanidade criou e na qual tem vivido quase que inteiramente desde os primeiros dias atlantes. O efeito de um crescente contato da alma não tem sido simplesmente para dispersar as névoas da miragem, mas tem servido também para consolidar e pôr em uso efetivo, portanto, a imaginação com sua esmagadoramente poderosa faculdade criativa. Esta energia criativa, quando implementada por uma mente iluminada (com sua habilidade de construir pensamentos-forma), é, então, controlada pelo discípulo com o fim de estabelecer contatos superiores aos da alma, e trazer a uma forma simbólica aquilo de que se torna consciente por intermédio de uma linha de energia - o antahkarana - que ele está firme e cientificamente criando.

Podemos dizer (igualmente de forma simbólica) que, a cada iniciação, ele testa a ponte de conexão e, gradualmente, descobre o acerto daquilo que ele criou sob a inspiração da Tríade Espiritual, e com a ajuda de sua mente - a mente abstrata, a alma ou o Filho da Mente, e a mente concreta inferior - combinada com a cooperação inteligente da personalidade infundida pela alma. Nas etapas iniciais deste trabalho invocativo, o instrumento usado é a imaginação criativa. Isto o capacita a agir, desde o início, como se ele fosse capaz de assim criar; então, quando a consciência imaginativa do "como se" não mais for útil, ele torna-se consciente daquilo que - com esperança e expectativa espiritual - ele tem procurado criar; ele descobre isto como um fato existente, e sabe, além de qualquer controvérsia, que "a fé é a substância das coisas esperadas, e a evidência das coisas não vistas".

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Construindo o Antahkarana

O ensinamento introdutório sobre a ciência do Antahkarana não será dado aqui, porque o estudante o encontrará no livro A Educação na Nova Era. Essa apresentação preliminar deve ser estudada antes de abordar a etapa mais avançada que começa aqui. Consideremos agora, passo a passo, esta ciência que já está provando ser uma útil fonte de experimento e prova.

A alma humana (em contraposição à alma enquanto ela funciona em seu próprio reino, livre das limitações da vida humana) está prisioneira e sujeita ao controle das três energias inferiores durante a maior parte de sua experiência. Depois, no Caminho da Provação, a energia dual da alma começa a ser cada vez mais ativa, e o homem procura usar sua mente conscientemente, e a expressar amor-sabedoria no plano físico. Esta é uma simples afirmação do objetivo de todos os aspirantes. Quando as cinco energias estão começando a ser usadas - consciente e sabiamente no serviço - estabelece-se, então, um ritmo entre a Personalidade e a Alma. É como se um campo magnético fosse, então, estabelecido e essas duas unidades vibrantes e magnéticas, ou energias agrupadas, oscilassem para o campo de influência uma da outra. Isto acontece só ocasionalmente e raramente nas etapas iniciais; mais tarde, ocorre mais constantemente, e assim estabelece-se um caminho de contato que, eventualmente, torna-se a linha de menor resistência, "o caminho familiar de aproximação", como é, às vezes, chamado. Deste modo, a primeira metade da "ponte", o antahkarana, é construída. Na época em que a terceira iniciação é completada, este Caminho está completo, e o iniciado pode "passar, à vontade, para os mundos superiores, deixando para trás os mundos inferiores; ou ele pode voltar novamente e passar pelo caminho que conduz da escuridão à luz, da luz à escuridão, e de sob os mundos inferiores para os reinos da luz".

Assim, os dois são um, e a primeira grande união no Caminho do Retorno é completada. A segunda etapa do Caminho precisa, então, ser percorrida, levando a uma segunda união de importância ainda maior visto que ela conduz à completa liberação dos três mundos. É preciso lembrar que a alma, por sua vez, é uma união de três energias das quais as três inferiores são o reflexo. É uma síntese da energia da própria Vida (que se demonstra como o princípio-vida dentro do mundo das formas), da energia da intuição ou amor-sabedoria espiritual ou compreensão (esta demonstrando-se como sensibilidade e sentimento no corpo astral), e mente espiritual, cujo reflexo na natureza inferior é a mente, ou o princípio da inteligência no mundo da forma. Nestes três, temos o Atma-budi-manas da literatura teosófica - aquela triplicidade superior que é refletida nos três inferiores, e que se focaliza através do corpo da alma nos três níveis superiores do plano mental antes de ser precipitada na encarnação - como se diz esotericamente.

Modernizando o conceito, podemos dizer que as energias que animam o corpo físico e a vida inteligente do átomo, os estados sensitivos emocionais, e a mente inteligente, têm se ser, eventualmente, mescladas e transmutadas nas energias que animam a alma. Estas são a mente espiritual, transmitindo iluminação; a natureza intuitiva, conferindo percepção espiritual; e a vida divina.

Depois da terceira iniciação, o "Caminho" é levado avante com grande rapidez, e é terminada a "ponte" que liga perfeitamente a Tríade Espiritual superior e o reflexo material inferior. Os três mundos da Alma e os três mundos da Personalidade tornam-se um só mundo onde o iniciado trabalha e funciona, não vendo distinção alguma, olhando um mundo como o mundo de inspiração e o outro mundo como o campo de serviço, e, contudo, vendo-os juntos como formando um único mundo de atividade. Desses dois mundos, o corpo etérico subjetivo (ou o corpo de inspiração vital) e o corpo físico denso são símbolos no plano externo.

Como esta ponte-antahkarana é construída? Onde estão os passos que o discípulo deve seguir? Não estou tratando aqui do Caminho da Provação onde as principais falhas devem ser eliminadas e as principais virtudes deve ser desenvolvidas. Grande parte da instrução dada no passado estabeleceu as regras para o cultivo das virtudes e qualificações para os discípulos, assim como a necessidade do autocontrole, da tolerância e do altruísmo. Essas, porém, são etapas elementares e devem ser dadas como certas pelos estudantes. Tais estudantes deveriam estar ocupados não somente com o aspecto do caráter do discipulado, mas com os requisitos mais abstrusos e difíceis para aqueles cuja meta final é a iniciação.

É com o trabalho dos "construtores da ponte" que estamos interessados. Primeiro, deixem-me assegurar-lhes que a verdadeira construção do antahkarana somente tem lugar quando o discípulo está começando a focalizar-se definidamente nos níveis mentais, e quando, portanto, sua mente está funcionando do modo inteligente e consciente. Nesta etapa, ele precisa começar a ter uma ideia mais exata do que até então tivera, quanto à distinção existente entre o pensador, o aparelho do pensamento, e o próprio pensamento, começando com sua função esotérica dual que é:

1. O reconhecimento das IDEIAS e a receptividade a elas.

2. A faculdade criativa de construção consciente de pensamentos-forma.

Isto envolve, necessariamente, uma forte atitude mental e reorientação da mente para a realidade. À medida que o discípulo começa a focalizar-se no plano mental (e este é o intento primordial do trabalho de meditação), ele começa trabalhando na matéria mental e treina-se nos poderes e usos do pensamento. Ele alcança certo controle da mente; ele pode voltar o holofote da mente em duas direções: para o mundo do esforço humano e para o mundo da atividade da alma. Assim como a alma abre para si um caminho ao projetar-se, num fio ou corrente de energia, para os três mundos, assim também o discípulo, conscientemente, se projeta para os mundos superiores. Sua energia flui, por meio de sua mente controlada e direcionada, para o mundo da mente espiritual superior e para o reino da intuição. Uma atividade recíproca é, então, estabelecida. Esta resposta entre a mente superior e a inferior é, simbolicamente, referida em termos de luz, e o "caminho iluminado" vem à existência entre a personalidade e a Tríade espiritual, via o corpo da alma, assim como a alma entrou em definido contato com o cérebro, através da mente. Este "caminho iluminado" é a ponte iluminada. Ela é construída através da meditação; ela é construída através do constante esforço para suscitar a intuição, através da subserviência e obediência ao Plano (que começa a ser reconhecido assim que a intuição e a mente entram em sintonia), e através de uma consciente incorporação no grupo em serviço e para propósitos de assimilação no todo. Todas estas qualidades e atividades estão baseadas nos fundamentos do bom caráter e nas qualidades desenvolvidas no Caminho Probacionário.

O esforço para suscitar a intuição requer direcionada meditação ocultista (não meditação voltada para a aspiração). Ela requer uma inteligência treinada, de modo que a linha de demarcação entre a compreensão intuitiva e as formas de psiquismo superior possa ser claramente vista. Isso exige uma constante disciplina da mente, de modo que ela possa "manter-se firme na luz", e o desenvolvimento de uma refinada e correta interpretação, de modo que o conhecimento intuitivo alcançado possa, então, revestir-se de corretos pensamentos-forma.

Podemos também dizer, aqui, que a construção da ponte por onde a consciência pode funcionar com facilidade, tanto nos mundos superiores quanto nos inferiores, é primariamente provocada por uma tendência de vida definitivamente direcionada, a qual firmemente envia o homem na direção do mundo das realidades espirituais, e mais certos movimentos de reorientação ou focalização cuidadosamente sincronizados e direcionados. Neste último processo, o que foi ganho nos meses ou anos passados é cuidadosamente avaliado; o efeito desse ganho sobre a vida diária e no mecanismo corporal é também cuidadosamente estudado; e a vontade-de-viver como um ser espiritual é trazida à consciência com uma precisão e uma determinação que contribui para um progresso imediato.

A construção do antahkarana está, seguramente, sendo levada a efeito no caso de cada estudante sincero. Quando o trabalho é desenvolvido de forma inteligente e com plena consciência do propósito desejado, e quando o aspirante está não só consciente do propósito, mas alerta e ativo na sua efetivação, então o trabalho prossegue a passo acelerado e a ponte é construída.

É sábio aceitar o fato de que a humanidade está agora em posição de começar o definido processo de construção do elo ou ponte entre os vários aspectos da natureza do homem, de modo que em lugar da diferenciação haverá unidade, e em vez de uma fluida, movediça atenção, dirigida para cá e para lá no campo da vida material e relacionamentos emocionais, nós teremos aprendido a controlar a mente e ligar as divisões, e assim poderemos direcionar, segundo a nossa vontade, a atenção inferior em qualquer modo desejado. Assim, todos os aspectos do homem, espirituais e naturais, poderão ser focalizados onde for necessário.

Este trabalho de ligação já tem sido feito em parte. Como um todo, a humanidade já fez a ponte sobre a lacuna entre a natureza astral-emocional e o homem físico. Devemos notar aqui que a ponte tem de ser feita no aspecto consciência, e diz respeito à continuidade da percepção de vida do homem em todos os seus aspectos. A energia que é usada para conectar, na consciência, o homem físico e o corpo astral está focalizada no plexo solar. Muitos hoje, falando em termos simbólicos, estão levando adiante a construção da ponte e ligando a mente aos dois aspectos já unidos. Este fio de energia emana da cabeça, ou está ancorado nela. Algumas pessoas, poucas certamente, estão firmemente unindo a alma e a mente, a qual por sua vez, está unida aos outros dois aspectos. A energia da alma, quando unida com os outros fios, é ancorada no coração. Pouquíssimas pessoas - os iniciados do mundo - tendo efetuado todas as sínteses inferiores, estão agora ocupados em realizar uma união ainda mais elevada, com aquela tríplice Realidade que usa a alma como seu meio de expressão, assim como a alma, por sua vez, está se esforçando para usar sua sombra, o homem tríplice inferior.

Estas distinções e unificações são assuntos de forma, símbolos de linguagem, e são usadas para exprimir eventos e acontecimentos no mundo das energias e forças, em conexão com as quais o homem está definidamente implicado. É a estas unificações que nos referimos quando estamos considerando o assunto da iniciação.

Será útil se repetirmos aqui algumas declarações feitas em um livro anterior:

Os estudantes devem treinar-se para distinguir entre o sutratma e o antahkarana, entre o fio da vida e o fio da consciência. Um fio é a base da imortalidade e o outro é a base da continuidade. Aqui está uma fina distinção para o investigador. Um fio - o sutratma - une e vivifica todas as formas em um todo funcionante, e incorpora em si mesmo a vontade e o propósito da entidade em expressão, seja ela um homem, Deus, ou um cristal. O outro fio - o antahkarana - incorpora a resposta da consciência dentro da forma a uma série, sempre em expansão, de contatos dentro do todo circundante. Uma é a corrente direta da vida, contínua e imutável, que pode ser, simbolicamente, considerada como uma corrente direta de energia viva fluindo do centro para a periferia, e da fonte para a expressão externa, ou a aparência fenomênica. É a vida. Ela produz o processo individual e o desenvolvimento evolutivo de todas as formas.

É portanto, o caminho da vida, o qual abrange da Mônada à personalidade, via a alma. Este é o fio da alma, e ele é uno e indivisível. Ele transmite a energia da vida e encontra seu ancoradouro final no centro do coração humano e em algum ponto central focal em todas as formas da expressão divina. Nada é e nada permanece a não ser a vida. O fio da consciência - o antahkarana - é o resultado da união de vida e substância ou das energias básicas que constituem a primeira diferenciação no tempo e espaço; isto produz algo diferente, que somente emerge como uma terceira manifestação divina depois que a união das dualidades básicas teve lugar.

O fio da vida, o cordão prateado ou o sutratma é, no que diz respeito ao homem, de natureza dual. O fio da vida propriamente dito, que é um dos dois fios que constituem o sutratma, é ancorado no coração, enquanto que o outro fio, o qual personifica o princípio da consciência, é ancorado na cabeça. Vocês já sabem disso, mas eu sinto a necessidade de repetir constantemente. No trabalho do ciclo evolutivo, porém, o homem tem de repetir o que Deus já fez. Ele próprio precisa criar - tanto no mundo da consciência como no da vida. Como uma aranha, o homem tece fios de conexão, e assim une e faz contato com o meio ambiente, desse modo ganhando experiência e sustento. O símbolo da aranha é frequentemente usado nos antigos livros ocultistas e nas escrituras da Índia em conexão com esta atividade do ser humano. Estes fios que o homem cria, três em número, juntamente com os dois fios básicos que foram criados pela alma, constituem os cinco tipos de energia que fazem do homem um ser humano consciente.

Os fios triplos criados pelo homem são ancorados no plexo solar, na cabeça e no coração. Quando o corpo astral e a natureza da mente estão começando a funcionar como uma unidade, e a alma é também conscientemente conectada (não se esqueçam que ela está sempre inconscientemente ligada), uma extensão destes cinco fios - os dois básicos e os três humanos - é levada para o centro da garganta, e quando isso ocorre, o homem pode tornar-se um criador consciente no plano físico. A partir destas linhas principais de energia, linhas menores podem radicar à vontade. É sobre este conhecimento que todo o futuro desenvolvimento psíquico inteligente precisa basear-se.

No parágrafo acima e suas implicações vocês têm uma breve e inadequada exposição quanto à Ciência do Antahkarana. Eu me esforcei para expressar isto em termos simbólicos, os quais transmitirão à sua mente uma ideia geral. Nós podemos aprender muito através do uso da imaginação pictórica e visual. Esta ligação precisa ter lugar:

1. Do físico para o corpo vital ou etérico. Esta é, realmente, uma extensão do fio da vida entre o coração e o baço.

2. Do físico e vital, considerando-os como uma unidade, para o veiculo astral ou emocional. Este fio emana do, ou está ancorado no plexo solar, e é levado para cima, por meio da aspiração, até que ele se ancore, por si mesmo, nas pétalas do amor do Lótus egoico.

3. Dos veículos físico e astral para o corpo mental. Um terminal é ancorado na cabeça, e o outro nas pétalas do conhecimento do Lótus egoico, sendo levado adiante por um ato da vontade.

A humanidade avançada está em processo de unir os três aspectos inferiores, que chamamos personalidade, com a própria alma, através da meditação, disciplina, serviço e atenção dirigida. Quando isto tiver sido realizado, uma definida relação é estabelecida entre as pétalas do sacrifício ou da vontade do Lótus egoico e a cabeça e os centros da cabeça, produzindo assim uma síntese entre a consciência, a alma e o princípio de vida. O processo de estabelecer esta interligação e inter-relação, e o fortalecimento da ponte assim construída, continua até a Terceira Iniciação. As linhas de força ficam, então, de tal modo inter-relacionadas que a alma e seu mecanismo de expressão são uma unidade. Uma mesclagem e fusão superior pode então continuar.

Posso, talvez, indicar a natureza deste processo da seguinte maneira. Eu disse aqui, como já disse antes, que a alma ancora-se no corpo em dois pontos:

1 - Há um fio de energia, que chamamos o aspecto vida ou espírito, ancorado no coração. Ele usa a corrente sanguínea, como bem sabemos, como seu agente distribuidor, e por intermédio do sangue, a energia da vida é levada a todas as partes do mecanismo. Esta energia de vida transporta o poder regenerador e a energia coordenadora a todos os organismos físicos e mantém o corpo "inteiro".

2 - Há um fio de energia, que nós chamamos o aspecto consciência ou a faculdade do conhecimento da alma, ancorado no centro da cabeça. Ele controla aquele mecanismo de resposta que nós chamamos cérebro, e por seu intermédio, ele direciona a atividade e induz a percepção através do corpo por meio do sistema nervoso.

Estes dois fatores de energia que são reconhecidos pelo ser humano como conhecimento e vida, ou como inteligência e energia de vida, são os dois polos do seu ser. A tarefa à sua frente, agora, é desenvolver, conscientemente, o aspecto médio ou equilibrador, que é amor ou relacionamento grupal.

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A Natureza do Antahkarana

Uma das dificuldades relacionadas com este estudo do antahkarana é o fato de que até aqui o trabalho feito sobre o antahkarana tem sido inteiramente inconsciente. Por isso, o conceito nas mentes dos homens em relação a esta forma de trabalho criativo encontra, a princípio, pouca resposta da natureza da mente; além disso, com o fim de expressar estas ideias, nós praticamente criamos uma nova terminologia, pois não há palavras adequadas para definir o que queremos dizer. Assim como as ciências modernas desenvolveram uma terminologia própria, durante as últimas décadas, também esta ciência precisa desenvolver seu próprio e peculiar vocabulário. Enquanto isso não acontece, temos que tirar o melhor proveito das palavras à nossa disposição.

A segunda coisa que farei é pedir àqueles que estão estudando segundo estas linhas que compreendam que, com o tempo, eles chegarão a um entendimento, mas que, no momento, tudo que podem fazer é depender da inalterável tendência da natureza subconsciente para penetrar até a superfície da consciência, como uma atitude reflexa no estabelecimento da continuidade da consciência. Esta atividade reflexa da natureza inferior corresponde ao desenvolvimento da continuidade entre a superconsciência e a consciência que se desenvolve no Caminho do Discipulado. Isso tudo é uma parte - em três etapas - do processo de integração, provando ao discípulo que a vida toda é, em termos de consciência, uma vida de revelação. Reflitam sobre isto.

Uma outra dificuldade ao estudarmos qualquer destas ciências esotéricas que lidam com aquilo que tem sido chamado o "desenvolvimento consciente dos reconhecimentos divinos" (que é a verdadeira consciência perceptiva), é o velho hábito da humanidade em materializar todo o conhecimento. Tudo que o homem aprende é aplicado - com o passar dos séculos - ao mundo dos fenômenos naturais e do processo natural, e não ao reconhecimento do Eu, o Conhecedor, o Espectador, o Observador. Quando, pois, o homem entra no Caminho, ele tem de educar-se no processo de usar o conhecimento em referência à Identidade autoconsciente, ou ao Indivíduo autocontido e autoiniciador. Quando ele puder fazer isto, ele estará transmutando conhecimento em sabedoria.

Anteriormente, falei de "conhecimento-sabedoria", palavras que são sinônimos de "força-energia". Conhecimento usado é força expressando-se; sabedoria usada é energia em ação. Nestas palavras vocês têm a expressão de uma grande lei espiritual, uma lei que vocês deveriam considerar cuidadosamente. Conhecimento-força diz respeito à personalidade e ao mundo dos valores materiais; sabedoria-energia expressa-se através do fio da consciência e do fio criativo, visto que eles constituem em si mesmos um cordão dual trançado. Eles são, para o discípulo, uma fusão do passado (fio da consciência) e do presente (o fio criativo), e juntos eles formam o que é geralmente chamado, no Caminho do Retorno, o Antahkarana. Isto não é inteiramente correto. O fio da sabedoria-energia é o sutratma ou fio da vida, pois o sutratma (quando combinado com o fio da consciência) é, de novo, também chamado o antahkarana.

Talvez seja possível esclarecer mais o assunto se eu disser que, embora estes fios existam eternamente no tempo e espaço, eles parecem distintos e separados até o homem ser um discípulo probacionário, e portanto, tomando consciência de si próprio e não apenas do não-eu. Há o fio da vida ou sutratma e o fio da consciência - um ancorado no coração e o outro na cabeça. Durante todos os séculos passados, o fio criativo, em um ou outro de seus três aspectos, tem sido tecido pelo homem; sua atividade criativa durante os últimos duzentos anos é uma indicação deste fato da natureza, de modo que hoje o fio criativo é uma unidade, falando de modo geral, no que tange à humanidade como um todo e, especialmente, ao discípulo individual, e forma um forte fio firmemente trançado no plano mental.

Estes três importantes fios, que são na realidade seis, se o fio criativo for diferenciado em suas partes componentes, formam o antahkarana. Eles personificam a experiência passada e presente e são assim reconhecidos pelo aspirante. É somente no próprio Caminho que a expressão "construindo o antahkarana" se torna correta e apropriada. É em relação a isto que a confusão tende a surgir na mente do estudante. Ele se esquece que esta é uma distinção puramente arbitrária da mente inferior analítica chamar esta corrente de energia de sutratma, e outra corrente de energia de fio da consciência, e uma terceira corrente de energia de fio criativo. Eles são, essencialmente, todos os três juntos, o antahkarana em processo de formação. É igualmente arbitrário chamar a ponte que o discípulo constrói a partir do plano mental inferior - via o vórtice central de força, o egoico - de antahkarana. Mas para propósitos de estudo compreensivo e experiência prática, nós definiremos o antahkarana como a extensão do fio tríplice (até aqui tecido inconscientemente, através da experimentação da vida e da resposta da consciência ao meio ambiente) através do processo de projetar conscientemente as energias triplas fundidas da personalidade, à medida que elas são impulsionadas pela alma, através de uma lacuna na consciência que existia até então. Dois acontecimentos podem então ocorrer:

1 - A resposta magnética da Tríade Espiritual (atma-budi-manas), que é a expressão da Mônada, é evocada.

2 - A personalidade então começa a fazer uma ponte entre a lacuna que existe no seu lado entre o átomo manásico permanente e a unidade mental, entre a mente abstrata superior e a mente inferior.

Tecnicamente, e no Caminho do Discipulado, esta ponte entre a personalidade nos seus três aspectos e a mônada e seus três aspectos é chamada o antahkarana.

Este antahkarana é o produto do esforço unificado da alma e da personalidade, trabalhando juntas conscientemente para produzir esta ponte. Quando ela é completada, há uma perfeita sintonia entre a mônada e sua expressão no plano físico, o iniciado no mundo exterior. A terceira iniciação marca a consumação do processo, e há então uma linha direta de relacionamento entre a mônada e o eu pessoal inferior. A quarta iniciação marca a completa realização desta relação pelo iniciado. Ela o capacita a dizer: "Eu e meu Pai somos um". É por esta razão que a Crucificação, ou a Grande Renúncia, tem lugar. Não se esqueçam que é a alma que é crucificada. É o Cristo que "morre". Não é o homem; não é Jesus. O corpo causal desaparece. O homem fica monadicamente consciente. O corpo da alma não serve mais a qualquer propósito útil - ele não é mais necessário. Nada fica a não ser o sutratma, qualificado pela consciência - uma consciência que ainda preserva a identidade enquanto fundida no todo. Outra qualificação é a criatividade; deste modo a consciência pode ser focalizada à vontade no plano físico em um corpo externo ou forma. Este corpo é criado pela vontade do Mestre.

Nesta tarefa, porém, de desenvolvimento, de evolução e de desdobramento, a mente do homem tem de compreender, analisar, formular e distinguir; portanto, as temporárias diferenciações são de profunda e útil importância. Nós podemos, pois, concluir que a tarefa do discípulo é:

1. Tornar-se consciente das seguintes situações (se é que posso usar tal palavra):

a. Processo em combinação com a força.

b. Status no caminho, ou reconhecimento das agências qualificadoras disponíveis, ou energias.

c. Fusão ou integração do fio da consciência como o fio criativo e com o fio da vida.

d. Atividade criativa. Esta é essencial, não é somente através do desenvolvimento da habilidade criativa nos três mundos que é criado o necessário ponto focal, mas esta leva também à construção do antahkarana, sua "criação".

2. Construir o antahkarana entre a Tríade Espiritual e a personalidade - com a cooperação da alma. Estes três pontos de energia divina podem ser assim simbolizados:

Neste símbolo tão simples, vocês têm um quadro da tarefa do discípulo no Caminho.

Um outro diagrama ajudará a esclarecer:

Neste diagrama, vocês têm o "nove de iniciação" ou a transmutação de nove forças em energias divinas.

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A Ponte entre os três Aspectos da Mente

Há um ponto que gostaria de esclarecer, se puder, pois, sobre este ponto, há muita confusão na mente dos aspirantes, o que é bastante compreensível.

Vamos, pois, por um momento, considerar exatamente onde o aspirante fica, quando começa conscientemente a construir o antahkarana. Atrás dele, estende-se uma longa série de existências e a experiência delas trouxe-o até o ponto em que ele é capaz de, conscientemente, avaliar sua condição e chegar a algum entendimento de seu ponto na evolução. Ele pode, consequentemente, incumbir-se de - em cooperação com sua consciência que firmemente desperta e se focaliza - dar o próximo passo, que é o do discipulado aceito. No presente, ele está orientado para a alma; através da meditação e da experiência mística, ele, de fato, tem contato ocasional com sua alma, e isto acontece com crescente frequência. Esta experiência intuitiva serve para ancorar "o primeiro tênue fio tecido pelo Tecelão em empreendimento fohatico", como está dito no Velho Comentário. É o primeiro cabo, projetado a partir da Tríade Espiritual em resposta à emanação da personalidade, e isto é o resultado da crescente potência magnética de ambos estes aspectos da Mônada em manifestação.

Será óbvio para vocês que, quando a personalidade se está tornando adequadamente magnetizada sob o ângulo espiritual, sua nota ou som soará e evocará a resposta da alma em seu próprio plano. Mais tarde, a nota da personalidade e a nota da alma, em uníssono, produzirão um efeito definitivamente atrativo sobre a Tríade Espiritual. Esta Tríade Espiritual, por sua vez, tem exercido um crescente efeito magnético sobre a personalidade. Isto começa no momento do primeiro contato consciente com a alma. A resposta da Tríade é, necessariamente, nesta etapa inicial via o sutratma e produz, inevitavelmente, o despertar do centro da cabeça. Essa é a razão por que a doutrina do coração suplanta a doutrina do olho. A doutrina do coração governa o desenvolvimento ocultista; a doutrina do olho - que é a doutrina do olho da visão - governa a experiência mística; a doutrina do coração é baseada na natureza universal da alma, condicionada pela Mônada, o Uno, e envolve a realidade; a doutrina do olho é baseada na relação dual entre alma e personalidade. Ela envolve os relacionamentos espirituais, mas a atitude de dualismo ou reconhecimento dos opostos polares está implícita nela. É importante lembrar estes pontos à medida que esta nova ciência se torna mais largamente conhecida.

O aspirante eventualmente chega ao ponto onde os três fios - o da vida, o da consciência e o da criatividade - estão sendo focalizados, reconhecidos como correntes de energia, e utilizados deliberadamente pelo discípulo aspirante no plano mental inferior. Lá, esotericamente falando, "ele toma sua posição, e olhando para cima, vê uma terra prometida de beleza, amor e futura visão".

Porém, existe uma lacuna na consciência, embora não de fato. O fio sutrátmico de energia transpõe a lacuna, e tenuemente relaciona mônada, alma e personalidade. Mas, o fio da consciência estende-se somente da alma à personalidade - sob o ângulo do sentido involutivo. Sob o ângulo evolutivo (usando uma frase paradoxal), há somente uma pequena percepção consciente existente entre a alma e a personalidade, sob o ponto de vista da personalidade no arco evolutivo do Caminho do Retorno. Todo o esforço do homem é para tornar-se consciente da alma e transmutar sua consciência para a da alma, enquanto preservando ainda a consciência da personalidade. Na medida em que a fusão da alma e da personalidade é fortalecida, o fio criativo torna-se cada vez mais ativo, e assim os três fios firmemente fundem-se, mesclam-se e tornam-se dominantes e o aspirante está então pronto para transpor a lacuna e unir a Tríade Espiritual à personalidade por intermédio da alma. Isto envolve um esforço direto de trabalho criativo divino. A chave para o entendimento reside talvez no pensamento de que até aqui a relação entre a alma e a personalidade tem sido levada adiante primariamente pela alma, enquanto ela estimulou a personalidade ao esforço, à visão e à expansão. Agora - nesta etapa - a personalidade integrada e rapidamente desenvolvendo-se, torna-se conscientemente ativa, e em uníssono com a alma, começa a construir o antahkarana - uma fusão dos três fios e uma projeção deles para as "extensões mais elevadas e vastas" do plano mental, até que a mente abstrata e a mente concreta inferior estejam relacionadas pelo tríplice cabo.

É com este processo que nossos estudos estão relacionados; logicamente, considera-se que já tenha ocorrido normalmente uma experiência anterior relacionada com os três fios. O homem agora permanece mantendo sua mente firme na luz; ele tem algum conhecimento de meditação, grande devoção, e também reconhecimento do próximo passo. O conhecimento do processo gradualmente torna-se mais claro; um crescente contato com a alma é estabelecido; lampejos ocasionais de percepção intuitiva da Tríade ocorrem. Nem todos estes reconhecimentos estão presentes em todos os discípulos; alguns estão presentes, outros não. Procuro apenas oferecer um quadro geral. A aplicação individual e a realização futura têm de ser elaboradas pelo discípulo no cadinho da experiência.

A meta em direção à qual o discípulo tem trabalhado no passado tem sido a do contato com a alma, conduzindo eventualmente àquilo que tem sido chamado "inclusão hierárquica". A recompensa do esforço do discípulo tem sido a admissão ao Ashram de algum Mestre, crescente oportunidade para servir no mundo e, também, receber certas iniciações. A meta para a qual discípulos mais elevados estão trabalhando envolve, não apenas o contato com a alma como seu objetivo primário (pois isso já foi alcançado até um certo ponto), mas a construção da ponte ligando a personalidade à Tríade Espiritual, com consequente realização monádica e a abertura para o iniciado do Caminho da Evolução Superior em seus vários ramos e com seus diferentes objetivos e metas. A distinção (eu não disse "diferença", notem bem) entre os dois caminhos pode ser vista na lista de comparações seguintes:

Desejo – Aspiração Mente - Projeção
A 1a e a 2a Iniciações A 3a e 4a Iniciações
Amor universal e Intuição Vontade Universal e Mente
O Caminho de Luz O Caminho da Evolução Superior
O Ponto de Contato O Antahkarana ou Ponte
O Plano O Propósito
As 3 Camadas das Pétalas Egoicas A Tríade Espiritual
A Hierarquia Shambala
O Ashram dos Mestres A Câmara do Conselho
Os Sete Caminhos Os Sete Caminhos

Na realidade, vocês têm aqui as duas principais aproximações a Deus ou ao Divino Todo, ambas fundindo-se na época da quinta iniciação no Caminho único, o qual, em si mesmo, combina todos os Caminhos. Não se esqueçam de uma afirmação que tenho feito muitas vezes, de que os quatro raios menores devem fundir-se, eventualmente, com o terceiro raio, e que todos os cinco devem, finalmente, fundir-se com o segundo e o primeiro raios; tenham em mente também que estes raios ou modos de Ser são aspectos ou sub-raios do segundo Raio cósmico de Amor e de Fogo.

Quero também indicar mais alguns relacionamentos. Vocês bem sabem que, no plano mental, encontram-se os três aspectos da mente, ou os três pontos focais de percepção mental e atividade que são:

1. A mente concreta inferior. Esta expressa-se mais completamente através do quinto Raio da Ciência Concreta, refletindo a fase inferior do aspecto vontade da divindade e resumindo em si mesmo todo o conhecimento, assim como a memória egoica. Esta mente concreta inferior está relacionada com as pétalas do lótus egoico e é capaz de pronunciada iluminação da alma, provando, eventualmente, ser o holofote da alma. Pode ser trazida sob controle por meio dos processos de concentração. É transitória no tempo e espaço. Através do trabalho criativo consciente, pode ser relacionada ao átomo manásico permanente ou à mente abstrata.

2. O Filho da mente. Este aspecto é a própria alma, governada pelo segundo aspecto de todos os sete raios - um ponto que lhes peço seja registrado. Ele reflete a fase inferior do aspecto amor da divindade e resume em si mesmo os resultados de todo o conhecimento acumulado que é sabedoria, iluminada pela luz da intuição. Um outro modo de expressar isto é descrevê-lo como amor, valendo-se da experiência e do conhecimento. Ele expressa-se mais plenamente através das pétalas do amor de seu ser inato. Através do serviço dedicado e devotado, ele traz o Plano divino à atividade nos três mundos da realização humana. Está, portanto, relacionado com o segundo aspecto da Tríade Espiritual e é trazido à atividade funcionante através da meditação. Ele, então, controla e utiliza para seus próprios fins espirituais a personalidade consagrada, mente iluminada à qual nos referimos acima. É eterno no tempo e espaço.

3. A mente abstrata. Este aspecto revela-se mais completamente sob a influência do primeiro Raio da Vontade ou Poder, refletindo o aspecto superior da vontade da divindade ou do principio átmico; quando plenamente desenvolvido, ele resume em si mesmo o propósito da Deidade, e assim, torna-se responsável pela emergência do Plano. Ele energiza as pétalas da vontade até o tempo em que a vida eterna da alma seja absorvida por aquilo que não é transitório, nem eterno, mas que é infinito, ilimitado e desconhecido. É trazido ao funcionamento consciente através da construção do antahkarana. Esta "ponte de radiante arco-íris" une a personalidade iluminada, focalizada no corpo da mente, motivada pelo amor da alma, com a Mônada ou a Vida Una, e assim capacita o divino Filho de Deus em manifestação a expressar o significado das palavras: Deus é Amor e Deus é um Fogo consumidor. Este fogo, energizado pelo amor, destruiu pela queima todas as qualidades da personalidade, deixando apenas um instrumento purificado, colorido pelo raio da alma e não mais necessitando de um corpo para a alma. A essa altura, a personalidade já absorveu completamente a alma, ou falando de maneira mais precisa, alma e personalidade fundiram-se em um único instrumento para o uso da Vida Una.

Este é somente um quadro ou um uso simbólico de palavras para expressar a meta unificadora da evolução material e espiritual, à medida que é levada à sua conclusão - para este ciclo mundial - através do desenvolvimento dos três aspectos da mente no plano mental.

As implicações cósmicas não estarão perdidas para vocês, mas pouco adianta determo-nos nelas. À medida que este processo é levado avante, três grandes aspectos da manifestação divina surgem no teatro da vida mundial e no plano físico. São elas a Humanidade, a Hierarquia e Shamballa.

A Humanidade é já o reino dominante na natureza; o fato da Hierarquia e de sua iminente aproximação em aparência física está-se tornando bem conhecido de centenas de milhares de pessoas hoje. Seu reconhecido aparecimento mais tarde preparará o palco para as necessárias fases preparatórias que finalmente conduzirão ao governo exotérico do Senhor do Mundo, emergindo de Sua reclusão de eons em Shamballa, e vindo à expressão externa no fim deste ciclo mundial.

Aqui está o vasto e necessário quadro apresentado com o fim de dar razão e poder à próxima etapa da evolução humana.

O ponto que procuro enfatizar é que somente quando o aspirante toma posição definida no plano mental, é que se torna possível para ele fazer real progresso no trabalho da construção da ponte divina, o trabalho de invocação, e o estabelecimento de uma consciente sintonia entre a Tríade, a alma e a personalidade. O período coberto pela construção consciente do antahkarana é aquele a partir das etapas finais do Caminho da Provação à terceira iniciação.

Ao considerar este processo, é necessário, nas etapas iniciais, reconhecer os três aspectos da mente à medida que eles se expressam no plano mental e produzem os variados estados de consciência nesse plano. É interessante notar aqui que, tendo alcançado a etapa humana desenvolvida (integrada, aspirante, orientada e devotada), o homem permanece firmemente nos níveis inferiores desse plano mental; ele então se defronta com os sete sub-planos desse plano com seus correspondentes estados de consciência. Ele está, pois, entrando em um novo ciclo onde - desta vez equipado com plena autoconsciência - ele tem sete estados de percepção mental para desenvolver; estes são inatos ou inerentes a ele próprio, e todos (quando dominados) levam a uma ou outra das sete grandes iniciações. Estes sete estados de consciência são - começando do primeiro ou mais inferior:

Plano Mental

1. Percepção mental inferior. O desenvolvimento da verdadeira percepção mental.

2. Consciência da alma ou percepção da alma. Esta não é a percepção da alma pela personalidade, mas o registro daquilo que a alma percebe pela própria alma. Isto é mais tarde registrado pela mente inferior. Esta percepção da mente é, pois, o reverso da atitude usual da mente.

3. Percepção superior abstrata. O desdobramento da intuição e o reconhecimento do processo intuitivo pela mente inferior.

Plano Búdico

4. Percepção espiritual, consciente e persistente. Esta é a plena consciência do nível intuicional ou búdico. Esta é a consciência perceptiva que é a destacada característica da Hierarquia. O foco da vida do homem muda-se para o plano búdico. Este é o quarto estado, ou estado do meio, da consciência.

Plano Átmico

5. A consciência da vontade espiritual como ela se expressa e é vivenciada nos níveis átmicos, ou no terceiro plano da manifestação divina. Há pouco que eu possa dizer a respeito desta condição de percepção; o estado de percepção nirvânica pouco pode significar para o discípulo comum.

Plano Monádico

6. A percepção inclusiva da Mônada sobre seu próprio plano, o segundo plano de nossa vida planetária e solar.

Plano Logoico

7. Consciência divina. Esta é a percepção do todo no plano mais alto de nossa manifestação planetária. Este é também um aspecto da percepção solar no mesmo plano.

Enquanto nos esforçamos por chegar a uma tênue compreensão da natureza do trabalho a ser feito na construção do antahkarana, será aconselhável, como um passo preliminar, considerar a natureza da substância da qual "a ponte de brilhante matéria mental" tem de ser construída pelo aspirante consciente. O termo oriental para esta "matéria mental" é chitta; ela existe em três tipos de substância, todas basicamente idênticas, mas todas qualificadas ou condicionadas diferentemente. É uma lei fundamental neste sistema solar, e, portanto, na experiência da nossa vida planetária, que a substância através da qual a divindade se expressa no tempo e espaço, está carmicamente condicionada; está impregnada por aquelas qualidades e aspectos que são o produto de manifestações anteriores daquele Ser no qual vivemos, nos movemos e temos nossa existência. Este é o fato básico que está por trás da expressão daquela Trindade ou Tríade de Aspectos com a qual todas as religiões do mundo nos tornaram familiarizados. Esta trindade é como segue:

Utiliza o sutratma
1. O Aspecto Pai Este é o subjacente Plano de Deus
O Aspecto Vontade A essencial Causa de Ser
O Propósito O propósito da vida, a evolução motivada
A nota do som sintético
Utiliza o fio da consciência
2. O Aspecto Filho A qualidade da sensibilidade
O Aspecto Amor A natureza do relacionamento
Sabedoria. Compreensão O método de evolução
Consciência. Alma A nota do som atrativo
Desenvolve o fio criativo
3. O Aspecto Mãe A inteligência da substância
O Aspecto da Inteligência A natureza da forma

O Espírito Santo

A resposta à evolução
A nota da Natureza

O plano mental que precisa ser ligado é como uma grande torrente de consciência ou de substância consciente, e de um lado a outro desta torrente, o antahkarana tem de ser construído. Este é o conceito que está por trás deste ensinamento e por trás do simbolismo do Caminho. Antes que um homem possa palmilhar o Caminho, ele próprio tem de tornar-se o Caminho. É da substância de sua própria vida que ele precisa construir esta ponte de arco-íris, este Caminho Iluminado. Ele tece-o e o ancora tal como a aranha tece um fio ao longo do qual pode viajar. Cada um de seus aspectos divinos contribui para essa ponte, e a hora dessa construção é indicada quando sua natureza inferior está:

1. Tornando-se orientada, regulada e criativa.

2. Reconhecendo o contato e controle da alma e reagindo a eles.

3. Sensível à primeira impressão da Mônada. Esta sensibilidade é indicada onde há:

a. Submissão à "vontade de Deus" ou do Todo maior.
b. Desdobramento da vontade espiritual interna, superando todos os obstáculos.
c. Cooperação com o propósito da Hierarquia, a da vontade de Deus como expressa em amor.

Eu enumerei estas três respostas à totalidade dos aspectos divinos porque elas estão relacionadas ao antahkarana e precisam tornar-se definidas e condicionadas no plano mental. Elas estão lá para que se encontrem expressando-se na substância:

1. A mente concreta inferior.

O senso comum receptivo.
O aspecto mais elevado da natureza da forma.
O reflexo de atma, a vontade espiritual.
O centro da garganta.
Conhecimento.

2. A mente individualizada.

A alma ou ego espiritual.
O principio do meio. Budi-manas.
O reflexo da Mônada na substância mental.
Amor-sabedoria espiritual.
O centro do coração.
Amor.

3. A mente abstrata superior.

O transmissor de budi.
O reflexo da natureza divina.
Amor intuitivo, compreensão, inclusividade.
O centro da cabeça.
Sacrifício.

Há, necessariamente, outros arranjos destes aspectos na manifestação, porém, o que foi dado acima servirá para indicar a relação de Mônada - alma - personalidade como se expressam através de certas condições focalizadas ou pontos de força no plano mental.

Na humanidade, contudo, a principal realização a ser alcançada, no presente ponto da evolução humana, é a necessidade de relacionar - conscientemente e efetivamente - a Tríade Espiritual, a alma no seu próprio plano, e a personalidade em sua natureza tríplice. Isto é feito através do trabalho criativo da personalidade, do poder magnético da Tríade, e da consciente atividade da alma, utilizando o fio triplo.

Podem ver, portanto, por que tanta ênfase é dada pelos esoteristas à fusão, unidade ou mistura; somente quando isto é inteligentemente compreendido pode o discípulo começar a trançar os fios numa ponte de luz que, eventualmente, se torna o Caminho Iluminado que ele pode atravessar para os mundos superiores do ser. Desse modo, ele se libera dos três mundos. Isso é - neste ciclo mundial - particularmente uma questão de fusão e de expressar, em plena consciência vigil, três grandes estados de consciência:

1. A Consciência de Shamballa.

Percepção da unidade e propósito da Vida.
Reconhecimento e cooperação com o Plano.
Vontade. Direção. Unicidade.
A influência da Tríade.

2. A Consciência Hierárquica.

Percepção do Eu, a Alma.
Reconhecimento e cooperação com a divindade.
Amor. Atração. Relação.
A influência da Alma.

3. A Consciência Humana.

Percepção da alma dentro da forma.
Reconhecimento e cooperação com a alma.
Inteligência. Ação. Expressão.
A influência da personalidade consagrada.

O homem que finalmente constrói o antahkarana sobre o plano mental conecta ou relaciona esses três aspectos divinos, de modo que progressivamente a cada iniciação, eles ficam mais intimamente fundidos em uma expressão divina em plena e radiante manifestação. Em outras palavras, o discípulo segue o caminho do retorno, constrói o antahkarana, atravessa o Caminho Iluminado, e alcança a liberdade do Caminho da Vida.

Um dos pontos essenciais que os estudantes devem compreender é o fato profundamente esotérico que este antahkarana é construído por um esforço consciente dentro da própria consciência, e não apenas por tentar ser bom, ou expressar boa vontade, ou demonstrar as qualidades do altruísmo e da alta aspiração. Muitos esoteristas parecem considerar o palmilhar do Caminho como o esforço consciente para vencer, a natureza inferior e expressar a vida em termos do viver e pensar corretos amor e compreensão inteligente. É tudo isso, mas é também muito mais. Bom caráter e boa aspiração espiritual são essenciais básicos. São coisas admitidas como certas pelo Mestre Que tem um discípulo sob treinamento; esses fundamentos e seu reconhecimento e desenvolvimento são os objetivos no Caminho de Provação.

Todavia, construir o antahkarana é relacionar os três aspectos divinos. Isto envolve intensa atividade mental; exige o poder de imaginar e visualizar, além de uma dramática tentativa para construir em substância mental, o Caminho Iluminado. Esta substância mental é - como vimos - de três qualidades ou naturezas, e a ponte de luz viva é uma criação composta, tendo em si:

1. Força, focalizada e projetada a partir das forças, fundidas e mescladas, da personalidade.

2. Energia, extraída do corpo egoico por um esforço consciente.

3. Energia, abstraída da Tríade Espiritual.

Contudo, ela é, essencialmente, uma atividade da personalidade integrada e dedicada. Os esoteristas não devem de forma alguma assumir a posição de que tudo que têm a fazer é esperar negativamente por alguma atividade pela alma que automaticamente terá lugar após algum contato com a alma tenha sido alcançado, e que consequentemente esta atividade no devido tempo evocará resposta tanto da personalidade quanto da Tríade. De maneira alguma isto é assim. O trabalho de construção do antahkarana é primariamente uma atividade da personalidade, ajudada pela alma; no devido tempo, isto evoca uma reação da Tríade. Atualmente, os aspirantes demonstram uma excessiva inércia.

Podemos também considerar este assunto sob um outro ângulo. A personalidade está começando a transmutar conhecimento em sabedoria, e quando isto acontece, o foco da vida da personalidade fica então no plano mental, porque o processo de transmutação (com suas etapas de compreensão, análise, reconhecimento e aplicação) é fundamentalmente um processo mental. A personalidade está também começando a compreender o significado do amor e a interpretá-lo em termos de bem-estar grupal, e não em termos do eu pessoal, do desejo e até mesmo da aspiração. O verdadeiro amor somente é corretamente compreendido pelo tipo mental que está espiritualmente orientado. A personalidade está também chegando à compreensão de que, na realidade, não existe tal coisa como o sacrifício. O sacrifício é, geralmente, somente a frustração do desejo da natureza inferior, suportada de bom grado pelo aspirante, mas - nesta fase - uma má interpretação e limitação. O sacrifício é, realmente, completa conformidade com a vontade de Deus, porque a vontade espiritual do homem e a vontade divina, como ele a reconhece no Plano, é a sua própria vontade. Há uma crescente identificação no propósito. Portanto, vontade própria, desejo e aquelas atividades inteligentes que são duplamente motivadas, são vistas e reconhecidas como apenas a expressão inferior dos três aspectos divinos, e o esforço é para expressá-los em termos da alma e não, como até agora, em termos de uma personalidade dedicada e corretamente orientada. Isto torna-se possível em seu verdadeiro sentido somente quando o foco da vida está no veículo mental e a cabeça, assim como o coração, estão tornando-se ativos. Nesse processo, as etapas de construção do caráter são vistas como essenciais e efetivas, e são empreendidas de boa vontade e de forma consciente. Porém, quando as bases do bom caráter e da atividade inteligente estão firmemente estabelecidas, algo ainda mais elevado e mais sutil tem de ser erigido sobre essa subestrutura.

Conhecimento-sabedoria precisa ser superado pela compreensão intuitiva; esta é, na realidade, participação inclusiva na atividade criativa da divindade. A ideia divina precisa tornar-se o ideal possível, e este ideal precisa ser desdobrado e manifestado na substância sobre o plano físico. O fio criativo, agora quase pronto, precisa ser trazido à consciente atividade e funcionamento.

Desejo-amor deve ser interpretado em termos de atração divina, envolvendo o uso correto ou incorreto de energias e forças. Este processo põe o discípulo em contato com a divindade como um Todo progressivamente revelado. A parte, através do desenvolvimento magnético de sua própria natureza, entra gradualmente em contato com tudo que É. O discípulo torna-se consciente desta soma total em expansões cada vez mais vividas de consciência conduzindo à iniciação, à realização e à identificação. Estas são as três etapas da iniciação.

O fio da consciência, em cooperação com o fio criativo e o fio da vida, desperta para um processo plenamente consciente de participação no Plano criativo divino - um Plano que é motivado pelo amor e inteligentemente levado avante.

Direção-vontade (que são palavras descrevendo a orientação produzida pela compreensão dos dois processos de conhecimento-sabedoria e desejo-amor), deve produzir a orientação final da personalidade e da alma, fundidas e mescladas e unificadas, em direção à liberdade da Tríade Espiritual; então a tentativa consciente de usar estas três energias resulta na criação do antahkarana no plano mental. Notem que, nesta etapa inicial do processo, estou dando ênfase às palavras "orientação" e "tentativa". Elas simplesmente indicam o controle final da substância pelo iniciado.

Uma das indicações de que o homem não está mais no Caminho Probacionário é sua emergência do reino da aspiração e devoção para o mundo da vontade focalizada. Uma outra indicação é que ele começa a interpretar a vida em termos de energia e forças, e não em termos de qualidade e desejo. Isto marca um definido passo à frente. Há pouquíssimo uso da vontade espiritual, como o resultado de correta orientação, na vida dos discípulos hoje.

No futuro, esta Ciência do Antahkarana e sua correspondência inferior, a Ciência da Evolução Social (que é o antahkarana ligado ou unido da humanidade como um todo), será conhecida como a ciência de Invocação e Evocação. Ela é, na realidade, a Ciência da Sintonia Magnética, na qual o correto relacionamento é produzido pela mútua invocação, produzindo um processo responsivo que é um processo de evocação. É esta ciência que está por trás do despertar consciente dos centros e de suas inter-relações; está por trás da sintonia entre um homem e outro homem, entre um grupo e outro, e eventualmente, entre uma nação e outra. É esta invocação, e a consequente evocação, que eventualmente relacionam a alma e a personalidade e a alma e a mônada. É o importante objetivo do apelo da humanidade a Deus, à Hierarquia e aos Poderes Espirituais do cosmos, não importa que nome lhe seja dado. O apelo ressoa. A invocação da humanidade pode evocar, precisa evocar e forçosamente evocará a resposta da Hierarquia espiritual e dará a primeira demonstração, em larga escala, desta nova ciência esotérica - esotérica porque está baseada no som. Daí o uso do O. M. Não posso aprofundar-me nesta ciência; temos que limitar nossa atenção ao nosso tema, que é a Ciência do Antahkarana.

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A Ponte como o Agente de Alinhamento

A palavra "alinhamento" é muito usada no treinamento esotérico moderno. Quero dizer que, ao fazer este alinhamento, o aspirante está apenas estabelecendo a primeira etapa do seu processo de realização. Ele está estabelecendo em sua própria consciência o fato do seu dualismo essencial. Quero dizer que o aspecto crítico deste processo somente é alcançado quando a distinção é agudamente definida e reconhecida entre a integrada e potente personalidade e a alma. É um truísmo ocultista dizer que o aspirante é reconhecido pelo ou triplicidade; o discípulo por ou reconhecida dualidade e o iniciado por ou unidade.

Notem que o símbolo da dualidade para a humanidade não desenvolvida é no qual é iniciada a separação entre a natureza inferior; no caso do discípulo, é mostrando o "caminho através" ou o estreito Caminho do fio da navalha entre os pares de opostos, formando mais tarde o antahkarana. Simples como são, estes símbolos incorporam e transmitem imensas verdades à mente iluminada.

Falando relativamente e em termos da consciência mental, a realização da dualidade somente é encontrada nos três mundos e no plano mental. Quando é alcançada a terceira iniciação, o poder do par inferior de opostos não mais é sentido e não mais existe. Uma consciência liberada e uma percepção irrestrita - irrestrita no que tange ao iniciado, movendo-se dentro da órbita do Logos planetário, (embora não irrestrita no que tange àquela Vida maior que se move dentro de outros e maiores limites) - são ambas compreendidas e expressas. Dentro do círculo-não-se-passa planetário, o iniciado move-se com liberdade e não conhece limitações em sua consciência. Essa é a razão porque os níveis superiores dos nossos planos planetários e sistêmicos são chamados sem forma. É este que é o verdadeiro símbolo do alinhamento, porque envolve o senso de dualidade, mas indicando, ao mesmo tempo, o caminho através dos chamados "muros de limitação".

Os estudantes fariam bem em considerar a construção do antahkarana como uma extensão na consciência. Esta extensão ou expansão é o primeiro esforço definido feito no Caminho para atrair a influência monádica com plena consciência e, por fim, diretamente. Este processo constitui o paralelo individual do atual influxo de força de Shamballa, sobre o que já me referi antes. O mais alto centro de energia do nosso planeta está agora tendo um efeito definido sobre aquele centro que chamamos Humanidade. Este foi produzido por alinhamento direto e não via a Hierarquia como até então fora o caso. Quando o antahkarana individual já teve inicio com sucesso, e há até mesmo um tênue fio de energia viral conectando a personalidade tríplice e a Tríade Espiritual, então o influxo da energia da vontade torna-se possível. Isto, nas etapas iniciais, pode ser muito perigoso se não estiver contrabalançado pela energia do amor da alma. Somente um fio do tríplice antahkarana passa através do lótus egoico. Os outros dois fios relacionam-se diretamente com a Tríade, e daí eventualmente com a Mônada, a fonte da vida da Tríade. Isto é verdade para o indivíduo e para a humanidade como um todo, e os efeitos deste alinhamento podem ser vistos demonstrando-se no mundo atualmente.

Esta um tanto inesperada atividade de resposta tem necessariamente aumentado muito a atividade da Hierarquia para contrabalançar as consequências de qualquer influxo prematuro da força da vontade. Depois da terceira iniciação, quando o corpo da alma, o corpo causal, começa a dissipar-se, a linha de relação ou conexão é direta. O iniciado então "fica em um oceano de amor, e através dele flui esse amor; sua vontade é amor e ele pode trabalhar com segurança, pois o amor divino irá colorir toda a sua vontade, e ele pode servir sabiamente". O amor e a inteligência, então, tornam-se os servos da vontade. A energia da alma e a força da personalidade contribuem para a experiência na Mônada nos três mundos da vida de serviço, e então a secular tarefa de encarnação do homem espiritual é finalmente completada. Ele está pronto para o Nirvana, que nada mais é do que o Caminho para novos campos de experiência espiritual e de desenvolvimento divino - por enquanto incompreensível, mesmo para o iniciado de terceiro grau. Este Caminho somente é revelado quando o antahkarana está construído e completo e o homem fica focalizado na Tríade tão conscientemente quanto está agora focalizado na tríplice natureza inferior.

Então, e somente então, se torna o verdadeiro dualismo da natureza divina aparente e a ilusória dualidade desaparece. Temos então Espírito-matéria, Vida-forma. Para isto a tripla experiência da consciência em desenvolvimento é somente uma preparação. Através da consciência em desenvolvimento, o iniciado conhece o significado da vida e os usos da forma, mas permanece completamente não identificado com qualquer uma delas, embora mesclando essas dualidades em si mesmo numa síntese consciente. A tentativa para descrever este estado de mente em palavras que apenas limitam e confundem, leva a aparentes contradições, e isto é um dos peculiares paradoxos da ciência ocultista. Os fatos mencionados acima fazem algum sentido para vocês? Trazem eles algum significado às suas mentes? Penso que não. Vocês ainda não têm o equipamento necessário através do qual a percepção sugerida possa funcionar, ou a compreensão daquela verdadeira Autoconsciência que produziria em vocês uma reação de compreensão. Eu simplesmente faço uma declaração esotérica; mais tarde, chegará a apreensão da verdade e aquela consequente energização que sempre surge quando qualquer verdade abstrata é verdadeiramente apreciada e assimilada. Porém, ainda não é chegado o tempo para a compreensão da informação acima. Discípulos e aspirantes crescem por intermédio de uma visão apresentada - inatingível por enquanto, mas definitivamente uma extensão do que é conhecido e previamente apreendido. Esse é o modo da evolução, pois é sempre uma pressão para adiante em direção àquilo que é sentido.

Hoje, através do esforço humano e do empenho hierárquico, um grande alinhamento e ligação está tendo lugar, e Mônada-Alma-Personalidade estão sendo mais diretamente relacionadas do que até agora fora possível. Uma razão para isto é que há atualmente em encarnação no planeta um número muito maior de iniciados do terceiro grau do que jamais antes; há um número muito maior de discípulos sendo preparados para a terceira iniciação; e nesta terceira raça estritamente humana, a ariana (usando este termo em seu sentido geral e não na sua prostituída forma alemã), os três aspectos da personalidade estão agora tão potentes que sua influência magnética e seu efeito criativo estão tornando a construção do antahkarana uma destacada conquista, unindo e alinhando, assim, os três aspectos no homem. O mesmo é verdadeiro em relação aos três centros divinos no planeta que corporificam essas qualidades divinas: Shamballa, Hierarquia e Humanidade. Estes estão agora estreitamente alinhados, produzindo assim uma fusão de energias que está causando um influxo da vontade espiritual, assim como uma demonstração do aspecto Destruidor.

Indiquei aqui muita coisa de interesse; indiquei uma meta e um Caminho. Relacionei (na consciência) a Hierarquia e Shamballa. Isto significa um grande e crítico momento nos assuntos humanos e uma oportunidade sem paralelo na História. A necessidade de uma devida apreciação disto será evidente, e deveria incitar todos que nos leem a um renovado esforço e novo empenho. Os estudantes precisam acolher todas as mudanças e oportunidades planetárias com as correspondentes mudanças em suas próprias vidas. Eles precisam recorrer àquelas novas atitudes e novas abordagens criativas que resultarão não só na construção do antahkarana individual, mas também na fusão dos muitos "fios radiantes" que virão a produzir aqueles "cabos conectores", falando simbolicamente, que irão relacionar os centros planetários e apresentar o meio ao longo do qual pode passar a vontade ardente e o predeterminado propósito da Deidade. Isto provocará a reconstrução dos mundos manifestados, e nesta tarefa cada um de vocês pode ter a sua parte.

Abordemos agora o ponto seguinte nesta seção e indiquemos a técnica para a construção do antahkarana. Este será um ensinamento intensamente prático para o qual tudo que tenho dito até aqui provará ser um firme fundamento.

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