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Livros de Alice Bailey

Telepatia e o Veículo Etérico


XIII. SENSIBILIDADE TELEPATICA: UM DESENVOLVIMENTO NORMAL

Vocês terão observado que não dei nenhuma instrução relativa à arte do desenvolvimento da sensibilidade telepática. Como já lhes disse, a razão disso reside no fato de que essa sensibilidade deveria ser, e sempre é, um desenvolvimento normal quando o discípulo está corretamente orientado, inteiramente dedicado a está aprendendo a descentralizar-se. Se isso for um processo forçado, então a sensibilidade desenvolvida não será normal e acarretará muitas dificuldades e perigos futuros. No que concerne ao discípulo, a liberação da constante preocupação com as circunstâncias e com os problemas pessoais conduz inevitavelmente a uma liberação em níveis de clareza mental, propiciando-lhe aquelas áreas de livre percepção mental que tornam possível a sensibilidade superior. Gradualmente, à medida que o discípulo adquire verdadeira liberdade de pensamento e o poder de ser receptivo à impressão da mente abstrata, cria para si uma reserva de pensamentos que estará à sua disposição para ajudar outras pessoas e para suprir as necessidades de seu crescente serviço mundial. Mais tarde, ele se torna sensível à impressão da Hierarquia. A princípio, isso é puramente ashrâmico, mas, posteriormente, quando o discípulo já é um Mestre, transforma-se numa impressão hierárquica completa; o Plano é então a substância dinâmica que subministra o conteúdo da reserva de pensamento na qual ele se pode abastecer. Essa é uma afirmação de importância única e extraordinária. Mais tarde ainda, ele se torna sensível à impressão de Shambala, e a qualidade da Vontade que implementa o Propósito planetário soma-se ao conteúdo de seu conhecimento disponível. Gostaria de acentuar aqui a existência de uma crescente reserva de pensamento que o discípulo criou em resposta às várias impressões às quais ele se torna cada vez mais sensível; as ideias, conceitos e objetivos espirituais, dos quais ele se torna cada vez mais consciente, vão sendo formulados firmemente por ele em pensamentos com suas formas correspondentes, aprendendo, assim, a abastecer- se deles à medida que busca servir a seus semelhantes. Assim, ele se vê de posse de uma reserva ou quantidade de pensamento-substância resultante de sua própria atividade mental e de sua receptividade inata, a qual lhe proporciona o material para ensinar e para a "fonte de conhecimento" sobre a qual ele pode trabalhar quando procura ajudar os outros.

O principal ponto a ser apreendido é que a sensibilidade à impressão constitui um desenvolvimento normal e natural, que caminha paralelo ao desenvolvimento espiritual. Dei-lhes uma chave para todo o processo quando disse que

"A sensibilidade à impressão implica o engendramento de uma aura magnética sobre a qual as impressões mais elevadas podem atuar."

Gostaria que vocês refletissem profundamente sobre essas palavras. A medida que o discípulo começa a demonstrar a qualidade da alma e o segundo aspecto divino toma posse dele, controlando e matizando toda sua vida, então, desenvolve-se automaticamente a sensibilidade superior, fazendo dele um ímã para ideias e conceitos espirituais. Primeiro, ele atrai para o seu campo de consciência o esboço geral e, posteriormente, os detalhes do Plano hierárquico; finalmente, ele se torna consciente do Propósito planetário; todas essas impressões não são algo que ele precise buscar nem aprender a distinguir, reter e apoderar-se à custa de muito trabalho. Elas introduzem-se em seu campo de consciência porque ele criou uma aura magnética que as invoca e as atrai "para dentro de sua mente". Essa aura magnética começa a se formar a partir do primeiro momento em que ele faz contato com sua alma; ela aprofunda-se e expande-se à medida que esses contatos se tornam mais frequentes e convertem-se, finalmente, num estado habitual de consciência; então, ele se acha a qualquer momento e à vontade em relação com a sua alma, o segundo aspecto divino.

Desenvolvimento Espiritual Paralelo.

Essa aura constitui, na realidade, o reservatório de substância mental no qual ele se pode apoiar espiritualmente. O ponto em que está enfocado é o plano mental. O discípulo não está mais controlado pela natureza astral; mas constrói com sucesso o antahkarana, através do qual as impressos superiores podem fluir; ele aprende a não dissipar essa afluência, mas a acumular dentro da aura (com a qual se circundou) o conhecimento e a sabedoria que considera necessários para servir aos seus semelhantes. Um discípulo é um centro magnético de luz e conhecimento justamente na medida em que mantém sua aura magnética num estado de receptividade. Então ela tem, constantemente, capacidade de invocar um âmbito maior de impressões; ela pode ser evocada e posta em "atividade distribuidora" pelo que é inferior e que demanda ajuda. Portanto, o discípulo, em seu devido tempo, torna-se uma minúscula ou diminuta correspondência da Hierarquia - invocativa como ela é para Shambala e facilmente evocada pela demanda humana. Esses são pontos que requerem cuidadosa consideração, pois envolvem um reconhecimento prévio dos pontos de tensão e sua consequente expansão em auras ou áreas magnéticas, capazes de invocação e evocação.

Essas áreas de sensibilidade implicam três estágios, sobre os quais não pretendo estender-me:

1. Sensibilidade à impressão de outros seres humanos. Essa sensibilidade se torna útil para prestar serviço quando a aura magnética necessária tiver sido engendrada e posta sob controle científico.

2. Sensibilidade à impressão grupal - a transmissão de ideias de um grupo para outro. O discípulo pode tornar-se um agente receptivo do grupo do qual faça parte e essa habilidade indica progresso de sua parte.

3. Sensibilidade às impressões hierárquicas, que atingem o discípulo, primeiramente, por meio do antahkarana e posteriormente por toda a Hierarquia, quando ele tiver alcançado alguma das iniciações superiores. Isso indica a capacidade para registrar impressões de Shambala.

Valeria à pena considerarmos agora três pontos que estão ligados com a sensibilidade à impressão, a construção do reservatório de pensamento resultante e com a capacidade de responder aos apelos invocativos subsequentes. Esses três pontos são:

1. Os processos de Registro.
2. Os processos de Gravação das Interpretações.
3. Os processos de Resposta Invocadora Resultante.

Gostaria de relembrar-lhes a noção de que a aura que cada um criou ao redor do núcleo central do próprio ego encarnado ou alma é um fragmento da super-alma una que trouxe cada um de vocês à manifestação. Essa aura, como bem o sabem, é composta das emanações do corpo etérico, e este, por sua vez, engloba três tipos de energia pelos quais cada um é individualmente responsável. Esses três tipos (quando associados à energia de prana que compõe os veículos etéricos) são:

1. A aura da saúde, que é essencialmente física.

2. A aura astral, que, em geral é de longe o fator mais predominante, amplo e controlador.

3. A aura mental, que, na maioria dos casos, é relativamente pequena, mas que se desenvolve rapidamente quando o discípulo empreende conscientemente seu próprio desenvolvimento, ou quando a personalidade está polarizada no plano mental. Finalmente chegará o momento em que a aura mental obliterará (se é que posso usar termo tão inadequado) a aura emocional ou astral, e então a qualidade de amor da alma criará um substituto, de modo que a necessária sensibilidade não desapareça completamente, mas seja de natureza muito mais elevada e aguda.

Nessa aura tríplice (ou melhor dizendo, quádrupla, se contarmos o veículo etérico) cada indivíduo vive, move-se e tem o seu ser; esta aura vital e vivente é o agente que registra todas as impressões, tanto objetivas quanto subjetivas. É este "agente de resposta sensível" que o eu interno deve controlar e usar a fim de registrar as impressões ou dirigir as impressões etéricas ou mentais para o exterior, para o mundo dos homens. A impressão astral é completamente egoísta e pessoal e, ainda que possa afetar o meio-ambiente do homem, não está dirigida, como são as outras energias registradas. É esta aura que, principalmente, cria os efeitos que uma pessoa produz sobre outra; fundamentalmente, não são suas palavras que produzem reações, mesmo supondo que ela revistam suas ações e pensamentos, mas que são, na realidade, expressões usuais de seus desejos emocionais.

Portanto, todos nós possuímos um mecanismo subjetivo que é um verdadeiro e perfeito quadro de nosso próprio grau de evolução. Esta é a aura que um Mestre observa, e isso é um fator da maior importância na vida do discípulo. A luz da alma dentro da aura e a condição dos vários aspectos da aura indicam se o discípulo está ou não se aproximando do Caminho do Discipulado. A medida que as reações emocionais diminuem, e que sua mente clareia, pode-se observar com precisão o progresso do aspirante. Gostaria que vocês fizessem uma distinção cuidadosa entre os corpos mental e emocional e o que deles emana. O que se denomina corpo é de natureza substancial; a aura é essencialmente irradiante e se expande em todas as direções a partir de cada veículo substancial. Esse é um ponto que deve cuidadosamente ser observado.

O problema que o aspirante enfrenta à medida que "engendra" sua aura é o de retrair a si próprio e assim diminuir a extensão e o poder da aura astral e expandir e aumentar a potência de sua aura mental. Deve-se lembrar que a grande maioria dos aspirantes está definitivamente polarizada na natureza astral, e que, por conseguinte, seu problema consiste em atingir uma polarização diferente e enfocar- se no plano mental. Isso toma tempo e muito esforço. Finalmente, como mencionei acima, a irradiação da alma substitui a até então presente atividade emocional do aspirante; na realidade, essa emanação é uma irradiação das pétalas de amor do lótus egoico.

No momento em que um aspirante começa a trabalhar conscientemente em seu próprio desenvolvimento e a considerar e manejar sua aura, passa, então, por três etapas durante seu progresso no Caminho de Retorno. São elas:

1. A etapa em que descobre a potência e qualidade de sua aura astral. Devido ao fato de que essa é (neste segundo sistema solar) a qualidade do amor, e sua distorção na natureza astral, o desenvolvimento da sensibilidade emocional é muito intenso e de uma força quase extraordinária, sendo mais forte que o corpo mental e sua direção.

2. A etapa em que o veículo mental aumenta sua potência e produz, finalmente, uma radiação mental tão forte que domina e controla a aura astral.

3. A etapa em que a alma expressa sua natureza essencial de amor e começa a espargir sua radiação na aura astral, por meio do corpo astral. Finalmente, a sensibilidade do amor substituirá à sensibilidade emocional e ao desejo.

Os aspirantes podem-se encontrar nessas três etapas de sensibilidade. Durante a segunda iniciação, chega um momento que a alma do iniciado entra em atividade e a força fundamental (se posso usar tal expressão) faz submergir a natureza astral, vitalizando e inspirando o corpo astral, mudando temporariamente a qualidade da aura astral e estabelecendo um controle que conduz, finalmente, à substituição mencionada acima. Esse é um aspecto da verdade que subjaz à doutrina da "expiação viçaria", doutrina lamentavelmente distorcida pela teologia cristã.

Registro, Gravação e Interpretação.

Vamos considerar agora os temas já mencionados do "Processo de Registro, de Gravação das Interpretações e a Resposta Invocadora Resultante". É preciso que se tenha em mente que estou expondo regras gerais e que não estou considerando nem o ideal e nem o indesejável; as fontes de impressão mudam à medida que o discípulo progride, embora a fonte maior e mais ampla sempre inclua a menor.

O fato de um homem ser sensível à impressão hierárquica em sua aura mental não impedirá que, em sua natureza astral, ele seja sensível à demanda invocadora e emocional dos seres humanos. Ambos são, de fato, muito úteis, se o discípulo vê aquilo a que se relacionam. Não se esqueçam disso, meus irmãos. A capacidade para interpretar as impressões registradas é adquirida à medida que a aura mental se desenvolve sob a influência da "mente mantida firme na luz" da alma; o discípulo aprende que toda a verdade registrada é susceptível de várias interpretações, e que elas se revelam com mais clareza à medida que ele passa uma iniciação após outra, e que desenvolve uma capacidade consciente de resposta. A capacidade para invocar manifesta-se de vida para vida e implica a invocação da resposta consciente da anima mundi ou da alma subconsciente de todas as coisas, tanto quanto da consciência humana e do mundo do contato superconsciente.

Essa habilidade se desenvolve constantemente à medida que o aspirante trilha o Caminho do Discipulado; que é frequentemente precedida, nos estágios iniciais, por muita confusão, muito psiquismo astral e frequentes interpretações errôneas. No entanto, não há necessidade neste estágio de sofrimento indevido, porque tudo o que é necessário é experiência, que é adquirida através do experimento e sua expressão na vida diária. Em nenhum caso o truísmo de aprender através de um sistema de tentativa e erro provou ser mais correto do que na vida e experiência do discípulo em processo de aceitação. Quando ele é um discípulo aceito, os erros diminuem em número, mesmo que as tentativas (ou o uso experimental das muitas energias variadas) se tornem mais extensas e, portanto, cobrem uma gama muito maior de atividades.

Os Processos de Registro são fundamentados no que eu poderia chamar de abordagens invocativas de uma ampla área de contatos possíveis. O discípulo tem que aprender a distinguir entre esses muitos impactos sobre sua aura sensitiva. Nos estágios iniciais, a maioria deles é registrada inconscientemente, embora o registro seja agudo e preciso; o objetivo, no entanto, é o registro consciente; isso é conseguido através da manutenção constante e firme da atitude do Observador, que é desenvolvida através da obtenção do desapego – o desapego do Observador de todos os desejos e anseios que dizem respeito ao eu separado. Portanto, será óbvio para vocês que o uso da palavra "observador" envolve o conceito de dualidade e, portanto, de separação. Neste caso, porém, o motivo da observação não é o interesse próprio, mas a determinação de esclarecer a aura para que ela registre apenas o que será esclarecedor e relacionado ao Plano divino, que será em benefício da humanidade e, portanto, à criação de um novo servidor dentro dos Ashrams da Hierarquia.

As divisões da consciência do homem em subconsciente, consciente ou autoconsciente e superconsciente, feitas por certos psicólogos, têm aqui uma medida real de valor. Deve-se lembrar, no entanto, que o discípulo, antes de tudo, torna-se uma unidade verdadeiramente consciente da humanidade e, assim, desenvolve uma verdadeira autoconsciência. Isso ele consegue discriminando entre o eu inferior e o eu superior, e isso torna sua aura magnética sensível a um aspecto de si mesmo que até agora não tem sido um fator de controle. A partir desse ponto, ele começa a registrar as impressões com clareza e precisão cada vez maiores. Normalmente, nos estágios iniciais, o único desejo do discípulo é registrar as impressões da Hierarquia; ele prefere muito essa ideia à ideia de registrar impressões de sua própria alma ou dos fatores humanos circundantes, seus semelhantes e o ambiente e as circunstâncias que eles criam. Ele anseia pelo que pode ser chamado de "impressão vertical". Este motivo, sendo em grande parte egocentrismo, volta o discípulo introspectivamente para si mesmo, e é nessa etapa que muitos aspirantes se tornam prisioneiros, astralmente falando, porque registram em sua aura magnética os vários pensamentos-forma motivados astralmente pelo que eles creem e esperam que a "impressão vertical' supostamente transmitiria.

Eles contatam com facilidade as contrapartes astrais dos mundos superiores que estão refletidas (e, portanto, distorcidas) no plano astral; o mundo aí registrado é uma fascinação constituída pelos desejos egoístas e enganosos, e pelos pensamentos ansiosos dos devotos bem intencionados. Não é necessário estender-me sobre isso. Todos os discípulos - em alguma etapa de seu treinamento - têm que trabalhar através desse aspecto da fascinação; assim fazendo, eles depuram e intensificam a aura magnética, clarificando, simultaneamente, o mundo astral que os circunda, com o qual estão em contato. Eles também aprendem que a ânsia de registrar impressões da Hierarquia deve dar lugar à determinação de colocar sua aura magnética à disposição da humanidade; então eles aprendem a registrar a necessidade humana e, portanto, a compreender onde é possível ajudar e servir aos seus semelhantes. Por meio do registro consciente dos apelos invocadores que procedem do mundo dos contatos horizontais, a aura magnética do discípulo libera- se dos pensamentos-forma de apego e densidade, bem como dos desejos, aspirações e anelos que até agora impediram-no de um registro correto. A partir daí o discípulo cessa de criá-los, e os que foram criados se desvanecem ou se atrofiam por falta de atenção.

Posteriormente, quando o discípulo probacionário se converte em discípulo aceito e lhe é permitido participar da atividade ashrâmica, ele acrescenta a habilidade de registrar a impressão hierárquica; entretanto, isso só é possível depois que ele tenha aprendido a registrar a impressão proveniente de sua própria alma (a impressão vertical) e do mundo circundante dos homens (a impressão horizontal). Quando ele tiver obtido certas iniciações importantes, sua aura magnética será capaz de registrar impressões originadas dos reinos sub-humanos da natureza. Finalmente, mais tarde, quando ele for um Mestre de Sabedoria e, portanto, um membro integral do quinto reino da natureza, sua aura magnética receberá a impressão horizontal do mundo da vida e da atividade hierárquica e a impressão vertical provirá dos níveis superiores da Tríade Espiritual e, por fim, de Shambala. Neste caso, o mundo humano será para Ele o que os reinos sub-humanos foram para o quarto reino, o humano, quando este constituía o campo de sua impressão registrada horizontalmente. Vocês têm aqui claramente revelado o verdadeiro significado da Cruz da Humanidade.

A operação de registrar não constitui nenhum fenômeno extraordinário. As pessoas sensíveis estão sendo constantemente impressionadas a partir de algum nível da consciência, e são receptivas a essas impressões de acordo com o nível de consciência no qual normalmente atuam; os médiuns, por exemplo, estão excessivamente propensos a receber impressões dos níveis etérico e astral, assim como a grande maioria dos psíquicos astrais - e seu nome é legião. As impressões que procedem dos níveis mentais (concretas, abstratas ou de natureza mais elevada) atingem as mentes daqueles que conseguiram uma verdadeira capacidade de enfoque no plano mental. Os cientistas, místicos, matemáticos, estudantes ocultistas, aspirantes e discípulos, educadores e humanistas e todos aqueles que amam seus semelhantes são sensíveis a tais impressões, e uma das necessidades prementes do discípulo consiste em desenvolver uma sensibilidade adequada à impressão e contato ashrâmicos. Nesse caso ele deixa de pertencer ao grupo dos sensitivos mentais enumerados acima.

O problema com que lido agora é muito mais profundo e concerne à interpretação a ao correto e claro registro da impressão, o que é uma questão muito mais difícil. O indivíduo que recebe a impressão deve conhecer a origem da mesma, deve ser capaz de relacioná-la à informação, retificação, instrução ou distribuição de energias pedidas. Ele deve ser capaz de determinar com clareza em qual aspecto de seu mecanismo de registro (a mente, o corpo astral, o corpo de energia ou o cérebro) a impressão transmitida e registrada produziu impacto. Por exemplo, uma das dificuldades com que se defronta o discípulo aspirante e o fervoroso estudante ocultista é o registro diretamenteno cérebro da impressão proveniente da Tríade Espiritual (e posteriormente da Mônada), através do antahkarana.

Essa impressão deve ser uma descida direta dos níveis mentais até o cérebro, evitando qualquer contato com o corpo astral; só quando se obtiver essa descida direta é que a impressão registrada será isenta de erro. Nesse caso, ela não estará mescla da a nenhum complexo emocional, pois que o nível de consciência astral é o grande responsável pela distorção da verdade essencial. As impressões do Ashram ou da Tríade Espiritual (únicos tipos de impressão dos quais me ocupo aqui) passam por três etapas:

1. A etapa do registro mental. A clareza e precisão desse registro dependerão da condição do canal de recepção, o antahkarana; de modo bastante curioso, nesse registro intervém um certo elemento tempo. Não se trata do tempo que se conhece no plano físico, que não é nada mais que o registro, pelo cérebro, dos "acontecimentos" passageiros; mas da correspondência mental superior do tempo. Não posso ocupar-me desse tema tão obscuro, pois o tempo, nessa relação, está ligado à distância, descida, foco e poder de registrar.

2. A etapa da recepção pelo cérebro. A precisão dessa recepção depende da qualidade das células físicas do cérebro, da polarização do pensador no centro da cabeça, e da liberação das células cerebrais de qualquer impressão emocional. Nisso reside a dificuldade, pois o aspirante receptor ou o pensador enfocado estão sempre emocionalmente conscientes da descida da impressão superior e do consequente esclarecimento do tema de seu pensamento. Entretanto, isso deve ser registrado por um veículo astral perfeitamente passivo e a partir daí pode-se-á ver um dos principais objetivos da verdadeira meditação.

3. A etapa do reconhecimento da interpretação. Esta é uma fase extremamente difícil. A interpretação depende de vários fatores: o acervo cultural, o ponto alcançado na evolução, a aproximação mística ou ocultista do discípulo em relação ao centro da verdade, sua liberação do psiquismo inferior, sua humildade essencial (que exerce o papel mais importante na compreensão correta) e a sua descentralização da personalidade. Na verdade, o caráter do indivíduo acha-se totalmente envolvido nesse importante processo da correta interpretação.

Neste aspecto da impressão, o tema dos SÍMBOLOS deve estar necessariamente envolvido. Todas as impressões devem ser necessariamente traduzidas e interpretadas em símbolos, por meio da palavra ou por representações pictóricas; o aspirante não pode evitar isso, pois é através do emprego da palavra (desnecessário dizer que são símbolos), que ele se torna suscetível de cometer enganos. Elas constituem o meio através do qual a impressão registrada é transmitida à consciência cerebral, isto é, ao plano físico da consciência do discípulo, tornando-lhe possível, desse modo, a compreensão prática das ideias abstratas ou daqueles aspectos do Caminho que é seu dever compreender e ensinar.

Não é necessário estender-me nesse tema. O verdadeiro discípulo está sempre consciente da possibilidade de erro, da ocorrência de intromissões e distorções psíquicas; ele sabe muito bem que a verdadeira e efetiva interpretação da impressão transmitida depende muito da pureza do canal receptor e da libertação, por parte de sua natureza, de todos os aspectos do psiquismo inferior, algo de que geralmente se esquece. Um denso véu de formas concretas de pensamento também pode distorcer a verdadeira interpretação, tal como a intervenção astral; o ensino a respeito do Caminho e da impressão espiritual pode sofrer a interferência da fascinação do plano astral ou das ideias separatistas e concretas emanadas do plano mental. Nesse caso, pode-se afirmar seguramente que "a mente é o matador do real". Há um profundo significado ocultista nas palavras "uma mente aberta"; isto é tão fundamental para a correta interpretação quanto o é o libertar-se da fascinação e das expressões psíquicas que se encontram no plano astral.

Aqui vocês podem novamente compreender a necessidade de um efetivo alinhamento, de modo que se forme um canal direto pelo qual a impressão (dirigida por alguma fonte mais elevada que a personalidade) possa descer até o cérebro. A princípio, este canal e o alinhamento devem ser estabelecidos entre o cérebro e a alma; isso envolverá todos os três aspectos da personalidade - o corpo etérico, o veículo astral e a natureza mental; basicamente, esse processo de alinhamento deveria ter-se iniciado e desenvolvido no Caminho Probatório e conduzido a um estado relativamente elevado de eficiência nas primeiras etapas do Caminho do Discipulado. Posteriormente, à medida que o discípulo cria conscientemente o antahkarana e se torna parte ativa do Ashram, aprende (ao praticar o alinhamento) a transcender - se é que posso usar tal palavra - dois aspectos de si mesmo que, até então, tinham sido da maior importância: o veículo astral e o corpo da alma ou corpo causal. O corpo astral é assim contornado antes a quarta iniciação, e o corpo da alma antes da quinta; todo esse processo de "contornar" leva muito tempo e deve ser realizado com intensidade, primeiro de tudo com o foco na natureza emocional por meio da discriminação consciente e, finalmente, na natureza da alma sob a inspiração da Tríade Espiritual, que é finalmente substituída pela alma. Tudo isso levará muitas encarnações, pois o registro e a interpretação das impressões superiores constituem uma ciência basicamente ocultista que requer muito estudo e prática para ser aperfeiçoada.

À medida que os dois processo se desenvolvem lentamente, o terceiro estágio se torna gradualmente efetivo. A impressão recebida e interpretada produz mudanças fundamentais na vida e na consciência do aspirante, sobretudo, em sua orientação. Ele se torna um centro evocativo e invocativo de energia. Aquilo que recebeu através de seu canal de alinhamento se converte num poderoso fator para invocar um fluxo renovado de impressões superiores; isso o faz também invocativo no plano físico, de modo que a aura magnética que ele engendrou se torna cada vez mais sensível às energias espirituais que fluem para o interior, e também cada vez mais sensível àquilo que ele evoca de seu meio-ambiente físico e da humanidade. Ele se torna uma usina de força que está em contato com a Hierarquia, recebendo e distribuindo (em resposta ao apelo evocativo e às demandas da humanidade) a energia recebida. Converte-se também num "receptor de luz" e de iluminação espiritual, assim como num distribuidor de luz nas partes obscuras do mundo e nos corações dos homens. Portanto, ele é um centro invocativo e evocativo utilizado pela Hierarquia nos três mundos da evolução humana.

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