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Livros de Alice Bailey

Telepatia e o Veículo Etérico


XI. OS RESULTADOS DO CONTATO E DA RECEPTIVIDADE

Não pretendo, de modo algum, fornecer indicações de como um indivíduo pode tornar-se telepático. Todos esses desenvolvimentos dentro da área ou região de contatos progressivos só são úteis e verdadeiramente praticáveis quando desenvolvidos normal e naturalmente e não resultam de um desabrochar prematuro. Quando isso ocorre, há sempre o perigo de enganos, de interpretações erradas e centradas no eu. A informação telepática pode ser de um valor puramente egoísta ou pessoal e esse tipo de telepatia não tem vez no que estou tentando comunicar.

Hoje em dia, as pessoas demonstram frequentemente certa capacidade ou tendência telepática. Sintonizam-se com algo ou alguém (expressão considerada mais eufônica do que "relacionamento telepático"), embora não saibam o que seja. Consideram relevante tudo que pensam registrar e, em geral, isso está relacionado com elas mesmas e não quer dizer que o seu grau de desenvolvimento espiritual seja tão elevado que justifique que elas sejam repositórios de misteriosas mensagens espirituais - normalmente sem importância e de natureza banal. São muitas as fontes dessas mensagens e seria conveniente mencionar aqui algumas delas; o que tenho a dizer talvez seja de valor para os ocultistas em geral.

1. Mensagens emanadas a partir da natureza subconsciente, relativamente sutil e bem treinada do receptor. Essas mensagens proveem da superfície do subconsciente, mas são consideradas pelo receptor como procedentes de uma fonte externa. As pessoas introspectivas penetram frequentemente nas camadas da memória subconsciente e não se dão conta disso. Seu interesse por si mesmas é excessivo e, ignorando que fazem isso, consideram o que encontram ali como algo extraordinário, belo e importante. Então começam a formular mensagens esperando que seus amigos e o público em geral considerem-nas como de base espiritual. Essas mensagens são geralmente inócuas, às vezes belas, pois constituem uma mistura daquilo que os receptores leram e apreenderam dos escritos místicos, da Bíblia ou do que ouviram de fontes cristãs. Na realidade, trata-se do conteúdo de seu reto pensar em termos de uma linha espiritual e não podem fazer mal algum nem têm verdadeira importância. Entretanto, constituem elas oitenta e cinco por cento (85%) dos chamados escritos telepáticos ou inspirados, tão vigentes nessa época.

2. Impressões advindas da alma, que são traduzidas em conceitos e registradas pela personalidade; o receptor é profundamente impressionado pela relativamente alta vibração que as acompanha e se esquece de que a vibração da alma é a de um Mestre, visto que a alma é um Mestre em seu próprio plano. Essas são verdadeiras impressões da alma, mas geralmente não há nelas nada de novo ou de maior importância; elas são, isso sim, o resultado do desenvolvimento da alma em épocas passadas (no que concerne à personalidade) e, portanto, tudo de bom, belo e verdadeiro que uma personalidade em processo de despertar proporcionou à alma, e mais o que penetrou na consciência da personalidade como resultado de contato com a alma. Esse tipo de contato constitui hoje oito por cento (8%) dos escritos e mensagens apresentados ao público pelos aspirantes.

3. Ensinamentos dados por um discípulo mais antigo ou mais avançado nos planos internos a um discípulo em treinamento, ou recém-admitido em um Ashram. Esses ensinamentos trazem as impressões e conclusões do discípulo mais antigo e em geral, são de valor; podem conter (e em geral contêm) informações a respeito das quais o receptor está totalmente inconsciente. O critério, neste caso, é que nada (literalmente nada) concerne ao receptor (tanto espiritual quanto mentalmente, ou em qualquer outro aspecto relativo à sua personalidade), e nem tampouco contém trivialidades de sua experiência religiosa. Correspondem eles a cinco por cento (5%) dos ensinamentos dados, mais isto em relação a todo o mundo, e a percentagem não se refere a determinado grupo ocultista, crença religiosa ou nação. O reconhecimento disso é de importância vital.

4. Comunicações de um Mestre a Seu discípulo. Constituem elas dois por cento (2%) de toda a receptividade telepática manifestada por toda a humanidade no mundo inteiro. Neste ponto, os estudantes ocidentais deveriam lembrar-se que o estudante subjetivo oriental é muito mais propenso à receptividade telepática que o seu irmão do ocidente; isto tem uma implicação definida em todas as classificações acima, sendo, de certo modo, humilhante para o místico e para o estudante ocultista do Ocidente. As Escrituras do Mundo provêm de outro setor da faculdade de ensinar que possui o segundo raio. Ao dizer isso, não estou incluindo o Velho Testamento, exceto em passagens como as do Salmo XXIII e outras extraídas dos Profetas, particularmente do Profeta Isaías. As Escrituras do Mundo foram escritas por místicos que se ocuparam da beleza, do conforto e do estímulo, mas não foram escritas por ocultistas. Gostaria, aqui, de chamar a atenção de vocês para isso.

Nessa parte do ensinamento vou-me ater à natureza e aos resultados do contato, da receptividade. Não estou fornecendo regras para o desenvolvimento individual, e, mesmo que o pudesse, não o faria. Atualmente, a humanidade está desenvolvendo receptores de todo tipo, começando com os de mais baixa categoria - as massas - que, por meio dos demagogos, dos jornais, do rádio, dos livros e de conferências, são condicionadas por várias mentes, de acordo com a receptividade proporcionada pelo seu tipo de raio. A medida que a verdadeira inteligência se desenvolve e o amor começa a permear o pensamento humano, esses fatores condicionantes se tornarão cada vez menos atrativos. Isso se dá quando a alma adquire maior importância vital e as ideias elaboradas pelo homem (se assim se pode dizer) serão de menor importância. Na realidade, não há ideias elaboradas pelo homem. Há, isto sim, ideias apreendidas pela inteligência e "rebaixadas" depois pela constante reação da personalidade à fascinação, às conclusões astrais ou emocionais, e às interpretações egoístas.

Deve ser lembrado que a atividade de todos esses "agentes de impressão" se faz sentir, de forma ampla e geral, em todo o planeta e também na aura planetária. Nenhum reino da natureza escapa a esse impacto, e é desse modo que se leva a cabo o propósito do Senhor do Mundo. Existência, Coerência e Atividade fundem-se, assim, em um todo criado e criador; vida, qualidade e aparência respondem unidas à intenção imposta pelos Logos planetário. Não obstante, ao mesmo tempo, permanecem criativamente livres no que diz respeito à sua reação e essas impressões contatadas; tal reação depende necessariamente do tipo e da qualidade do mecanismo que registra a impressão. Esse mecanismo tem sido desenvolvido pela vida na forma durante todo o período criativo e, até onde o elemento tempo está envolvido, a entidade que habita em qualquer reino da natureza tem estado livre, por um tempo breve ou longo, e a reação à impressão tem sido rápida ou lenta, de acordo com a vontade da vida controladora. No reino mineral, essa reação é muito lenta, pois a inércia ou tamas controla a vida espiritual na forma mineral; no reino vegetal, é mais rápida e através do apelo invocativo das vidas desse reino o mundo dévico é invocado e ajuda e acelera enormemente o desenvolvimento da consciência vegetal; essa é uma razão para sua relativa inocência e extraordinária pureza.

A principal impressão registrada pelo segundo reino da natureza emana dos mundos angélicos e da hierarquia dévica. Os anjos e os devas são para o reino vegetal o que a Hierarquia espiritual é para a humanidade. Naturalmente, isso é um mistério que não concerne a vocês, mas impressões e reações se produzem nesses dois reinos, e da resposta dada depende a evolução da consciência que habita neles.

O reino animal tem uma relação peculiar com o quarto reino da natureza, e o desenvolvimento da consciência animal prossegue paralelamente, ainda que difira da do ser humano que está começando a responder ao reino das almas, o quinto reino. É o carma e destino do quarto reino ser o agente impressor do terceiro; todavia, o problema se complica, pelo fato de que o reino animal precede o humano, tendo gerado, portanto, certa dose de carma - tanto bom quanto mau - antes do aparecimento do gênero humano. O "processo de impressão" desenvolvido pela humanidade é modificado e frequentemente negado devido a dois fatores:

1. a ignorância e o egoísmo humanos, acrescidos da inabilidade em trabalhar consciente e inteligentemente com as mentes embrionárias das formas animais; isso é verdade, com exceção de uns poucos (muito poucos) casos que envolvem os animais domésticos. Quando a própria humanidade estiver mais avançada, sua impressão inteligente sobre a consciência do reino animal produzirá resultados planetários. Atualmente, tal não se dá. Isso só ocorrerá quando o reino animal (como resultado da compreensão humana) se tornar invocativo.

2. o carma autogerado pelo reino animal, que está sendo completamente liberado nos dias de hoje em sua relação com a humanidade. A entidade cármica - mantendo uma espécie de regulamento no terceiro reino - constitui parte do Morador do Umbral planetário.

Sequência Planetária da Impressão.

Por conseguinte, vocês observarão a surpreendente sequencia planetária da impressão - que emana das fontes mais elevada possíveis, ainda que atenuadas e reguladas de acordo com os fatores relativos à recepção; tudo isso concerne, num grau maior ou menor (segundo a qualidade do mecanismo receptor), à vontade e ao propósito de Sanat Kumara, conquistando, durante anos, potência grupai e sensibilidade de resposta.

O livre-arbítrio é o fator primordial que impede uma ininterrupta sequencia de impressões diretamente de Shambala ao reino mineral, através dos demais reinos, trazendo, como resultado, responsabilidade cármica. Isso tanto pode ser bom quanto mau. É interessante observar que tanto o carma bom quanto o mau não só produzem condições que devem ser superadas, como condições que retardam o que poderíamos considerar - do nosso limitado ponto de vista - a libertação do planeta. Para se gerar um bom carma requer-se viver nas condições em que tudo (tanto para o homem responsável como para qualquer outra forma com suas limitações) é bom, agradável, benéfico e útil. O mau carma, gerado em qualquer reino em relação com "o lugar onde habita o Morador do Umbral planetário", localiza- se entre o Portal cósmico da Iniciação e nosso Logos planetário. O Morador representa todos os enganos e erros devidos a ações errôneas, a contatos não identificados, a opções feitas deliberadamente em detrimento do bem conhecido, e aos movimentos e atividades de massa que temporariamente não progridem no tempo e no espaço. Percebo que vocês não se dão conta de que naquilo em que esses fatos se aplicam aos reinos sub-humanos da natureza, vocês não alcançam o que eu penso, mas isso não altera a lei ou os movimentos que, de modo algum, estão relacionados com a evolução humana. Quanto ao Logos planetário, eu gostaria de acrescentar que todos nós - desde o átomo da substância até, inclusive, todas as Vidas que formam a Câmara do Conselho do Senhor do Mundo - estamos implicados nessa grande luta planetária e em sua subsequente iniciação. E esse esforço titânico, feito pela totalidade de processos e entidades vitais que compõem a manifestação de Sanat Kumara, responsável pelos processos criativos evolutivos e também pelo que denominamos tempo, com tudo que esse conceito implica em termos de acontecimentos, oportunidade, o passado, o presente e o futuro, o bem e o mal.

A impressão dinâmica que emana de Shambala espalha-se em grandes ciclos e em ondas cíclicas que são impulsionadas a partir de fontes extra- planetárias, quando solicitadas ou invocadas pelo Senhor do Mundo e Seus Associados; elas emanam como resposta à "vontade proclamada" de Sanat Kumara na Câmara do Conselho.

Essa impressão suprema e altamente espiritual manifesta-se externamente através dos sete raios considerados como sete correntes de energia espiritual, qualificadas e matizadas pela impressão de Shambala - processo que se repete quando a invocação hierárquica é efetiva e estabelecida com sucesso.

Isso também se repete entre a Hierarquia e a Humanidade, em resposta à invocação humana que está se tornando cada vez mais inteligente, potente e evocativa.

Todavia, o problema do reino humano é muito grande. A humanidade é o recipiente de tantos impactos, tantas impressões, tantas correntes telepáticas e mentais e de tantas impressões vibratórias qualificadas provenientes de todos os sete reinos da natureza, que se passaram eons para se desenvolver a sensibilidade discriminadora adequada e para se estabelecer o ponto exato da evolução em que a invocação consciente há de surgir e onde deve ser registrada a impressão evocada. A invocação inconsciente ocorre a todo o momento; quando consciente, ela se torna muitíssimo mais poderosa.

Toda família humana constitui hoje um maravilhoso receptor de impressões, devido aos inumeráveis tipos de mecanismos sensíveis. Esses instrumentos impressionáveis são capazes de registrar impressões tamásicas oriundas dos reinos sub-humanos, especialmente do terceiro e do primeiro; eles registram impressões rajásicas provenientes de fontes mentais de todos os tipos; também, são - em menor grau - capazes de responder às impressões sátvicas ou rítmicas. Todavia, Sua resposta a essas impressões elevadas e o seu registro da verdade, da luz e da qualidade, oriundos das mais elevadas fontes, estão aumentando.

É por esse motivo que o reino humano (esse grande reino intermediário cuja função é mediar entre os reinos superiores e inferiores) é o objeto de tanta impressão divina, transmitindo o propósito de Sanat Kumara. Isso vocês já sabem, pois já lhes foi ensinado no Tratado Sobre os Sete Raios e também no Tratado Sobre o Fogo Cósmico. Nestas instruções, estou lidando com as possibilidades grupais, com grupos que podem ser treinados para gravar, registrar e ser impressionados pela Hierarquia. Tais grupos poderiam, se quisessem, ser capazes de invocar a Hierarquia poderosamente. Trago isso à consideração de vocês como aspirantes e discípulos, mas de um ângulo distinto de meus escritos anteriores. A responsabilidade da impressionabilidade, do registro telepático e do apelo invocativo é muito grande; daí o que escrevi aqui.

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